Bráulio
Cavalcante
Sonho
terno de amor, grata Esperança,
de
meu verso azorraga a dor em treva.
Da
saudade letal, aguda lança
não
mais leve meu peito e, ao pó, me leva...
—
Canaan deste amor, alguém te alcança?
—
Esta prece que eu digo, que se eleva
pelo
céu triste, azul pode em bonança...
me
da gozos que, enfim, cantar eu dera?
Como
herói de nova Argos, pelo meio
desta
rota, num mar que, irado, atroa,
—
nos lendários tesouros também creio,
—
se, consolo dá minhas grandes mágoas,
a
Esperança do amor me fala boa
com
o rugido dos ventos e das águas!
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Extraído
do O Evolucionista, Maceió, 2 de junho de 1906.