domingo, dezembro 28

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PERSONALIDADES PÃO-DE-AÇUCARENSES – JOAQUIM REZENDE

 

Por Etevaldo Amorim

 

O Sr. Joaquim Rezende


Joaquim Cruz Rezende nasceu em Gararu, Estado de Sergipe, no dia 12 de março de 1902. Ali estabeleceu-se no comércio, em 1928, com loja de fazendas e miudezas.[i] Foi prefeito de Belo Monte, entre 1936/37, mas, pela sua profícua atuação em Pão de Açúcar, onde chegou a ser prefeito de 19/08/1938 a 08/04/1941, tornou-se uma personalidade digna de figurar entre os mais destacados pão-de-açucarenses.


Era filho de Manoel Cruz Rezende e Maria do Céu Rezende, tendo como avós paternos: Justino Salazar de Rezende e Josepha Maria do Couto; e, maternos: José de Souza Menezes e Angélica Maria de Oliveira.


Em 1924, casou-se, em Belo Monte, com a Srtª Aurita de Freitas Melro (filha de Joaquim de Freitas Melro e Maria do Valimento Melro), com que teve os filhos Geraldo de Freitas Rezende[ii], Luiz de Freitas Rezende, Maria do Valimento de Freitas Rezende e Antônio de Freitas Rezende.


Na década de 1940, já viúvo pelo falecimento de Dona Aurita (21 de fevereiro de 1939), o Sr. Joaquim Rezende iniciou relacionamento com a Srta. Lourdes Melo (filha de Álvaro Gomes de Carvalho Mello e Maria da Glória de Mello Filha).


Em 24 de setembro de 1946, o casal foi brindado com o nascimento de uma menina, que se chamaria Ana Dayse Melo Rezende (nome de casada Ana Dayse Rezende Dória).


Tornando-se professora e médica, ela ingressou, por concurso, no corpo docente da Universidade Federal de Alagoas, chegando a ser Reitora. Ocupou ainda, por duas vezes, o cargo de Secretária de Educação do Município de Maceió.


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Para melhor dizer o quanto foi e fez o cidadão Joaquim Rezende, valho-me do depoimento de um seu amigo, o jornalista e escritor capixaba Francisco Escobar Filho[iii], que também era Agente Fiscal do Imposto de Consumo do Ministério da Fazenda. Aliás, já publicamos aqui um artigo dele na revista Carioca, RJ, nº 484, de 30 de dezembro de 1944: PÃO DE AÇÚCAR – OÁSIS DO SERTÃO ALAGOANO.


Escobar Filho publicou um artigo no Jornal do Comércio, do Recife, poucos dias depois do assassinato do amigo, em 28 de agosto de 1954, artigo este replicado pela Gazeta de Alagoas, de 16 de setembro de 1954.


Ao afirmar que “Quase todos os melhoramentos de Pão de Açúcar foram obra de Joaquim Rezende”, faz um minucioso relato da cidade:

 

Pão de Açúcar é uma das mais bonitas cidades da margem do baixo São Francisco. Cidade pequenina, com uns cinco mil habitantes na zona urbana, mas bem cuidada.


Uma avenida ampla, de mais de quinhentos metros de comprimento por sessenta de largura, calçada a pedra sabão, com ajardinamento central, arborização de “fleurs” e tamarineiros e outra avenida paralela, um pouco menor, e ainda não de todo concluída, à beira do rio.


Ruas transversais com excelentes moradias, uma bela imagem do Cristo Redentor no alto de um pequeno morro semelhante aos pães de açúcar, com iluminação indireta de poderosos refletores.


O rio é largo em frene à cidade, passando de um quilômetro, e a coroa, que só desaparece nas épocas de grandes enchentes, dá impressão de uma praia.


As casas mais modestas, nas ruas principais, têm platibanda, o que dá um aspecto moderno e simpático à cidade.”


Em seguida, fala do homem, do empreendedor, do homem de negócios:


“A atividade de Joaquim Rezende, em Pão de Açúcar, constituiu para mim a primeira e mais fecunda lição de economia política no Nordeste. Nunca fiz ideia, no Rio ou em São Paulo, de que fosse o comércio de uma pequena cidade do interior de um pequeno Estado. Aprendi em Pão de Açúcar o que hoje sei a respeito de produção e financiamento no interior. Aprendi vendo o trabalho de Joaquim Rezende.


Homem de poucas palavras, de sobrecenho cerrado, agia como nos bons tempos do penhor do fio de barba. Sua palavra bastava para que uma transação se considerasse feita. Nascido em Gararu, cidade sergipana da margem do São Francisco, radicara-se em Pão de Açúcar, e tornara-se o homem da região, porque esta cidade é a porta do sertão alagoano.


Trabalhava com os bancos de Propriá, que arrebatou a Penedo, no São Francisco, o título de empório da zona ribeirinha. Semanalmente, levantava cerca de quinhentos mil cruzeiros, num movimento mensal de mais de dois milhões. Sua canoa principal, a “Goiana”, com a capacidade para seis toneladas de carga, saía de Pão de Açúcar no dia seguinte à feira semanal, isto é, nas terças-feiras, descendo o rio rumo a Propriá.


Joaquim Rezende viajava nas quintas-feiras no excelente navio da linha Penedo-Piranhas e descia em Propriá, indo às vezes até Aracaju. Nos sábados, voltava a Pão de Açúcar na “Goiana”. Não sei se todos sabem que, no baixo São Francisco, como já assinalei em crônica publicada pela “Carioca”, do Rio, a tarefa de subir o curso d’água é mais fácil e rápida do que a de descer, o que contraria tudo o que sabemos de navegação fluvial. Deve-se à ação do vento, que é um só, pelo dia, o Nordeste.


Na outra segunda-feira, Joaquim Rezende comprava tudo o que vinha do sertão para a feira da cidade: algodão, amendoim, arroz, farinha, feijão, milho e renovava a sua faina. Adiantava dinheiro para as plantações, substituindo, por ação pessoa, a falta de bancos e a organização de crédito agrícola que, a rigor, ainda não possuímos.

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Tinha máquina de algodão, prensa, usina de beneficiamento, mantinha o cinema da cidade, organizara a empresa de iluminação, instalara um curtume, abrira fazendas, do lado de Alagoas e na margem sergipana, criando gado, industrializando os derivados do leite. Construíra um campo de aviação em sua fazenda.


Como operara na chamada pecuária, tendo bois, foi envolvido nas restrições de crédito adotadas pelo Banco do Brasil no início do Governo Dutra, e que representaram caminho tão errado para corrigir os excessos das negociatas e trampolinagens dos empréstimos de fomento pecuarista no Estado Novo.


Ferido o lidador na sua faina, nem assim se deixou abater. Com o seu sacrifício, sofreu toda a cidade de Pão de Açúcar. Sofreu toda a zona do sertão. Pude conhecer, aí, a extensão do erro do nosso principal estabelecimento de crédito, multiplicando o caso de Joaquim Rezende por tantos outros que estariam ocorrendo pelo interior do Brasil, sobretudo no Nordeste.


Mas, afinal, retirando-se oficialmente da direção dos seus negócios, Joaquim Rezende reagiu bem à pressão econômica e salvou-se. Estava reintegrado no seu poderio financeiro, restabelecendo a atividade fecunda que sempre exerceu no seu meio.


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Consegui levar Joaquim Rezende ao Rio de Janeiro, onde ele nunca fora, em meados de 1945. Daí ele aprendeu o caminho do Distrito Federal e de São Paulo.


Seu filho mais velho, professor secundário, foi chamado para ajudá-lo nas tarefas de sua indústria e lavoura em Pão de Açúcar; outro filho é hoje capitão do Exército e está no Recife. Um outro dos seus filhos, que estudara em São Paulo, morreu aqui num desastre de avião. A filha mais velha casou-se e foi morar no Rio. Em companhia de Joaquim ficara a filha pequenina, que ainda não tem dez anos.


Recebi há poucos meses sua visita aqui no Recife. Queria que eu fosse à festa de Pão de Açúcar. Disse-me que estava como delegado de polícia, o que me causou surpresa. Aceitara o cargo por espírito público, que nele era uma constante e uma paixão. Integrado na UDN, não resistira ao apelo de um governador udenista e concordara em exercer uma função policial.”

 

O Jornalista Escobar Filho


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NOTA:

 

Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.

 



[i] Cadastro: comercial, industrial, agrícola e informativo do Estado de Sergipe, 1933.

[ii][ii] Geraldo de Freitas Rezende nasceu em Gararu-SE, em 16 de outubro de 1925. Estudou no Colégio Pedro II, formando-se em 1942. Em 1978 era coronel do Exército. Faleceu em Curitiba em 28 de julho de 2004.

[iii] Francisco Escobar Filho. Nasceu a 25 de agosto de 1901, filho de Francisco de Lima Escobar Araújo e de Leocádia Ribeiro Escobar. Faleceu a 10 de outubro de 1966, na cidade de São Bento do Sul, Estado de Santa Catarina, aos 65 anos de idade. Foto revista Vamos Ler, RJ, 20/07/1944.

 

quinta-feira, dezembro 25

A MALFADADA CANOA PALESTINA

 

Por Etevaldo Amorim


Canoa de tolda carregada de lenha (tonelada). Foto: Edgar de Cerqueira Falcão, 1939.

Há pessoas ou coisas que, por razões que não sabemos, são fadadas ao infortúnio. Um ponto comercial que não progride, independentemente do ramo de atividade ou do seu proprietário; veículo que frequentemente se envolve em acidente; indivíduo suscetível a se envolver em situações difíceis e inusitadas; e outras tantas circunstâncias em que o azar parece predominar, conduzindo tudo ao maior fracasso.


É precisamente o caso de uma canoa chamada “Palestina”, do porto de Pão de Açúcar. Segundo o escritor pão-de-açucarense Gervásio Francisco dos Santos, em seu livro UM LUGAR NO PASSADO, eram duas as embarcações com esse nome, ambas de propriedade do Sr. Ananias: a Primeira Palestina e a Segunda Palestina.


Segundo Aldemar de Mendonça, no dia 6 de janeiro de 1929, nas proximidades da serra da Tabanga, defronte a cidade de Traipu, afundou-se a canoa “Palestina” do Sr. Ananias de Tal, falecendo uma pessoa.


Já no dia 13 de outubro de 1943, contrariando o ditado que diz que “o raio não cai duas vezes no mesmo lugar”, outro desastre se deu, no mesmo local, desta feita com a canoa “Segunda Palestina”.[i]


A canoa saíra do porto de Pão de Açúcar no dia 12, às 19:00 horas, horário propício para a navegação rio abaixo, quando o vendo abranda. Viajou toda a noite sem novidade. Ao meio-dia, entretanto, ao bordejar junto à Tabanga, famosa pelos ventos fortes e irregulares, a canoa virou, submergindo.


Diz a reportagem do jornal Gazeta de Alagoas, de 16 de outubro de 1943:


“A Tabanga é uma alta serra que se recorta soberbamente em frente à referida cidade alagoana. Ali a profundidade do rio é de 90 pés. A embarcação fluvial trazia carregamento de toneladas e, decerto, a uma virada mais forte, as águas invadiram o seu interior.”


Das vinte e duas pessoas a bordo (entre tripulantes e passageiros), sete pereceram, sendo cinco mulheres e dois homens.


Entre os passageiros estava o Sr. Mário de Mendonça Mendes, ex-prefeito de Marechal Floriano[ii] e então prefeito de Traipu[iii]. Ele regressava de uma reunião de prefeitos e autoridades do cooperativismo. Salvou-se milagrosamente, reagindo contra a impetuosidade das águas, pois não sabia nadar.


A reportagem conclui:


“O povo de Traipu prestou todos os possíveis auxílios de salvamento, notando-se a atuação dos Srs. José Matos, Suplente de Delegado de Polícia; José Teodoro, Guarda Sanitário; e Dr. Zaneli do Couto Malta[iv], Promotor Público.”

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Anos depois, em 1949, o nome do ex-prefeito de Traipu Mário Mendes aparece entre as vítimas fatais das fortes chuvas que se abateram sobre Maceió.[v] Iniciando na noite da segunda-feira, 16 de maio de 1949, em plena semana santa, as chuvas caíram por 70 horas ininterruptas até que, na madrugada da quinta-feira, 19 de maio, Maceió foi atingida por uma das suas maiores tragédias. Mário Mendes, sua esposa, sra. Doralice Barros Mendes, e cinco filhos menores, Mariuze, Verônica, Marize, Viviane e Mário Ney, foram soterradas.[vi]

O Sr. Mário Mendes. Foto: Gazeta de Alagoas.


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Alguém por certo diria: era seu destino morrer sob as águas. Sobreviveu ao naufrágio no rio São Francisco, mas sucumbiu às chuvas torrenciais da tragédia de 1949, em Maceió.

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NOTA:

 

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[i] Fonte: jornal A Noite, RJ, 19 de outubro de 1943.

[ii] Marechal Floriano Peixoto. Denominação do município de Piranhas, imposta pelo Decreto-Lei Federal nº 1686, de 17/10/1939, assim permanecendo até o advento da Lei nº 1473, de 17/09/1949, que lhe restituiu o antigo nome.

[iii] Mário de Mendonça Mendes, nomeado prefeito de Traipu pelo Interventor Federal Ismar de Góis Monteiro, em substituição ao prefeito Gonçalo de Menezes Tavares. Prestou juramento em 18 de setembro de 1943. Fonte: Diário de Notícias (RJ), 12 de setembro de 1943. Era jornalista e caixa da Caixa de Crédito Agrícola de Alagoas. Filho de Manoel Ferreira Mendes e Rosa Cândida de Mendonça.

[iv] Dr. Zaneli do Couto Malta, filho do ex-governador de Alagoas Joaquim Paulo Vieira Malta e de Zelina Rodrigues do Couto (irmã do fotógrafo Zenóbio Rodrigues do Couto, autor da famosa foto dos revoltosos do Forte de Copacabana, em 1922).

[v] Gazeta de Alagoas, 20 de maio de 1943.

[vi] PINTO, Edberto Ticianeli. A cabeça d’água de 1949 em Maceió. Site História de Alagoas, 24 de maio de 2015.

sábado, dezembro 20

ESCOLAS E SEUS PAPRONOS – U.M.E. MARIA CELESTE MACHADO DE ANDRADE

 

Por Etevaldo Amorim

 

A U. M. E Maria Celeste Machado de Andrade atualmente.

Até os anos de 1993/94, a escola do povoado Poço do Sal funcionava em condições precárias, com as aulas ministradas em espaço cedido, em seu bar, pelo Sr. José do Abafado.


Ressalte-se a boa vontade e o sentido de cooperação do proprietário do local; mas é evidente que, por mais capacitadas que fossem as professoras e por mais esforçados que fossem os alunos, o aprendizado não seria satisfatório.


Foi então que, chegando ao comando do Executivo Municipal o prefeito Antônio Carlos Lima Rezende – Cacalo (1993/1996), tendo Jorge Dantas como Vice, cogitou-se a construção de um espaço próprio para a escola.


O terreno para a construção do prédio foi doado pelo senhor Damião dos Santos[i], uma liderança local, pessoa sensível aos reclamos daquela comunidade. Mais tarde, com a necessidade de aumentar o espaço da escola, a Prefeitura comprou mais terrenos a “seu Damião”.


O senhor Damião dos Santos


Atualmente a escola funciona com 189 alunos, em turnos matutino, vespertino e noturno, é uma escola de tempo integral, que funciona com 44 funcionários sendo dois efetivos, 32 contratados e 7 pelo programa PMAC (Programa Municipal de Agente da Cidadania).


Neste ano de 2025, na administração da Diretora Maria Verônica Brito de Assis Silva[ii], foi realizada uma reforma nessa Unidade de Ensino, com recursos do PDDE (Dinheiro Direto na Escola-Equidade), com a colocação de forro em alguns cômodos da escola, cerâmica e retelhamento.


Frequentam a escola alunos de diversas comunidades da zona rural de Pão de Açúcar: Chifre do Bode, Poção, Paquiderme, Poço Grande e Pajeú.


A escola funciona com Modalidade Educação Infantil, Ensino Fundamental I e Educação de Jovens e Adultos (EJA)

 

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A professora Maria Celeste.



A Unidade Municipal de Ensino do povoado Poço do Sal tem como patronesse a Professora MARIA CELESTE MACHADO DE ANDRADE.


Ela faleceu em 27/09/1993, justamente quando se tratava da construção do prédio da escola. Sendo ela uma Supervisora Escolar muito dedicada e muito querida naquela localidade, seu nome foi sugerido pelo Secretário de Educação Helio Fialho, titular na Pasta naquela ocasião, sendo acatado pelo Prefeito Cacalo e aceito pela comunidade.


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Filha do Sr. Luiz Machado de Andrade e da Sr.ª Maria Feitosa de Andrade, MARIA CELESTE MACHADO DE ANDRADE nasceu em Pão de Açúcar no dia 31 de março de 1952.


Eram seus avós paternos o Dr. Luiz Machado de Andrade e Maria José Machado de Andrade; e, maternos: Antônio José Feitosa e Maria Felismina Feitosa.


Estudou no Grupo Escolar Bráulio Cavalcante e no Ginásio Dom Antônio Brandão. Formou-se em Pedagogia, com especialização em Supervisão Escolar, pela UFAL – Universidade Federal de Alagoas.


Foi professora da Rede Estadual e da Rede Municipal de Ensino em Pão de Açúcar, atuando como também foi supervisora das escolas municipais. Lecionou ainda no Colégio São Vicente.


A prof.ª Maria Celeste com seu pai, Sr. Luizinho Machado, por ocasião da sua formatura.


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Agradecimentos pelas informações prestadas: Maria de Lourdes Soares Cardoso, Secretária de Educação; Helio Silva Fialho, ex-Secretário; Maria Verônica Brito de Assis Silva, Diretora da Escola e Vereadora Lúcia Helena Correia de Andrade, sobrinha da homenageada.

 

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[i] Damião dos Santos nasceu no dia 15 de novembro de 1940, tendo a senhora Maria Feliciana dos Santos como genitora. Casado com dona Rosalina de Carvalho, Damião faleceu em 20/02/2020.

[ii] Nomeada pela PORTARIA Nº 529/2025, DE 21 DE AGOSTO DE 2025.

quarta-feira, dezembro 17

UM SONETO DE LAURO MARQUES

 

Por Etevaldo Amorim


O poeta Lauro Marques

 

Eis um belo poema de Lauro Marques. “Poeta primoroso”, no dizer de Aldemar de Mendonça, Lauro Marques de Albuquerque nasceu em Pão de Açúcar no dia 25 de julho de 1905, Filho de José Marques de Albuquerque e Maria Laura Soares Pinto (casada, Maria Laura Soares de Albuquerque, filha de Manoel Soares Pinto e Anna Maciel de Carvalho Pinto).


Foi também jornalista, escrevendo como para o Diário de Pernambuco, como correspondente em Pão de Açúcar.


Casado com Jacinta Sena Porto, faleceu em Eunápolis, Estado da Bahia. Usava os pseudônimos Décio Nestal, Nestal e João Vila Baixa. É Patrono da cadeira nº 1 da ALEPA – Academia de Letras de Pão de Açúcar.   Com diversos trabalhos, participou de Pão de Açúcar - Cem Anos de Poesia. Coletânea organizada por Etevaldo Amorim, em 1999.

 

FALANDO AOS TAMARINDEIROS

Lauro Marques

 

Dia virá, velhas árvores copadas,

em que os vossos galhos murcharão.

E as aves que hoje tendes nas ramadas,

dos vossos galhos secos fugirão.

 

E não mais ouvireis nas madrugadas

uma sonata, um hino, uma canção...

Ficareis nesse dia despovoadas,

presas ao tédio da recordação.

 

Sentireis estertores nas raízes,

e os gemidos tristonhos dos felizes

que se veem depressa abandonados.

 

Árvores velhas, o fado é impiedoso:

- Quem dá frutos e sombra, é desditoso

quando a sombra e os frutos são passados!

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Transcrito da Gazeta de Alagoas, 29 de agosto de 1936.

 

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domingo, dezembro 14

A INAUGURAÇÃO DO SERVIÇO DE ALTO-FALANTES

 

Por Etevaldo Amorim


O Serviço de Alto-Falantes A VOZ DO MUNICÍPIO. Pão de Açúcar, 1942. Foto: João Lisboa

 

Durante a segunda gestão do prefeito Augusto Machado (18/06/1941 a 17/01/1947), a cidade de Pão de Açúcar passou a ser dotada de um serviço de alto-falantes, instalado na avenida Bráulio Cavalcante.


Segundo Aldemar de Mendonça, a inauguração se deu no dia 6 de fevereiro de 1942. Entretanto, reportagem do jornal Gazeta de Alagoas dá conta de que o ato aconteceu no dia 22 de fevereiro daquele ano, um domingo.


Em sua edição de 3 de março de 1942, o jornal publica notícia do seu correspondente em Pão de Açúcar, o tabelião Antônio de Freitas Machado:


“Ao ato de inauguração compareceram muitas autoridades e pessoal gradas, e na ocasião o ilustre prefeito, ao microfone, pronunciou as seguintes palavras:


Meus munícipes: Ocupando por breves instantes o microfone, com que a atual administração municipal procurou dotar, com o respectivo alto-falante, esta cidade, fazendo-o instalar em uma das suas principais vias públicas, dou-o como inaugurado neste momento.


Poderá parecer a alguns, quando não seja a muitos, estultícia da minha parte ter adquirido o aparelho ora em funcionamento. Tenho para mim, porém, (questão de ângulo de vista) haver, com esse passo dado, corrido ao encontro do desejo da maioria da população, sempre ávida em recrear o espírito, circunstância a que se não deve alhear os poderes públicos, nos dias que correm. 


Mas, não apenas essa será a missão do aparelho instalado. Servirá também e principalmente para a divulgação daqui ou d’alhures, de todos os programas cuja nota predominante possa concorrer para a educação cívica, cultural e artística do povo desta terra.


Que esse meu esforço seja bem compreendido, é o meu grande e único desejo.’

 

O próprio correspondente usou da palavra naquele momento, congratulando-se com o povo e com o laborioso prefeito Augusto Machado pelo grande serviço recém-inaugurado na cidade.


“O alto-falante A VOZ DO MUNICÍPIO veio realmente dar vida e alegria à nossa modesta, mas formosa cidade, e oxalá que outros municípios do interior compreendam o seu valor e imitem Pão de Açúcar neste surto de progresso, inteligência e valor artístico.”


E conclui dizendo:


“É um prazer observar-se a formidável concorrência de famílias locais, todas as noites, na formosa avenida, ávidas pelas palpitantes notícias do dia, e pelas músicas e cantos deliciosos que o rádio nos transmite.”


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NOTA:


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quinta-feira, dezembro 11

ESCOLAS E SEUS PATRONOS – U. M. E. PROF. JAIME DE ALTAVILA

Por Etevaldo Amorim


A Unidade Municipal de Ensino Jayme de Altavila


A Unidade Municipal de Ensino do Povoado Ipueira de Cima foi criada por meio do Decreto nº 409, de 26 de fevereiro de 1971, durante a gestão do prefeito Antônio Gomes Pascoal (31/01/1970 a 31/01/1973).

 

No dia 30 de janeiro de 1973[i], faltando um dia para transmitir a administração para o seu sucessor, o Dr. Pascoal (como era mais conhecido) inaugurou o prédio da escola, que recebeu o nome do Professor Jaime de Altavila.

 

A essa época, durante o governo Afrânio Lages (15/03/1971 a 15/03/1975 ), era Secretário de Educação e Cultura o Sr. Jaime Lustosa de Altavila. Restava uma dúvida: o patrono da escola seria o então Secretário (atualmente presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas) ou o pai dele, poeta JAIME DE ALTAVILA?

Recorri ao amigo e conterrâneo Dr. Álvaro Antônio Melo Machado, que é sócio do IHGA. Passados alguns dias, ele me respondeu que, indagando o próprio presidente do Instituto, obteve deste a informação de que a denominação da escola é uma homenagem ao seu pai, Amphilóphio de Oliveira Mello, conhecido por Jaime de Altavila.

 

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Segundo a professora Edivânia Vieira da Silva, reproduzindo informações de moradores, essa escola não foi a primeira instituição de ensino na localidade. Teria sido criada há cerca de 80 anos, quando o senhor Antônio Higino de Almeida, conhecido como “Tonho do Ouro”, um dos primeiros habitantes dali, doou uma área de terra para a sua construção. Antes, funcionava em uma casa próxima à serra e teve como primeira professora a Srª Marluce Simão Couto[ii].

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Sob a direção da Professora Edivânia Vieira da Silva e com a coordenação pedagógica do professor Rafael Costa Lima, a escola funciona nos turnos matutino e vespertino, ou seja, a escola funciona em tempo Integral, com um corpo docente de 10 professores (as) e seus 97 alunos.  A escola funciona com o fundamental II, sendo com 3 turmas do 6° ano, turmas essas oriundas de 12 comunidades do município de Pão de Açúcar.


Frequentam a escola alunos de diversas comunidades da zona rural de Pão de Açúcar: Meirus, Rua Nova, Assentamento Bom Conselho, Assentamento Bezerra, Povoado Impoeiras de Baixo, Povoado Lagoa de Pedra e Povoado Quibanzê. (Fonte: Secretaria Municipal de Educação)


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O Professor Jayme de Altavila


O PATRONO

 

O patrono da escola localizada no povoado Ipueira de Cima, Professor Jayme de Altavila, foi personalidade de grande importância nos cenários político, acadêmico, jurídico e literário de Alagoas.


Além de fundador e presidente da Academia Alagoana de Letras, Jayme foi também professor de economia na Universidade Federal de Alagoas, membro e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, prefeito de Maceió, escritor de várias obras, entre elas, o livro “Origem dos Direitos dos Países”, e autor do hino do time de futebol alagoano Clube de Regatas Brasil.[iii]


Jayme de Altavila quando era Prefeito de Maceió. Foto: Jornal do Recife, 1927.


Foi professor, deputado estadual, juiz, vereador, promotor público. Fez seus estudos no Liceu Alagoano. Aos quinze anos inicia sua colaboração em jornais, em O Guarani, modesta publicação surgida em Maceió em 20 de março daquele ano, e do qual era redator-secretário. No seu primeiro número publica um pensamento, escondido no pseudônimo de Ollém.


Em 1911, ingressou no Congresso Lítero-Cívico-Alagoano, possivelmente a primeira instituição literária a que pertenceu. Na adolescência ministrou aulas no Colégio do Professor Higino Belo. Nesse mesmo ano, integrou a Escola Literária Euclides da Cunha, composta por alunos do Liceu Alagoano.  Matriculou-se na Faculdade de Direito do Recife, onde morou três anos, terminando, porém, seu curso na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro (1923). Nesse mesmo ano regressa a Alagoas. 


Jayme de Altavila. Foto: Revista O Malho, 1923.


Foi professor de História Geral, Instrução Moral e Cívica e História da Civilização, além de Sociologia na Escola Normal de Maceió e no Liceu Alagoano, tendo sido diretor deste último, em 1934, bem como seu Inspetor Federal de Ensino. Prefeito de Maceió (na condição de presidente do Conselho Municipal) no período de 01/02/1927 a 07/01/1928 (11 meses e 7 dias), devido à renúncia do seu titular, José Moreira da Silva Lima. Em sua gestão foi construído o Coreto de Jaraguá (01/01/1928), ocorreu a urbanização da Avenida Duque de Caxias. E foi introduzido o telefone automático.  Deputado à Assembleia Legislativa na Legislatura 1929-30, renuncia a 15/02/1929, por ter sido nomeado adjunto do 1º Promotor Público da Comarca de Maceió.  Foi diretor da Imprensa Oficial de Alagoas em 1915; promotor público, na capital, em 1923; Juiz Federal no Estado da Paraíba, nomeado em 20/09/1932. Professor fundador da Faculdade Livre de Direito de Alagoas, tendo sido nomeado em 08/07/1931 para a cadeira de Economia Política e Ciência das Finanças. Em 11/03/1933, passa a ocupar a cadeira de Direito Civil. Foi diretor daquela Faculdade de 1948 a 1962 e, após seu afastamento recebeu o título de Professor Emérito.


Foi, ainda, professor na Faculdade de Ciências Econômicas. Membro, a partir de 1923, do IHGAL, e seu 9º presidente, de 1959 a 1970, como também assíduo colaborador na revista e, finalmente, patrono da cadeira 12 da instituição. Fundador da AAL (1919), tendo sido o redator da primeira ata da instituição e primeiro ocupante da cadeira 4, e também seu presidente, em 1936-37 e de 1961 a 1964. Membro do Conselho Estadual de Cultura.  Pertenceu, ainda, à Academia Mineira de Letras, ao Instituto Histórico de Sergipe, ao Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico do Rio Grande do Norte, Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico Paranaense, Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e The National Geographic Society, de Washington. Membro honorário da AML Pseudônimo: Ollem (Mello ao contrário). Patrono da Cadeira 30 da ACALA. 


São obras suas:  Crepúsculo  d´Oiro  e Sangue, prefácio de Justino de Montalvão Maceió:  [s.ed.], 1915  (versos); Da Vida e do  Sonho, Maceió: Casa Ramalho, 1916  (versos);  Mil e Duas Noites, capa de Correia Dias,  Maceió: Livraria Fonseca,  1921, (crônicas); Gênese e  Desenvolvimento da Literatura Alagoana, Conferência Realizada  em 6 de Setembro de 1922,  Maceió: Tipografia Oriental, 1922;  Lógica de um Burro, São Paulo: Of. Graf. Monteiro Lobato, 1924   (incorporando duas novelas regionalistas,  a que dá título ao volume e O Destino tem Coisas... ), menção honrosa da Academia Brasileira de Letras, 1925; O Desquite e A Sevícia, ( Razões de um Apelante ), Maceió: Tip. Alagoana, 1927; Mensagem Apresentada ao Conselho Municipal de Maceió. aos 7 de Janeiro de 1928, pelo dr. Anfilófio de Mello,  Prefeito de Maceió e Relativa ao Exercício de 1927, Maceió: Tipografia Alagoana,  1928; Diário de Todos os Amantes, capa de Renato, Rio de Janeiro: Of. Graf. D’A Pernambucana, 1928 (versos); A Extinção da Capitania da Paraíba, João Pessoa: Imprensa Oficial, 1932 (conferência); O Quilombo dos Palmares, São Paulo: Cia. Melhoramentos, [1930], (romance histórico); História da Civilização do Brasil, Resumo Histórico,  Maceió: Tip. Alagoana, 1934; História da Civilização das Alagoas, Maceió: Tip. Alagoana,  1933, a partir da 4ª edição, anotada por  Moacir Medeiros de Sant'Ana e com nota introdutória de Carlos Moliterno, atualmente na 8ª edição, com revisão e atualização de Jaime Lustosa de Altavila;   Estudos de Literatura Brasileira, Maceió: Casa Ramalho, 1937; Portugal e o Brasil de D. João VI, Maceió: Casa Ramalho, 1940 (crônicas históricas);  A Linha Sinuosa do Direito, Conferência,  Maceió: Of.  Gráfica do Orfanato São Domingos, 1946 (conferência realizada na Faculdade de Direito da Bahia, em 19 de novembro de 1942); Canto Nativo: Versos, Maceió: Of.  Gráfica do Orfanato S. Domingos, 1949 (poesia); Luango. O Negrinho dos Palmares, ilustração de Oswaldo Storni,  São Paulo: Ed. Melhoramentos,  [1949], (novela histórica);   O Tesouro Holandês de Porto Calvo,  Maceió:  Caderno IV, Série Estudos Alagoanos,  DEC,1961, prefácio de Guedes de Miranda (romance histórico); Origem dos Direitos dos Povos,  São Paulo:  Ed. Melhoramentos,  {1956]; A Testemunha na História e no Direito,  São Paulo: Editora Melhoramentos, [1967]; 50 Anos da Academia Alagoana de Letras, Discurso Inédito que Deveria Ser Pronunciado nos 50 Anos de Academia,  Maceió:  [s. ed.], 1971;  Sabalangá, [Maceió: DAC, 1974], prefácio de Divaldo Suruagy,  (contos inéditos escritos em 1937); A Terra Será de Todos, atualizado por Edwaldo Cruz, Maceió: EDUFAL, 1983 (romance); Poesias de Jayme de Altavila,  apresentação de João Azevedo, Maceió: SECULT/SERGASA, 1995, as quatro últimas obras publicadas postumamente. Publicações em periódicos; A Redenção dos Palmares, Revista IAGA, v. 11, ano 54, 1926, p. 58-67; As Novas Recepções do Instituto,  Revista IAGA, v.12, ano 55, 1927, Maceió: Livraria Machado, p. 246-251; O Adeus do Instituto, Revista IAGA, v.12, ano 55, 1927, Maceió: Livraria Machado, 307-308; Arquitetura Brasileira, Revista do IAGA, v.13,  ano 56, 1928, Maceió: Livraria Machado, p. 40-42; Quilombo dos Palmares, Revista do IAGA, v.13,  ano 56, 1928, Maceió: Livraria Machado, p. 231-237; Discurso de Recepção do Sócio Efetivo Dr. Arthur Acioly, Revista do IHGAL, v.18, ano 61, 1935, p. 38-44;  S. José de Anchieta, Discurso Pronunciado pelo Escritor Jayme de Altavila no Instituto Histórico de Alagoas na Comemoração do Grande Apóstolo do Brasil, Revista do IHGAL, v.18, ano 61, 1935, pg.51-58; Alagoas na Revolução Pernambucana de 1817, Discurso do Consócio Anfilófio de Melo ( Jayme d’Altavila) na Sessão Magna de 16 de Setembro de 1935, Revista do IHGAL, v.18, ano 61, 1935, pg.122-128; Discurso do Professor Jayme de Altavila na Sessão Solene Comemorativa ao Nascimento do Dr. José Antônio Duarte, Revista do IHGAL, v. 28, ano 1968, Maceió: 1969, p. 157-169; Discurso Pronunciado pelo Presidente do Instituto Histórico na Data Comemorativa da Fundação da Casa de Alagoas,  Revista do IHGAL, v. 29, ano 1972, Maceió: 1972, p. 71-78; Discurso Pronunciado pelo ex-Presidente do IHGAL Prof. Jayme de Altavila ( Anfilófio Jayme de Altavila Melo) na Sessão Solene Comemorativa aos 150 Anos da Cidade de Maceió, em 05 de Dezembro de 1965, in  Revista do IGHAL,  Maceió: v, 47, 2005-2009, p. 129-141. Iniciou sua vida de jornalista em  O Guarani, jornal do bairro do Poço, na capital, sendo colaborador, posteriormente, do Jornal do Recife enquanto estudante naquela cidade. Colaborou, ainda, em Maceió, em A Repúblicao Albor, Gazeta do Povo, Jornal de Alagoas, Renascença, O Dia, O Caduceu, O Bergantim, A Pirausta e A Tribuna.  Peças Teatrais:  A Cabeça de Salomé, teatro em versos, publicada no Diario do Norte, do Recife, em 16/05/1915; O Herói do Madrigal, cena romântica em versos, escrita em janeiro de 1922, in Álbum de Recortes: Jayme de Altavila, nº 4 e Inversão de Papéis, com o subtítulo “Cena de Uma Noite de Carnaval”, publicado na Ilustração Brasileira, Rio de Janeiro: janeiro de 1923.     Foi ainda autor de   letras de músicas: O Biá-tá-tá, São Paulo: Editora A Melodia (coco, 1930, gravado pela RCA Victor em 30/04/1934, na interpretação de Elisa Coelho); Eita, Brasil! Rio de Janeiro:Casa Carlos Machado, 1933; Eu Piso, Mulata, Rio de Janeiro:Casa Carlos Machado, 1933; Ave-Maria do Brasil, Rio de Janeiro:Casa Carlos Machado, 1933, as quatro musicadas por Hekel Tavares; Depois de um Sonho , Rio de Janeiro:[1915], (valsa); Vence Quem Ama, São Paulo: Campassi & Camin,  1920,  (valsa), Coração de Bertini,  Rio de Janeiro: Casa Carlos Wehrs, [1916],  (valsa); Foi Você ? Eu Não , 1922, (tango); Valsa da Paz, Maceió: Litografia Trigueiros,  [1919];  Os Batutas do CRB,  1921 (tango carnavalesco);  Canção dos Jangadeiros,  essas  com  música de Tavares de Figueiredo; Cantos Escolares,  música de Tavares de Figueiredo e versos de Jayme de Altavila, Recife: Litografia Alemã, 1924; Cadernos de Compositores Alagoanos,  Homenagem ao Centenário de Nascimento de Jayme de Altavila, Caderno Especial 1 (contendo: Hino Ao Centenário [da Independência do Brasil], p. 5-7; Canção dos Escoteiros, p.13-14; Canção do Trabalho, p. 15-17; Canção dos Jangadeiros, p. 18-19;  Canção da Pátria, p. 21-24); Marcha Regatas,  Rio de Janeiro: Casa Carlos Gomes, 1923, música de  Isabel Alvim de Medeiros; Gotas de Luz,  Recife: Casa Ribas, música de Alfredo Gama 1921, (valsa); Ingrata,  Recife: Casa Ribas, 1923, (valsa ), música de Alfredo Gama ; Eterna Mágoa, Maceió: Litografia Trigueiros, 1920, (marcha para piano), música de Maria Polito Lopes;  Cruzeiro do Sul,  Maceió: Litografia Trigueiros, 1921(marcha), música de Maria Amélia de Jesus Taveiros; Hino do Ipiranga Futebol Clube, música de R. Donizetti; 1921 ; Valsa da  Saudade, música de Aristóbolo Cardoso, 1932; Amo-te, 1926  ou 1927, música de Alfredo Gama. Póstumas: Antônio Caio da Silva Prado, Presidente da Província das Alagoas, Revista do IHGAL, n. 44, 1993-1994, Maceió:1995, p. 83-86; Você, Revista da AAL, n. 13, p. 211 (Antologia do Soneto Alagoano); Reino do Som, Revista da AAL, n. 15, p. 281 (Antologia do Soneto Alagoano).


Com Canto Nativo e O Pescador de Sururu, participou da  Notas Sobre a Poesia Moderna em Alagoas. Antologia, de Carlos Moliterno, p. 127-128; e, ainda, com o conto Lógica de um Burro, participou de  Os Contos de Alagoas - Uma Antologia,  de Antônio S. Mendonça Neto,  Maceió: Ed. Catavento, 2001,  p. 143-176.  Barbosa Lima Sobrinho, em seu primeiro artigo na imprensa, publicado em 27/05/1921, sobre O Momento Literário, analisa, entre outros autores, o livro Mil e Duas Noites, de Jayme de Altavila. A Bibliografia Passiva encontra-se no capítulo 8 do livro Evocação, de Moacir Medeiros de Santana. Esplendor e Decadência do Banguê, in Revista do IHGAL, Maceió: Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2019, vol. 52, p. 92-102. Floriano Peixoto – Cedente Comissionado em Marechal, Jayme Altavila, in Revista do IHGAL, Maceió: Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2023, vol. 53, p. 143-170. Fonte: ABC DAS ALAGOAS, organizada por Francisco Reynaldo Amorim de Barros.



Intelectuais reunidos em 1923 para leitura do livro de Jorge de Lima "As Mulheres de Salomão". Sentados, a partir da esquerda: Pontes de Miranda (embaixador), Vinício da Veiga (cônsul geral do Brasil em Nápoles), Agripino Griecco (Oficial do Ministério da Viação) e Théo Filho (Secretário da Diretoria do Interior do Ministério da Justiça). Em pé, a partir da esquerda, Jayme de Altavila (poeta), Jorge de Lima, Romeu de Avelar (romancista) e Osman Loureiro (que foi Interventor federal em Alagoas). Foto: Revista VAMOS LER, 25 de dezembro de 1941.


***   ***


Jaime de Altavila nasceu no dia 17 de outubro de 1895[iv] como Amphilóphio de Oliveira Mello, no bairro do Bom Parto, em Maceió, na residência do seu avô na Rua General Hermes.


Seus pais eram Balbino Figueiredo de Mello e Deolinda de Oliveira Mello. Seu avô materno foi quem permitiu, mais tarde, a adoção do nome de Altavila. Felici Belli D’Olivieri era italiano de Nápoles, mas descendia de uma família de Altavila Silentina, Província de Avelino, região de Campânia.[v]


De fato, a 18 de janeiro de 1950, por mandado expedido pelo Juiz de Direito da 3ª Vara da Capital, Dr. Arthur da Silva Jucá, o Oficial do Registro Civil fez anotação no assento de seu nascimento incluindo o nome “Jayme de Altavila”, que passou a assinar-se ANFILÓFIO JAYME DE ALTAVILA MELO.

 

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NOTA:

Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.



[i] Segundo Aldemar de Mendonça em Monografia de Pão de Açúcar, 1976.

[ii] Ou seria Marluce Simões Couto?

[iii] Ascom Semed/ Amanda Bezerra (Estagiária)

[iv] Curioso é que, nesse assento, reza que teria nascido em 17 de outubro de 1895, e não no dia 16, como referido em muitas fontes.

[v] PINTO, Edberto Ticianeli. JAYME DE ALTAVILA, O AMPHILOPHIO DE OLIVEIRA MELLO - HISTÓRIA DE ALAGOAS. 

A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

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Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


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PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

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Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia