Franco Jatubá[i]
Que não diriam todas
as maldosas
flores, a rir, nas
ramas viridentes,
se eu te beijasse a
boca? Maldizentes,
talvez dissessem
proibidas cousas...
Muito daria que
dizer às rosas
e aos lírios,
faladores, insolentes...
De nossas duas almas
inocentes
fariam duas almas
criminosas!
Deixa primeiro que o
Sol morra. Apenas
a noite chegue,
tatalando as penas
cheias d’orvalho e
de melancolia,
nos beijaremos
tanto, que dos ninhos
irão fugindo os
doidos passarinhos,
cuidando ouvir a
música do dia!
Alagoas, 1899.
[i] Pseudônimo de Francisco Remígio de Araujo Jatobá. Algumas referências o tratam
como Francisco Remígio de Albuquerque Jatobá, adotando o sobrenome da mãe.
Nasceu em Murici – AL, a
20/01/1872, segundo o ABC DAS ALAGOAS. Entretanto, o jornal Gutenberg, de 2 de
abril de 1907, noticiando a sua morte, diz que ele nasceu em Maceió.
Faleceu em Maceió - AL a
31/03/1907.
Poeta, jornalista,
funcionário público. Era filho de José
Inácio de Araújo Jatobá (que foi administrador da Cadeia de Maceió) e da
“modista” Bárbara Cordeiro de Albuquerque Jatobá. Era tio do também poeta
Cypriano Jucá (filho da sua irmã Maria Grabriela e de Romualdo da Silva Jucá).
Iniciou seus estudos em
Maceió, mas não chegou a completar os preparatórios. Funcionário da Alfândega
de Maceió (1890), escriturário do Tesouro Federal, no Rio de Janeiro, nomeado
em 1895 e demitido em 1903. Seus artigos foram reunidos em um volume, após sua
morte.
Patrono da cadeira 28 da
Academia Alagoana de Letras. No jornalismo, combateu a denominada Oligarquia
Maltina.
Obra: O Brasil e o Insulto
Argentino, Maceió, Imprensa Oficial/ Liv. Fonseca, 1907, sob o pseudônimo de
Sargento Albuquerque (edição confiscada por ordem do Ministro das Relações
Exteriores). Segundo Romeu de Avelar, que o incluiu na sua Coletânea de Poetas
Alagoanos, o Barão do Rio Branco teria interferido junto ao editor para sustar
a publicação. É ainda de Romeu de Avelar
a informação de que teria deixado inúmeros poemas inéditos e uma coletânea de
contos orientais. Fundador e redator, em 1892, de O Labor (hebdomadário
literário, instrutivo e recreativo dedicado à mocidade alagoana.) e do Correio
de Maceió, e colaborador de O Gutenberge do Correio de Alagoas. Jucá Santos
afirma que deixou inédito o livro de poesia Vale de Lagrimas, o poemeto O Sapo,
o livro Beduínos (contos orientais), Judéia (contos bíblicos) e o drama Ódio de
Família, de um prólogo e quatro atos, todos na guarda de sua irmã, os quais
foram destruídos após a morte desta.
Fonte principal: ABC DAS
ALAGOAS. BARROS, Francisco Reinaldo Amorim de.
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