Por Etevaldo
Amorim
Para as eleições
presidenciais de 1930, que se realizariam em 1º de março nos vinte Estados e no
Distrito Federal (Rio de Janeiro), as articulações começaram em meados do ano
anterior. De acordo com a “política do
café com leite”, seria a vez de um candidato mineiro para suceder o
presidente paulista Washington Luiz. Este, entretanto, quebrando o acordo,
indicou um co-estaduano, o advogado Júlio Prestes, pelo PRP – Partido
Republicano Paulista. Tendo como candidato a Vice-Presidente o baiano Vital
Soares, e contando com apoio em dezessete Estados, Júlio Prestes formou a “Concentração Republicana”.
O PRM – Partido
Republicano Mineiro rebelou-se contra a decisão de Washington Luiz e indicou o
govenador de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada. Precisando
angariar apoio, buscou fazer alianças com outros Estados e acabou cedendo a
candidatura ao gaúcho Getúlio Vargas, do Partido Republicano Rio-grandense, e que
tinha sido Ministro da Fazenda do próprio presidente de então.
Como candidato a
Vice-Presidente, apresentaram o paraibano João Pessoa, sobrinho do ex-presidente
Epitácio Pessoa. Formou-se, assim, a “Aliança
Liberal”, reunindo os Estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba.
De Pão de Açúcar-AL,
onde era Prefeito, o Padre José Soares Pinto emite o seguinte telegrama ao
Presidente[i]
Júlio Prestes, publicado no jornal Correio Paulistano, de 18/02/1930:
“Pão de Açúcar. 12/02/1930. Tenho a
satisfação de participar a V. Ex.ª a
passagem, ontem, por esta cidade, do nosso eminente amigo, Senador Costa Rego,
em propaganda das candidaturas de Júlio Prestes e Vital Soares, tendo recebido
mais eloquentes provas de franca solidariedade do povo deste município. Sua
Excelência fez, no cinema, uma brilhante conferência política, demonstrando a
mistificação da Aliança Liberal, sendo delirantemente aclamado pela multidão, o
mesmo sucedendo ao nome dos candidatos, Presidente Washington Luiz e Governador
Álvaro Paes. Atenciosas saudações. (a) Padre Soares Pinto.”
Realizado o
pleito, o resultado foi proclamado em 20 de março:
Presidente: Júlio Prestes: 1.091.709 votos, 59,39%
Getúlio
Vargas: 742.794 votos, 40,41%
Vice-Presidente: Vital Soares: 1.079.360 votos, 59,67%
João
Pessoa: 725.566 votos, 40,11%
Em Alagoas, o
resultado foi o seguinte:
Presidente: Júlio Prestes: 7.517 votos
Getúlio
Vargas: 1.585 votos
Vice-Presidente: Vital Soares: 7.225 votos
João
Pessoa: 551 votos
(Fonte: Costa Rego:
Diário de Pernambuco, 4 de março de 1930.)
Os membros da
Aliança Liberal não reconheceram o resultado, acusando de fraudulento o
processo eleitoral. A tensão política foi agravada com o assassinato do
candidato a Vice-Presidente João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, ocorrido no
Recife, em 26 de julho de 1930.
Com a adesão de
militares, notadamente dos oficiais de baixa patente, como os tenentes, com movimentação
de tropas em diversas partes do país, uma escalada de acontecimentos culminou
com a deposição do presidente Washington Luiz Pereira de Souza, em 24 de
outubro de 1930, vinte e um dias antes do término do seu mandato como
presidente da república, por um golpe militar liderado pelo general Tasso
Fragoso.
Consolidado o
movimento, o presidente deposto foi sucedido por uma junta provisória composta
pelos generais Tasso Fragoso e Mena Barreto, e pelo almirante Isaías de
Noronha. Getúlio Vargas então, assume a chefia do "Governo Provisório" em 3 de novembro de 1930, data que marca o
fim da República Velha e da início a Era Vargas.
Em Alagoas, era
governador o Sr. Álvaro Corrêa Paes, que embora tentasse resistir, acabou por
deixar o governo, a exemplo do Governador de Pernambuco, Estácio Coimbra. (Para
saber mais sobre Alagoas na Revolução de 1930, clique AQUI)
Nas
principais cidades do Baixo São Francisco houve movimentação de tropas, notadamente
em Penedo, em Alagoas; e Propriá, no Estado de Sergipe. Na foto abaixo, vemos o
Capitão Juracy Magalhães, que comandava uma “coluna revolucionária”, ao lado de um sacerdote, na cidade
sergipana de Propriá.
O Capitão Juracy Magalhães em Propriá (Sergipe), em 1930. Foto: Revista Excelsior. |
Aliás,
para melhor e mais rapidamente se movimentarem, os comandantes requisitaram
embarcações para o transporte de tropas de Penedo (Alagoas) e Propriá
(Sergipe), como os navios Comendador Peixoto e Penedo, que por muitas décadas
serviram na linha Penedo-Piranhas, este último conhecido por “Penedinho”. (Para saber mais sobre essas
embarcações, clique AQUI)
Os navios Penedo e Comendador Peixoto ancorados no porto de Propriá, em 1930. Foto: Revista Excelsior. |
Telegramas publicados
na imprensa da época testemunham a marcha dos militares naquela região do Vale,
naquele mês de outubro:
DIÁRIO DE PERNAMBUCO,
17 de outubro de 1930.
Dia 15. Propriá.
“Encontra-se nesta cidade, desde
hoje pela manhã, procedente do Recife, a coluna revolucionária comandada pelo
Coronel Juracy Magalhães. Essa tropa, que se acha nas melhores disposições, foi
aqui recebida com o mais vivo entusiasmo. Destina-se à capital deste Estado.”
DIÁRIO DE PERNAMBUCO,
18 de outubro de 1930.
“Dia 18. João Pessoa-PB, 16.
Presidente José Américo de Almeida recebeu, ontem, do Coronel Juracy Magalhães,
comandante das tropas que avançam sobre a Bahia, o seguinte telegrama:
Propriá(SE), 16. Presidente José
Américo - João Pessoa. No momento em que
transpomos o rio São Francisco, utilizando todos os meios de transporte ao nosso alcance, através de peripécias que
mostram denodo nossas tropas, saudamos na sua pessoa o povo da heroica e
pequenina Paraíba.
Acabo de receber comunicação de que
foi presa Comitiva José Pereira pela força paraibana sob meu comando, tendo
coronel Gomes avisado que também está preso o terrível chefe cangaceiro. Meu G.
B. C marchará sobre Aracaju, fazendo vanguarda tropas nosso querido heroico
General Juarez – Abraços – Coronel Juracy.”
Resposta de José
Américo.
“Coronel Juracy Magalhães – Propriá
ou Aracaju. Agradeço suas comunicações de vitória de nossa causa, de que foi,
no momento inicial, um fator precípuo, e de que está sendo um dos mais
brilhantes vanguardeiros aos impulsos do mais nobre idealismo patriótico. Peço
transmitir a todos os seus destemidos comandados minhas calorosas saudações.
Abraços – José Américo.”
Segundo Aldemar
de Mendonça, quando irrompeu o movimento de outubro de 1930, chegou a Pão de
Açúcar o Dr. Audálio Tenório[ii],
chefiando uma tropa revolucionária, depondo o prefeito eleito Pe. José Soares
Pinto e nomeando o Cap. Manoel Rego. Não sabemos se passa por certo, mas
fala-se que teriam destruído os arquivos da Prefeitura. Fato é que são escassos
os documentos daquela data para trás.
O Cel. Audálio Tenório de Albuquerque |
Lauro Marques,
em matéria publicada no Diário de Pernambuco de 16 de setembro de 1934, assim
fala sobre o fato:
“Na administração do Padre Soares Pinto, estalou o
movimento revolucionário – a Revolução de Outubro, que nos veio renovar os
costumes políticos e fazer do Brasil um país cujo nome, além de nossas
fronteiras, alcançasse as dimensões de sua grandeza geográfica. E Pão de Açúcar
abraçou, clangorando a sua confiança num futuro melhor, as ideias dos
fragmentadores da Primeira República.”
1.
CAPITÃO MANOEL
REGO De 13/10/1030 a 13/04/1931
O Capitão Manoel Rego. |
Manoel de Souza Rego Filho nasceu em Pão de Açúcar-AL no dia 2 de novembro de 1865. Sua mãe, Feliciana Emília Maciel de Carvalho, natural de Pernambuco, foi para Pão de Açúcar como professora de uma das cadeiras de Primeiras Letras, nomeada pela Presidência da Província. Ali se casou com o português Manoel de Souza Rego, natural da Ilha da Madeira, constituindo uma das mais tradicionais famílias dessa cidade sanfranciscana.
Em 1890, era
membro do Conselho da Intendência, tendo sido exonerado, a pedido, em julho
daquele ano.[iii]
Em 27 de
novembro de 1924, foi exonerado do cargo de Administrador da Recebedoria de Pão
de Açúcar.[iv]
Faleceu a 4 de
fevereiro de 1937. Há, no povoado Ipueiras, uma escola com o seu nome. quer
saber mais sobre o Capitão Manoel Rego? Clique AQUI.
2.
MÁRIO SOARES
VIEIRA De 13 de abril de 1931 a 9 de junho de 1932.
O Sr. Mário Vieira |
No período de sua administração, era Chefe do Governo Provisório, em decorrência do Golpe de 1930, o Sr. Getúlio Vargas e o Interventor em Alagoas, o General Tasso de Oliveira Tinoco (31/10/1931-25/10/1932).
O Juiz de
Direito da Comarca era o Dr. Dermeval Feire de Menezes.
Sobre a sua
breve administração, diz Lauro Marques:
“Veio-nos
depois Mário Vieira, moço dedicado e honesto que, em quinze meses de
administração, iluminou povoações, abriu e conservou estradas, calçou ruas e
higienizou a cidade, sem se esquecer de reparar as obras deixadas pelos seus
antecessores.”
Filho de Pedro
Soares Vieira e Maria Custódia Bezerra Vieira. Casou-se com Maria Alves de
Mello Feitosa, conhecida por Caçulinha (filha de José Alves Feitosa e Maria
José de Mello Feitosa (esta filha do professor Manoel Antônio Soares de Mello e
de Maria Francisca de Campos). Tinha os irmãos: José Alves Feitosa (Juca do
Cartório).
Uma filha de
Mário Vieira, Maria Feitosa Vieira (Maria Vieira Marques da Silva), nascida em
30/05/1927, é viúva do Ex-Deputado Marques da Silva.
“Seu Mário”
faleceu em Penedo, no dia 27 de janeiro de 1936, quando buscava socorro aos
ferimentos sofridos a tiros no dia 25, na festa de Jesus, Maria e José,
padroeiros de Limoeiro.
O historiador
Aldemar de Mendonça, em seu livro PÃO DE AÇÚCAR, HISTÓRIA E EFEMÉRIDES, relata
o acontecido:
“Na vila Alecrim (Limoeiro), Mário
Soares Vieira é gravemente ferido por um tiro de fuzil Mauser , acionado por um
cabo da Polícia Militar, do destacamento de Belo Monte.
Apesar da amputação que lhe foi feita em
um braço, na cidade de Penedo, Mário veio a falecer no dia 27 de janeiro.
O policial viera de Belo Monte para a
Vila Alecrim naquele dia em que se festejava o padroeiro da vila e, já meio
embriagado, alardeava valentia, desacatando os homens da localidade, no momento
em que Mário chegava do povoado São José da Tapera.
Ao ouvir os impropérios do cabo da
polícia, Mário lhe fez sentir que, sendo ele um militar, devia respeitar a
população. Isto foi o suficiente para que o policial, não levando em
consideração a aglomeração, desfechasse vários tiros de fuzil, resultando a
morte imediata de um rapazinho de 13 anos de idade, um ferimento em outro rapaz
e o que ocasionou a morte de Mário.
Poucos dias depois, preso o criminoso e
transferido para a cadeia de Pão de Açúcar, foi assassinado, também, por amigos
e parentes de Mário Vieira, os quais invadiram a cadeia e desfecharam vários
tiros no cabo da polícia. A parte cômica em toda a tragédia é que, no momento
em que a população se alarmava, supondo tratar-se de um ataque feito pelo grupo
de Lampião, o sub-delegado de polícia, João Bahia, procura tranquilizar o povo
dizendo:
- Não é nada,
minha gente! É que estão matando o cabo na cadeia.”
Acerca desse
crime do cabo Vicente Honório Bezerra, foi publicada essa notícia no jornal
Diário da Manhã, Recife, em 19 de fevereiro de 1936:
“ATACADA POR UM GRUPO A CADEIA DE PÃO DE
AÇÚCAR E ASSASSINADO UM DETENTO.
MACEIÓ – 18. Às 19:30 h, na cidade de
Pão de Açúcar, um grupo de desconhecidos atacou a cadeia com cerrado tiroteio,
a fim de assassinar o detento Vicente Honório, preso no dia 25 último, por
motivo de dois assassinatos. O detento foi, afinal, morto. Resistiu ao ataque à
cadeia o soldado Baraúna. O grupo evadiu-se. O Chefe de Polícia recebeu
comunicação e ordenou seguisse para ali um contingente sob o comando de um
Oficial.”
Para melhor
dizer sobre a personalidade de Mário Vieira, transcrevemos a crônica do
jornalista Adherbal de Arecippo, publicada no Jornal de Alagoas, do dia 1º de
agosto de 1974 e citada por Aldemar de Mendonça em Monografia de Pão de Açúcar:
“Um
Rapaz do Meu Tempo – A minha adolescência foi vivida na cidade de Pão de
Açúcar. Ali atravessei um período considerado o melhor da existência humana.
Justamente o que vai dos sete aos dezoito anos, época na qual vive-se melhor,
porque a vida não nos preocupa muito.
E naquela fase, como era natural, tive
excelentes colegas, possuí magníficos amigos. Com eles eu caçava pequenos
passarinhos. Jogávamos bola-de-mão. Menos com Mário Soares Vieira, porque era
um pouco diferente dos outros meninos.
Mário, relativamente, já nasceu homem.
Não tinha muita inclinação para fazer o que os seus amigos e companheiros
realizavam. Era, dentre os meninos daquele tempo, o que mais se impunha.
Dir-se-ia possuidor do espírito de um adulto. Brincava muito pouco. Conversava.
Discutia. E os seus gracejos não eram como os nossos. Já eram gracejos de
rapaz.
Eu e ele fomos muito ligados. Mas, com Nequito
Pastor, Mário era mais íntimo. Muito jovem ainda, quando brincávamos e
frequentávamos a escola primária. Mário Vieira já trabalhava. Não o fazia por
ser um pouco mais velho que os companheiros. Mas porque, proporcionalmente, já
nasceu homem. Iniciou-se no trabalho, servindo á loja do tio Alberto. Depois
veio para Maceió, prestando serviço a Ferragem José Simons. Mas demorou pouco.
A família, das melhores e mais dignas, fê-lo voltar. A terra-natal também o
chamou, por força da saudade que sentia de um dos seus melhores filhos.
Em outubro de 1930, a Revolução chegou a
Pão de Açúcar, e procurou um homem de bem para governar o município. E
encontrou na pessoa de Mário Vieira.
Entretanto antes tivesse ficado Mário
aqui. Embora longe dos seus e distante da cidade em que nasceu. Porque,
dolorosamente, teve um fim imerecido e, portanto, desagradável, apesar de ser
detentor de uma vida das mais honrosas, possuidor de um comportamento dos mais
exemplares.
Um atrabiliário, sem origem, sem
princípio, “por de cá aquela palha”[v],
desfecha-lhe um tiro que lhe atinge um braço. Nada seria se estivéssemos nos
dias atuais. Mas lhe falou a necessária assistência médica. E quando pôde
alcança-la com suficiência, já com dias decorridos, era tarde.
Os médicos de Penedo, para cuja cidade
se transportara, não tiveram mais os elementos precisos para salva-lo. E Mário
morre, ainda rapaz, deixando a família, os companheiros de adolescência e
amigos, sob imorredoura saudade. E o cemitério de Penedo recebe e guarda o
corpo que foi animado por um espírito dos mais equilibrados que eu conheci.”
Na Vila Limoeiro, a rua que vai do porto de baixo até a igreja leva o seu nome.
____
Nota. O
“rapazinho de 13 anos” a que se refere Aldemar de Mendonça era Jonas Tavares
Amorim, filho de João Tavares Amorim.
Meu saudoso pai
(Agnelo Tavares Amorim) evitava falar desse episódio, porque se emocionava.
Contou-me ele que seu pai, mesmo abatido pela perda do filho naquelas circunstâncias,
foi, dois dias depois para a ilha, cuidar do sítio e lá encontrou pegadas do menino,
com quem estivera no dia anterior ao triste acontecimento. Apanhou, então,
alguns cacos de telha que havia perto, e com eles cobriu as marcas dos pés de
Jonas, em tentativa desesperada de manter viva aquela lembrança dele... E,
sempre que lá voltava, levantava os pedaços de telha para contemplar, chorando,
os moldes de areia.
Com o tempo,
aquelas marcas desapareceram. Ficaram, entretanto, as lembranças daquele
episódio triste e revoltante. Enlutadas se acham, ainda hoje, as famílias de
Mário Soares Vieira e de Jonas Tavares Amorim.
3.
AUGUSTO DE
FREITAS MACHADO De 09/06/1932
a 14/09/1934
A Primeira Gestão do prefeito Augusto de Freitas Machado foi de 09/06/1932 a 14/09/1934.
O Sr. Augusto Machado |
O Orçamento
Municipal para 1934 foi de 64:000$000 (Sessenta e Quatro Mil Réis=Sessenta e
Quatro Contos de Réis).[vi]
A essa época era
Fiscal de Consumo o Sr. Valentim Amaral, casado com a Srª Carmélia Amaral. Ele
veio transferido do Estado do Maranhão e, depois de Pão de Açúcar, foi para
Santa Catarina, já em 1935.
Era Coletor de 2ª
Classe o Sr. Felinto Gonzaga da Silva, casado com a pão-de-açucarense Elizateth
Duarte da Silva (filha de Aurélio Duarte de Albuquerque e Clara de Almeida
Albuquerque).
Era professor em
Pão de Açúcar e Belo Monte o Sr. Antônio Malta de Souza.[vii]
Era Promotor
Público o Dr. Antenor Acioli Cavalcanti.
Nesta Gestão,
além de outras obras, foi construído o Grupo Escolar Bráulio Cavalcante, com
recursos do Governo do Estado, conforme notícia do jornal Diário de Pernambuco,
de 25 de fevereiro de 1934.
"No Departamento Municipal, esteve
no dia 21 do vigente, o prefeito de Pão de Açúcar, comunicando vários
melhoramentos naquele município, entre os quais a conclusão, no próximo mês de
março, do prédio do grupo escolar, a conservação das diversas estradas de
rodagem do município e o início da construção de um açougue público no povoado
de Batalha, distrito de Belo
Monte."
O Grupo Escolar Bráulio Cavalcante em 1934. |
Outras importantes obras foram realizadas nesse período administrativo: a abertura da estrada Pão de Açúcar-Jacaré dos Homens e o alargamento da Rua Duque de Caxias (atualmente, Ver. Antônio Machado Guimarães).
No dia 1º de
outubro de 1933, assume o cargo de Promotor Público em Pão de Açúcar o
Acadêmico Dr. Ulisses de Mendonça Braga Junior.[viii]
Tendo o prefeito
que se ausentar do Município para trato de assuntos particulares em São Paulo e
no Rio de Janeiro, assumiu o Sr. Luiz Gonzaga Sobrinho.
Luiz Gonzaga Sobrinho De 13 de março de 1934 a 11 de maio de 1934.
O Sr. Luiz Gonzaga Sobrinho |
Nasceu a 14 de fevereiro de 1886 e faleceu a 11de março de 1961. Era filho de Pedro Campos e Maria José Machado Campos.
Em 1916, foi
Juiz Distrital no Distrito da Cidade.
Em 1926, casa-se
com Laureta Etelvina de Brito Lisboa (após casamento: Laureta Lisboa Campos;
faleceu no Recife aos 81 anos no dia 11 de abril de 1983, filha de Firmino
Martins Lisboa Filho e Maria Francisca Brito Lisboa).[ix]
O Interventor
Federal em Alagoas, Osman Loureiro, por Ato de 6 de setembro de 1934, exonerou,
a pedido, o Sr. Augusto de Freitas Machado e nomeou o Pe. José Soares Pinto. Nos
quatro últimos dias (11 a 14/09/1934) o funcionário João Machado da Costa
(Joca) ficou respondendo pelo Expediente da Prefeitura.
4.
PADRE JOSÉ SOARES
PINTO De 14/09/1934 a 06/01/1936
O Pe. Soares Pinto |
Retorna à Prefeitura o Padre Pinto, firmando-se como a principal liderança política do município. Os dois próximos prefeitos teriam a sua indicação.
A 13 de setembro
de 1934, o Padre Pinto enviou ao Interventor Osman Loureiro o seguinte
telegrama:
“Exmº Dr. Osman Loureiro – Interventor
Federal – Maceió.
Tenho satisfação participar a V. Exª que após minha posse cargo prefeito foi solenemente vulgarizada a comissão diretora municipal do Partido Republicano de Alagoas, que ficou constituída maneira seguinte: Presidente: Padre Soares Pinto; Secretário, farmacêutico Antônio de Freitas Machado; Membros, Manoel Pastor da Veiga, João Freitas, Mário Soares Vieira, Manoel Rego, José Gonçalves Filho, Ernesto Soares Vieira e Antônio Silva Pereira. Saudações respeitosas, Padre Soares Pinto.”
Em 1934, o município contava com dois médicos: o Dr. Luiz Lessa e
o Dr. Luiz Machado de Andrade.
O Dr. Luiz Lessa, natural de Palmares, Estado de Pernambuco. Em
1932, era ainda acadêmico. Em 1933, já atuava em Pão de Açúcar, ocasião em que
aconteceu surto de varíola no município.
Havia um “dentista prático”
licenciado, o Dr. Euclides Cirino, como tantos outros naquela época. Em 1952,
quando já atuava na cidade de Valença-PI, este profissional teve seu
consultório fechado por ordem do diretor de saúde pública.
Era Promotor
Público o Dr. Arnaldo Lelis da Silva.[x] No
Jornal Pequeno, Recife, 23 de janeiro de 1933, lê-se uns versinhos dele, nos
seguintes termos:
“Arnaldo Lelis
me chamam
Sou doutor, fui
delegado.
Sou bicho vivo e
sarado
Destes meus
casos de “amor”...
Professor e
jornalista,
Às vezes também
poeta
Vivo em busca da
conquista
D’um cargo de
Promotor.”
O Dr. Arnaldo
seria, efetivamente, nomeado pelo Interventor em Ato de 30 de maio daquele ano.
O Juiz de
Direito da Comarca era o Dr. Dermeval Freire de Menezes e o Delegado de Polícia
era o Aspirante Vicente Ramos da Silva.[xi]
Por razões que não tivemos a oportunidade de conhecer, a
Administração do Padre Soares Pinto foi novamente interrompida. Notícia do
jornal A NAÇÃO, do Rio de Janeiro, na edição de 16 DE JANEIRO DE 1936, dá conta
de que ele teria sido exonerado:
“Exoneração e nomeação de prefeito para o
município de Pão de Açúcar.
“Maceió,
15. (União) O Interventor Osman Loureiro exonerou o Padre José Soares Pinto do
cargo de prefeito do município de Pão de Açúcar, nomeando para substituí-lo o Sr.
Seraphim Soares Pinto.”
(Para saber mais
sobre o Padre José Soares Pinto, clique AQUI)
SERAPHIM SOARES
PINTO. De 08/01/1935 a
07/01/1936.
O Sr. Sefaphim Soares Pinto |
Neste último período coube-lhe receber dignamente a Caravana dos Estudantes de Direito do Rio de Janeiro, entre eles o poeta J. G. de Araújo Jorge. (Para saber mais sobre essa visita, clique AQUI)
No dia 2 de julho de 1935 tem início as aulas no
novíssimo Grupo Escolar Bráulio Cavalcante, sendo sua primeira diretora a
Professora Rosália Sampaio Beserra.
____
Caro leitor,
Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E
LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes.
Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta
documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão,
solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer
trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo
também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é
correto e justo.
[i]
Presidente do Estado de São Paulo (cargo equivalente ao de governador) de 14 de
julho de 1927 até 21 de maio de 1930.
[ii]
Audálio Tenório de Albuquerque. Nasceu em Águas Belas – PE. Filho do Cel.
Francisco Martins de Albuquerque Filho e de Olímpia Tenório de Cerqueira (ou
Siqueira). No dia 24 de novembro de 1927, casou-se com Maria das Dores
Ubirajara Tenório, em Águas Belas, filha do Cel. Nicolau Cavalcanti de Siqueira
e Manuela de Araújo Siqueira. Era Deputado Estadual em Pernambuco quando foi
cassado pelo Conselho de Segurança Nacional, nos termos do AI-5. Faleceu no
Recife, no dia 8 de março de 1992, aos 85 anos.
[iii]
Jornal do Penedo, 12 de julho de 1890.
[iv]
Diário de Pernambuco, Recife, 28 de novembro de 1924.
[v]
por dá cá aquela palha. Expressão que significa: sem nenhum motivo importante;
por qualquer razão...
"por dá cá aquela palha", in Dicionário
Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2024, https://dicionario.priberam.org/por%20d%C3%A1%20c%C3%A1%20aquela%20palha.
[vi]
Diário de Pernambuco, 21 de janeiro de 1934.
[vii]
Diário da Manhã, Recife, 8 de agosto de 1934.
[viii]
Diário de Pernambuco, 19 de outubro de 1933.
[ix]
Diário de Pernambuco, 24 de agosto de 1926.
[x]
Filho do Sr. Camilo Lelis da Silva e Maria Dias da Silva. Casado com Marly
Hauly Lelis, em Traipu, filha de Daniel Houly e Georgina de Carvalho Houly.
[xi]
Vicente Ramos da Silva, natural de Traipu-AL, casado com Hercília de Farias
Ramos.
Desavenças político partidárias, traições, revolução, nomeações, perseguições políticas... ufa! Isso dá um baita de um filme. Temos aqui registrados, mais uma vez, ricos fatos históricos de nossa terra, de nossos antepassados
ResponderExcluirAmo ler suas publicações!!!
ResponderExcluirViajar no andar superior do Comendador Peixoto era experiência para nunca esquecer…
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