sábado, 27 de junho de 2009

PLANO DIRETOR EM MARTELO AGALOPADO

Uma Lei Federal muito bem feita,
Que se chama Estatuto da Cidade,
Apresenta uma grande novidade:
Uma norma legal bela e perfeita.
Não distingue "esquerda" nem "direita",
Deserdado, juiz ou promotor.
Trata todos igual, com destemor,
Como um todo capaz de ser ouvido.
Município pra ser desenvolvido
Tem que ter o seu PLANO DIRETOR.

Município sem ter planejamento
É um barco sem rumo e sem destino,
Como alguém que comete o desatino
De agir e falar sem argumento.
É preciso fazer um juramento:
Não agir como reles desertor.
Governar sem ter ódio ou desamor;
Ser sereno, audaz e destemido.
Município pra ser desenvolvido
Tem que ter o seu PLANO DIRETOR.

Planejar é traçar linhas bem retas,
Desenhadas com régua e compasso,
Projetadas no tempo e no espaço,
Calculadas nas contas mais corretas.
Definir tantos mais planos e metas
Quantos possam fazer o seu labor.
É voar bem mais alto que o condor,
Ter o "como" e o "quando" definidos,
Município pra ser desenvolvido
Tem que ter o seu PLANO DIRETOR.

Sem ter Plano não pode haver certeza
De pensar e falar com consciência;
Descobrir que agir com competência
É seguir preservando a natureza.
Ocupar bem o solo - que beleza!
É assunto do Plano sim, senhor...
Garantir pra quem é trabalhador
Seu espaço no solo consentido.
Município pra ser desenvolvido
Tem que ter o seu PLANO DIRETOR.

Esse Plano vai ser elaborado
Consultando e ouvindo todo mundo,
Atacando os problemas bem a fundo,
Sem temer quem ficar contrariado.
Quem ficar, deve ser estimulado...
Discutir sua idéia com fervor.
Sem paixão, mas com censo de humor,
De maneira a ser compreendido.
Município pra ser desenvolvido
Tem que ter o seu PLANO DIRETOR.
__________________
Por Etevaldo Amorim - Engenheiro Agrônomo
Especializado em Gestão Pública.
(Pão de Açúcar - AL, 3 de dezembro de 2005.)
____________________
Estes versos foram feitos durante a discussão
do Plano Diretor Participativo do Município de
Pão de Açúcar, Estado de Alagoas. Chegou a ser
publicado na Rede Plano Diretor, do Ministério
das Cidades e em outros veículos de imprensa.
Publico como forma de incentivar os Municípios
a discutir e implantar o seu Plano Diretor.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

DISCURSO



Exmº Sr. Cônsul-Geral dos Estados Unidos da América, no Brasil, Earl Irving,
Exmº Sr. Prefeito do Município de Pão de Açúcar, Jorge Silva Dantas,
Exmº Sr. Vice-Prefeito, Antônio Carlos Melo Machado...

Ao ensejo de tão ilustre visita, incumbiu-me o Sr. Prefeito de levar aos presentes uma breve explanação acerca da importância deste velho sobrado em que agora nos encontramos.
Quem o vê assim alquebrado e maltratado pelo tempo, não pode imaginar o quão pujante foi o seu passado e que tenha ele sido testemunha dos primeiros passos da florescente Vila do Pão d’Assúcar, concebida pela Lei Provincial Nº 233, de 3 de março de 1854.
Construído pelo Major João Machado de Novaes Melo, desde logo transformou-se em Casa da Câmara, que viria a ser instalada a 7 de agosto daquele mesmo ano. Desde então, foi palco de muitos eventos e abrigo às mais diversas e ilustres personalidades. Exemplo disso, e sem dúvida o acontecimento mais importante, foi a passagem do Imperador D. Pedro II que, demandando a Cachoeira de Paulo Afonso, aqui pernoitou nos dias 17 para 18 e 22 para 23 de outubro de 1859.
A certa altura do seu diário de viagem, no dia 17, diz o Imperador:

“Esquecia-me de dizer que havia junto ao lugar de desembarque, que arranjaram com algumas tábuas e coqueiros, uma música de rebecas e outros instrumentos que tocavam o Hino da Independência feito na Bahia, que era cantado por pessoas que me seguiram até chegar à Casa da Câmara, que está sofrivelmente arranjada.”

Adiante, já no dia 18, diz, descrevendo a cidade:

“Há uma bela rua direita longa e larga, e outra perpendicular também direita, porém menos longa e larga. Só vi uma casa de sobrado, a da Câmara, onde me hospedei”.

Já o Livro de Memórias da Viagem de Sua Majestade Imperial às Províncias do Norte, registra, no dia 17:

“Depois de permitir que todas as pessoas presentes lhe beijassem a mão, chegou várias vezes à janela do sobrado para agradecer às ovações que o povo na rua lhe fazia. Às 22:00 horas, recolheu-se ao seu aposento”.

Vale registrar ainda, para melhor ilustrar a sua magnitude, a visita do Presidente da Província de Alagoas, o Dr. José Bento da Cunha Figueiredo Junior, ocorrida dez anos depois, o qual, a exemplo do Imperador, também aqui pernoitou, nos dias 5 para 6 e 6 para 7 de janeiro de 1869. O sobrado já era então residência do Juiz de Direito Dr. Paes Barreto.

Passado tanto tempo, e se prestando a outras finalidades, vislumbra-se agora a chance de este velho casarão servir de novo à causa pública, por especial deferência dos herdeiros de “Seu Nozinho Andrade”, seus proprietários, tendo à frente o Sr. Elmano Machado Gonçalves, que se propõem a ceder o prédio ao Município.

Tem agora a Municipalidade, sob o comando do Prefeito JORGE DANTAS, a missão de restaurar e utilizar esta Casa no interesse da cultura pão-de-açucarense, seja por seus próprios meios, seja com a oportuna e imprescindível ajuda de qualquer outra entidade.
Quando isso acontecer, aqueles que amam e lutam por esta terra no presente e cultuam o seu passado agradecerão penhoradamente.

OBRIGADO!
__________
Discurso proferido pelo Secretário de Administração, Dr. Etevaldo Alves Amorim, no dia 6 de setembro de 1997, aproximadamente às 18:00 horas, por ocasião da visita a esta cidade do Cônsul dos Estados Unidos da América, Mr. Earl Irving (Consulado do Recife).

A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia