DE LARVA EM AVE
Sabino Romariz
Eu me vou transformar em vala tenebrosa,
Triste vala comum, quando cadáver for,
Na corola gentil de aromática rosa,
Ou no caule hibernal de uma esquálida flor.
Em lírio, talvez, de feição caprichosa,
Mais roxo q’a saudade e mais triste q’a dor,
Que do sono e da paz do cemitério goza,
Uma vala comum sob um céu multicor.
Então, pela tardinha, ao frouxo sol do ocaso,
Qual macerado olhar, bem de lágrimas raso,
Ao despertar da lua e quando tomba o sol.
Aos lampejos do luar pelas ínvias estradas
Eu poderei soltar canções apaixonadas
Carne livre do mal, ditoso rouxinol.
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Retirado do jornal A Flor, Penedo-AL, 20 de outubro de 1909.
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