Por Etevaldo Amorim
Zadir Índio. Foto: Revista da Semana, Ano XIX_Nº 39, 02.11.1918, p.22. |
Iniciou seus estudos no Pilar, continuando em Maceió, no antigo Liceu Alagoano, por volta de 1895. Chegou a estudar na Faculdade de Medicina da Bahia até o terceiro ano, mas não continuou por falta de recursos.
Escrevia para diversos jornais do Pilar, publicando contos e artigos, e onde foi Redator-Chefe de O Trocista, de Maceió, onde publicou "Ajuste de Contas". Colaborou com O Vigilante, onde publicou o conto "O Órfão"; no semanário O Matuto, publicando o conto O Presente. Publicou também, n'A Brecha, em 1902, a polêmica literária com Arnaldo Pedrozo (pseudônimo de Taurino Baptista). Foi ainda colaborador no Correio de Maceió e no Jornal de Alagoas.
Em novembro de 1898, foi eleito Presidente do Grêmio Literário Dias Cabral, agremiação criada para registrar o falecimento do grande alagoano.
Em 1902, seguiu para o Rio de Janeiro e, com poucos recursos, aceitou o lugar de Revisor na Gazeta de Notícias, por indicação do jornalista Oliveira e Silva[i].
Sócios do Centro dos Revisores. O Malho, Ano IX, nº 433, p. 47. Humberto Correia-Pres, Themistocles de Almeida, Albuquerque Gondim, Alfredo Villarinho. |
Paulo Barreto_JOÃO DO RIO. Foto: Vida Doméstica_junho_1921 |
RETRATO
Loira
de um loiro que seduz e encanta,
Como
o ideal dos sonhos dos poetas...
Loira
de um loiro angelical de santa,
Daquelas
santas mártires, ascetas.
Loira
de um loiro oriental que a gente,
Uma
vez vendo, nunca mais esquece,
Loire
e formosa, de um olhar ardente
-
“Visão etérea” que em meus sonhos desce.
Eis
o retrato dessa virgem loira,
Da
loira virgem que adoro e amo:
-
Gentil retrato que os meus sonhos doira
-
Poema virgem que eu, a sós, declamo.
(Zadir
Indio)
(Transcrito de O Madrigal, Maceió, 5 de novembro de 1899, p. 3).
Publicou, em 1902, o romance Naturalista O VENCIDO, pela tipografia Fonseca.
Sobre ele falou Ribeiro Couto, em crônica denominada A morte de um pensador obscuro:
(Transcrito de O Madrigal, Maceió, 5 de novembro de 1899, p. 3).
Publicou, em 1902, o romance Naturalista O VENCIDO, pela tipografia Fonseca.
Sobre ele falou Ribeiro Couto, em crônica denominada A morte de um pensador obscuro:
“Zadir Índio era ‘uma
água profunda’, como disse uma vez Nilo Bruzzi. Morre obscuro porque ele
bem sabia da inutilidade de escrever no Brasil. Só os seus companheiros de
trabalho e alguns raros amigos, ficarão para sempre com o seu nome nos lábios,
na angústia horrível de uma saudade imortal”. (Tribuna, Santos, 28 de outubro
de 1918)
O jornalista Theo-Filho, numa crônica
publicada no jornal Beira-Mar, em 15 de julho de 1939 dá seu depoimento e conta
um episódio ocorrido na época em que com ele conviveu:
“Zadir Indio morreu de maneira lastimável, entre as
quatro paredes de um cômodo da rua Evaristo da Veiga, durante a epidemia da
Gripe de 1918...
Ele poderia ter morrido tragicamente na tarde em que eu e
o Paulo de Gardênia tivemos a insopitável extravagância de experimentar, nos
fundos da redação deserta, as molas emperradas de um revólver. Dirigíamos a
pontaria para o recôndito assinalado pelas letras WC, onde, aparentemente,
julgávamos, ninguém poderia estar. Aos primeiros tiros, todavia, abriu-se
violentamente a porta, e dela surgiu lívido, em mangas de camisa, berrando como
um possesso, Zadir Indio...
- Assassinos! – bradava descontrolado. E,
tomando-me à parte:
- Você pensa que está no front, espece de malotru?...
Quer fazer graças à minha custa?
- Mas, Zadir, - obtemperava eu, - o atirador foi o Paulo
de Gardênia... ou antes, poderia ter sido eu... pois nós ambos atiramos...na
ignorância da sua presença invisível. .. O Fato evidente, contudo, é que
nenhuma das balas atingiu o alvo...
- O alvo era eu...
- Não. Era o alto da porta.
- Bandidos!
E saiu resmungando, zangadíssimo, a ponto de levar duas
longas semanas sem nos dirigir a palavra. ”
Há uma rua no Centro de Maceió com o seu
nome, cuja denominação consta de antes de 1943, na Administração Abdon
Arroxelas. Essa artéria liga a Rua Pedro Monteiro à rua Barão de Penedo,
passando pela frende do Edifício Luz, onde outrora funcionou a concessionária
Flávio Luz S/A, depois o Setor de Perícias Médicas do antigo INPS e,
atualmente, a Secretaria de Defesa Social do Estado de Alagoas.
_________
Fontes:
- ABC DAS ALAGOAS: José Reynaldo Amorim de
Barros
- Hemeroteca Digital Brasileira: memoria.bn.br
- Filhos Ilustres do Pilar: http://pilar-al.webnode.com.br/filhos-ilustres/
[i]
Antônio José de Oliveira e Silva
(Pilar-AL, 1864 – Rio de Janeiro, 1911). Era tio de Zadir Indio, segundo a
Revista da Semana, Ano XIX, nº 39, 02.11.1911; e, segundo o Correio da Manhã de
21 de janeiro de 1911, seu primo, conforme nota de falecimento assinada, entre
outros parentes, por Costa Rego, este sim, seu sobrinho.
[ii] João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto (Rio de Janeiro, 5 de agosto de 1881 - 23 de junho de 1921), foi um jornalista, cronista, tradutor e teatrólogo, que utilizava o pseudônimo de JOÃO DO RIO.
[iii] Diário de Pernambuco, 29 de outubro de 1918.
[iii] Diário de Pernambuco, 29 de outubro de 1918.
[iv] LANTERNA,
RJ, 13 de outubro de 1917, p. 3.
[v] JORNAL
DO RECIFE, 29 de março de 1920.
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