Por
Etevaldo Amorim
O Cônego Octávio Costa. Foto: acervo Aldemar de Mendonça. |
De
vida breve, mas intensa e produtiva, ele foi uma das expressões maiores do
clero alagoano em sua época. Doutor em cânones[i]
pela Catedral de Olinda, lente catedrático do Lyceu Alagoano, Vice-Reitor do
Seminário de Olinda, Capelão do Asilo da Tamarineira, vigário de União (1896) e
Jaraguá.[ii]
Culminou com o posto de pároco da Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres, de 1899
a 1907 (em março de 1896 já regia a Paróquia no impedimento do titular)
Foi
Capelão de diversas associações e confrarias, como, por exemplo, a
Archiconfraria de Nossa Senhora das Victórias e a Venerável Confraria do
Rosário.[iii]
Foi também Mordomo da Irmandade do Senhor Santíssimo Sacramento e da do
Livramento, Juiz da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário.
Criou
a Sociedade São Vicente de Paula e, em 1904, a Sociedade Auxiliadora dos
Cristãos, com o fim especial de enterrar os mortos desvalidos. Foi ainda Presidente da Sociedade Gladientes.
Sua
origem, pouco referida, foi na sertaneja Pão de Açúcar, então uma pequena Vila,
situada na margem esquerda do Rio São Francisco. É que seu pai, o professor
público José Casimiro da Costa[iv],
homem de largo conhecimento e ilibada reputação, ali chegara a 8 de março de
1865 para lecionar em uma das Cadeiras criadas pelo Governo Provincial. No ano
seguinte, a 1º de novembro, nascia o menino Octávio José de Farias Costa. Sua
mãe, Antônia Rosa de Farias Costa, ao que tudo indica era de família
pão-de-açucarense.
A Vila do Pão de Açúcar, 1869. Foto: Abílio Coutinho |
Seus
avós paternos eram: Félix José da Costa (falecido em Propriá - SE aos
96 anos de idade, no dia 19 de julho de 1905) e Delfina Maria
da Conceição. Maternos, Antônio José de Farias e Maria Clara da Graça Farias.
Eram
seus irmãos: Josefina Domitila de Farias Costa (casada com José Ovídio da Silva
Braga), Clotildes Rosa de Farias Costa, Theodolinda Othilia de Farias Costa,
José de Farias Costa, Delfina de Farias Costa, (também nascidos em Pão de
Açúcar) e Maria Emilia da Costa Silveira (esposa de Manoel Macedo da Silveira),
Felisbela Rosa de Farias Costa, e Antônio José de Farias Costa (casado com Maria
Nunes Leite Costa), estes nascidos em Traipu.
Após
os estudos secundários no Liceu Alagoano, em Maceió, seguiu para o Seminário de
Olinda. Recebeu tonsura em 25 de maio de 1890, por D. Antônio Cândido de
Alvarenga, bispo da Diocese do Maranhão, que se achava hospedado no Palácio da
Soledade, da Arquidiocese de Olinda[v].
Em 21 de dezembro de 1892, na Matriz da Boa Vista, pelo Bispo Diocesano de
Recife, recebeu a ordem de Presbítero.[vi]
Tornou-se Cônego a 30 de maio de 1894.
Após
longos dias de grave enfermidade, que o fez até mudar de ares transferindo rua
residência para o Alto do Farol, faleceu no dia 23 de maio de 1907, sob a
assistência do seu abnegado médico, o distinto Dr. Afrânio Jorge. Ocupava então
o posto de vigário da Freguesia de N. S. dos Prazeres, tendo substituído o
Cônego João Machado. Era também Senador Estadual e sócio do Instituto
Arqueológico e Geográfico de Alagoas, do qual foi seu Tesoureiro. Escreveu:
ELEMENTOS DA ARTE DA MÚSICA, Maceió, livraria Fonseca, 1904.
Na
Catedral, onde foi velado, oficiaram-se as cerimônias da liturgia e rito católicos,
pelo Bispo Diocesano. Ao seu sepultamento, realizado ao final da tarde do mesmo
dia, acorreram cerca de cinco mil pessoas. Estiveram presentes os
representantes de todas as entidades religiosas, o Governador do Estado e seus
Secretários, seus Pares do Senado Estadual e da Câmara, além dos membros da
imprensa.
À beira
do túmulo, oraram os senhores Dr. Demócrito Gracindo, em nome do Corpo Docente
do Ginásio Alagoano; o acadêmico Aurélio Jatubá, pela Sociedade Auxiliadora dos
Cristãos; Senador Pedro Pacífico de Barros, pelo Senado Estadual; e o Cônego
Machado de Melo, representando o Clero.[vii]
O
seu falecimento, prematuro e profundamente sentido, foi noticiado por diversos órgãos
da imprensa do país, a exemplo da revista O Malho (RJ, 6 de julho de 1907, p.
20) que estampou uma foto sua e a legenda:
“Estimadíssimo,
a sua morte abriu um vácuo profundo no seio da sociedade que o conhecia e
respeitava.”
O cônego Octávio Costa. Foto: O Malho, Rio de Janeiro, 7 de julho de 1907. |
[i]
Antigo curso ou faculdade de teologia.
[ii]
A União, RJ, 20 de outubro de 1921, p. 2.
[iii]
O Malho, RJ, 6 de julho de 1907, p. 20.
[iv] Nascido
em Propriá (SE) a 4 de março de 1842 (filho de Félix José da Costa, natural do
Penedo e de Delfina Maria da Conceição, natural de Cedro-SE). O Capitão José
Casimiro da Costa, que também chegou a compor o Conselho Municipal (cargo
equivalente a Vereador) foi removido para Traipu no dia 20 de janeiro de 1876,
“por conveniência do Serviço Público”. Na verdade, fora perseguido em virtude
de suas posições políticas. Faleceu em
Maceió, a 6 de março de 1896, por volta das 3 1/2 da tarde, na sua residência
na Rua Augusta.
[v]
Diário de Pernambuco, 28 de maio de 1890.
[vi]
Diário de Pernambuco, 20 de dezembro de 1892.
[vii]
Gutenberg, Maceió, 24 de maio de 1907.
Muito grata pelo artigo sobre o cônego Octávio José Faria Costa! Trouxe novas informações sobre personagem tão interessante.
ResponderExcluirObrigado, Virgínia! Grato pela sua leitura.
ExcluirMuito bom, parabéns. Já esperando o próximo artigo.
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