Por
Etevaldo Amorim
A origem de Limoeiro, povoação situada à
margem esquerda do Rio São Francisco, no município de Pão de Açúcar, Alagoas,
pode estar associada a sua capela, marca da formação católica dos seus fundadores,
no último quartel do Século XVIII.
Feita sob invocação de Jesus, Maria e José, seus festejados padroeiros,
a casa de orações teve iniciada a sua construção em 1782, vindo a ser concluída
em 1787, cinco anos antes do enforcamento (no Rio de Janeiro) de Joaquim José
da Silva Xavier, Tiradentes, o “Mártir da Independência”. Conforme Vieira de
Carvalho, teria sido construída por João Carlos de Mello, que lhe constituiu um
patrimônio de seis vacas e uma légua de terras.
Segundo o IBGE, em divisão administrativa referente ao ano de 1911,
Limoeiro já constituía um dos distritos do município, destacando-se do da Sede.
E pela Lei Provincial nº 973, de 8 de
junho de 1886, foi constituído em Distrito Judiciário, sendo instalado em 1º de
janeiro de 1887.
Um evento significativo na sua história foi a visita do Imperador D. Pedro
II que, quando da sua viagem à Cachoeira de Paulo Afonso. No dia 23 de outubro
de 1859 ele anotou no seu diário:
“Às 11 ½, defronte do Limoeiro, tendo andado
de Pão de Açúcar 3 léguas em rio. Toda a digressão gasta 10 minutos. Tem 50
casas, uma capela menos má e um oratório; é juizado de paz e não há ai nenhuma
autoridade policial, mas um fiscal; pertence à freguesia de Pão de Açúcar.”
Dez anos depois outra autoridade, desta
feita o Presidente da Província José Bento da Cunha Figueiredo Junior, também
em viagem à Cachoeira, por lá passou com enorme comitiva. Um integrante, o Sr.
Abílio Coutinho, nos deixou a mais antiga imagem da nossa Vila, em tomada feita
no dia 6 de janeiro de 1869.
Era comumente identificado por “Limoeiro de Pão de Açúcar”, por certo
para diferenciá-lo de outro Limoeiro, o de Anadia. Mas, para dissipar qualquer
possibilidade de confusão, revolveram mudar o nome. Tanto que, pelo Decreto Estadual nº 2.526, de 10 de julho de 1939,
passa a ter a nova denominação de Alecrim, segundo Aldemar de Mendonça. Já segundo
o IBGE, pelo Decreto Estadual nº 2.435, de 30 de novembro de 1938. Só em 1994,
pela Lei Municipal Nº 083, de 18 de abril, por iniciativa do Vereador Antônio
Goes (natural de Limoeiro), o Distrito de Alecrim voltou a denominar-se
Limoeiro.
Em meados da década de 1950, já existia
uma Agência Postal, funcionando inicialmente num prédio de portas arqueadas,
esquina das ruas Bráulio Cavalcante e Mário Vieira, onde outrora funcionara uma
loja de tecidos do Sr. Alberto Soares Vieira.
O seu
primeiro Agente foi José Carlos de França[1].
Depois veio Virgílio da Silva Filho[2],
conhecido por Virgilinho, posteriormente removido para a APT de Delmiro
Gouveia. Sucedeu-lhe o funcionário Heraldo de Campos Lisboa[3]. Em seguida, assumiu a Agência o Sr. Lindauro
Costa que, com a colaboração do seu filho Luis Costa, a fez funcionar com zelo
e dedicação. A mala postal era transportada nas embarcações do rio São
Francisco, pelo vapor Comendador Peixoto ou pela lancha Tupan.
Já na década
de 1970, com a instituição do Código de Endereçamento Postal – CEP, a Agência
recebe o código 57405-000. Instalara-se agora num casarão fronteiro à antiga
sede, de propriedade do Município e onde antes funcionava a Casa de Força. Deixando
de ser uma Agência regular da ECT, passou para a administração municipal, na
Gestão do Prefeito Antônio Gomes Pascoal, o “Dr. Pascoal”, e por iniciativa e
esforços do Vereador local Elias Silva Oliveira, o “Elias da Lavanderia”. A
responsável pela Unidade Postal era a servidora Marli dos Anjos.
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Bibliografia
AMORIM, E.
A. (2004). TERRA DO SOL, ESPELHO DA
LUA. Maceió: ECOS GRÁFICA.
VIEIRA DE CARVALHO, J. R. (1859). VIAGEM À CACHOEIRA DE PAULO AFONSO. REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO
BRASILEIRO, Tomo XXII .
Figura 1 Limoeiro em 1869. A pequena capela ainda sem
torres. Foto: Abílio Coutinho.
Figura 2 Limoeiro
em 1968. Entre as velas da canoa de tolda aparecem os dois prédios que serviram
de sede à Agência dos Correios. Em primeiro plano, fundos do casarão que foi
utilizado a partir de 1970 e, mais acima, o primitivo prédio de portas
arqueadas. Foto: Jim Squires.
Figura 3 Limoeiro, 1981. A primeira Sede da AP de
Alecrim (prédio da esquina, à esquerda) e a segunda, no casarão ao fundo,
próximo ao rio. Fonte: filme Super 8 – Alecrim, povo marginalizado, de Érico
Melo Abreu.
Figura 4 Limoeiro, 1970. Inauguração da nova sede dos
Correios. Hasteando a bandeira o Prefeito Antônio Gomes Pascoal. A sua direita,
a nova funcionária Marli dos Anjos e o Vereador Elias Silva Oliveira. Foto:
acervo da Prefeitura Municipal.
Figura 5 Fala o Prefeito Antônio Gomes Pascoal, tendo
à sua direita a funcionária Marli dos Anjos. O Vereador Elias Silva Oliveira
segura o microfone. Foto: acervo da Prefeitura Municipal.
Figura 6 Outro
flagrante da solenidade de inauguração. Foto: acervo da Prefeitura Municipal.
Figura 7 Virgílio da Silva Filho – “Virgilinho”. Foto
capturada do blog Amigos de Delmiro Gouveia.
Heraldo de Campos Lisboa e sua esposa Romélia Soares da Costa Lisboa com o filho Sidraque Costa Lisboa_1944. Foto: acervo de Heraldo Lisboa Neto. |
Figura 8 O Sr. Lindauro Costa.
[1]
Diário Oficial, 21 de fevereiro de 1957, p. 4033.
[2]
Diário Oficial, 1º de outubro de 1956, p. .
[3] Diário
Oficial, 19 de fevereiro de 1957, p. 3872. Em 1959 já havia falecido, deixando
a viúva a professora Romélia Soares da Costa Lisboa e filhos – Diário Oficial,
25 de março de 1959, p. 6496. Segundo o limoeirense José Damasceno (Zé de
Alfredo), sua morte se deu por afogamento. Numa de suas viagens de Pão de
Açúcar a Limoeiro, a canoa virou nas proximidades da Fazenda Belém.
Parabéns pela excelente matéria professor.
ResponderExcluirSou neto de Heraldo de Campos Lisboa, que foi agente dos correios e falecido em acidente no rio São Francisco.
Gostaria de saber como conseguir a cópia do diário Oficial de 25 de março de 1959p.6496 ?
Grato,
Heraldo de Campos Lisboa Neto.
heraldolisboa@gmail.com
Foi com muita alegria que tomei conhecimento do Blog do Etevaldo. Fiquei emocionado ao encontrar em: LIMOEIRO - UMA PEQUENA HISTÓRIA, registro e foto do meu Pai, Virgilio da Silva Filho, Virgilinho.
ResponderExcluirDaí me veio as lembranças de algumas histórias que ele contava quando ali morou: a) Foi juiz de futebol; b) Da botija que encontraram na casa onde residia e o zumbido constante de um besouro que teimava em apagar a luz do candeeiro; c) As farras regadas com tira-gosto de peixe; entre outras...
Obrigado por resgatar esses momentos de pura felicidade.
Forte abraço,
GENILSON OLIVEIRA SILVA. - Golisil@gmail.com
P.S. Tenho um irmão que nasceu em Limoeiro.
Fantástica história da nossa querida Vila Limoeiro ❤️
ResponderExcluirNão nasci no Limoeiro, mas cheguei aí bem recém nascido e morei de 1969 até 1985, conheci o Etevaldo e também seu pai o Sr. Ângelo. Sou filho de Domingos Vieira que é filho do Limoeiro. Vendo essas fotos é como se voltasse ao passado. Conheço a Marli e morei aí próximo da Igreja na casa que hoje mora minha tia Prazeres. Conheci o Sr. Linda uro e o seu filho Luiz indo. Gente da melhor qualidade.
ResponderExcluirCom enorme prazer recebo seu comentário, amigo. Pena que não informou o seu nome. Mas sendo filho de Domingos e Margarida, é também meu amigo. Grande abraço!
ExcluirEmocionante
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