segunda-feira, 16 de agosto de 2021

PIRANHAS - UMA ESPÉCIE DE PARAÍSO

 

Por Etevaldo Amorim


Nas páginas da Revista Comercial das Alagoas, edição de 31 de agosto de 1912, deparo-me com uma rica e minuciosa descrição da nossa querida e histórica Piranhas, cidade-lapinha, já tão decantada pelos seus inúmeros atrativos turísticos. Neste caso, em registro feito há cento e nove anos, revela-se quase que por inteiro, no empolgante testemunho de um viajante, o jornalista e próspero industrial Hildebrando Gomes[i].

Procedente do Rio de Janeiro, Hildebrando se estabelecera em Penedo, onde se casou com filha de conceituada família sertaneja. Com seus 35 anos, ali estava, aparentemente, em viagem de recreio.

Munido de uma câmera Jumelle[ii], o atento observador desliza o olhar sobre a paisagem circundante e compõe uma crônica recheada de preciosas informações geográficas, tecendo pertinentes comentários acerca da situação social e econômica da Região.

Percorramos agora, mesmo com um atraso mais que centenário, as serras e morros dos sertões piranhenses e o leito pedregoso do São Francisco, na trilha traçada pelo construtor destas notas:


“UMA ESPÉCIE DE PARAÍSO


Piranhas! Espécie de paraíso, terra sem médico, sem farmácia, sem padre nem polícia! Velha terra santa, sem um jornal, sem uma fábrica, com meia dúzia de ricaços, um chefe político, e um povo de pastores.

Entrada majestosa, estupenda, apoteótica! Dir-se-ia que Cristo nasceu sobre sob estes aspectos dos montes de Bethlém!...propalar-se-ia que das mais lindas, das mais soberbas entradas das cidades do Sul – a Vitória, o Rio e Porto Alegre copiou a natureza as miniaturas empolgantes destes pórticos sublimes.

Vimos, como os ingleses vão a Nice, na permanência de uns dias, comprar saúde, neste ar lavado, neste ar batido, neste imaculado, puríssimo e bendito ar!... Daqui não retirai, o doce olhar, se vos interessa a narrativa ligeira e tosca de um dos mais formosos sítios do universo.

A exemplo de Solon, o filósofo gregário, subamos a uma das serras que engrinaldam a Vila, a Serra da Igrejinha, talvez a mesma que inspirou o Guima a cantar a Casa Branca.

E monologando impressões, e dando à visada o penetrar acelerado de uma Jumelle panorâmica, aberta em todo o diafragma, façamos, num círculo, o descortino.

Piranhas, 1910, vendo-se a Igreja de N. S. da Saúde

Defronte, além, para o Norte, no Estado de Sergipe, alteia-se o Canindé e, aí, o importante estabelecimento de curtumes, a vapor, do importante industrial Francisco Porfírio de Brito; e, daí, rumo ao Sul, prolonga-se a cordilheira sergipana, com o seu Pão d’Açúcar, o seu Dedo de Deus, de imitação, e outras lindíssimas esquisitices serranas, gêmeas, talvez, dessas que aos olhos de todos formam os encantos da longínqua Baía de Guanabara.

Piranhas, 1888. No alto, à esquerda, a "Serra da Igrejinha". Foto: Adolpho Lindemann 


Em baixo, o São Francisco colossal, maravilhoso, muito mais fértil e sadio e ainda mais belo que o Amazonas, nas suas laminações, nas suas irradiações, nos seus espelhamentos, desdobra a fantástica fita larga das águas a rolar – a rolar chamalotada por entre os ônix e as madrepérolas, por entre as suas multiformes pedrarias de esmaltes irisados ao sol, sem que agite, o rio hercúleo, na carreira indômita e constante a roda de um moinho, o volante de uma usina, o eixo de uma indústria! Nada! Nada mais que a natureza, nas suas fantasias caprichosas, na sua expressão triunfal, desafiando as repetidas visitas do Conde D’Eu, a contemplação estupefaciente de um Pedro II, a caminho da Paulo Afonso, a cachoeira maior do mundo, que o gênio inovador e benfazejo de Delmiro Gouveia vai transformando em utilidade prática, imediata, positiva, magistral.

Pìranhas, 1888. o Rio São Francisco. Foto: Adolpho Lindemann


Piranhas, 1888. Estação da via férrea. Foto: Adolpho Lindemann


Cortando as águas, aos pares, às dúzias, velas soltas bojadas do sueste, ziguezagueantes, alvissareiras, as canoas do S. Francisco, as borboletas que esvoaçam, no dizer do monarca, trazem de Penedo a luz, o pano, o pão – tudo! Que, afinal, a Vila de um solo fertilíssimo, de uma vegetação como que milagrosa nada produz (!)...

Piranhas, 1888. Aspecto da feira. Foto: Adolpho Lindemann


E, confrange-nos dizê-lo: a chegada das voadoras, esse espetáculo de única, cativante e sedutora graça, não teve ainda a pena criadora de um Virgílio Várzea[iii] que lhe tecesse nas pompas adjetivais, olímpicas e hinários.

Ao fundo, desses realengos esplendores, dessas paisagens paradisíacas, ao terminus desse quadro singularmente inspirador, o S. Francisco, tesouro encoberto, como que se acaba, fechando entre as guirlandas festivas das montanhas verdejantes...Quem entrou já não sabe por onde veio!

Ao lado, na margem alagoana, a namorada dos poetas, derrama-se o estendal de areias brancas, azuladas, diamantinas, e, altivas as serras floradas, aí e além, fazem-nos o olhar presidiários de atrativos.

Ao pé da serra e aos cimos das areias rasgassem avenidas e Piranhas, nesta pluralidade de seduções, humilharia encantadoramente as divindades de Nice.

Piranhas, 1907. Residência do Cel. Manoel Porfírio de Brito.


Na Europa, cada um desses montes seria legendário, cada gruta teria um segredo, cada árvore uma história, cada trecho desse céu de pelúcia turquezina uma biografia, cada constelação um rosário de mistério; ou, quando menos, cada um destes altos teria um sanatório; e tudo isso somado e explorado seriam fontes permanentes de glórias...e de dinheiro.

Aqui, tudo isso nu, primitivo, ou abandonado, ao desamor, dá-nos a miserável e desoladora ideia de um país que nunca teve governo.

Não raciocina, porém, a objetiva: mostra:

À beira do rio, bandos de mulheres e crianças enchem latas d’água que fornecem à vila montesina, trepando carregadas, a troco do vintém magro, ladeiras e sobrados e alcantis pedregosos, e nos montes, sob os ranchos de palha, geme a pobreza sem trabalho.

Pobres! Filosofemos: a fortuna d’alguns ricaços do sertão, como inúteis cadáveres, jazem enterradas, temem o sol, e, se aparecem é na forma das almas do outro mundo, para meter medo aos ignorantes.

Pobres! Ride-vos conosco: tais ricos precisam das vossas esmolas: eles não têm o valor de uma ideia.

Paralela ao rio, arrasta-se a Paulo Afonso, a ferrovia, com os seus deficits mensais porque a engasgaram nesse gargalo que vai daqui a Jatobá.

Repare-se a Estação inicial!  - estética, airosa, obra digna do século; verifique-se a construção do leito; admire-se atentamente a perfeição e segurança de todos os trabalhos, que custaram à União, na monarquia, cerca de dez mil contos de réis! ... – perdidos, enquanto a Estrada, numa linha de interpenetração, não ligar Piranhas a Santana do Ipanema e Ipanema a Maceió; e, numa diagonal de prolongamento, não se estender de Jatobá a Floresta, em Pernambuco.

Piranhas, 1875. Foto: Marc Ferres


Verdade é que o Poder Central liga tão pouco a isto que, segundo nos informam seguramente, as magníficas residências da Estrada, fora do contrato com a Great Western, os opulentos próprios nacionais, são gratuitamente ocupados por prepostos da empresa estrangeira, e alguns, como o do Cipó, de custo ao país de mais de cem contos de réis, demolidos por um inglês, que, ofertando os materiais aos seus amigos, manda mais nos bens da Nação do que o Presidente da República; e que, na sua terra, seria incapaz de derrubar uma árvore.

Tudo isso murmura-se, cochicha-se, não tumultua, ninguém brada, ninguém escreve, porque a maioria do povo, vítima do medo, obedece ao pior dos conselheiros.

Mas o belo e o risonho desses horrores administrativos é que, enquanto os suntuosos próprios nacionais são considerados res nullius, a União paga pelo aluguel de um sobradinho para a Estação telegráfica, uma exorbitância cada mês.

Ao lado, abaixo do recinto da Estrada, na rasteira da montanha, esconde-se o sólido comércio da Vila, outrora abastado fornecedor dos centros de Minas, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Ceará, Piauí, hoje pálida ideia do que foi, vencido pelo progresso de Juazeiro, cuja estrada econômica deu tanta vida à Bahia, enquanto Alagoas, na sua marcha regressiva, entoava hosanas aos seus governos inanidos.

Além, no mesmo plano do comércio, alastra-se o chão da feira onde se compra um centro de pinhas de Jatobá por 1$000 rs, que é também o preço de uma dezena das saborosas e alentadas melancias dos Olhos D’Água.

Piranhas-AL. Curtume São Francisco.


E por trás, lá no pináculo da serra mais alta, um obelisco branco de feição piramidal aponta para o céu. Encravou-o aí o Dr. Mello Netto[iv], assinalando a entrada deste século; e, Domingos Feitosa[v], o Diretor desta revista, fez então o apoteótico, campanudo e retumbante discurso inaugural que, de caminho seja dito, agradou francamente.

Daí, rédeas soltas ao olhar, até Piranhas de Baixo, vaga ideia da Praia de Copacabana, do Rio antigo, sigamos a Pedra do Sino, tininte como um bronze, volumosa, gigantesca, equilibrada sobre um pequeno seixo, por um desses milagres da natureza que contraria todas as leis da gravitação.

Não dá saltos, porém a objetiva; contornemos os seus detalhes estereotópicos: - a montanha do cemitério velho, a serra do monumento, e essa lapinha que é o morro do Cansanção, onde um Cruzeiro impera, persuade, catequisa.

Piranhas, 1908. 1. Rua do Comércio; 2. Estação da Estrada de Ferro Paulo Afonso; 3. Caixa d’água; 4. Pirâmide comemorativa do fim do século XIX; 5, 6 e 7. Habitações do pessoal da Estrada; 8. Portão da Feira; 9. Escritório do Coronel Antônio Brito. Foto: O Malho

Acolá, dominando em semi-curva a esplanada do monte, dilata-se o Parque da Morte, onde os falecidos da Vila vão dormir o sono final, vizinhos das nuvens, perto do céu, próximos de Deus.

E cá, ao fundo de uma gruta, por um desses inarredáveis desastres da inteligência humana, a igreja de Nossa Senhora da Saúde erige a torre branca roçando as colinas. Por que a enterraram? Não há explicação.

Erguessem-na e os crentes, entre festejos, subiriam o monte para adorar o Altíssimo, os fiéis iriam de joelhos, talvez de rastros, cumprir, satisfeitos e risonhos, promessas feitas à padroeira da Vila e a Vila, então, ostentaria aos olhares curiosos e surpresos um dos templos mais imponentes das Alagoas.

Deixemo-lo onde está. – Do Campo Santo desçamos o Cabrobó, fixando as moradias mais notáveis: o palacete do Antônio Alves, Agente do Correio; o sobrado do Manoel Porfírio, Chefe Político; a vivenda do João Ferreira[vi] emigrado político; os sobrados do Félix Barreto, comerciante; e entre muitas, a casa do Mestre Teodósio[vii], o nosso benquisto hospedeiro.

Nessa casa, à porta e em noite de luar, entretiveram-se as sugestivas palestras do José Eleuthério, telegrafista; do Pedro Damasceno, Juiz Substituto; do Antônio Menino, fazendeiro; e de outros e outros...

Aí, nos saturaram de obséquios não somente os parceiros da cavaqueira, também o Severo Brito, o Vieira Ramos, o Horácio Bispo, o Ildefonso Teixeira, o Epaminondas Pereira, o Neco Brito, o impagável Campana, a prestimosa Sá Feliciana, a família Félix Barreto, e outras e outras... enfim, toda essa fileira de bons e de dignos que forma os anéis da cadeia da gratidão que nos prende a Piranhas e aos seus melhores.

A gratidão, pensávamos nós, é a honradez da alma; e nisto as lentes rotativas da “Jumelle” voltavam a incidir nesses percorridos pontos do Eldorado, onde os cavadores de poços artesianos acharam, ao que dizem, minas de ouro.

Terminamos, pois, o rápido círculo de altos e baixos, a cujo seio e ao calor de uns 300 fogos, vivem, sem higiene, sem assistência pública, sem esgotos, cerca de 2.000 almas dadivosas, simples e felizes.

Aí, os octogenários são vaqueiros, e em duas únicas escolas do governo apenas 50 crianças aprendem a ler; eles e elas a vender saúde, como todos os que em Piranhas contemplam o vívido sol, o azul elíseo e as estrelas douradas das noites sem orvalho...

No dia em que o Poder Central não esbanjar dinheiro das classes produtoras em Clubes Navais e Clubes Militares, lá no Rio de Janeiro; os governos estaduais não consumirem o suor do povo em teatros Deodoros e outras exterioridades e pepineiras; não gastarem a substância dos nossos melhores esforços em pagodes a políticos supérfluos; a Nação não mandar a Europa os afilhados estudar música, pintura e dança, ou desbaratar milhões esterlinos a título de expansão econômica; no dia em que, dizíamos, os malandros do Poder não perturbarem as iniciativas gloriosas dos Demiros Gouveia e seus êmulos; os oligarcas municipais forem menos egoístas, perniciosos, menos comem tudo do que os estaduais – nesse dia Piranhas será para as Alagoas mais do que é Caxambu para Minas, Poços de Caldas para São Paulo; a Suíça para os estrangeiros. Isto é, não será somente ponto de sanatório e diversões, mas também e principalmente a cidade comercial e intermediária entre o Sul e o Norte Central do Brasil, dando entrada e saía pelo porto de Penedo ao mais rápido e abundante progresso econômico de um povo, para o qual a produção seja o máximo dos ideais.

Esperemos em Deus, que, a esperar pelos homens, esse dia será, talvez, o de São Nunca.

Enquanto isso, engastada nessas paragens edênicas, Piranhas é uma grande pedra preciosa, fadada ao azar, mas cuja beleza é tanta que por onde quer que se a encare não se nos cansa de a admirar os olhos deslumbrados.

Piranhas, 28 de maio de 1912.”

***   ***   ***

Hildebrando Gomes Barreto, 1914. Foto: Revista Comercial das Alagoas



Caro leitor,

Este Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, contém postagens com informações históricas resultantes de pesquisas, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso algumas delas seja do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.



[i] Oriundo do Rio de Janeiro, onde nasceu a 25 de março de 1877, HILDEBRANDO GOMES BARRETO, filho de José Gomes Barreto e Maria Carolina Barreto, radicara-se em Penedo, onde, no dia 16 de janeiro de 1904, casa-se com Júlia Feitosa. Filha de Antônio Alves Feitosa e Maria Áurea Feitosa, irmã do professor Domingos Feitosa, Diretor da mencionada revista. Desse consórcio, tiveram oito filhos: Hildebrando Gomes Barreto Junior (casado com Leontina Barreto), Hildegarda Gomes Barreto, Julita Barreto de Castro (casada com Oscar Gomes de Castro), Hamir Thea Gomes Barreto, Júlio Gomes Barreto, Hilah Gomes Barreto; Heleida Gomes Barreto e Maria Hiluz Barreto Del Priore (casada com o banqueiro Hugo Del Priore. Um filho do casal, Hugo, foi casado com a renomada professora e historiadora Mary Del Priore). Foi Diretor da Associação Comercial do Rio de Janeiro e Presidente do Centro do Comércio e Indústria. Foi também membro da Société Académique d’Histoire Internazionale, de Paris. Faleceu a 23 de março de 1957, no Rio de Janeiro, aos 79 anos.

[ii] As câmeras Jumelle (ou foto-jumelles) são um estilo de câmera comum no final do século XIX e início do século XX. O primeiro desses modelos foi feito por Jules Carpentier por volta de 1892. O termo Jumelle significa 'gêmeo' e, por extensão, 'binocular', em francês. Afuniladas entre a placa de lente estreita e o suporte de placa mais largo, dando uma forma que se parece muito com a de um par de binóculos. Jules Carpentier (30/08/1851-30/06/1921) foi um engenheiro e inventor francês, fabricante de câmeras em Paris na década de 1890.

[iii] Virgílio dos Reis Várzea (Florianópolis, 6 de janeiro de 1863 – Rio de Janeiro, 29 de dezembro de 1941) foi um escritor, jornalista e político brasileiro.

[iv] Antônio de Souza Mello Netto, Diretor da Estrada de Ferro Paulo Afonso.

[v] Domingos Alves Feitosa. Professor e Diretor do Colégio São João, em Penedo. Filho de José Alves Feitosa e Maria Áurea Feitosa, nascido na Fazenda Caraunan, município de Água Branca, AL.

[vi] João Ferreira de Souza, que foi membro do Conselho Municipal, Juiz de Paz e Inspetor Escolar.

[vii] Manoel Teodósio Bispo, que foi Agente do Correio por volta de 1877.

A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia