Por
Etevaldo Amorim
revista Para Todos_Ano V, Nº 220, 1923, p. 25 |
Desde
os quatro anos de idade já manifestava sua vocação, demonstrando, desde essa
primeira infância, a sua curiosa tendência para a caricatura. Como um
anatomista, ela recortava as figuras das revistas, separava os membros e, com
extrema habilidade, colocava a pernas de uma, os braços e a cabeça de outra,
compondo uma nova figura.
Era a sua ânsia e era o seu sonho transportar para o papel tudo quanto via, dando a tudo muita expressão, muita vida e, sobretudo e quase sempre, muito ridículo.[i] Assim foi desenvolvendo suas potencialidades: de bonecos, passou a desenhar crianças e, depois, charges causticantes, especialmente dos tipos “o almofadinha” e “a melindrosa”, bem ao estilo do artista carioca J. Carlos.[ii]
Era a sua ânsia e era o seu sonho transportar para o papel tudo quanto via, dando a tudo muita expressão, muita vida e, sobretudo e quase sempre, muito ridículo.[i] Assim foi desenvolvendo suas potencialidades: de bonecos, passou a desenhar crianças e, depois, charges causticantes, especialmente dos tipos “o almofadinha” e “a melindrosa”, bem ao estilo do artista carioca J. Carlos.[ii]
MARIA
ALINE DE MORAES SARMENTO nasceu em Maceió e era filha do casal de professores
Ignácio de Moraes Sarmento e Maria Francisca Sarmento.
Em
janeiro de 1923, a bordo do navio Itaquatiá, seguiu para o Rio de Janeiro, para
ali fixar residência, em companhia da irmã Octávia Sarmento.[iii]
Na
Capital Federal, procurando aperfeiçoar-se na sua arte, recebeu do famoso
caricaturista Raul Pederneiras (irmão do poeta Mário Pederneiras) a opinião de que
nada tinha mais a ensinar-lhe, reconhecendo seu talento e o seu enorme potencial.
Assim, sob os auspícios de Coelho Neto e de José Maria Goulart de Andrade,
inaugurou, no dia 4 de agosto de 1923, um sábado, sua Exposição de Caricaturas,
no Salão dos Empregados do Comércio.[iv]
Em
fins de dezembro de 1927, participou do lançamento do Almanak do Bacurau[v], dirigido por Lafayette
Pacheco, do qual era redator o seu irmão Lourival Sarmento, juntamente com
Azevedo Filho. Foi um estrondoso sucesso de vendas: cerca de 3.000 exemplares
imediatamente. Foi ela quem pintou a capa, inspirada no personagem de Os Miseráreis,
de Victor Hugo: um garoto (um gavroche),
com enorme boné, sorriso único e matreiro, malandro, olhando de lado, tendo
entre o indicador e o médio da mão esquerda um cigarro aceso.
Seu
trabalho foi sendo cada vez mais reconhecido. Tanto que, no dia 14 de março de
1930, inaugurou Exposição na vitrine da Maison Chile, na Rua Nova, Recife,
apresentando caricaturas e paisagens decorativas, entre outros trabalhos.
Chegou a ser Redatora de Arte de Fon-Fon e Diretora Artística de A Esphera,
ambos do Rio de Janeiro,[vi] onde era funcionária do
Ministério da Fazenda.
Diz
a revista PARA TODOS Ano V, Nº 220, 1923, p. 25:
“Antigamente, com
treze anos, as meninas brincavam com bonecas. Hoje, a moda levou essa distração
para pessoas mais velhas. Maria Aline Sarmento, que tem aquela idade, foi
contra a moda. Tomou de um lápis, de uma folha de papel, pôs os olhos na gente
que passava, e conseguiu, sem nenhum custo, uma coleção numerosa de bonecas e bonecos.
”
Eis alguns dos
seus trabalhos, em que assinava simplesmente “MARIA”.
REVISTA DA SEMANA, Ano XXIV, nº 12, 17 de março de 1923, p. 34. |
REVISTA DA SEMANA, Ano XXIV, nº 12, 17 de março de 1923, p. 34.. |
Revista Para Todos_Ano V, Nº 220, 1923, p. 25 |
Auto-caricatura de Aline Sarmento_Gazeta de Notícias_11.08.1923. |
[ii] José Carlos de Brito e Cunha, conhecido como J. Carlos, (Rio de Janeiro, 18 de junho de 1884 — Rio de
Janeiro, 2 de outubro de 1950).
[iii]
JORNAL DO RECIFE, 28 de janeiro de 1923, p. 5.
[iv]
JORNAL DO RECIFE,9 de agosto de 1923, p. 5, reproduzindo notícia do Correio da
Tarde.
[v] MACEIÓ
DE OUTRORA de Félix Lima Junior.
[vi]
JORNAL DO RECIFE, 23 de fevereiro de 1930.
Nenhum comentário:
Postar um comentário