PÁGINAS

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

SONHO DE AMOR

Bráulio Cavalcante

Sonho terno de amor, grata Esperança,
de meu verso azorraga a dor em treva.
Da saudade letal, aguda lança
não mais leve meu peito e, ao pó, me leva...

— Canaan deste amor, alguém te alcança?
— Esta prece que eu digo, que se eleva
pelo céu triste, azul pode em bonança...
me da gozos que, enfim, cantar eu dera?

Como herói de nova Argos, pelo meio
desta rota, num mar que, irado, atroa,
— nos lendários tesouros também creio,

— se, consolo dá minhas grandes mágoas,
a Esperança do amor me fala boa
com o rugido dos ventos e das águas!


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Extraído do O Evolucionista, Maceió, 2 de junho de 1906.
Disponível em www.bn.br.


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