PÁGINAS

sábado, 16 de março de 2013

HORMINO LYRA


Poeta, romancista e ensaísta, HORMINO ALVES LYRA nasceu em Pão de Açúcar, Alagoas, em 3 de agosto de 1877. Fez seus estudos secundários no Ginásio São João em Penedo, onde exerceu as funções de censor e lecionou com substituto de várias cadeiras.
Em princípio, pensou dedicar-se à vida eclesiástica. Entretanto, não obstante a sua crença religiosa, percebeu que não tinha vocação para o sacerdócio. Prestou, então, concurso para a Fazenda e para os Correios e Telégrafos. Aprovado em ambos, preferiu o segundo, sendo admitido como Telegrafista.
Escreveu para vários jornais e revista como O Malho e Revista da Semana.
Suas principais obras são: Dona Ede(romance), em 1913; O 14 (contos), também em 1913; O Barão do Triunfo, 1941, separada da Imprensa Nacional (memória); Crisol (poesia), 1960. Troveiro, 1960 (poesia).
Foi casado com Marieta de Mello Carvalho (filha do Coronel Augusto Álvaro de Carvalho e de D. Maria Luiza de Mello Carvalho), falecida em 5 de janeiro de 1961.
Hormino Lyra faleceu no rio de Janeiro em 13 de setembro de 1970.

É dele este soneto:

MEMÓRIAS

Nasci em Pão de Açúcar, Alagoas,
de um par, cuja lembrança me enternece.
Lá vejo o rio, vejo umas coroas
que vão crescendo enquanto a estiada cresce.

Ouço as modinhas, zingador, que entoas
no barco teu que o São Francisco desce.
Lembro a rendeira, a modo numa preço,
trocando os bilros, mastigando loas.

Alva... Chove ouro, tudo colorido.
Despertam aves mil com alacridade
entre os ramos de velho tamarindo.

Angelus... Tange o sino lentamente.
Ainda sinto a poesia da saudade
num ar que empolga o espírito da gente.
___

MEMÓRIA
                        Hormino Lyra

Nasci em Pão de Açúcar, Alagoas,
Lá vejo um outeirinho que floresce,
Beirando o rio. Vejo o areal, canoas,
E a serra que por fim desaparece.

Ouço as modinhas, zingador, que entoas,
Dizendo os versos com o fervor de prece.
Trocando os bilros, mastigando loas,
Lembro a rendeira que alva renda tece.

Manhã. Chove ouro, tudo colorindo.
Os pássaros, mal desce a claridade,
Estão piando no velho tamarindo.

Ângelus. Tange o sino. E e som dolente,
Triste como a tristeza da saudade,
Sensibiliza o coração da gente.
___________
Revista Fon Fon, Rio de Janeiro, Edição de Natal

de 1945.

Hormino Lyra

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