PÁGINAS

sexta-feira, 24 de julho de 2015

VENDO A JANELA

Bráulio Cavalcante

Eis a janela, a pobre testemunha
Dos meus loucos amores, a janela
Onde inspirado o coração depunha
Para que os lesses, lírica donzela!

Não mais as liras de ouro que eu compunha
Quando ficava no postigo dela!
Mão que abriu-a mil vezes, mal rascunha
A quadra que o tristor revela!

Ah! Grata janelinha onde, frementes,
Na confusão dos meus cinco sentidos,
Tive beijos e versos em torrentes...

Beijos longos, amor, versos de tua
Carne cheirosa, versos atrevidos
De rima franca, escandalosa e nua!

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Publicada no Diário de Pernambuco, 31 de outubro de 1907.

Fonte: www.bn.br.
Bráulio Cavalcante

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