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sábado, 15 de junho de 2024

PÃO DE AÇÚCAR PÓS-REVOLUÇÃO DE 1930 – PARTE 1

 

Por Etevaldo Amorim

Para as eleições presidenciais de 1930, que se realizariam em 1º de março nos vinte Estados e no Distrito Federal (Rio de Janeiro), as articulações começaram em meados do ano anterior. De acordo com a “política do café com leite”, seria a vez de um candidato mineiro para suceder o presidente paulista Washington Luiz. Este, entretanto, quebrando o acordo, indicou um co-estaduano, o advogado Júlio Prestes, pelo PRP – Partido Republicano Paulista. Tendo como candidato a Vice-Presidente o baiano Vital Soares, e contando com apoio em dezessete Estados, Júlio Prestes formou a “Concentração Republicana”.

O PRM – Partido Republicano Mineiro rebelou-se contra a decisão de Washington Luiz e indicou o govenador de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada. Precisando angariar apoio, buscou fazer alianças com outros Estados e acabou cedendo a candidatura ao gaúcho Getúlio Vargas, do Partido Republicano Rio-grandense, e que tinha sido Ministro da Fazenda do próprio presidente de então.

Como candidato a Vice-Presidente, apresentaram o paraibano João Pessoa, sobrinho do ex-presidente Epitácio Pessoa. Formou-se, assim, a “Aliança Liberal”, reunindo os Estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba.

De Pão de Açúcar-AL, onde era Prefeito, o Padre José Soares Pinto emite o seguinte telegrama ao Presidente[i] Júlio Prestes, publicado no jornal Correio Paulistano, de 18/02/1930:

Pão de Açúcar. 12/02/1930. Tenho a satisfação de participar a V. Ex.ª  a passagem, ontem, por esta cidade, do nosso eminente amigo, Senador Costa Rego, em propaganda das candidaturas de Júlio Prestes e Vital Soares, tendo recebido mais eloquentes provas de franca solidariedade do povo deste município. Sua Excelência fez, no cinema, uma brilhante conferência política, demonstrando a mistificação da Aliança Liberal, sendo delirantemente aclamado pela multidão, o mesmo sucedendo ao nome dos candidatos, Presidente Washington Luiz e Governador Álvaro Paes. Atenciosas saudações. (a) Padre Soares Pinto.”

Realizado o pleito, o resultado foi proclamado em 20 de março:

Presidente:                  Júlio Prestes:               1.091.709 votos, 59,39%

Getúlio Vargas:             742.794 votos, 40,41%

Vice-Presidente:         Vital Soares:               1.079.360 votos, 59,67%

João Pessoa:                  725.566 votos, 40,11%

Em Alagoas, o resultado foi o seguinte:

Presidente:                  Júlio Prestes:               7.517 votos

Getúlio Vargas:          1.585 votos

Vice-Presidente:         Vital Soares:               7.225 votos

João Pessoa:                  551 votos

(Fonte: Costa Rego: Diário de Pernambuco, 4 de março de 1930.)

Os membros da Aliança Liberal não reconheceram o resultado, acusando de fraudulento o processo eleitoral. A tensão política foi agravada com o assassinato do candidato a Vice-Presidente João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, ocorrido no Recife, em 26 de julho de 1930.

Com a adesão de militares, notadamente dos oficiais de baixa patente, como os tenentes, com movimentação de tropas em diversas partes do país, uma escalada de acontecimentos culminou com a deposição do presidente Washington Luiz Pereira de Souza, em 24 de outubro de 1930, vinte e um dias antes do término do seu mandato como presidente da república, por um golpe militar liderado pelo general Tasso Fragoso.

Consolidado o movimento, o presidente deposto foi sucedido por uma junta provisória composta pelos generais Tasso Fragoso e Mena Barreto, e pelo almirante Isaías de Noronha. Getúlio Vargas então, assume a chefia do "Governo Provisório" em 3 de novembro de 1930, data que marca o fim da República Velha e da início a Era Vargas.

Em Alagoas, era governador o Sr. Álvaro Corrêa Paes, que embora tentasse resistir, acabou por deixar o governo, a exemplo do Governador de Pernambuco, Estácio Coimbra. (Para saber mais sobre Alagoas na Revolução de 1930, clique AQUI)

Nas principais cidades do Baixo São Francisco houve movimentação de tropas, notadamente em Penedo, em Alagoas; e Propriá, no Estado de Sergipe. Na foto abaixo, vemos o Capitão Juracy Magalhães, que comandava uma “coluna revolucionária”, ao lado de um sacerdote, na cidade sergipana de Propriá.

 

O Capitão Juracy Magalhães em Propriá (Sergipe), em 1930. Foto: Revista Excelsior.

Aliás, para melhor e mais rapidamente se movimentarem, os comandantes requisitaram embarcações para o transporte de tropas de Penedo (Alagoas) e Propriá (Sergipe), como os navios Comendador Peixoto e Penedo, que por muitas décadas serviram na linha Penedo-Piranhas, este último conhecido por “Penedinho”. (Para saber mais sobre essas embarcações, clique AQUI)

 

Os navios Penedo e Comendador Peixoto ancorados no porto de Propriá, em 1930. Foto: Revista Excelsior.

Telegramas publicados na imprensa da época testemunham a marcha dos militares naquela região do Vale, naquele mês de outubro:

DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 17 de outubro de 1930.

Dia 15. Propriá.

“Encontra-se nesta cidade, desde hoje pela manhã, procedente do Recife, a coluna revolucionária comandada pelo Coronel Juracy Magalhães. Essa tropa, que se acha nas melhores disposições, foi aqui recebida com o mais vivo entusiasmo. Destina-se à capital deste Estado.”

DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 18 de outubro de 1930.

“Dia 18. João Pessoa-PB, 16. Presidente José Américo de Almeida recebeu, ontem, do Coronel Juracy Magalhães, comandante das tropas que avançam sobre a Bahia, o seguinte telegrama:

Propriá(SE), 16. Presidente José Américo  - João Pessoa. No momento em que transpomos o rio São Francisco, utilizando todos os meios de transporte  ao nosso alcance, através de peripécias que mostram denodo nossas tropas, saudamos na sua pessoa o povo da heroica e pequenina Paraíba.

Acabo de receber comunicação de que foi presa Comitiva José Pereira pela força paraibana sob meu comando, tendo coronel Gomes avisado que também está preso o terrível chefe cangaceiro. Meu G. B. C marchará sobre Aracaju, fazendo vanguarda tropas nosso querido heroico General Juarez – Abraços – Coronel Juracy.”

Resposta de José Américo.

“Coronel Juracy Magalhães – Propriá ou Aracaju. Agradeço suas comunicações de vitória de nossa causa, de que foi, no momento inicial, um fator precípuo, e de que está sendo um dos mais brilhantes vanguardeiros aos impulsos do mais nobre idealismo patriótico. Peço transmitir a todos os seus destemidos comandados minhas calorosas saudações. Abraços – José Américo.”

Segundo Aldemar de Mendonça, quando irrompeu o movimento de outubro de 1930, chegou a Pão de Açúcar o Dr. Audálio Tenório[ii], chefiando uma tropa revolucionária, depondo o prefeito eleito Pe. José Soares Pinto e nomeando o Cap. Manoel Rego. Não sabemos se passa por certo, mas fala-se que teriam destruído os arquivos da Prefeitura. Fato é que são escassos os documentos daquela data para trás.

O Cel. Audálio Tenório de Albuquerque


Lauro Marques, em matéria publicada no Diário de Pernambuco de 16 de setembro de 1934, assim fala sobre o fato:

“Na administração do Padre Soares Pinto, estalou o movimento revolucionário – a Revolução de Outubro, que nos veio renovar os costumes políticos e fazer do Brasil um país cujo nome, além de nossas fronteiras, alcançasse as dimensões de sua grandeza geográfica. E Pão de Açúcar abraçou, clangorando a sua confiança num futuro melhor, as ideias dos fragmentadores da Primeira República.”

 

1.      CAPITÃO MANOEL REGO                                De 13/10/1030 a 13/04/1931

 

O Capitão Manoel Rego.

Manoel de Souza Rego Filho nasceu em Pão de Açúcar-AL no dia 2 de novembro de 1865. Sua mãe, Feliciana Emília Maciel de Carvalho, natural de Pernambuco, foi para Pão de Açúcar como professora de uma das cadeiras de Primeiras Letras, nomeada pela Presidência da Província. Ali se casou com o português Manoel de Souza Rego, natural da Ilha da Madeira, constituindo uma das mais tradicionais famílias dessa cidade sanfranciscana.

Em 1890, era membro do Conselho da Intendência, tendo sido exonerado, a pedido, em julho daquele ano.[iii]

Em 27 de novembro de 1924, foi exonerado do cargo de Administrador da Recebedoria de Pão de Açúcar.[iv]

Faleceu a 4 de fevereiro de 1937. Há, no povoado Ipueiras, uma escola com o seu nome. quer saber mais sobre o Capitão Manoel Rego? Clique AQUI.

 

2.      MÁRIO SOARES VIEIRA                       De 13 de abril de 1931 a 9 de junho de 1932.

O Sr. Mário Vieira

No período de sua administração, era Chefe do Governo Provisório, em decorrência do Golpe de 1930, o Sr. Getúlio Vargas e o Interventor em Alagoas, o General Tasso de Oliveira Tinoco (31/10/1931-25/10/1932).

O Juiz de Direito da Comarca era o Dr. Dermeval Feire de Menezes.

Sobre a sua breve administração, diz Lauro Marques:

 

Veio-nos depois Mário Vieira, moço dedicado e honesto que, em quinze meses de administração, iluminou povoações, abriu e conservou estradas, calçou ruas e higienizou a cidade, sem se esquecer de reparar as obras deixadas pelos seus antecessores.”

 

Filho de Pedro Soares Vieira e Maria Custódia Bezerra Vieira. Casou-se com Maria Alves de Mello Feitosa, conhecida por Caçulinha (filha de José Alves Feitosa e Maria José de Mello Feitosa (esta filha do professor Manoel Antônio Soares de Mello e de Maria Francisca de Campos). Tinha os irmãos: José Alves Feitosa (Juca do Cartório).

Uma filha de Mário Vieira, Maria Feitosa Vieira (Maria Vieira Marques da Silva), nascida em 30/05/1927, é viúva do Ex-Deputado Marques da Silva.

“Seu Mário” faleceu em Penedo, no dia 27 de janeiro de 1936, quando buscava socorro aos ferimentos sofridos a tiros no dia 25, na festa de Jesus, Maria e José, padroeiros de Limoeiro.

O historiador Aldemar de Mendonça, em seu livro PÃO DE AÇÚCAR, HISTÓRIA E EFEMÉRIDES, relata o acontecido:

“Na vila Alecrim (Limoeiro), Mário Soares Vieira é gravemente ferido por um tiro de fuzil Mauser , acionado por um cabo da Polícia Militar, do destacamento de Belo Monte.

Apesar da amputação que lhe foi feita em um braço, na cidade de Penedo, Mário veio a falecer no dia 27 de janeiro.

O policial viera de Belo Monte para a Vila Alecrim naquele dia em que se festejava o padroeiro da vila e, já meio embriagado, alardeava valentia, desacatando os homens da localidade, no momento em que Mário chegava do povoado São José da Tapera.

Ao ouvir os impropérios do cabo da polícia, Mário lhe fez sentir que, sendo ele um militar, devia respeitar a população. Isto foi o suficiente para que o policial, não levando em consideração a aglomeração, desfechasse vários tiros de fuzil, resultando a morte imediata de um rapazinho de 13 anos de idade, um ferimento em outro rapaz e o que ocasionou a morte de Mário.

Poucos dias depois, preso o criminoso e transferido para a cadeia de Pão de Açúcar, foi assassinado, também, por amigos e parentes de Mário Vieira, os quais invadiram a cadeia e desfecharam vários tiros no cabo da polícia. A parte cômica em toda a tragédia é que, no momento em que a população se alarmava, supondo tratar-se de um ataque feito pelo grupo de Lampião, o sub-delegado de polícia, João Bahia, procura tranquilizar o povo dizendo:

- Não é nada, minha gente! É que estão matando o cabo na cadeia.”

Acerca desse crime do cabo Vicente Honório Bezerra, foi publicada essa notícia no jornal Diário da Manhã, Recife, em 19 de fevereiro de 1936:

“ATACADA POR UM GRUPO A CADEIA DE PÃO DE AÇÚCAR E ASSASSINADO UM DETENTO.

MACEIÓ – 18. Às 19:30 h, na cidade de Pão de Açúcar, um grupo de desconhecidos atacou a cadeia com cerrado tiroteio, a fim de assassinar o detento Vicente Honório, preso no dia 25 último, por motivo de dois assassinatos. O detento foi, afinal, morto. Resistiu ao ataque à cadeia o soldado Baraúna. O grupo evadiu-se. O Chefe de Polícia recebeu comunicação e ordenou seguisse para ali um contingente sob o comando de um Oficial.”

Para melhor dizer sobre a personalidade de Mário Vieira, transcrevemos a crônica do jornalista Adherbal de Arecippo, publicada no Jornal de Alagoas, do dia 1º de agosto de 1974 e citada por Aldemar de Mendonça em Monografia de Pão de Açúcar:

Um Rapaz do Meu Tempo – A minha adolescência foi vivida na cidade de Pão de Açúcar. Ali atravessei um período considerado o melhor da existência humana. Justamente o que vai dos sete aos dezoito anos, época na qual vive-se melhor, porque a vida não nos preocupa muito.

E naquela fase, como era natural, tive excelentes colegas, possuí magníficos amigos. Com eles eu caçava pequenos passarinhos. Jogávamos bola-de-mão. Menos com Mário Soares Vieira, porque era um pouco diferente dos outros meninos.

Mário, relativamente, já nasceu homem. Não tinha muita inclinação para fazer o que os seus amigos e companheiros realizavam. Era, dentre os meninos daquele tempo, o que mais se impunha. Dir-se-ia possuidor do espírito de um adulto. Brincava muito pouco. Conversava. Discutia. E os seus gracejos não eram como os nossos. Já eram gracejos de rapaz.

Eu e ele fomos muito ligados. Mas, com Nequito Pastor, Mário era mais íntimo. Muito jovem ainda, quando brincávamos e frequentávamos a escola primária. Mário Vieira já trabalhava. Não o fazia por ser um pouco mais velho que os companheiros. Mas porque, proporcionalmente, já nasceu homem. Iniciou-se no trabalho, servindo á loja do tio Alberto. Depois veio para Maceió, prestando serviço a Ferragem José Simons. Mas demorou pouco. A família, das melhores e mais dignas, fê-lo voltar. A terra-natal também o chamou, por força da saudade que sentia de um dos seus melhores filhos.

Em outubro de 1930, a Revolução chegou a Pão de Açúcar, e procurou um homem de bem para governar o município. E encontrou na pessoa de Mário Vieira.

Entretanto antes tivesse ficado Mário aqui. Embora longe dos seus e distante da cidade em que nasceu. Porque, dolorosamente, teve um fim imerecido e, portanto, desagradável, apesar de ser detentor de uma vida das mais honrosas, possuidor de um comportamento dos mais exemplares.

Um atrabiliário, sem origem, sem princípio, “por de cá aquela palha”[v], desfecha-lhe um tiro que lhe atinge um braço. Nada seria se estivéssemos nos dias atuais. Mas lhe falou a necessária assistência médica. E quando pôde alcança-la com suficiência, já com dias decorridos, era tarde.

Os médicos de Penedo, para cuja cidade se transportara, não tiveram mais os elementos precisos para salva-lo. E Mário morre, ainda rapaz, deixando a família, os companheiros de adolescência e amigos, sob imorredoura saudade. E o cemitério de Penedo recebe e guarda o corpo que foi animado por um espírito dos mais equilibrados que eu conheci.”

Na Vila Limoeiro, a rua que vai do porto de baixo até a igreja leva o seu nome.

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Nota. O “rapazinho de 13 anos” a que se refere Aldemar de Mendonça era Jonas Tavares Amorim, filho de João Tavares Amorim.

Meu saudoso pai (Agnelo Tavares Amorim) evitava falar desse episódio, porque se emocionava. Contou-me ele que seu pai, mesmo abatido pela perda do filho naquelas circunstâncias, foi, dois dias depois para a ilha, cuidar do sítio e lá encontrou pegadas do menino, com quem estivera no dia anterior ao triste acontecimento. Apanhou, então, alguns cacos de telha que havia perto, e com eles cobriu as marcas dos pés de Jonas, em tentativa desesperada de manter viva aquela lembrança dele... E, sempre que lá voltava, levantava os pedaços de telha para contemplar, chorando, os moldes de areia.

Com o tempo, aquelas marcas desapareceram. Ficaram, entretanto, as lembranças daquele episódio triste e revoltante. Enlutadas se acham, ainda hoje, as famílias de Mário Soares Vieira e de Jonas Tavares Amorim.

3.      AUGUSTO DE FREITAS MACHADO              De 09/06/1932 a 14/09/1934

A Primeira Gestão do prefeito Augusto de Freitas Machado foi de 09/06/1932 a 14/09/1934.

O Sr. Augusto Machado

O Orçamento Municipal para 1934 foi de 64:000$000 (Sessenta e Quatro Mil Réis=Sessenta e Quatro Contos de Réis).[vi]

A essa época era Fiscal de Consumo o Sr. Valentim Amaral, casado com a Srª Carmélia Amaral. Ele veio transferido do Estado do Maranhão e, depois de Pão de Açúcar, foi para Santa Catarina, já em 1935.

Era Coletor de 2ª Classe o Sr. Felinto Gonzaga da Silva, casado com a pão-de-açucarense Elizateth Duarte da Silva (filha de Aurélio Duarte de Albuquerque e Clara de Almeida Albuquerque).

Era professor em Pão de Açúcar e Belo Monte o Sr. Antônio Malta de Souza.[vii]

Era Promotor Público o Dr. Antenor Acioli Cavalcanti.

Nesta Gestão, além de outras obras, foi construído o Grupo Escolar Bráulio Cavalcante, com recursos do Governo do Estado, conforme notícia do jornal Diário de Pernambuco, de 25 de fevereiro de 1934.

"No Departamento Municipal, esteve no dia 21 do vigente, o prefeito de Pão de Açúcar, comunicando vários melhoramentos naquele município, entre os quais a conclusão, no próximo mês de março, do prédio do grupo escolar, a conservação das diversas estradas de rodagem do município e o início da construção de um açougue público no povoado de Batalha, distrito de Belo  Monte."

O Grupo Escolar Bráulio Cavalcante em 1934.

Outras importantes obras foram realizadas nesse período administrativo: a abertura da estrada Pão de Açúcar-Jacaré dos Homens e o alargamento da Rua Duque de Caxias (atualmente, Ver. Antônio Machado Guimarães).

No dia 1º de outubro de 1933, assume o cargo de Promotor Público em Pão de Açúcar o Acadêmico Dr. Ulisses de Mendonça Braga Junior.[viii]

Tendo o prefeito que se ausentar do Município para trato de assuntos particulares em São Paulo e no Rio de Janeiro, assumiu o Sr. Luiz Gonzaga Sobrinho.

Luiz Gonzaga Sobrinho      De 13 de março de 1934 a 11 de maio de 1934.

O Sr. Luiz Gonzaga Sobrinho

Nasceu a 14 de fevereiro de 1886 e faleceu a 11de março de 1961. Era filho de Pedro Campos e Maria José Machado Campos.

Em 1916, foi Juiz Distrital no Distrito da Cidade.

Em 1926, casa-se com Laureta Etelvina de Brito Lisboa (após casamento: Laureta Lisboa Campos; faleceu no Recife aos 81 anos no dia 11 de abril de 1983, filha de Firmino Martins Lisboa Filho e Maria Francisca Brito Lisboa).[ix]

O Interventor Federal em Alagoas, Osman Loureiro, por Ato de 6 de setembro de 1934, exonerou, a pedido, o Sr. Augusto de Freitas Machado e nomeou o Pe. José Soares Pinto. Nos quatro últimos dias (11 a 14/09/1934) o funcionário João Machado da Costa (Joca) ficou respondendo pelo Expediente da Prefeitura.

 

 

4.      PADRE JOSÉ SOARES PINTO  De 14/09/1934 a 06/01/1936

O Pe. Soares Pinto

Retorna à Prefeitura o Padre Pinto, firmando-se como a principal liderança política do município. Os dois próximos prefeitos teriam a sua indicação.

A 13 de setembro de 1934, o Padre Pinto enviou ao Interventor Osman Loureiro o seguinte telegrama:

“Exmº Dr. Osman Loureiro – Interventor Federal – Maceió.

Tenho satisfação participar a V. Exª que após minha posse cargo prefeito foi solenemente vulgarizada a comissão diretora municipal do Partido Republicano de Alagoas, que ficou constituída maneira seguinte: Presidente: Padre Soares Pinto; Secretário, farmacêutico Antônio de Freitas Machado; Membros, Manoel Pastor da Veiga, João Freitas, Mário Soares Vieira, Manoel Rego, José Gonçalves Filho, Ernesto Soares Vieira e Antônio Silva Pereira. Saudações respeitosas, Padre Soares Pinto.” 

Em 1934, o município contava com dois médicos: o Dr. Luiz Lessa e o Dr. Luiz Machado de Andrade.

O Dr. Luiz Lessa, natural de Palmares, Estado de Pernambuco. Em 1932, era ainda acadêmico. Em 1933, já atuava em Pão de Açúcar, ocasião em que aconteceu surto de varíola no município.

Havia um “dentista prático” licenciado, o Dr. Euclides Cirino, como tantos outros naquela época. Em 1952, quando já atuava na cidade de Valença-PI, este profissional teve seu consultório fechado por ordem do diretor de saúde pública.

Era Promotor Público o Dr. Arnaldo Lelis da Silva.[x] No Jornal Pequeno, Recife, 23 de janeiro de 1933, lê-se uns versinhos dele, nos seguintes termos:

“Arnaldo Lelis me chamam

Sou doutor, fui delegado.

Sou bicho vivo e sarado

Destes meus casos de “amor”...

Professor e jornalista,

Às vezes também poeta

Vivo em busca da conquista

D’um cargo de Promotor.”

O Dr. Arnaldo seria, efetivamente, nomeado pelo Interventor em Ato de 30 de maio daquele ano.

O Juiz de Direito da Comarca era o Dr. Dermeval Freire de Menezes e o Delegado de Polícia era o Aspirante Vicente Ramos da Silva.[xi]

Por razões que não tivemos a oportunidade de conhecer, a Administração do Padre Soares Pinto foi novamente interrompida. Notícia do jornal A NAÇÃO, do Rio de Janeiro, na edição de 16 DE JANEIRO DE 1936, dá conta de que ele teria sido exonerado:

            “Exoneração e nomeação de prefeito para o município de Pão de Açúcar.

“Maceió, 15. (União) O Interventor Osman Loureiro exonerou o Padre José Soares Pinto do cargo de prefeito do município de Pão de Açúcar, nomeando para substituí-lo o Sr. Seraphim Soares Pinto.”

(Para saber mais sobre o Padre José Soares Pinto, clique AQUI)

 

SERAPHIM SOARES PINTO.                 De 08/01/1935 a 07/01/1936.


O Sr. Sefaphim Soares Pinto

Neste último período coube-lhe receber dignamente a Caravana dos Estudantes de Direito do Rio de Janeiro, entre eles o poeta J. G. de Araújo Jorge. (Para saber mais sobre essa visita, clique AQUI)

No dia 2 de julho de 1935 tem início as aulas no novíssimo Grupo Escolar Bráulio Cavalcante, sendo sua primeira diretora a Professora Rosália Sampaio Beserra.



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Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.

Tratamento de imagens: Vívia Rodrigues Amorim.

[i] Presidente do Estado de São Paulo (cargo equivalente ao de governador) de 14 de julho de 1927 até 21 de maio de 1930.

[ii] Audálio Tenório de Albuquerque. Nasceu em Águas Belas – PE. Filho do Cel. Francisco Martins de Albuquerque Filho e de Olímpia Tenório de Cerqueira (ou Siqueira). No dia 24 de novembro de 1927, casou-se com Maria das Dores Ubirajara Tenório, em Águas Belas, filha do Cel. Nicolau Cavalcanti de Siqueira e Manuela de Araújo Siqueira. Era Deputado Estadual em Pernambuco quando foi cassado pelo Conselho de Segurança Nacional, nos termos do AI-5. Faleceu no Recife, no dia 8 de março de 1992, aos 85 anos.

[iii] Jornal do Penedo, 12 de julho de 1890.

[iv] Diário de Pernambuco, Recife, 28 de novembro de 1924.

[v] por dá cá aquela palha. Expressão que significa: sem nenhum motivo importante; por qualquer razão...

 

"por dá cá aquela palha", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2024, https://dicionario.priberam.org/por%20d%C3%A1%20c%C3%A1%20aquela%20palha.

[vi] Diário de Pernambuco, 21 de janeiro de 1934.

[vii] Diário da Manhã, Recife, 8 de agosto de 1934.

[viii] Diário de Pernambuco, 19 de outubro de 1933.

[ix] Diário de Pernambuco, 24 de agosto de 1926.

[x] Filho do Sr. Camilo Lelis da Silva e Maria Dias da Silva. Casado com Marly Hauly Lelis, em Traipu, filha de Daniel Houly e Georgina de Carvalho Houly.

[xi] Vicente Ramos da Silva, natural de Traipu-AL, casado com Hercília de Farias Ramos.

3 comentários:

  1. Desavenças político partidárias, traições, revolução, nomeações, perseguições políticas... ufa! Isso dá um baita de um filme. Temos aqui registrados, mais uma vez, ricos fatos históricos de nossa terra, de nossos antepassados

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  2. Amo ler suas publicações!!!

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  3. Viajar no andar superior do Comendador Peixoto era experiência para nunca esquecer…

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