PÁGINAS
terça-feira, 7 de janeiro de 2025
PÃO-DE-AÇUCARENSES EM TERRAS DE MURICI
Por Etevaldo Amorim
Foram muitos os filhos de Pão de Açúcar
que se destacaram Brasil afora, por seus dotes e aptidões, nas mais diversas
atividades, honrando o torrão natal. Nas artes, nas letras, nas guerras, nas
ciências, eles contribuíram para elevar o nome desse recanto sertanejo do São
Francisco.
Não raro encontramos registro dos seus
feitos e das suas glórias nos assentos antigos, nos periódicos de toda parte do
país. Uma passagem pela revista Fon-Fon, que se publicava no Rio de
Janeiro, na edição de 28 de janeiro de 1933, nos revela a presença de três
pão-de-açucarenses na importante cidade de Murici, localizada na Zona da Mata
alagoana, a 44 km da Capital.
Ali está um artigo do jornalista e
escritor muriciense Maciel Filho, que faz minuciosa descrição daquela região,
dividido em três partes: A TERRA, O HOMEM e A HISTÓRIA.
É, precisamente, na parte d’O HOMEM que
aparecem os três conterrâneos: Francisco Nery da Fonseca, o Padre
José Roberto da Silva e seu irmão Manoel Aureliano da Silva.
FRANCISCO NERY DA FONSECA nasceu
em Pão de Açúcar e faleceu em Muricy no dia 6 de agosto de 1907, com 68
anos de idade. Teria, então, nascido em 1842. Era casado com Joanna Maria da
Conceição.
Sobre o padre José Roberto,
obtivemos alguns dados e, principalmente, a informação de que era,
efetivamente, natural de Pão de Açúcar, no registro de seu falecimento, no
Cartório de Registro Civil de Murici, nas fls. 177-V, do Livro de óbitos de
1924:
“Nº 4.752. Aos trinta dias do mês de
agosto do ano de mil, novecentos e vinte e quatro, nesta cidade de Murici,
Estado de Alagoas, em meu Cartório compareceu o Capitão Manoel Aureliano da
Silva, empregado público, residente nesta cidade, e presentes as testemunha
Pedro Correia da Silva e Odilon Vieira Maciel, declarou que hoje, a uma hora,
em casa de própria residência, à rua do Matriz, nesta cidade, faleceu o seu
irmão, o vigário José Roberto da Silva, de noventa e sete anos de
idade, natural do município de Pão de Açúcar, neste Estado, vigário colado
desta freguesia, filho do cidadão José Roberto da Silva e de D. _____,
falecidos neste Estado, Disse mais ter sido a causa do óbito velhice e que será
sepultado na sacristia da Matriz desta cidade, em cova rasa, hoje às dezessete
horas. Em firmeza do que lavrei este termo, no qual assinam o declarante e as
testemunhas. Eu, José Lins de Souza, escrivão e oficial do registro civil, que
o escrevi.
Manoel Aureliano da Silva
Odilon Vieira Maciel
Pedro Correia da Silva.”
Tendo falecido em 1924 com 97 anos de idade, teria nascido em 1827.
Ordenou-se em Olinda, em 1852. Segundo O Jornal-RJ, de 5 de setembro de
1924, ele entrou em concurso para a freguesia de Murici, sendo apresentado por
Decreto Imperial de 4 de dezembro de 1868. Já o jornal católico O Apóstolo, RJ,
de 18 de agosto de 1867, afirma que a sua apresentação se deu por Decreto de 14
de agosto daquele ano.
Quando faleceu, em 30 de agosto de 1924, aos 97 anos de
idade o padre José Roberto era o sacerdote mais velho do
clero alagoano e, talvez, de todo o Brasil.
“Morreu com plena lucidez de espírito, não obstante tão avançada
idade. Cinco minutos antes de falecer, pediu ao padre Anacleto que lhe desse a
bênção e o acompanhasse nos seus últimos momentos com as preces do ritual.”
- O Jornal, 5 de setembro de 1924.
Foi sob o seu paroquiato que, em 1881, Frei Cassiano de Comacchio foi
para Murici construir a igreja de Nossa Senhora da Graça e o Cemitério Público,
que se achava em ruínas.
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Graça, onde o Pe. José Roberto celebrou por quase sessenta anos. |
Segundo um artigo de Heitor Moniz, publicado no jornal Correio da Manhã,
RJ, de 5 de março de 1935, foi o Padre José Roberto da Silva que,
na capela do Engenho Itamaracá, (perto de Murici) paróquia de Imperatriz (atual
União dos Palmares), celebrou, em 11 de maio de 1872, o casamento de Floriano
Peixoto[i] com sua prima Josina
Vieira de Araújo Peixoto.
O terceiro pão-e-açucarense nessa historia é o Capitão Manoel
Aureliano da Silva, irmão do Padre José Roberto, que aparece
como declarante no registro de óbito deste.
Pertencia ao 17º Batalhão da Guarda Nacional em Murici. Em 1890 era
membro do Conselho Municipal, pelo Partido Democrata, à época do Intendente
João da Rocha Cavalcante Neto.
*** ***
Para melhor dizer sobre essas
personalidades, e em homenagem aos amigos muricienses, julgamos melhor transcrever
o artigo de Maciel Filho[ii], intitulado ASSOMBRAÇÃO:
“I – A TERRA
Murici estagnara, da noite para o dia,
na sua florescência mirífica, lá por volta de mil, novecentos e coisinha.
O êxodo avolumava-se, levando os
melhores elementos locais, desde a deposição governamental do doutor Manoel de
Araújo Goes[iii], um dos maiores
proprietários do município e senhor de engenhos emérito, em torno do qual
gravitavam todas as forças de alevantamento da então comarca, onde também se
fizera homem, na eterna e insulada despreocupação do Itamaracá, o formidável
caboclo que mais tarde veio a ser o consolidador da República.³
A retirada do doutor Antônio Supardo[iv], a partida do coronel
Antônio Barbosa[v],
atual tesoureiro do Estado e trunfo naquele tempo no velho burgo patrício, seguida
da de Jacintho Barbosa[vi], tipo acabado do bom,
foram os golpes mais sensíveis na vida da pacata e tradicional cidadela, cuja
história pitoresca começa ninguém sabe quando, na simpleza de uma espera de
caçadores de veado, num lendário e possante pé de murici, ao tempo
em que aquelas paragens entre o Cumbe e a Floresta, outrora Caatinga, entre o
Campo Grande e o Mundaú, repartidos pelo sulco do Beberibe, não eram mais que
uma fertilíssima pastagem de galheiros ariscos, patos d’água e pacas de concha.
A debandada de uns e a morte de outros
deixaram, contudo, vestígios de civilização em crônicas vivas, maleáveis e
gratíssimas, que ainda fazem o orgulho dos filhos remanescentes. Murici
escreveu na sua história páginas brilhantes e harmoniosas nos velhos tempos das
serenatas.
A predestinação artística de João
Caetano teve êmulos magníficos em Murici, apanhados entre o melhor elemento
social de então. O Teatro de Murici deu muitas surras no velho Delícia, de
Maceió, onde o Grêmio Dramático Corrêa Vasques, com o Tonico Lopes, fazia as
matronas de 1900 chorar rios de lágrimas, segundo rezam as crônicas, diante dos
lances patéticos e melodramáticos d’O 29[vii] e d’O Poder do
Ouro.
A vitrolomania de última hora, no seu
internacionalismo de acordes e de sons, acaba de canonizar uma das figuras mais
típicas das suas luaradas madrigalescas, misto de sonho e sentimentalismo,
vaticínio de esplendor e decadência daqueles dias em que a modinha e a loas
singelas, de mãos dadas, veneravam a valsa viana e as
quadrilhas, apoiadas pelas saltitâncias das polcas, do xótiche e da mazurca:
Augusto Calheiros[viii], esse mulato agora
nacionalizado, que todo mundo não conhecia ali senão por Augusto de Lorença.
- Queres dizer, porém tens medo...
Tu tens receio de falar!
Triste de quem ama em segredo
E nunca pode revelar
O seu amor...
*** ***
Depois Murici chegou a ser teatro das
coisas mais tristes destes céus, campo das mais incríveis tragédias políticas e
passionais.
Certo promotor, todas as manhãs, à hora
do trem, lá estava na estação, decentemente despido, toalha de banho a
tiracolo, de tamancos e pijama, incitando calores para os mergulhos
refrigerantes do Mundaú.
Murici debatia-se nas garras
adventícias. E com semelhante estertor, que se chegou ao desplante de se
caiarem-se de pixe jornalistas da oposição, e a casa de adversários com a coisa
mais fedorenta deste mundo!
O fratricídio por questão de terras
sangrou ali na mais animalesca tragédia que já viram aqueles sóis.
Por um simples passar na porta, duas
das mais importantes famílias se esfacelaram numa boquinha de noite. O
destacamento policial do Cabo Chico farejou de casa em casa o cheiro de carne
humana e sangue real, tal e qual o bicho manjaléu das histórias de Trancoso. Na
manhã seguinte, uns eram encontrados prontos, à margem do rio,
cosidos de bala, com os olhos comidos das piabas, enquanto outros eram
arrastados de dentro das malas da Casa Grande do Engenho Cansanção[ix] e levados a pano de
facão para a cadeia, obrigados ao cuba da faxina.
Dizem que lá para cima se surravam
cidadãos algemados pelos pulsos, à margem do rio, até ficarem inanimados e
mergulhavam os cadáveres por baixo dos bancos de baronesas...
Isso era mais ao Norte, lá para as
bandas das terras de um tal de Lelê...
A água cristalina e gostosa do Mundaú
chegou a apodrecer, como um castigo, levando na sua porcaria cardumes de peixes
que boiavam para as margens do rio, provocando febres de todas as versidades.
A tiborna tarjando o Mundaú na asfixia
das populações ribeirinhas marcou a civilização muriciense a idadezinha
corrupta da sua degradação hodierna.
Na política, quem mais fez e governou
carregou as rendas do município em saquinhos de couro cru no lombo de quartaus
pachorrentos, que demandavam o engenho do Intendente, todos os sábados, com o
produto da folha dos trabalhadores do eito...
Era delegado de polícia nesse tempo o
Major Amaro do Dedão.[x]
Nem com a republicanização da
República, graças à politicalha de certo estadista de casa-grande, atalhado em
tempo e logo devolvido à bagaceira do seu banguê, Murici escapou ao cúmulo de
ter como prefeito um tenente de polícia, diminuído pelo próprio nome, e cuja
credencial regeneradora, pelos registros policiais da imprensa da metrópole, é
ser um conhecido malandrão com inúmeras entradas nas enxovias locais.
O que ainda consola aquela gente digna
e resignada é a tradição dos seus principais austeros, soerguidos pela
memorável administração incisiva do doutor Esperidião Lopes de Farias Junior[xi], um jovem engenheiro
muito entendido nas coisas complexas da cidade e do campo, e cuja simplicidade
lhe deu uns ares suspeitos de Cincinato.
II – O HOMEM
Não era exagero dizer-se que o velho
Fonseca – Francisco Nery da Fonseca – era uma figura
extraordinária.
Entre aquela respeitabilíssima cor
cafuza e a cabeleira esplêndida e grisalha, embuçava-se o enigma jovial dos
seus inacreditáveis setenta e tantos novembros.
Mulato excepcional. Nunca
procurava uma baforada para enxotar-lhe pequena contrariedade ou mesmo raiva
tempestuosa.
Para grandes males os maiores remédios.
Para acalmar os nervos, aplacar a alma e embevecer o espírito, dizia sempre não
haver melhor meizinha que a música. Por isso, aprendera a
tocar desde o berimbau ao badalo. Pegava da sua famosa rebequinha e se
esgueirava melodia afora, em busca da alegria desgarrada:
- Orfila, lírio formoso...
Anjo querido e olorosa flor!
O teu sorriso me seduz e mata.
Mas tu, ingrata, não me tens amor!
Orfila, lírio formoso...
Anjo querido e olorosa flor!
Era o último número da xótiche alegre e
esfuziante da época, que o velho Fonseca lançara em voga na
sociedade Onze de Julho, onde o Modesto Novaes e o Dativo tiravam de limpo,
como pés de ouro daquela sala de dança.
Caboclo espigado e linheiro, o mulato
muriciense do coração, pois era natural de Pão de Açúcar, era a figura perfeita
do homem enciclopédico do seu meio.
A sua pacatez e probidade congênitas
afastavam-no do ambiente e dos fuxicos políticos com esse conceito tremendo
sobre os salamaleques partidários.
- Menino, para sermos políticos é
preciso, antes de tudo, sabermos de cor e salteado a história da
prostituição...
Enquanto o bacharel vaquejar a política
escanchado na chicana, com o aboio do seu palavrório a reboar nos comes-e-bebes
e nas peixadas cívicas, isso há de ser sempre um paraíso perdido.
Não vês as espadas de metro e meio
substituindo as canetas de ouro de cinco centímetros? ...
Contudo, tinha lá seus melindres
simpáticos por Pinheiro Machado e exaltava as esquisitices impenetráveis de
Floriano.
Fora da política, ele ali era tudo.
Tudo e o resto. Na medicina, tanto curava mordida de cobra como de rastro.
Izipa ou mal do monte[xii], como espinhela caída e
dor de veado, eram tiro e queda na pontaria das suas benzeduras. Na religião,
só não celebrava missa.
Nas novenas de Santo Antônio da Maria
Joaquina ou do escrivão José Lino de Souza[xiii], Fonseca era
o vigário e o sacristão, ao mesmo tempo.
Na santa cruz do afogado das
ingazeiras, do Hortêncio de Barros, no outro lado do rio, Fonseca era
quem tirava as ladainhas e jaculatórias, quando a Maria Catenga tinha preguiça
de atravessar para a outra margem.
Nas novenas de Nossa Senhora da
Conceição, do Martim Simplício, no Cajueiro, lá estava ele tirando os versos
sagrados:
- Louvemos, irmãos, louvemos,
Louvemos com devoção...
A imacu... a imacu ... a imacu....
Lada Conceição... Lada Conceição....
Foi o melhor sacristão que o Padre
José Roberto encontrou durante os seus sessenta e dois anos de
vigário-colado. Ninguém como Fonseca sabia chamar uma missa
com apostolice maior ou dobrar a finados com maior agonia. Fonseca parecia
arrancar do bronze a adormecida lânguida das Virgens Mortas[xiv] de Bilac ou
vaticinar a angústia das Lágrimas de Cera que Raul Machado ainda sentira na
morte de Stella.
Sentia-se orgulhoso em transmitir a
outrem os eflúvios do seu gentil expansivo e alegre. Dentre outros a quem
ensinara música, Antônio Preá e José da Virgínia foram os seus mais dedicados
discípulos do badalo. Quasímodo[xv], no Pátio dos Milagres,
invejaria sem dúvida os sectários do mestre tabajara.
Na arte dos sons, Fonseca era
o número um em toda aquela redondeza. Em música, só se deixava de falar nele
quando a banda da Capela vinha tocar nas novenas de Nossa Senhora da Graça,
padroeira da cidade.
Era, ao mesmo tempo, toda a orquestra
do coro da igreja, nas novenas do mês de maio, desde a flauta melíflua ao órgão
rouquenho e melancolizante.
A sua rabequinha irrequieta tinha
qualquer afinidade com aquela outra, já então histórica, das maluquices íntimas
do primeiro império.
Quando Bilac, com o seu incontido
patriotismo, apregoou a todos os ventos a Oração aos Moços, semeando civismo,
com a criação dos Tiros de Guerra, Murici não faltou ao chamamento do dever
cívico para a profilaxia do nosso Exército, dando às fileiras do Marechal
Hermes o seu contingente, já sem o horrível colarinho de sola da velha tarimba
redentora de Canudos.
Fonseca também lá
estava com a senectude juvente dos seus cabelos brancos. Não marchando nem
marcando passo, com as espingardas de pau do sargento Cordeiro ao ombro, mas à
frente da mocidade radiosa e sonhadora, com o seu pistão estridulante e
belicoso, como corneteiro, quando o Salatiel Chaves adoecia ou o Chico Paulino
se esbaforia ou se estrompava do peito com o seu renitente puxado.
Fonseca foi um boêmio
amável e um filósofo. Naquele tempo, a safadeza ainda um tanto velada não
estava tão familiarizada nas menores coisas como hoje em dia.
A sua boemia era uma pândega ingênua,
quase infantil, não obstante a sua senectude, sem as tendências licenciosas dos
moços bonitos que andam por aí, de rouge, pó de arroz e sobrancelhas safadas.
As suas pilhérias eram esplêndidas e
paradoxais, dessas que se classificam de gozadas. Podiam se ouvidas por
qualquer Filha de Maria, com maior dignidade que as do Cônego Machado de Mello[xvi], tão famosas e
inteligentes quanto causticantes.
A sua presença em todas as festas
íntimas ou reuniões solenes era imprescindível, como ferrotoador da ironia e
instigador da vivacidade e alegria.
Na festa do primeiro casamento do
Coronel Antônio Braga[xvii], no então Engenho Boa
Esperança, algumas moças cerimoniosas estavam acanhadas para dar início à
sobre-mesa. Fonseca, percebendo a acanhação, foi ensinar as meninas
a comer, comendo ele próprio as guloseimas de cada qual.
- Vocês não sabem comer, não, meninas?
Pois é assim....
E, léco-léco-léco, comeu tudo!...
Numas das festas da botada do
Engenho “Brejo”, do Doutor Góes, o Doutor José Felipe Uchôa, servindo a mesa,
perguntara-lhe:
- Fonseca, você quer rosbife?
- Qual, Doutor Uchôa! O senhor quer me
matar de fome? Roendo bife, não acabo tão cedo! Quero é comer bife!
Nunca faltou a um enterro, mesmo de
quem não conhecia. Certa vez, vendo passar um defunto numa rede,
acompanhou-o à última morada.
Miguel Ozório, aborrecido pela
obrigação de ir cavar os sete palmos de chão, perguntara-lhe, trepado na perna
zambeta:
- Quem morreu, seu Fonseca?
- Esse não morreu, não. Mataram-no!
- Mas mataram a quem, homem?
- A quem estava vivo, Miguel! ...
Num desses zunzunzuns de sacristia,
cochichava-se a notícia de que naquele ano não se rezariam as novenas do mês de
maio. As meninas mais chics da cidade, cantoras da igreja, ao saber da nova,
inquiriam ao velho sacristão se havia sempre ou não mês de maio.
- Meninas, só não haverá mês de maio se
o mundo se acabar em abril....
A pacholice de Graciliano Paulo[xviii], preto mas
porém cheiroso, como se gabava, era uma das notas elegantes da negrada
muriciense. No Tiro de Guerra não havia voluntário mais limpo nem atirador mais
garboso.
O Graciliano já tinha na caixóla todos
os toques da corneta. E andava rua acima, rua abaixo, assobiando as melopeias
da escala, mesmo nas clarinadas menos usadas nos exercícios.
Para o seu pernosticismo um dos toques
mais interessantes era o da chamada da banda de música, talvez por ser o mais
desaforado da inventiva marcial. E com aquela arrogância e a mesma dolência, o
pelintra trauteava:
- Capim prá cavalo...
Capim prá cavalo...
Capim... prá cavalo comê... ê...ê...
No mesmo alegrão de pátria-amada, heroi
de todas as bravuras inconcebíveis, parou de uma feita em frente a casa do
velho Fonseca. E, batendo com força os saltos das botas reúnas,
foi-lhe fazendo uma continência espalhafatosa, seguida de um dos seus toques
mais repinicados.
Fonseca calado estava,
calado ficou.
O moleque, procurando fazer-lhe umas
gracinhas, foi botando o seu kepi na cabeça do velho bonacheirão. Fonseca aceitou
a brincadeira com a sua implacável ironia. De repente, zurziu uma
perfidiazinha, dissipada num riso amarelo:
- Bote boné, Graciliano! Vá botando...
Lá um dia também te boto”.
O preto enterrou os pés de banda,
safando-se com as desculpas da provocação sem aquele propósito.
- Vôtes! Esse seu Fonseca...
Felizmente sou solteiro!
E, sem atinar com o assobio, fez uma
retirada estratégica, em silêncio...
Até na hora da morte Fonseca foi
um pândego! Não foi um ironista de última hora, porque foi mais do que isso:
foi um perdulário do bom humor até o último instante da vida.
Tal vida tal morte.
Em vida, dizia sempre:
- Quando eu morrer, não quero não quero
ouvir choros nem soluços na minha cabeceira. Todos têm de se rir na hora da
minha morte.
E assim foi, por inconsciência ou
coincidência do destino.
Ademais, ele dizia que não queria que
ajudassem a viver, isto sim.
Fonseca adoeceu de
repente, para morrer num instante, escandalizando o seu burgo com a própria
morte.
Logo nas primeiras notícias da
derrubada, as visitas eram constantes, em busca de notícias suas. Ninguém
esperava que aquela macacoazinha besta trouxesse aquele desfecho para o velho
boníssimo.
Alta noite, foi acometido de um
fortíssimo ataque e começou a revirar os olhos.
A Roseira gritou logo, espavorida:
- A vela! A vela, minha gente! Chega a
vela, depressa, Santinha!
Fez-se u verdadeiro silêncio de morte.
Todos correram para perto do catre. A vela bruxoleando na mão, o moribundo
tinha a respiração opressa, e os seus olhos moviam-se mansamente, como uma
chama sem ventilação. Fonseca, recobrando os sentidos, ergueu-se
dos travesseiros. Na camarinha vasta e cheia de gente, alguns soluços femininos
estrangulados de repente.
A sinhá Mariquinha do professor
Teixeira[xix] ainda se assoava a
um canto. Fonseca chama-a com a voz beatífica e cansada, espiando
para todos os presentes com os olhos marejados de lágrimas e aconselha,
paternalmente:
- Calma, minha gente! Deixem de
alvoroço! Mãe Sem, se não tiver vela, eu vou mesmo a remo...
Uma risada medrosa, mas irreprimível,
cascateou por toda a camarinha.
Temos ouvido essa deliciosa piada
atribuída a outros sujeitos espirituosos, inclusive o inexcedível Bocage, de
quem se contam coisas maravilhosas que só mesmo Elmano era capaz de dizer.
E morreu, depois de outro colapso. Com
o segundo ataque ninguém se importou tanto. O vigário, seu amigo e patrício,
dizia de vez em quando, com a sua voz meio fonhem:
- Hum, Fonseca é bem
capaz de estar nos fazendo das suas!...
Morreu. E morreu entre risos e
surpresas, como vaticinara.
III - A HISTÓRIA
Dentro do seu comodismo bonacheirão,
tinha Fonseca as suas pachorras esquisitas, misto de artista e
de bárbaro.
Amara a pessoa como um socó-boi ou um
caracará. Dava graças a Deus quando chegava o inverno, para não tirar o anzol
de minjuada. Fora ele quem ensinara a Zé Candosa a pegar aratanhas e pitus nas
locas do Mundaú e botar covos nas caiçaras improvizadas dos areados do rio ou
no banbual do velho Manezinho Aureliano, irmão do vigário.
Quando o rio tomava uma aguazinha
qualquer com as chuvas de janeiro, ou esborrava do leito nas águas novas de
maio, Fonseca andava de déu em déu com a tetéa em punho,
pegando carás deliciosos, esplêndidas traíras e saborosos sabarurus para as
muquecas de lamber beiço.
Era a colheita das águas vindas de
cima, quaradas de peixes daqueles brejos. Mas as gostosas traíras do Gulangy
eram a sua fascinação.
Um dia, saiu de casa à boquinha da
noite, em demanda do braço hibernal do Mundaú, entre o Tabocal e o Duarte, mito
acima do Itamaracá. Corrigiu os chumbos da tarrafa e examinou toda a tecitura
do fio vermelho da rede, tingida de angico.
Ali na ponte do trem de ferro, lá em
baixo onde o riacho grita, saltando nas pedras, era onde ia fazer a sua
pescata, longe do vozerio da cidade, ouvindo apenas a cantiga monótona das
águas a bater nas rochas e o foi-não-foi teimoso dos cururus, ou os bum-buns
macabros dos sapos-bois.
Bem na confluência do rio com o riacho,
a várzea estrangulava-se numa garganta, fazendo um cotovelo sobre a corrente
larga, que se comprimia para a outra margem, onde o Alto dos Morros começava a
erguer a grimpa que ia morrer, escarpada e eminente, ao sul da cidade com um cruzeiro
perdido no meio das pedras escuras, de braços abertos, como a pedir a
misericórdia de um nicho que o protegesse do sol e da chuva.
Batidos do lado da montanha, as aguas
encurvavam-se para o lado oposto, coberto de ingazeiras, onde o álveo começa a
empedregar-se até formar, numa depressão brusca, a pequena cachoeira do Cocal.
Da planície fronteira, uma laje mais
heroica vinha botar a cabeça de fora no meio do rio, formando uma ampla bacia
de água morta, incomparável para a pesca de jereré, de puçá e de tarrafa.
Nesse recanto solitário e
silencioso, Fonseca passava das sete horas da noite a uma da
madrugada, assobiando em surdina árias folclóricas, que em casa, na sua
rebequinha, tirava habitualmente:
Sapo cururu...
Da beira do rio,
Não me botes n’água,
Maninha,
Que eu morro de frio...
Pelo sopé do morro, o caminho vinha
sobranceando as águas até destambocar, de chofre, nesse remanso descoberto,
onde, nessa noite, o luar punha uma claridade límpida e metálica. Havia muito
dera meia-noite, pois a lua ia quase a esconder-se por trás das escarpas
alterosas, para os lados do Cansanção.
Um placo-placo de alpercatas quebrava,
no chão duro do caminho, o silêncio deserto.
Fonseca, para estar bem a
cômodo e evitar os maruins nas canelas, vestira, por cima da calceta e da
camiseta, um chambre compridão de algodãozinho, e olhando de quando em vez o
círculo vermelho que se formava em torno da lua, prenunciou um dia seguinte de
sol maravilhoso.
Braceava de vez em quando a tarrafa, e
vinha aos poucos puxando e colhendo as malhas, onde se debatia o cardume de
traíras e jundiás.
Quando pegava um muçu langanhento, só
se lembrava do gosto esquisito do tenente Gomes e da Maria Guardiã, que dava
três ovos de galinha por um peixe daquele, peganhento que nem cobra, preto e
horrível que fazia embrulhar o estômago.
Com a assuada soturna dos chumbos da
tarrafa na água, o caminhante estremeceu e parou.
Fonseca estava de
cócoras e de cócoras continuou a sua pachorrenta apanha de peixe para o grajau.
Olhou de soslaio, e num repente reconheceu
a covardia empacada de Manoel Miranda, com medo de dobrar a curva da estrada e
vencer os três lanços da ponte.
Levantou-se e tornou a lançar a
tarrafa, e depois do chuá prolongado dos chumbos na água, viu o famoso
arruaceiro matador de judas nos sábados de Aleluia e tomador de fogueiras de
Santo Antônio a São Pedro, em toda aquela redondeza, tirar o chapeu na atitude
espantosa de quem espreita.
O mofinão acovardado reconheceu na
marmota uma alma do outro mundo.
Nunca requerera uma visagem!
Mas em nome de Deus... Ia falar em nome
de Deus, sabe Deus como, e com que força na voz, pesada e gaga, com a língua a
inchar-lhe na boca!
Afinal, ia arriscar sempre.
Tentou mais uma vez e não teve coragem.
Persignou-se, tornou a benzer-se,
pensou em Deus e bradou, uma após outra, as três perguntas rituais em casos
semelhantes:
- Irmão, quem pode mais do que Deus?
A visão, maquiavélica, continuou
tarrafiando na sua displicência.
- Irmão, quem pode mais do que Deus?
Torna o Fonseca a
jogar na água os chumbos da rede, enquanto Manoel Miranda fazia das tripas
coração para requerer de novo.
Se, antes da terceira pergunta, a visão
respondesse, não vinha em nome de Deus.
Só Deus sabia como Miranda já fizera a
segunda invocação. A terceira é que era o diacho! Teria coragem de ouvir a voz
cavernosa daquela alma penada? Fincava-se nas pernas e rezava, com os cabelos
eriçados. Tinha de ganhar aquela graça divina e salvar aquele pobre penitente,
que achava nele o redentor de suas penas!
Benzeu-se de novo, e em nome do Padre,
do Filho e do Espírito Santo, desatou:
- Irmão, na hora de Deus, Amém, e te
arrequêro”
Longe de mim sete braças, e em nome de
Deus e das cinco chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, dizeis o que quéis!
Fonseca abriu o saco
das patranhas, respondendo por cima do ombro, com a voz mais fanhosa do outro
mundo:
- Eu quero en pen...en...xe!
Manoel Miranda arrancou para trás,
arrepiando caminho e, na masi pavorosa das carreiras, com os calcanhares a
bater no sedem, venceu num instante os três quilômetros da estrada de ferro,
chegando em casa esbaforido, com os cabelos empastados de suor e sem fala caiu.
No outro dia, logo cedinho, a Zezé
Moreno foi chamar o velho Fonseca para curar o Manoel Miranda,
que estava de peito aberto, de uma carreira danisca e de um
susto timive que tivera de um pantarma na ponte do
Galangy...
(Dos “Contos e cantos de minha gente”)”
___
NOTA:
Caro leitor,
Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos
repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado
de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente
referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu
interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o
maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e
a citação das referências. Isso é correto e justo.
[i]
Refere-se ao Marechal
Floriano Peixoto (Floriano Vieira Peixoto), que, em 11 de mail de
1872, casou-se, no Engenho Itamaracá, município de Muricy, com Josina Vieira de
Araújo, filha do Coronel José Vieira de Araújo Peixoto, seu pai adotivo.
JOAQUIM VIEIRA MACIEL FILHO. Jornalista, escritor. Filho de Joaquim Vieira de Araújo Maciel e Margarida da Silveira Maciel. Irmão de Auryno Maciel. Nasceu em Murici – AL, em 17 de dezembro de 1899 e faleceu em São Paulo – SP, a 24/11/1966. Foi um dos membros da Academia dos Dez Unidos (Paulino Jorge, Amarilio Santos, João Soares Palmeira, Félix Lima Junior, Da Costa Palmeira, Joaquim Vieira Maciel-Filho, Hildebrando Gomes, Judas Isgorogota (Agnelo Rodrigues de Melo), Astério Machado e Carlos Paurílio). Participou do movimento armado, em 1922, no Rio de Janeiro. Publicou no Jornal de Alagoas, de 03/12/1924, O Lobishomem da Cancela de Baixo, episódio da novela Maria Rita e, no mesmo jornal, em 25/05/1930, a novela regionalista Mãe Tonha. Lutou nas Revoluções de 1924, 1930 e 1932. Foi redator-chefe da revista Projeção, especializada em assuntos cinematográficos. Colaborou em O Bacurau, jornal humorístico. Segundo afirma Moacir Medeiros de Sant’Ana, na obra Tavares Bastos Visto por Alagoanos, foi quem interferiu para a publicação, pela Editora Nacional, na série Brasiliana, das obras de Tavares Bastos. Obras: Dicionário da Língua Portuguesa, 1958; O Nordeste; As Linguarudas, diálogo em um ato, que teria sido encenado no Teatro Santo Antônio, em Bebedouro. Obs.: em 1927, ainda estava em Maceió. Em agosto de 1931, consta de uma lista de passageiros chegados ao Rio de Janeiro, pelo Almirante Jaceguay.
[iii]
MANOEL DE ARAÚJO GOES. Presidente do Estado de Alagoas
nos períodos 18/12/1890 a 12/06/1891 e 16/06/1891 a 23/11/1891.
[iv]
DR. MANOEL ANTÔNIO SUPARDO. Filho de Manoel Antônio Supardo e
Agostinha de Aguiar Supardo. Casado com Amélia Omena Supardo. Formado pela
Faculdade de Direito do Recife, em 1883. Foi promotor público em Murici, União
e Atalaia. Foi também promotor público e Juiz Municipal na comarca de Rio
Bonito-RJ.
[v]
Coronel Antônio da Silva Barbosa, foi Deputado Estadual e
Tesoureiro da Fazenda Estadual. Foi também presidente do Club Dramático Corrêa
Vasques. Casado com Erzília Lessa Barbosa, tiveram uma filha, Anália Barbosa
Caldas, falecida em 20 de novembro de 1916, casada com o Major Propício
Caldas.
[vi]
Jacintho Barbosa dos Reis. Ourives. Membro do Conselho Municipal
de Murici e Juiz Municipal.
[vii]
O 29 ou Honra e Glória, comédia drama de costumes militares,
em três Atos e quatro quadros, do autor português José Romano. Peça
dramática do português José Maria Dias Guimaraes. Faleceu no Rio de Janeiro a
28 de dezembro de 1884, aos 53 anos.
[viii]
AUGUSTO CALHEIROS, o “Patativa do Norte”. Filho de Euclides Calheiros
e Lourença Calheiros. Nasceu em Murici (ou Maceió, não há certeza) no dia
5 de junho de 1891. Faleceu no Rio de Janeiro em 11 de janeiro de
1956.
[ix]
Engenho Cansanção, de propriedade de Antônio Ferreira de Omena
Filho, filho de Antônio Ferreira de Omena e Amélia Antônia de Espíndola. Casado
com Maria Joaquina Lopes Ferreira.
[x]
Major Amaro Corrêa Cavalcante de Albuquerque, nomeado pelo
governador Braão de Traipu, em 22 de julho de 1896. Casado com Maria Francisca
dos Anjos.
[xi]
ESPERIDIÃO LOPES DE FARIAS JUNIOR (São Luís do Quitunde - AL
28/09/1899 - Maceió - AL 28/09/1987). Deputado federal, senador
federal, secretário de estado, agrônomo. Filho de Esperidião Lopes de Faria e
Cândida Lopes Lamenha Lins. Primeiros estudos no Colégio 15 de Maio. Engenheiro
agrônomo pela Escola de Agronomia de Socorro (PE), diplomado em 1920. Foi
intendente de São Luiz do Quitunde em 1922. Ajudante de inspetor agrícola em
Minas Gerais e diretor da Fazenda de Sementes de União dos Palmares. Prefeito
de Murici. Secretário da Fazenda e da Produção, durante a interventoria de
Ismar de Góis Monteiro (1941-45). Elegeu-se, em dezembro de 1945, deputado à
Assembleia Nacional Constituinte, na legenda do PSD. Empossado em fevereiro de
1946, renunciou no mês seguinte a fim de assumir, em abril, a presidência do
Instituto do Açúcar e do Álcool, tendo sua gestão se caracterizado por
melhorias administrativas na instituição, tais como: reestruturação de todos os
serviços e do quadro do pessoal, introdução da contabilidade pública e criação
de uma comissão permanente de inspeção nos órgãos regionais da autarquia.
Conseguiu manter o equilíbrio entre produção e consumo por meio da
política intervencionista do instituto. Em janeiro de 1947, foi eleito
suplente do senador Ismar de Góis Monteiro, permanecendo na presidência do IAA
até maio do ano seguinte. Em abril de 1954, assume cadeira no Senado,
onde permanece até outubro do mesmo ano. A partir de então passou a se
dedicar à administração de sua fazenda, em Murici. Fonte: ABC DAS ALAGOAS.
[xii]
Izipa ou Mal do Monte. O mesmo que Erisipela, infecção da pele causada por
bactérias.
[xiii]
José Lino de Souza. Casado com Maria Paulina de Souza, falecida
em 30 de dezembro de 1904.
[xiv] Virgens Mortas, Poema de Olavo
Bilac:
Quando uma virgem morre, uma estrela aparece,
Nova, no velho engaste azul do firmamento:
E a alma da que morreu, de momento em momento,
Na luz da que nasceu palpita e resplandece.
Ó vós, que no silêncio e no recolhimento
Do campo, conversais a sós, quando anoitece,
Cuidado! – o que dizeis, como um rumor de prece,
Vai sussurrar no céu, levado pelo vento…
Namorados, que andais, com a boca transbordando
De beijos, perturbando o campo sossegado
E o casto coração das flores inflamando,
– Piedade! elas vêem tudo entre as moitas escuras…
Piedade! esse impudor ofende o olhar gelado
Das que viveram sós, das que morreram puras!
Lágrimas de Cera, poema de Raul Machado.
Quando Estela morreu, choravam tanto!
Chovia tanto nessa madrugada!
– Era o pranto dos seus, casado ao pranto
da Natureza – mãe desventurada!
Ninguém podia ver-lhe o rosto santo,
a fronte nívea, a pálpebra cerrada,
que não sentisse, logo, em cada canto
dos olhos, uma lágrima engastada!
Ai! Não credes, bem sei, porque não vistes!
Mas, quando ela morreu, chorava tudo!
Até dois círios, lânguidos e tristes, acendidos á sua cabeceira.
iam chorando, no seu pranto mudo.
um rosário de lágrimas de cera!
[xv] QUASÍMODO. Pequena
Páscoa, celebrada no domingo seguinte ao da Páscoa
[xvi]
CÔNEGO JOÃO MACHADO DE MELLO. Filho de Gundisalvo Soares de Mello e
Maria das Dores de São Patheus. Nasceu em Belo Monte-AL, no dia 14 de agosto de
1868 e faleceu em Maceió a 10 de junho de 1920.
[xvii]
Antônio José Rodrigues Braga, casado com Joaquina Calheiros
Braga, falecida a 7 de abril de 1907.
[xviii]
Graciliano Paulo do Nascimento. Filho de Joaquim Paulo do Nascimento
e de Martinha(?) Maria do Nascimento. Casado com Maria Engrácia do Nascimento.
[xix] Professor Manoel Teixeira Lima.