Poeta, romancista e ensaísta,
HORMINO ALVES LYRA nasceu em Pão de Açúcar, Alagoas, em 3 de agosto de 1877.
Fez seus estudos secundários no Ginásio São João em Penedo, onde exerceu as
funções de censor e lecionou com substituto de várias cadeiras.
Em princípio, pensou
dedicar-se à vida eclesiástica. Entretanto, não obstante a sua crença
religiosa, percebeu que não tinha vocação para o sacerdócio. Prestou, então,
concurso para a Fazenda e para os Correios e Telégrafos. Aprovado em ambos,
preferiu o segundo, sendo admitido como Telegrafista.
Escreveu para vários
jornais e revista como O Malho e Revista da Semana.
Suas principais
obras são: Dona Ede(romance), em 1913; O 14 (contos), também em 1913; O Barão do
Triunfo, 1941, separada da Imprensa Nacional (memória); Crisol (poesia), 1960.
Troveiro, 1960 (poesia).
Foi casado com
Marieta de Mello Carvalho (filha do Coronel Augusto Álvaro de Carvalho e de D.
Maria Luiza de Mello Carvalho), falecida em 5 de janeiro de 1961.
Hormino Lyra faleceu
no rio de Janeiro em 13 de setembro de 1970.
É dele este soneto:
MEMÓRIAS
Nasci em Pão de
Açúcar, Alagoas,
de um par, cuja
lembrança me enternece.
Lá vejo o rio, vejo
umas coroas
que vão crescendo
enquanto a estiada cresce.
Ouço as modinhas,
zingador, que entoas
no barco teu que o
São Francisco desce.
Lembro a rendeira, a
modo numa preço,
trocando os bilros,
mastigando loas.
Alva... Chove ouro,
tudo colorido.
Despertam aves mil
com alacridade
entre os ramos de
velho tamarindo.
Angelus... Tange o
sino lentamente.
Ainda sinto a poesia
da saudade
num ar que empolga o
espírito da gente.
___
MEMÓRIA
Hormino Lyra
Nasci em Pão de
Açúcar, Alagoas,
Lá vejo um
outeirinho que floresce,
Beirando o rio. Vejo
o areal, canoas,
E a serra que por
fim desaparece.
Ouço as modinhas,
zingador, que entoas,
Dizendo os versos
com o fervor de prece.
Trocando os bilros,
mastigando loas,
Lembro a rendeira
que alva renda tece.
Manhã. Chove ouro,
tudo colorindo.
Os pássaros, mal
desce a claridade,
Estão piando no
velho tamarindo.
Ângelus. Tange o
sino. E e som dolente,
Triste como a
tristeza da saudade,
Sensibiliza o
coração da gente.
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Revista Fon Fon, Rio
de Janeiro, Edição de Natal
de 1945.
Hormino Lyra
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