Por Etevaldo Amorim
Há
poucos dias li, com agradável surpresa, um novo artigo no Blog do meu prezado
amigo Edberto Ticianeli Pinto, sob o título “A GREVE DA ENGENHARIA DE 1979 E O
AUTORITARISMO NA UFAL”.
Esse
pão-de-açucarense, que divide o sobrenome entre a descendência materna italiana
e a procedência lusitana dos Soares Pinto, de Pão de Açúcar, narrou, com
conhecimento de causa, aquele episódio marcante do movimento estudantil
alagoano. E não se limitou a relatar o fato em si, mas discorreu sobre os
antecedentes e o contexto político em que se deu.
Eu
próprio, que como estudante de Agronomia apenas engrossava o coro e fazia
número na plateia, já esboçara um arremedo de artigo, sem, contudo, me arriscar
a publicá-lo por considerá-lo pobre de informações, circunscrito apenas ao
relato do que a memória conseguiu guardar.
Era tarde do
dia 29 de novembro de 1979, uma quinta-feira. Centenas de estudantes dos mais
diversos cursos da UFAL se reúnem na Praça Sinimbu, em frente ao prédio da
Reitoria. O ato fora convocado pelo comando de greve dos alunos de Engenharia
Civil, cuja paralisação já contava mais de trinta dias. O objetivo do movimento
era a substituição do Professor Arlindo Cabús, titular da disciplina
Resistência dos Materiais, recordista em reprovações. Naquela
tarde se realizaria a solenidade de posse no novo Reitor da Universidade, o
Professor João Azevedo[i],
que sucederia a Manuel Ramalho[ii].
As
lideranças estudantis se revezavam em discursos, entre elas o Deputado Estadual
Renan Calheiros e Aldo Rebelo[iii],
recém-eleito Secretário Geral da UNE – União Nacional dos Estudantes, cujo
Congresso de Reconstrução se realizara recentemente em Salvador. Destacavam-se
também Maurício de Macedo, Presidente do DCE – Diretório Central dos Estudantes,
Edberto Ticianeli e Thomás Beltrão, ambos da Turma de Engenharia.
Empunhando um
grande número de faixas e cartazes, com dizeres como: “ABAIXO O CABUS, POR UMA
UNIVERSIDADE DEMOCRÁTICA” e “500 x 1 CONTRA O CABUS”, os estudantes expressavam
o seu descontentamento com aquele professor, mas também levantavam bandeiras
histórias do movimento estudantil: “MAIS AUTONOMIA E MAIOR PARTICIPAÇÃO NOS
RUMOS DA UNIVERSIDADE” e “COMISSÕES PARITÁRIAS DECIDIRÃO O FUTURO
UNIVERSITÁRIO”.
Aproximava-se
o horário de início da Solenidade. No momento em que o Governador Guilherme
Palmeira e sua Comitiva dirigiam-se à porta principal do prédio, os estudantes
entoaram uma sonora vaia, a que a Banda da Polícia Militar, perfilada na
calçada, tentava superar tocando tão alto quanto possível.
As
vaias não puderam ser abafadas. Assim que o último membro da comitiva transpôs
a porta, os estudantes se puseram em marcha em direção à entrada. Um
funcionário ainda tentou impedir, mas sem sucesso. Naquelas circunstâncias, nada
os deteria. E foram entrando, acotovelando-se e gritando palavras de ordem,
enquanto algumas funcionárias se protegiam por detrás de um balcão. Uma delas,
senhora de idade, temendo pelos danos que poderiam causar, sobretudo à
solenidade tão cuidadosamente preparada, suplicava aos gritos:
-
Pelo amor de Deus, meus filhos... Hoje não!
Mas,
aquele era o dia. E não havia predisposição para depredação ou algo parecido. E
foram subindo pela escadaria que dava para o Auditório. Todos os lugares já
estavam tomados. Muitos convidados, funcionários, familiares dos reitores e
professores. Ocuparam, então, os espaços do fundo e dos corredores do recinto.
Lotação total! Foi um assombro geral. Os convidados olhavam aquilo com
verdadeiro espanto. Alguns, com caras de poucos amigos, chegaram a trocar
ofensas com os “invasores”.
Compôs-se
a Mesa que deveria dirigir a solenidade. Além do Governador do Estado, que a
presidia, ali estavam, à sua direita: o Deputado Estadual Agripino Alexandre,
os Ex-Reitores Aristóteles Calazans Simões e Nabuco Lopes, o representante do
Ministro e o Prof. João Azevedo. A sua esquerda: o Prof. Manuel Ramalho e o
Arcebispo D. Miguel Fenelon Câmara, além de outros professores.
Procedida a
transmissão de cargo, a solenidade se encaminhava para o final quando, em
uníssono, os estudantes gritaram bem alto:
— “Queremos a
palavra, queremos a palavra”...
O Governador,
presidindo a Mesa, hesitou. O representante do Ministro da Educação e Cultura (Eduardo
Portella[iv]),
Prof. Leodegário Amarante de Azevedo Filho[v],
cochichou ao ouvido de Guilherme Palmeira como que o aconselhando a atender à
reivindicação.
Palavra
concedida, os estudantes indicaram o Secretário Geral da UNE para falar. E lá
foi o Aldo, passos lentos, mas firmes em direção ao estrado onde se localizava
a enorme Mesa repleta de autoridades. E começou:
“Magnífico
Reitor João Azevedo,
Autoridades
civis, militares e eclesiásticas aqui presentes,
Companheiros
professores,
Colegas
de Engenharia,
Companheiros
grevistas aqui presentes,
Disse certo, correto e coerente
o Professor João Azevedo quando se referiu de maneira serena, de maneira
sóbria, de maneira verdadeira à crise, à assombrosa crise que atravessa o
ensino superior no Brasil, que atravessa a educação enquanto instituição em
nosso País, que atravessa, também, por não fugir à regra, por não ser uma
exceção observada, atravessa também a crise, a Universidade Federal de Alagoas.
Temos conhecimento que, através dos
anos, de governos autoritários que se sucederam a Universidade, a Educação
deste País foi a vítima maior da diminuição das verbas que afetou os serviços
prioritários da Nação, principalmente a saúde, principalmente a educação, principalmente
a assistência social. No orçamento de 1980, o governo brasileiro destinará,
apenas, 4,28 % do Orçamento do País, como dotação para o Ministério da
Educação.
Isto, senhores professores,
Magnífico Reitor, companheiros aqui presentes, significa, infelizmente, a menor
quota concedida à educação, nestes últimos quinze anos em nosso País. E isto,
tem razão o Professor João Azevedo, é muito grave. É muito grave quanto sabemos
que várias escolas de nível superior, neste País, ameaçam fechar, ameaçam cancelar
seus vestibulares por não encontrar condições de pagar sequer aos funcionários
da limpeza, como é o caso da Universidade Federal de Minas Gerais. O Magnífico
Reitor daquela instituição de ensino superior, numa assembléia geral com seus
professores, com seus estudantes e com seus funcionários, colocou a dura
realidade de que várias escolas da Área de Ciências Humanas da UFMG fechariam
suas portas, dispensariam seus estudantes, colocaria a serviço de outras
instituições seus professores, por falta absoluta de verba.
E é particularmente mais grave ainda
quando nós sabemos que esta crise não é, apenas, uma crise
administrativo-financeira; quando sabemos que esta crise não é apenas crise que
não permita que os estudantes da UFAL terem acesso ao restaurante
universitário; não pe uma crise, apenas, que não permita que estudantes da UFAL
tenham uma biblioteca por cada curso, sem bebedouros funcionando; que obriga os
estudantes de Direito e de outros cursos mais a perambularem de sala em sala
atrás de uma cadeira onde sentar; não apenas uma crise desse tipo. É uma crise
mais profunda. É a própria crise de identidade que separa a educação do povo,
que separa a criatividade cultural, que separa a pesquisa científica das
necessidades tecnológicas do País, das necessidades culturais, das necessidades
econômicas e das necessidades sociais da comunidade. É a crise que afasta o
médico, que afasta o engenheiro, que afasta o advogado, que afasta qualquer
técnico de nível superior das camadas mais pobres e mais humildes porque não
têm condições de pagar um serviço caro, um serviço de alto custo. É uma crise
mais grave ainda porque não tem saída, porque não tem outra opção senão quando
formado ir servir a interesses alienígenas, aos interesses dos exploradores,
daqueles que transferem para cá, que transferem para a nossa Pátria o seu
dinheiro para aqui acumular, para aqui nos explorar e para aqui, também, levar
o que existe de criatividade em nosso País. E esta crise precisa ser superada.
Fala o Professor João Azevedo: o homem
nordestino, humilde, sereno, altivo ao mesmo tempo, é aquele que só agradece
quanto tem certeza de que faz com honestidade. Mas o agradecimento, a certeza
da honestidade, a dignidade e a humildade ao mesmo tempo do homem nordestino
traz, também, no seu bojo uma história de lutas e uma história de
reivindicações que vem desde os tempos do Zumbi do Quilombo dos Palmares, que,
rolando as serras, morreu ao lado de milhares de seus compatriotas africanos
aqui presentes, ludibriados pelos latifundiários e donos dos engenhos de
açúcar. Traz, também, a dignidade da luta dos cangaceiros de Lampião que não se
submeteram à perseguição policial e que entraram nas brenhas resistindo o tempo
todo.
E exata resistência, companheiros, é
o que nos cabe aqui evocar. É a resistência dos brasileiros, é a resistência
que vem desde o tempo dos portugueses quando os estudantes, ao lado deles,
expulsaram daqui os franceses; quando os estudantes, ao lado deles, também
expulsaram os invasores holandeses. E hoje, aqui presentes, nós temos novamente
a dar este testemunho de resistência.
A universidade subjugada, a
universidade submetida, a universidade escravizada, a universidade entregue de
braços abertos aos interesses imperialistas, a universidade entregue de braços
abertos aos interesses mercantilistas não pode continuar. Essa universidade
exige dos estudantes, exige dos professores, exige de todos os homens de boa vontade, de todos
os patriotas, de todos os democratas deste País um posicionamento firme. Não
podemos deixar, companheiros, - é também obrigação nossa – que a Universidade
Federal do Acre, onde nós estivemos há pouco mais de um mês, seja transformada
num campo de concentração que favorecerá, certamente com os cursos que lá estão
sendo criados, aos grandes latifundiários que estão destruindo, de uma vez por
todas, a Amazônia. Um companheiro nosso mostrava um mapa do Acre, construído há
mais de dez anos, onde dezenas (______) estão hoje desaparecidas, morrendo na
Cordilheira dos Andes, nas nascentes dos rios Tocantins e Paurus. Esta ameaça
que nos fuzila como se animais fossem, é esta ameaça que também paira sobre a
universidade.
E este grito uníssono, este grito
bravo, este grito de resistência dos companheiros de Engenharia que aqui se
encontram em greve é um testemunho de que, em nossa Terra existe resistência; é
um testemunho de que não morreu a luta de Tiradentes; é um testemunho de que
não morreu a luta daqueles que tombaram, inclusive estudantes, ao longo desses
quinze anos em defesa desta terra explorada e oprimida.
E agora, quando toma posse o
digníssimo, o caríssimo, o Magnífico Reitor João Azevedo, de quem tomamos
várias horas em diálogo quando representávamos aqui os estudantes, no seu
gabinete de Vice-Reitor, de quem nos aproximamos através de embates sobre nossas
reivindicações, agora à tarde, dou o testemunho desses companheiros que estão
aqui em greve. Os companheiros de Engenharia querem aula. Os companheiros de
Engenharia querem professores. Os companheiros de Engenharia querem melhores
condições de ensino, mas os companheiros de Engenharia também querem justiça.
Os companheiros de Engenharia exigem que a Universidade democrática seja
democrática, também, com os estudantes; que a Universidade combativa tenha, em
primeiro lugar, a participação daqueles que a conseguem com o seu saber e a sua
cultura; dos professores, dos pesquisadores e, também, dos estudantes, como dos
funcionários que, labutando dentro dos gabinetes, e também trabalhando dentro
dos laboratórios, constituem a força de trabalho que botam o ensino, a educação
e a cultura para frente.
E este testemunho, finalizando, é
testemunho de que o Prof. João Azevedo se comprometerá, certamente, como sempre
tentou se comprometer, apesar de não representar a sua própria vontade, apesar
de não poder passar, certamente, pelos instrumentos de arbítrio que o prendem,
que o amarram como amarram todas as instituições deste País, apesar de, como
nós, ser fruto da mesma cadeia que cerceia a liberdade de pesquisa, que cerceia
a liberdade da palavra, ele, certamente, se comprometerá com as reivindicações.
Ele, certamente, tirará a Universidade, tirará da Escola de Engenharia, se for,
realmente, reivindicação justa dos estudantes, um professor que não corresponde
às suas aspirações. E ele, certamente, também, se colocará a favor da nossa
luta pelo fim desse instrumento opressivo, pelo fim desse instrumento que não
ajuda a construção de uma Universidade democrática que ed o maldito instrumento
do jubilamento.
O Prof. João Azevedo, certamente, também,
tenderá a compartilhar conosco da reivindicação pela média sete. E o professor
João Azevedo que se coloca, realmente, ao lado dos estudantes, e ao lado do
povo sofrido, do povo humilhado, do povo ofendido, do povo da favela, do povo
ribeirinho, do povo das lagoas e do podo das grandes fazendas da
cana-de-açúcar, ele, certamente, levará conosco a bandeira, levará conosco a
luta de transformar esta Universidade em algo mais próximo dos estudantes e
mais próximo do povo. E a luta também se constitui, não só na luta pela transformação
da universidade, porque a universidade não está divorciada de toda uma
sociedade que também sofre e é vítima. A nossa luta é a luta pela melhoria das
condições de ensino; é a luta pelas reivindicações específicas, mas é, também,
a luta pela transformação dessa sociedade brasileira numa sociedade justa, numa
sociedade sem exploradores, numa sociedade sem oprimidos, numa sociedade onde
homens vivam de barriga cheia.
Que vivamos num País de liberdade!”
Enquanto
falava, um silêncio quase absoluto se verificou. Os presentes, inclusive as
autoridades que compunham a Mesa, ouviam embasbacados um discurso que,
essencialmente, destoava do modo de falar da maioria dos estudantes. Sem a
costumeira veemência e sem aqueles jargões característicos do movimento
estudantil, o discurso de Aldo era pronunciado em tom ameno, voz pausada, quase
monótona, mas bem concatenado. Usava as palavras com magnífica habilidade e
sabia dar a cada uma delas o peso que realmente tinham: nem mais, nem menos.
Aplausos
entusiásticos sucederam o orador, que retornou ao chão onde estavam todos os
seus colegas.
Para concluir,
posso afirmar que aquele movimento, que teve a sua apoteose naquele Ato e
naquele discurso de Aldo, foi plenamente exitoso, sobretudo se considerarmos as
circunstâncias daquele momento histórico.
Edberto
Ticianeli, em seu Blog, informa que “dias
depois, houve uma reunião com o Reitor. João Azevedo explicou as dificuldades
regimentais que tinha para afastar o citado professor, mas se comprometeu a
‘promovê-lo’ para outro cargo. No final do ano letivo, Arlindo Cabus assumiu a
presidência da COPEVE, a Comissão que organizava o concurso vestibular da UFAL”.
Estudantes reunidos em frente à Reitoria, na Praça Sinimbu. Foto: Jornal de Alagoas.
Aldo Rebelo, Secretário-Geral da UNE, fala aos colegas.
O estudante, e Deputado Estadual Renan Calheiros fala aos colegas, tendo na retaguarda Edberto Ticianeli, Thomás Beltrão e Aldo Rebelo.
Estudantes aglomerados em frente à Reitoria, enquanto a banda toca.
Auditório completamente tomado por convidados e pelos estudantes.
Estudantes sentados no chão entre os convidados. O comendador Tércio Wanderley (terno escuro e óculos) e, à direita, de bigode preto (ainda), o autor destas linhas.
Outro grupo de estudantes, vendo-se o Deputado Estadual Renan Calheiros (de óculos)
Mais um grupo de estudantes, vendo-se à frente (à direita), Maurício Macedo.
O Professor Arlindo Cabus, sentado ao centro, o motivo da greve.
Aldo Rebelo faz uso da palavra representando os estudantes.
REFERÊNCIAS.
AZEVEDO, João (Coord.). UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS: DOCUMENTOS HISTÓRICOS. Maceió, 1982.
JORNAL DE ALAGOAS, 30 de novembro de 1979.
[i] João Ferreira
Azevedo, Reitor de 29/11/1979 a 29/11/1983.
[ii] Manuel Machado
Ramalho de Azevedo, Reitor entre 28/11/1975 a 28/11/1979.
[iii] José Aldo Rebelo Figueiredo nasceu
em Viçosa-AL, em 23 de fevereiro de 1956. Jornalista e político filiado ao PC
do B, foi Secretário-Geral e Presidente da UNE; Vereador por São Paulo e
Deputado Federal por cinco Legislaturas, também representando o povo paulista.
Foi Presidente da Câmara dos Deputados, chegando a assumir interinamente a
Presidência da República. Foi Ministro da Secretaria de Articulação Política e
Relações Institucionais; Ministro do Esporte de 27 de outubro de 2011 a 1º de
Janeiro de 2015 quando assumiu o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
[iv] Eduardo Mattos Portella,
crítico, professor, escritor, conferencista, pesquisador, pensador, advogado e
político, nasceu em Salvador em 8 de outubro de 1932. Foi Ministro da Educação
e Cultura entre 15 de março 1979 e 26 de novembro de 1980. Foi demitido porque
apoiou a greve dos professores da UFRJ, cunhando a famosa frase: “Eu não sou
Ministro, eu estou Ministro”, para deixar registrada a transitoriedade do
cargo.
[v] Leodegário Amarante de Azevedo
Filho, nasceu no Recife em 1927 e faleceu em 30 de janeiro de 2011 no Rio de Janeiro
Foi Professor Titular e Emérito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e
da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Parabéns amigo Etevaldo, por mais essa página histórica, enriquecedora dos meus conhecimentos.
ResponderExcluirO discurso de Aldo Rebelo é algo magnífico no seu discorrer dos fatos e na coragem, tendo em vista a conjuntura do momento.
Vivi esses momentos pessoalmente. 1979 foi o meu 1° ano como estudante universitário de Direito. Mosart, meu irmão, fazia parte da turma de Thomás Beltrão. Renan era um eminente líder estudantil e bom orador naquela época. Seu texto Etevaldo é uma excelente fonte de pesquisa e informação. Viajei no tempo.
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