PÁGINAS

OS PIRILAMPOS (Lendas sanfranciscanas)

Por Francisco Henrique Moreno Brandão[i]

 

Moreno Brandão. Foto: acervo Aldemar de Mendonça

A noite, muito negra e muito fria, veio de inverno. Por isso, no samba animado que havia em casa de Aninha Peixe, não se dava um intervalo entre uma dança e outra sem que a comparência, de parte as distinções de sexo ou de idade, não fosse ingerindo goles sucessivos de camboim, deliciosa bebida fabricada nos engenhos de Brejo Grande e Piaçabuçu e trazida para ali na sua canoa, alcunhada de “Flor da Bocarra”, pelo Manoel de Serva.


Depois as “cirandas” e outras espécies coreográficas do populário brasileiro continuavam, dando ensejo a que aqueles próximos descendentes dos urumarys, em meneios pecaminosos, em cortejos lúbricos a que nenhuma dama se furtava, revelassem a força incontestável de um atavismo sempre em vésperas de repontar estuoso.


A sala tibiamente alumiada por um “alcoviteiro” era um apartamento sórdido, sem reboco, nem ladrilho. A poeira que os pés dos dançarinos levantavam se juntava à fumaça dos cigarros amarelos ordinários e ao cheiro acre dos corpos suarentos. Tudo isto tornava a atmosfera irrespirável e parecia aumentar a excitação nervosa dos dançadores.


Lá na cozinha, duas velhas memoravam as virtudes do fundador daquela aldeia, Frei Dorotheu, um verdadeiro taumaturgo, que ali se entregara a uma catequese, cujos frutos estavam agora bem visíveis no mais repugnante dos contrastes.

Frei Dorotheo de Loreto. Foto: Pietro Vitorino Regni.

De casario alinhado e relativamente confortável, erguido no tempo do frade franciscano, subsistia apenas uma ruinaria extensa, bem diversa do que era visto nas eras de esplendor da Ilha de São Pedro.


O convento de taipa fora também se desmoronando aos poucos. Ora uma goteira renitente vinha apodrecer uma tábua do soalho, ora uma rajada frenética do vento sueste, atingindo violentamente uma janela, a quebrava. Mais tarde caia um trecho do frontispício e a brecha que ficava, ia-se alargando desmesuradamente.


Mão fatídica parecia ir derrubando as telhas da cobertura, hoje uma, amanhã outra, mais tarde outra, sucessivamente outras e outras, e assim por diante.


 O estrago se consumiu tão celeremente, que o andar térreo do convento se tornou uma pocilga de bácoros e no compartimento superior, nas celas despovoadas de frades, fizeram repugnantes morcegos o seu poso habitual e querido.


Não era menor a deterioração da igreja, cuja fachada um raio rachara de meio a meio. Das imagens que ali houvera poucas restavam, pois quase todas foram surrupiadas, não faltando um novo Judas que vendesse outra vez o desdenhado Cristo. As que ficavam nos seus nichos tinha o aspecto grotesco de bonzos e se mostravam de uma amarelidão ictérica, pois as frequentes intempéries as haviam cruelmente descolorido. O próprio ladrilho do templo fora torpemente roubado e andava servindo de múltiplos misteres nas casas que, na Ilha de São Pedro, não estavam ainda desertas.


Morto o pastor zeloso, esborcinadas as construções que ele fizera, pedindo esmolas em uma e outra margem do São Francisco, também os sampedrenses, esquecendo exemplos e conselhos, se desmandaram. Apareceu logo um mandão feroz, que passou a viver de rapinas, impondo terror a todo mundo, tomando criações aos donos, comprando fiado e pagando com desaforos e ameaças, raptando as mulheres e filhas alheias, até que montou um serralho povoado por umas cinco ou seis pellioas[ii] que os seus gostos mutáveis os forçavam a trocar por outras novas. O exemplo da lasciva despeiada medrou de tal forma que ninguém em breve se arriscava a casar com moça de São Pedro, receoso de um logro.


Por sua vez, as mulheres casadas não estavam longe de certas tendências pecaminosas e raríssimas eram aquelas que não se mostravam muito latitudinárias em matéria de concessões amatórias. Com isso começou também a predominar em longa escala a embriaguez, que empolgava desde a criança de 8 anos até o septuagenário de giba proeminente, encurvado para o chão, de olhos mortiços e passos trêmulos.


Como dois lances de redes deitada ao São Francisco bastavam para garantir abundante colheita de peixes, e dois mergulhos de covos davam, em camarões enormes, uma quantidade miraculosa, quase não se trabalhava na antiga aldeia, e todos viviam mais ou menos bem.


A serraria fechada, onde ninguém mourejava mais, fora dilapidada no melhor do seu acervo de ferramentas, e agora fazia prodígios de equilíbrio para não se nivelar com o solo, quando o vento canalizado entre as alas da cordilheira marginal ao mediterrâneo brasileiro rugia com ímpeto descomunal.


As roças eram meia dúzia de metros plantados por um sampedrense mais laborioso e rapinadas pela coletividade insulana em peso.


No quadro que outrora formava a aldeia havia cinco ou seis tavernas e outras tantas casas de jogo. Em umas e outras, as rixas eram frequentes, havendo facadas, tiros e punhaladas, que ninguém punia.

A igreja de São Pedro e as ruínas do Convento. Foto: Os Capuchinhos na Bahia, de Pietro Vitorino Regni.

Mas, enquanto esses lugares suspeitos andavam repletos de frequentadores, a olaria contava apenas com a assiduidade de duas ou três velhas de face repulsiva, as quais ali praticavam a mais rudimentar das indústrias.


Esse descalabro fez que as afugentassem de São Pedro as massas numerosas que, no mês de janeiro, iam ali assistir às festas proverbiais do Espírito Santo. Para ela convergia tudo quanto havia de mais seleto na região oparina e a pobre ilha habitada por caboclos semicivilizados, se transfigurava faustamente, dando a impressão de uma metrópole regularmente povoada, tamanho era o movimento da rua. Agora nada disso se via. Nem ao menos, cumprindo a última vontade de Frei Dorotheu, no dia do celeste claviculário, havia ateada em frente a cada residência uma fogueira. Como lhe esqueceram depressa as injunções, faziam justamente o que ele expressamente proibia.


Viviam em contínuos batuques de que um dos mais estridentes era aquele que estava sendo realizado na noite do pescador apostolar.


É verdade que as almas cândidas sempre lembradas do frade santo estavam a esperar a cada momento que o poderio deste se mostrasse num castigo exemplar.


O castigo não veio, porém veio uma advertência. Das bandas do nascente, miríades incontáveis de pirilampos apareceram, cobrindo o comprimento do diâmetro da ilha circular. Esses vagalumes, ora formavam um listrão enorme, ora davam a ideia perfeita de um círculo ou de uma elipse, ora se dispunham triangularmente, mais tarde surgiam em pelotões dispersos em falanges que acima da ilha procuravam direções inteiramente díspares. Por fim, pousando, num átomo, sobre uma tamarineira existente diante do convento, ali ficaram, dando a ideia de uma iluminação fantástica.


 A recomendação de Frei Dorotheu foi então lembrada e os foliões ébrios que dançavam lubricamente na casa de Aninha Peixe foram se dispersando, dispersando, medrosos e enfiados.

Ilha de São Pedro. Foto: portodafolha.com


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Transcrito do jornal A ESQUERDA, Rio de Janeiro, 17 de julho de 1931. Disponível em: memoria.bn.br.

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NOTA:

Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.

Tratamento de imagem: Vívia Amorim.


[i] Francisco Henrique Moreno Brandão. Filho do Dr. Félix Moreno Brandão e de Dona Maria Aguiar Moreno Brandão. Tinha como avós paternos o Anacleto de Jesus Maria Brandão e Maria Francisca da Conceição; e, maternos, Manoel Caetano de Aguiar Brandão (seu irmão) e Carolina de Aguiar Brandão. Nasceu em Pão de Açúcar no dia 14 de setembro de 1875 e faleceu em Maceió em 17de agosto de 1938.

 [ii] Pelliôa, mulher rixosa (briguenta) que desinquieta as outras. Fonte: Elucidário das palavras, termos e frases antiquadas da língua portuguesa – Frei Joaquim de Santa Rosa de Viterbo. 

terça-feira, abril 15

OS PAVOROSOS CRIMES DE LAMPEÃO - NA ZONA ALAGOANA FRONTEIRA À BAHIA –

Por Etevaldo Amorim


O assunto "cangaço" parece ser inesgotável. Há uma vasta bibliografia a respeito, o que nos dá a impressão de que tudo já foi dito e que nada mais existe de novo. Mas há sempre alguma novidade; um fato nunca relatado, mantido oculto por alguma razão, e que pode ser relevante, a depender do lugar onde ocorreu e das pessoas envolvidas.

Especialmente quando se trata de notícias que envolvam Pão de Açúcar, este Blog procura dar destaque, inserindo notas com informações adicionais, oferecendo ao leitor a possibilidade de conhecer mais sobre o tema.

É o caso de uma matéria publicada n’A GAZETA, de São Paulo, edição de 26 de junho de 1926, assinada pelo jornalista – MACEDO GUIMARÃES, redator do jornal Diário da Bahia.[i]

O Malho, Rio de Janeiro, 17 de julho de 1926.

“O 'Diário de Notícias', que se edita na capital baiana, no seu número de 16 de junho último, publica o seguinte e pavoroso depoimento sobre o célebre bandido Lampeão, cujo nome é Virgulino Ferreira da Silva:


- É verdadeiramente indescritível, inconcebível mesmo, a série de inomináveis crimes que acaba de praticar em vasta zona dos sertões de Alagoas, fronteira ao nosso Estado, o já tantas vezes célebre celerado, herói de mil façanhas truculentas e indignas, Virgulino Ferreira da Silva, alcunhado por Lampeão.


Vai por quase seis anos a sua vida de bandido e incontáveis os bárbaros crimes cometidos em temerosas e funestas incursões por diversos Estados no Norte, sem que até hoje, inexplicavelmente, se pusesse termo a tamanha calamidade e vergonha.


Após algum tempo de refúgio, numa trégua forçada, por falta, sem dúvida, de armas, munição e dinheiro com que reunir e preparar os seus asseclas, aproveitou-se Lampeão de propícia oportunidade e não vacilou em seguir para o Ceará, onde, é voz corrente, alistou a sua gente nos serviços pela legalidade, recebendo, talvez, das próprias mãos do famigerado acoitador de criminosos, canonizado em vida pelo fanatismo ignorante dos nossos sertanejos, o celebérrimo “Santo” Padre Cícero.


Provido de sobejo em armas e dinheiro, que o governo confiara para a organização da resistência aos revolucionários, traídos duplamente os seus fins, investidos nas funções de capitão, munido de uma quatro dúzias dos rosários que caracterizam os “soldados do Padre Cícero”, marchou Virgulino a constituir , no sertão de sua terra, o seu batalhão e movê-lo, não contra as hostes de Prestes, mas à cata de aventuras que lhe satisfizessem os criminosos desígnios de incendiário, ladrão, sátiro e assassino.


Lampão e seu bando com trajes do “Exército Patriótico”: Da esquerda para a direita: 1. Lampeão; 2. Antônio Ferreira (seu irmão); 3. “Jurity”, braço direito do bandoleiro; 4. Manoel Marcelino, vulgo “Bom di Vera”; 5. Nevoeiro (o pressentidor). Foto: O Malho, 17/04/1926.


O PERFIL SINISTRO DE UM BANDIDO METIDO A ELEGANTE


Imberbe ainda, sem profissão definida, hábil tocador de harmônica, fez-se bandido, após o assassinato de seus pais, ao lado de Antônio Mathildes, recebendo deste, por suas excepcionais “qualidades” a alcunha de Lampeão.

Antônio Mathilde (E) e Lampeão (D) em foto com família. Fonte NAS PEGADAS DA HISTÓRIA (YOUTUBE)


Conta aproximadamente 27 anos, de média estatura e compleição, de feição rude e um visível defeito em um dos olhos, aparenta esperado trato por sua pessoa, tem a preocupação das boas roupas e tecidos finos e apurado gosto pelas essências.


Traja, agora, farda káki de capitão, chapéu mexicano cinza, talabarte, etc.. perfil este repetido à minha vista por diversas pessoas.


ROSÁRIO DE INFÂMIAS


Ao chegar à Estação de Quixaba, Pernambuco, no dia 8 do corrente[ii], já aí se encontravam as primeiras tropelias de Lampeão.


Chefiando cerca de 50 bandidos, escolhidos entre criminosos foragidos e afeitos à prática de todos os crimes, divididos em três pelotões, trajando mescla azul, apargatas e chapéu de couro, otimamente montados e armados, fartamente municiados, partiu, no dia 5 de julho, Lampeão, da Serra dos Parafusos, município de Paulo Afonso, antiga Mata Grande, Alagoas, dirigindo-se para Piedade, onde, após inúmeras violências, depredações e incêndios, efetuou em Salgadinho a prisão do capitão Sinhô, sexagenário, irmão do Coronel Ulisses Luna, ricos proprietários e fazendeiros.


Preso, escorraçado, humilhado, foi o velho obrigado a assistir, em longo percurso, as cenas mais degradantes e desumanas, entre as quais a morte de um preto e valente cabo de polícia, de nome Jacintho, sangrado como um porco, estupros e vergonhosas violências carnais, à vista dos pais, irmãos e maridos das vítimas.


Ao Capitão Sinhô foi restituída a liberdade a troco de 5 contos de réis.


Colhi esses revoltantes pormenores na soberba Vila da Pedra, onde paira imortal o espírito fecundo e extraordinário de Delmiro Gouveia – vítima do crime mais nefando que já praticou no Norte do Brasil, até hoje impunes os seus miseráveis mandantes e ao qual talvez não escapasse, a influência sinistra de Lampeão.


Apesar de avisar a sua passagem por Pedra, cortou pelo interior, tocando, no dia 8, em Capiá, a repetir, com excessiva brutalidade, as mesmas cenas de canibalismo, destruindo, incendiando, chibateando velhos, esbordoando moços, sem poupar sequer as crianças.


Daí desceu pelo município de Santana do Ipanema, em sentido inverso de uma força policial que encontrei no dia 9 em Piranhas, pequena e estropiada com destino a Pedra.”

 

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MAIS DEPREDAÇÕES E MISÉRIAS


À tardinha desse mesmo dia[iii], aportei na bela e próspera cidade do Pão de Açúcar, à margem do São Francisco, informando-me ali o próprio prefeito[iv] que o terrível capitão do Padre Cícero, depois de incendiar o automóvel e a bagagem de um viajante, na estrada do Serrote da Furna, de danificar Moita, nada poupando em sua passagem, dirigira-se a Olho D’Água das Flores, a sete léguas da cidade, onde entrou, às 2 horas da tarde, como um inesperado ciclone.

Automóvel de Antônio Meira, da STANDARD OIL_foto.


Já tendo cortado as linhas telegráficas ao alcance, culminou em excessos de toda natureza, em Olho D´Água, vendo-se a 2 léguas de distância, os rolos de fumo que subiam do florescente arraial alagoano.

Armazém de José Alves Feitosa incendiado pelo bando.


José Alves Feitosa[v], autoridade local e abastado comerciante, por felicidade ausente de sua casa no momento da invasão, assistiu do topo de uma árvore, o incêndio de sua casa comercial, morada e armazém de algodão, impossibilitado de socorrer a própria família que, por coincidência, acaba de chegar, descalça e faminta, viajando pelos matos noite e dia.


Canuto Vilar, velho, foi chicoteado, constando até que tiraram uma orelha, enquanto sua mulher, moça ainda, brutalmente violentada e sequestrada só obteve a liberdade por um conto de réis. Antônio Gonçalves da Silva na fuga precipitada com a família, teve extraviada uma filhinha de 2 anos, cujo paradeiro ignorava.


Não era possível nem preciso ouvir mais.


Horrorizam tais cenas, fazem rugir de cólera, trazem lágrimas aos olhos e ultrapassaram os limites da própria ferocidade.


À hora em que estive em Pão de Açúcar, ocupavam eles o Caboclo, visando as propriedades de Manoel Pastor da Veiga e especialmente a viúva de João Honorino, há pouco falecido, com fama de rica e bonita, bem se podendo avaliar a sua triste sorte.


Em Pão de Açúcar, as famílias em sua quase totalidade haviam se refugiado em pontos fronteiros do Estado de Sergipe. Estavam em armas aguardando o avisado ataque, o Tiro 656, recém-formado e constituído dos melhores elementos locais, um pequeno destacamento policial e pessoas do povo num total de 120 homens.


Com a vazante do rio e as terras alagadas, são três apenas as entradas na cidade, todas entrincheiradas. Estive na trincheira, correspondente à estrada real, onde, a alguns metros de uma barricada de grandes fardos de algodão, havia uma rede de arame farpado. De arma em punho, patrões e empregados, autoridades e homens do povo esperavam resolutos e calmos a horda sanguinária.


Até as 5 horas da manhã de 10, quando deixamos o posto, nada ocorreu de anormal.


Em Propriá, porém, no dia 12, chegou a notícia de que os salteadores haviam tomado Tapera, já a 4 léguas de Pão de Açúcar, onde incendiaram um grande depósito de algodão, de Peixoto & Cia., de Penedo.


A essa hora, sem dúvida, o governo de Alagoas terá tomado todas as providências possíveis contra os bandidos, esperando-se que, desta vez, sob tão duro golpe, levantado o doloroso clamor de vingança e maldição dessa indefesa gente sertaneja, sejam subjugadas as feras, mas poupada a vida de Lampeão, para que fiquem apontados à Justiça todos os seus sequazes e protetores. 

– MACEDO GUIMARÃES.”

 

Transcrito de A GAZETE, São Paulo, 16 de junho de 1926.


NOTA:

Caro leitor,

 

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.

 



[i] 

Álvaro Guimarães.
Jornalista Álvaro Macedo Guimarães, redator o Diário da Bahia. Foi também Redator-Chefe do jornal baiano ETC..

[ii] 8 de junho de 1926.

[iii] 9 de junho de 1926.

[iv] O prefeito era o Sr. MANOEL FRANCISCO PEREIRA FILHO, conhecido por “Manoelzinho Pereira”, que administrou o município de 7 de janeiro de 1925 a 7 de janeiro de 1928.

[v] Era 1º Suplente do Sub-Delegado de Polícia de Olho D’Água das Flores. Fonte: Diário de Pernambuco, 31 de agosto de 1924, que administrou o município de 7 de janeiro de 1925 a 7 de janeiro de 1928.

sexta-feira, abril 11

POETAS PÃO-DE-AÇUCARENSES: BEM-GUM

 

PÃO DE AÇÚCAR

Bem-Gum[i]

Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

D’um balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas, somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.

 

Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

Ao teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.

 

Assim, amortecida, tu guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios,

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.

 

Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

 

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CIDADE

 

Bem Gum

 

Cidade, colmeia humana, aonde o luxo e o prazer

Têm lugar de desdém para a miséria e a fome.

Aonde, ao relento, dorme o pária sem pão, sem nome,

E o nababo indolente tem sereno adormecer.

 

Cidade, centro onde a honra caminha pra fenecer,

Dominada pelo vício, que aos poucos lhe carcome,

Cidade, onde o proletário, na fábrica, se consome,

Para mais o argentário subir e enriquecer.

 

Cidade, ruas festivas, igrejas e lupanares,

Pináculos de arranha-céus dispersos, cruzando os ares,

E casebres, moradias do pequeno, do ninguém.

 

Cidade, luz, vaidade, encantamento, alegria,

Amor, desprezo, miséria, ingratidão, nostalgia,

Cidade, berço do riso e da lágrima também.

 

 




[i] Ben-Gum, pseudônimo de José Mendes Guimarães – “Zequinha Guimarães”. Poeta, vereador, comerciante.

Nasceu em Pão de Açúcar, em 25 de setembro de 1899. Filho de João Mendes Guimarães e Maria Cândida de Andrade Freitas, tinha como avós paternos: José Mendes Guimarães e Joanna Maria de Jesus e, maternos: o Cap. Miguel de Freitas Machado e Cândida Delfina de Andrade.

Ficando órfão de mãe aos sete anos, seu pai o levou para morar em Sergipe, tendo ali permanecido até os 10 ou 11 anos, voltando então à sua cidade natal para a companhia dos avós maternos, ali permanecendo até 1917. Trabalhou como caixeiro na loja de tecidos de  um tio materno. Nesse período, passou um ano (provavelmente 1912), estudando no Colégio Salesiano, no Recife.

Voltando para Pão de Açúcar, passa a trabalhar na mesma loja de tecidos, que seria adquirida  algum tempo depois (1924 ou 1925), em sociedade com outro empregado da casa.

Em 1927, já agora único proprietário da loja, trabalhava também no Cartório de Registro Civil.

Desistindo de suas funções no cartório, voltou-se para o trabalho rural em sua modesta propriedade e para o pequeno estabelecimento comercial. Ali mesmo residia, no pavimento superior.

Mais tarde, volta a viver, agora por quatro anos, no Recife. Finalmente, regressa em 1921 a Pão de Açúcar, onde iria residir e ser comerciante. Vereador no final da década de 1940 e início da década de 1950. 

Foi casado com Rosa Pires de Carvalho, com quem teve os filhos Maria, Paulo, Miriam e Péricles. Faleceu em Pão de Açúcar, no dia 21 de fevereiro de 1968.

É Patrono da cadeira nº 22 da ALEPA – ACADEMIA DE LETRAS E ARTES DE PÃO DE AÇÚCAR. Tem sonetos publicados da p. 11 a 36 do livro Pão de Açúcar. Cem Anos de Poesia. Coletânea, Maceió: Ecos Gráfica e Editora, 1999.

 

sábado, abril 5

LIMOEIRO – UM POUCO MAIS DE HISTÓRIA

 

Por Etevaldo Amorim


Depois do nosso artigo LIMOEIRO – UMA PEQUENA HISTÓRIA, publicado neste Blog há mais de dez anos, em 30 de março de 2015, conseguimos reunir mais algumas informações, de modo a ampliar o nosso conhecimento sobre aquela importante localidade, situada à margem esquerda do Rio São Francisco, no município de Pão de Açúcar, Alagoas.


A história de Limoeiro pode estar associada a sua capela, marca da formação católica dos seus fundadores, no último quartel do Século XVIII. Não por acaso ara chamado “Capela de Frei Valença” (provavelmente em referência ao religioso que a construiu), segundo informa Antônio Xavier de Assis, em seu precioso Esboço Histórico e Geográfico do Baixo São Francisco.[i]


Feita sob invocação de Jesus, Maria e José, a casa de orações teve iniciada a sua construção em 1782, vindo a ser concluída em 1787, conforme anotação existente na madeira do coro da igreja.[ii] Segundo Vieira de Carvalho, teria sido construída pelos avós do pardo Manoel de Jesus Barbosa, tendo João Carlos de Mello lhe constituído um patrimônio de seis vacas e uma légua de terras.


O templo, originalmente sem torres, passou a ter uma, não sabemos quando. Anos depois, ganhou a segunda torre, do lado direito, cuja construção se fez por iniciativa e esforços do Padre Fernando Vieira[iii], natural daquela vila.


Diz, ainda, Vieira de Carvalho em 1854:


“A povoação do Limoeiro é situada sobre um terreno quase férreo. Contará 30 casas (se tantas), mas estende-se muito sobre  por diversas moradas interiores. Tem sua capela de invocação de Jesus, Maria e José e todo esse outeiro é uma mina dessa pedra esverdeada.”


“A povoação é fartíssima em criação de aves e os ovos vendem-se de 3 a 4 por 20 réis. A várzea e lagoa do Araticum é o lugar deste rio onde tenho visto mais caça. Creio que é aí o viveiro d’onde saem todos os voláteis que povoam ambas as margens. Os patos, garças marrecões, diferentes gaivotas, marrecas, grajaus, paturis, etc, voam de fazer rumor e anuviam o ar! O grajá tem o bico de tartaruga.”


“Continuam pela povoação do Limoeiro os lugares Tapera – nome tirado do seu riacho, Jacarezinho, São Tiago, com sua lagoa...”


Curiosa essa última citação, pois não há, entre o Limoeiro e o Jacarezinho, lugar algum com a denominação de “Tapera”; tampouco riacho. O que há, segundo o nosso conhecimento e de pessoas que ali têm propriedades, é o riacho dos Tapuios, nas imediações da fazenda Santa Maria.


O engenheiro Halfeld, autor do “Atlas e relatório concernente a exploração do rio S. Francisco: desde a cachoeira da Pirapora até ao Oceano Atlântico”, elaborado entre 1851 e 1854, também menciona e registra no mapa essa localidade “Tapera”, como se pode ver na figura abaixo.


Detalhe do Mapa de Halfeld. 

Nota-se, junto à “Tapera”, a representação de um riacho. E a ilha era denominada “do Jacarezinho”, sendo a mais próxima do Limoeiro chamada simplesmente “Ilha de Areia”. Mais abaixo, o morro do Morim (que Halfeld chama de Merim ou Muniz), seguindo-se o Cajueiro, a Restinga e, finalmente, a Lagoa Funda (atual Belo Monte).


Segundo o IBGE, em divisão administrativa referente ao ano de 1911, Limoeiro já constituía um dos distritos do município, destacando-se do da Sede. E pela Lei Provincial nº 973, de 8 de junho de 1886, foi constituído em Distrito Judiciário, sendo instalado em 1º de janeiro de 1887.


Um evento significativo na sua história foi a visita do Imperador D. Pedro II que, quando da sua viagem à Cachoeira de Paulo Afonso. No dia 23 de outubro de 1859 ele anotou no seu diário:


“Às 11 ½, defronte do Limoeiro, tendo andado de Pão de Açúcar 3 léguas em rio. Toda a digressão gasta 10 minutos. Tem 50 casas, uma capela menos má e um oratório; é juizado de paz e não há ai nenhuma autoridade policial, mas um fiscal; pertence à freguesia de Pão de Açúcar.”


Nota-se que a passagem por Limoeiro se deu quando do retorno do Imperador da visita às cachoeiras. A capela é a mesma de hoje, ainda desprovida das torres. Quanto ao oratório, a que se refere S. M., não se tem notícia. A menos que se referisse à igrejinha do morro do Morim.


Dez anos depois outra autoridade, desta feita o Presidente da Província José Bento da Cunha Figueiredo Junior, também em viagem à Cachoeira, por lá passou com enorme comitiva. Um integrante, o Sr. Abílio Coutinho, nos deixou a mais antiga imagem da nossa Vila, em tomada feita no dia 6 de janeiro de 1869.

Limoeiro, 1869, vendo-se a pequena capela. Foto: Abílio Coutinho.


Para não ser confundido com outro Limoeiro (o de Anadia), era comumente identificado por “Limoeiro de Pão de Açúcar”. Mas, para dissipar qualquer possibilidade de confusão, revolveram mudar o nome. Tanto que, pelo Decreto Estadual nº 2.526, de 10 de julho de 1939, passa a ter a nova denominação de Alecrim, segundo Aldemar de Mendonça. Já segundo o IBGE, pelo Decreto Estadual nº 2.435, de 30 de novembro de 1938.


Só em 1994, pela Lei Municipal Nº 083, de 18 de abril, por iniciativa do Vereador Antônio Goes (natural de Limoeiro), o Distrito de Alecrim voltou a denominar-se Limoeiro.


Em 3 de maio de 1886, na Assembleia Legislativa Provincial de Alagoas, entra em discussão o Projeto de Lei nº 1, de autoria do Deputado Aprígio Gonçalves de Andrade, que visava suprimir o Distrito de Paz de Entre-Montes e restaurava o de Limoeiro.


Pela Lei Provincial nº 973, de 8 de junho de 1886, foi criado o distrito judiciário de Limoeiro, sendo instalado em 1º de janeiro de 1887.


No tempo em que o comércio se fazia pelo rio, Limoeiro servia de porto para localidades mais afastadas, a que os nativos denominavam “Centro”, em contraposição  àquelas situadas á beira do rio. Era o caso de Jacaré, Guaribas (atual Monteirópolis) e Retiro (atual Palestina). Mercadorias eram transportadas em carros-de-boi. Por ali saiam algodão em rama e também lã, produzida pela fábrica de seu Mário Vieira, localizada ao lado sul da igreja. Os restos dessa usina, conhecida como “vapor”, ainda podiam ser vistos nos idos da década de 1960/70, onde a meninada se divertia em animadas brincadeiras.


Limoeiro também ostentava uma feira livre. Na verdade, era um galpão localizado no cruzamento das ruas Bráulio Cavalcante (Rua de Baixo) e Mário Vieira, defronte o casarão dos Amorim, onde é hoje o Clube. Seus alicerces ainda podiam ser vistos até o ano de 1966, quando o prefeito Ronalço dos Anjos tomou a providência de aparar os bicos de pedras, propiciando melhor tráfego de pessoas e carros-de-boi.


No dia 18 de fevereiro de 1951, durante a gestão do governador Arnon de Mello, foi inaugurado o prédio da Escola Rural da Vila Alecrim, depois denominada Escola Isolada de Alecrim.


Essa Escola foi reformada, em 1964, quando o governador do Estado era o Major Luis (Luis de Souza Cavalcante). Possuía apenas uma sala de aula e uma residência para a professora, tendo no meio um espaço para recreio. Após a reforma, uma segunda sala de aula ocupou o lugar o espaço para recreio, e este foi construído em anexo. Essa área de recreio tinha outras utilidades, desde simpes reuniões até bailes com os melhores sanfoneiros da época.


Cada sala tinha uma porta e três ou quatro janelas venezianas; piso de cimento queimado e teto de telhado aparente, com telhas do tipo francesa.


A escola recebeu mobiliário novo. Um “quadro-negro”, que na verdade era verde, ocupava quase toda a parede anterior da sala. Possuía uma borda inferior que aparava o pó do giz utilizado. Sobre ela se repousava um estojo com os bastões de giz, cuja tampa corrediça, provida de uma flanela, servia de apagador.


Na parece posterior (fundo), duas estantes baixas, com postas corrediças, constituía uma pequena biblioteca, onde se encontravam obras da literatura infantil: “Aladim e a Lâmpada Maravilhosa”, “Ali-Babá e os 40 ladrões”, “Simbá, o Marujo”...


Os recursos para a reforma vieram de um convênio co MEC – Ministério da Educação e Cultura com a USAID - United States Agency for International Development (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional).


 

Durante a gestão do Prefeito Antônio de Freitas Machado (17.06.1953 a 07.07.1953), foi concluída a construção da rodovia Retiro (hoje Palestina) a Limoeiro.


Em 23 de fevereiro de 1953, foi criada a Agência dos Correios[iv], funcionando inicialmente num prédio de portas arqueadas, esquina das ruas Bráulio Cavalcante e Mário Vieira, onde outrora funcionara uma loja de tecidos do Sr. Alberto Soares Vieira[v].

Limoeiro, 1968. Entre as duas velas da canoa estão os dois prédios que serviram de sede à Agência dos Correios. Em primeiro plano, fundos do casarão que foi utilizado a partir de 1970 e, mais acima, o primitivo prédio de portas arqueadas. Foto: Neide Alves Melo.

Limoeiro, 1981. A primeira sede da AP de Limoeiro (prédio da esquina, à esquerda) e a segunda, no casarão ao fundo, próximo ao rio. Frame do filme em Super-8 "Alecrim, povo marginalizado", de Érico Melo Abreu.

Limoeiro, 1970. Inauguração da nova sede dos Correios. Hasteando a bandeira, o prefeito Antônio Gomes Pascoal. À sua direita, a nova funcionária Marli Oliveira dos Anjos e o vereador Elias Silva Oliveira. Para a esquerda deste: Dona Helena, Dona Maria do Ouro, Manoel Messias Santos (Mané Prefeito), Natalício, não identificada e seu Zé Lima (José Lima Sobrinho). Para a direita do Prefeito Pascoa: duas pessoas não identificadas, Seu Zé de Atanázio (José de Melo) com sua filha Maria à frente, Zezinho de seu Fernando, Tonho Vitô (Antônio Silva Oliveira), seu pai João Vitô, seu Abinha (Djalma Castro) e Ana Deyse Souza. Foto: acervo da Prefeitura Municipal. 


O seu primeiro Agente foi José Carlos de França[vi]. Depois veio Virgílio da Silva Filho, conhecido por Virgilinho[vii], posteriormente removido para a APT de Delmiro Gouveia. Sucedeu-lhe o funcionário Heraldo de Campos Lisboa[viii].  Em seguida, assumiu a Agência o Sr. Lindauro Costa[ix] que, com a colaboração do seu filho Luis Costa, a fez funcionar com zelo e dedicação. A mala postal era transportada nas embarcações do rio São Francisco, pelo vapor Comendador Peixoto ou pela lancha Tupan.

Heraldo de Campos Lisboa e Romélia Soares da Costa com o filhinho Sidraque Costa Lisboa, em 1944.

Virgílio da Silva Filho "Virgilinho". Foto capturada do blog Amigos de Delmiro Gouveia.

O Sr. Lindauro Costa.


Já na década de 1970, com a instituição do Código de Endereçamento Postal – CEP, a Agência recebe o código 57405-000. Instalara-se agora num casarão fronteiro à antiga sede, de propriedade do Município e onde antes funcionava a Casa de Força. Deixando de ser uma Agência regular da ECT, passou para a administração municipal, na Gestão do Prefeito Antônio Gomes Pascoal, o “Dr. Pascoal”, e por iniciativa e esforços do Vereador local Elias Silva Oliveira, o “Elias da Lavanderia”. A responsável pela Unidade Postal era a servidora Marli dos Anjos.


Em 30 de março de 1958, foi inaugurado o serviço de Iluminação Elétrica na vila Alecrim. Algum tempo depois, esse serviço foi extinto. O serviço voltou a funcionar de modo intermitente, durante a década de 1960. Finalmente, em 1976, chega a iluminação a energia gerada na hidrelétrica da CHESF.


Em 1958 foi publicada a 2ª edição da obra escrita por Padre Teotônio Ribeiro, Cônego honorário da Sé de Olinda e doutor em Cânones pela Universidade Gregoriana de Roma, denominada “Esboço biográfico do Dr. Francisco José Correia de Albuquerque” Presbítero Secular do Hábito de São Pedro. Era conhecido vulgarmente por Santo Padre Francisco. Nascido, talvez, em 1757, em Penedo-AL.


Sobre Limoeiro (hoje Alecrim), onde foram desatendidas umas tantas suas admoestações, depois de sacudir o pó das alpargatas:


“Fica-te pó, que te não quero comigo levar nas alpargatas. Por ambição e inveja principiaste e por inveja e ambição hás de acabar. Quem aqui vier morar, não haverá de medrar”.

Depois de muito esperar, finalmente chega, em 1976, a energia elétrica “de Paulo Afonso’ em Limoeiro. Em seguida, lá por meados da década de 1980, chegou também a água encanada, por iniciativa da Fundação SESP.

Limoeiro, 1976. Foto: Etevaldo Amorim


FUTEBOL


A prática do futebol era frequente entre os limoeirenses e despertava enorme interesse. No decorrer da década de 1960, até início da década de 1970, Limoeiro formou um time bastante competitivo. Aliás, além da prática esportiva propriamente dita, o futebol concorria muito para a integração entre as comunidades. Em geral, havia dois jogos, com ida e volta. Se as duas contendas resultassem em empate, havia um terceiro jogo, chamado “negra”, em campo neutro. Assim o timo do Limoeiro jogou contra agremiações de Jacaré dos Homens, Belo Monte, Capelinha (Major Isidoro), Lagoa Primeira (Gararu) e Propriá.


Certa vez, tendo-se contratado um caminhão que levaria o time para um jogo em Jacaré dos Homens, receberam a notícia de que o carro havia quebrado. Para não faltar ao compromisso, foram a pé. Apesar da caminhada de cerca de 23 km, conseguiram ganhar o jogo. E voltaram a pé.

 

Limoeiro, 1966/67. Jogo Limoeiro x Jacaré dos Homens. Em pé: Zé de Jaime, Raimundo, Juca, Tunino (Antônio Tirri), Zé de Atanázio, Milton de Valdevino, João de Alfredo (João Almeida Damasceno) e Ivanir Silva (juiz do jogo). Agachados: Cheiroso (José de Castro), Zé Fofinho, Quinca (Joaquim Almeida Damasceno), Manoel Goes (Mané Soldado) e Tonho Vitô.

 

Limoeiro, provavelmente em 1970. Em pé: Zé Mendes, Zé do Cajueiro, Arnaldo Mendes, Milton de Valdevino, Lindalvo e Cheiroso (José de Castro). Agachados: Nantes Rocha, Juca, Manoel Goes, Tonho Vitô e Luizinho (Luis Costa).

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Bibliografia

 

AMORIM, E. A. (2004). TERRA DO SOL, ESPELHO DA LUA. Maceió: ECOS GRÁFICA.

VIEIRA DE CARVALHO, J. R. (1859). VIAGEM À CACHOEIRA DE PAULO AFONSO. REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO, Tomo XXII .

 

 

 


 

 

Figura 2 Limoeiro em 1968. Entre as velas da canoa de tolda aparecem os dois prédios que serviram de sede à Agência dos Correios. Em primeiro plano, fundos do casarão que foi utilizado a partir de 1970 e, mais acima, o primitivo prédio de portas arqueadas. Foto: Jim Squires.

 

 

 

Figura 3 Limoeiro, 1981. A primeira Sede da AP de Alecrim (prédio da esquina, à esquerda) e a segunda, no casarão ao fundo, próximo ao rio. Fonte: filme Super 8 – Alecrim, povo marginalizado, de Érico Melo Abreu.

 

 

 

Figura 4 Limoeiro, 1970. Inauguração da nova sede dos Correios. Hasteando a bandeira o Prefeito Antônio Gomes Pascoal. A sua direita, a nova funcionária Marli dos Anjos e o Vereador Elias Silva Oliveira. Foto: acervo da Prefeitura Municipal.

 

 

Figura 5 Fala o Prefeito Antônio Gomes Pascoal, tendo à sua direita a funcionária Marli dos Anjos. O Vereador Elias Silva Oliveira segura o microfone. Foto: acervo da Prefeitura Municipal.

 

 

Figura 6 Outro flagrante da solenidade de inauguração. Foto: acervo da Prefeitura Municipal.

 

 

Figura 7 Virgílio da Silva Filho – “Virgilinho”. Foto capturada do blog Amigos de Delmiro Gouveia.

 

 

Heraldo de Campos Lisboa e sua esposa Romélia Soares da Costa Lisboa

com o filho Sidraque Costa Lisboa_1944. Foto: acervo de Heraldo Lisboa Neto.

 

 

Figura 8 O Sr. Lindauro Costa.

 

 

 

 



[i] Esboço Histórico e Geográfico do Baixo São Francisco. Edição póstuma, em fac-simile, Aracaju-SE, 2020.

[ii] Informação do Sr. Fernando José dos Santos, “Fernando de Jorde”, filho Jordelino José dos Santos e Hermelina Carmelita dos Santos, “dona Melina”.

[iii] Pe. Fernando Soares Vieira. Filho de Pedro Soares Vieira e Maria Custódia Bezerra Vieira, nasceu em Limoeiro, município de Pão de Açúcar, Alagoas, em 24 de abril de 1905 e faleceu em Delmiro Gouveia em 1º de outubro de 1999. Foi o 9º Padre da Paróquia de Água Branca, de 1950 a 1951. Ingressou no Seminário em 17 de abril de 1917, recebendo o diaconato em 23 de novembro de 1928. Chegou à Capela do Rosário, em Delmiro Gouveia, então pertencente à Paróquia de Água Branca, em 20 de março, onde viveu seu sacerdócio durante 54 anos, vindo a falecer no dia 01 de Outubro de 1999. Na Vila da Pedra não só foi responsável pela criação da Paróquia como construiu a Igreja nova, onde foi sepultado como sempre desejou. Fonte: Site da Igreja de São Critóvão de Delmiro Gouveia.

[iv] CARDOSO, Aldo de Sá. Contribuição para a história dos Correios de Alagoas, separata da Revista do IHGAL, v. XXVIII, ano 1968, Maceió.

[v] Filho de Pedro Soares Vieira e Maria Custódia Bezerra Vieira.

[vi] Diário Oficial, 21 de fevereiro de 1957, p. 4033.

[vii] Diário Oficial, 1º de outubro de 1956. Filho de Virgílio da Silva e Maria Felicidade Silva. Faleceu em Palmeira dos Indios, em 19 de abril de 2016.

[viii] Diário Oficial, 19 de fevereiro de 1957, p. 3872. Em 1959 já havia falecido, deixando a viúva a professora Romélia Soares da Costa Lisboa e filhos – Diário Oficial, 25 de março de 1959, p. 6496. Segundo o limoeirense José Damasceno (Zé de Alfredo), sua morte se deu por afogamento. Numa de suas viagens de Pão de Açúcar a Limoeiro, a canoa virou nas proximidades da Fazenda Belém.

[ix] Lindauro Costa. Filho de Antônio Luiz da Silva (Antônio de Severo) e Maria Custódia da Silva (dona Caboca), nasceu em Limoeiro em 1915. Casado com Salvelina Vieira Melo Costa, com quem teve os filhos Luis, Lindalvo e Sinval. Foi, por muitos anos, responsável pela agência dos Correio  em Limoeiro (Alecrim) até 1970, quando a agência fechou, passando a ser lotado na agência de Belo Monte. Militante político de esquerda, chegou a ser preso e processado durante o período da ditadura militar. Faleceu em Maceió no dia 9 de fevereiro de 2003, sendo sepultado no dia seguinte, na Vila Limoeiro.