Por Etevaldo Amorim
Filho do Coronel José de Freitas Machado
e de D. Maria Pastora Machado, JOSÉ DE FREITAS MACHADO FILHO nasceu no
município de Pão de Açúcar, no dia 19 de abril de 1857.
Iniciou seus estudos
eclesiásticos no Seminário Arquiepiscopal de Estudos Preparatórios, em Salvador.
Notícia do jornal O Monitor, edição de 7 de novembro de 1880, dá conta da sua
aprovação, com distinção, nos exames de Português.
Sua
carreira eclesiástica teve início com o título de Subdiácono, que lhe foi
conferido durante Retiro Espiritual dirigido pelo Monsenhor Joaquim Arcoverde[i],
no período de 11 de dezembro de 1884 a 20 de janeiro de 1885. A cerimônia foi
realizada na Capela do Seminário de Olinda. Já sua ordenação como Diácono ocorreu
em 28 de dezembro de 1884, na capela episcopal do convento da Soledade.[ii]
A
ordenação plena, no Seminário de Olinda, ocorreu em 22 de março de 1885, conferida
pelo bispo D. José Pereira da Silva Barros[iii].
Nesse mesmo mês, recebeu Provisão “de uso
de ordens, confessor e pregador, por tempo de um ano” em Pão de Açúcar[iv].
Tanto que, em abril, toma, no Recife, o vapor nacional Caravelas e segue para
Pão de Açúcar. Para Coadjutor da Paróquia de Pão de Açúcar, recebeu Provisão do
Bispado do Recife em junho de 1885, segundo notícia do Jornal do Recife, de 6
de junho de 1885, durante o paroquiato do primeiro vigário, o Pe. Antônio José
Soares de Mendonça.
D. José Pereira da Silva Barros. |
Em
provisão de setembro de 1885, foi investido na função de Vigário da Paróquia de
Nossa Senhora da Conceição, em de Mata Grande, pelo período de um ano, sendo
exonerado da coadjutoria de Pão de Açúcar.[v] Mais tarde, por provisão de junho de 1886, foi
encarregado também da Freguesia de Buique-Pernambuco, apenas no território que
compreendia o Distrito de Paz de Gameleira.[vi]
Essa provisão foi renovada por mais um ano, conforme o Jornal do Recife, edição
de 14 de setembro de 1886.
Enquanto
exercia as funções de Vigário de Mata Grande, segundo Aldemar de Mendonça, em
Monografia de Pão de Açúcar, aconteceu-lhe um fato deveras importante:
“altas
horas da noite alguém lhe bate à porta. Abre e o que se lhe depara é algo
aterrador: três homens mascarados lhe colocaram uma venda. Constrangem-no a
acompanhá-los para onde ignora. E na escuridão da noite, a cavalo, anda algumas
léguas. Depois o desmontam e lhe tiram a venda. Naquele quarto da casa então
uma mulher, moça, deitada e, junto, um recém-nascido. A mulher se confessa,
certamente pela última vez. Deve ter sido, esta, a sua última vontade. Depois
colocam novamente a venda no padre e retornam a sua residência, onde lhe é
retirada, finalmente, a venda.”
Exerceu
funções de grande relevância. Foi Vice-Reitor do Seminário de Olinda; Escrivão
da Câmara Eclesiástica e Secretário do Governo do Arcebispado de Recife e
Olinda-PE e, ainda, Protonotário Apostólico[vii].
Sua posse na dignidade de Protonotário Apostólico adinstar participatium se deu no dia 16 de março de 1919, em
cerimônia realizada na Capela do Asilo da Tamarineira. (Revista Maria, Ano VII, Nº 4, de abril de
1919). Era, desde 16 de setembro de 1905, era Pelado Doméstico de Sua
Santidade.[viii]
Foi Capelão do antigo Asilo dos Alienados, depois chamado Hospital de Doenças
Nervosas e Mentais, substituindo o Monsenhor Marcolino Pacheco do Amaral.
Quis
o destino que o Monsenhor Freitas estivesse, outra vez, à frente da Paróquia da
sua terra natal. Em 1906, estando em férias junto a seus familiares, deu-se, a
16 de março, o falecimento do Padre Mendonça. Coube, então, a Dom Antônio
Brandão, expedir Provisão para que ele dirigisse, interinamente, a Paróquia do
Sagrado Coração de Jesus até a posse do novo pároco, o Pe. José Castilho de
Omena, em 3 de maio daquele ano.
No dia 19 de outubro de 1920,
empreendeu uma viagem a Pão de Açúcar, talvez a última, segundo notícia do
Diário de Pernambuco, de 22 daquele mês e ano. Em 1923, em viagem de férias,
foi ao Rio de Janeiro, ficando hospedado da residência do Arcebispo Coadjutor.[ix]
O
Monsenhor Freitas faleceu no Recife, às 12:30 h do dia 6 de fevereiro de 1928,
em sua residência na chácara destinada ao Capelão do Hospital de Doenças Nervosas
e Mentais, na Tamarineira, cabendo ao Cônego Luiz Gonzaga da Silva ministrar-lhe
a extrema unção.
Diz
ainda o Jornal do Recife, de 7 de fevereiro de 1928:
“Às
15:00 horas de ontem, foi o corpo transportado da residência do ilustre
extinto, em rico ataúde roxo, para a capela do Asilo pelos cônegos José Leal e
Luiz Gonzaga da Silva, vigário de Santo Antônio, padres Eustáquio de Queirós,
Marçal Pedrosa, Dr. Soares Amorim, Getúlio Cavalcanti e irmãs de Santana, que
serviam no Asilo”.
Monselhor Freitas_revista Maria_1928. |
Durante a sua digna carreira no
clero de Pernambuco e de Alagoas, foram Bispos e Arcebispos de Recife e Olinda: Dom José Pereira da Silva Barros (1881-1890); Dom João fernando Tiago Esberard (1890-1893); Dom Manoel dos Santos Pereira (1893-1900); Dom Luiz Raimundo da silva Brito (1901-1915); Dom Sebastião Leme da Silveira Cintra (1916-1921); Dom Miguel de Lima Valverde (1922-1951).
Dom Miguel Valverde, Arcebispo quando do falecimento do Mons. Freitas. Fonte: Vida Doméstica_Setembro 1944. |
Segundo o Jornal do Recife, o
Monsenhor Freitas “era um sacerdote de raras virtudes. Bondoso, caritativo,
adstrito aos seus deveres de padre católico, soube honrar a sua classe, que
perde com a sua morte um dos membros mais dignos”.
Em
sua homenagem, foi denominada uma avenida na cidade de Jacaré dos Homens, berço
de sua família desde que integrava o território do Município de Pão de Açúcar
e, nesta cidade, uma escola: a Escola Normal Monsenhor Freitas, destinada à
formação de professoras.
[i]
Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti (1870-1923). Fonte: Dom Arcoverde –
o Cardeal dos Sertões, Marjone Socorro Farias de Vasconcelos Leite.
Universidade Federal de Pernambuco, 2004.
[ii] DIÁRIO DE
PERNAMBUCO, 13 de janeiro de 1885, p. 3.
[iii]
JORNAL DO RECIFE, 7 de fevereiro de 1928.
[iv]
JORNAL DO RECIFE, 7 de abril de 1885.
[v]
JORNAL DO RECIFE, 22 de setembro de 1885.
[vi]
DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 6 de julho de 1886, p. 3
[viii] Atualmente conhecido como Prelado de Honra, Prelado Doméstico de Sua Santidade é um título honorífico que é dado por uma concessão especial da Santa sé aos padres. Os detentores desse título se diferencia dos demais pela sua indumentária.
[ix] A Cruz, RJ, 10 de junho de 1923, p. 3.
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