PÁGINAS

domingo, 16 de novembro de 2014

SONETO

(Composto por D. Pedro II na noite de 15 para 16 de novembro de 1889.)


Não maldigo o rigor na iníqua sorte,
Por mais atroz que fosse e sem piedade,
Arraneando-me o trono e a majestade,
Quando a dois passos estou da morte.

Dos jogos das paixões, minha alma forte
Conhece bem a estulta variedade,
Que hoje nos dá contínua felicidade
E amanhã nenhum bem que nos conforte.

Mas a dor que excrucia, a que maltrata,
A dor cruel, que o ânimo deplora,
Que fere o coração e pronto o mata;

É ver na mão cuspir, à extrema hora,
A mesma boca aduladora e ingrata,
Que tantos beijos nela pôs outrora.

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Extraído do jornal O ÍNDIO, Palmeira dos Indios, 20/11/1921.
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