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sexta-feira, 11 de setembro de 2015

CLEÓPATRA


Sabino Romariz

Cleópatra era só. Seu pensamento
Voava todo à luta doidivana;
De quando em vez tremia a soberana,
Fitando o azul do egípcio firmamento.

Das nuvens a sangrenta caravana
Seguia o sol na frouxa imensidade,
E uma dúvida, uma ânsia, uma saudade
Boiava-lhe nos olhos de sultana.

Mal a noite caiu sobe a cidade,
Soou perto o clarim... Roma vencia!
E a rainha, com toda a majestade,

Erguida a fronte, o rosto contrafeito,
Desceu pela marmórea escadaria
Ao túmulo, com um áspide no peito!

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Transcrito do jornal Correio Paulistano,
8 de setembro de 1899, p. 2.

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