PÁGINAS

terça-feira, 23 de abril de 2013

A LEGENDA DE UMA CONCHA


                                    Jayme d’ Altavilla

Entre algas e corais, lá no fundo do Oceano,
sossegada e feliz uma concha vivia;
e, ouvindo retumbar o clamor desumano,
do seu dorso ostentava a tersa fidalguia...

Uma noite, porém, num desespero insano,
o Mar tanto a impeliu que, à praia, no outro dia,
foi ter a concha, enfim, para auferir o dano
de irmanada viver à infinda Nostalgia.

Mas, embora infeliz, sob o Destino atroz,
guardou consigo, então, a ventura de outrora:
do mar, em tremulina, a enternecida voz.

Também do coração me impeliste a vagar...
mas eu guardo, inda assim, a tua voz sonora
como a concha guardou a linguagem do mar...

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Publicado no jornal O Semeador, Maceió,
31 de outubro de 1916.

Um comentário:

  1. Parabéns! Meu tataravô é Miguel novaes e mello. Fico feliz do nome dela continuar.
    Sou Bistena tb de Renato peixoto de Alencar.
    Glaucia Alencar
    Abraços

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