Pobrezinha da mãe que teve um filho poeta
E o viu cedo partir para as bandas do mar,
Nunca mais que ele volte à mansão predileta,
Nunca mais que ela deixe, um dia, de chorar!…
É como a água de um lago, inteiramente quieta,
A alma de toda mãe que vive a meditar:
— O mais leve sussurro é-lhe um toque de seta,
— A mais leve impressão basta para a assustar!…
Eu, por sabê-la assim, quando lhe escrevo, digo:
“— Minha querida mãe, não se aflija comigo.
E eu vou passando bem… Jesus vela por mim…”
É que assim ela, a humana expressão da bondade,
Contente por saber que vou sem novidade,
Jamais há de pensar que eu vá mentir-lhe assim!…
Judas Isgorogota. Acervo de Herman Fonseca de Melo, neto do poeta.
¹ Pseudônimo de Agnelo Rodrigues de Melo, poeta e Jornalista brasileiro. Nasceu em Lagoa da Canoa, Alagoas em 15 de setembro de 1901. Viveu em Maceió, mudou-se aos 23 anos para o Rio de Janeiro e depois para São Paulo onde ganhou projeção internacional e veio a falecer em 1979. Publicou 15 livros de poesias, uma novela e cinco de poesias infantis. Parte de sua obra poética traduzida para vários idiomas (francês, inglês, alemão, espanhol, italiano, húngaro, árabe, checo e lituano). Com toda essa bagagem é quase um desconhecido em sua terra.
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