segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

6 DE DEZEMBRO – DIA DO EXTENSIONISTA RURAL

No dia 23 de fevereiro de 1976, recém saído do antigo e famoso Colégio Agrícola de Satuba, eu ingressava numa das mais importantes instituições do Estado de Alagoas – a ANCAR-AL.
A Associação Nordestina de Crédito e Assistência Rural, integrante de um Sistema que prestava assistência ao agricultor em todo o País, se revelava um modelo de organização e era depositária das esperanças de desenvolvimento do meio rural brasileiro.
Vivíamos, naquele ano, o processo de transição para o Sistema EMBRATER. A ANCAR, então, seria sucedida pela EMATER-AL (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural).
Integrante de uma turma de vinte novos extensionistas, sendo seis Agrônomos, quatro Médicos Veterinários e dez Técnicos Agrícolas, lá estava eu, com meus 18 anos, iniciando minha vida profissional.
Depois de um Curso de Pré-Serviço, realizado no Centro Social Rural Dom Adelmo Machado, pertencente à Arquidiocese de Maceió, a turma foi distribuída pelas diversas regiões do Estado. Fui designado para o Escritório de Mata Grande, que atendia também os municípios de Canapí e Inhapí.
Substituindo o Agrônomo Joaci Augusto Barbalho – um potiguar natural de Caicó, que assumira um cargo de coordenação na nossa Gerência em Santana do Ipanema, iniciei as atividades do Escritório, improvisado numa garagem situada na Rua Ubaldo Malta. Fazia-me companhia o colega Antônio Soares Mota, conhecido desde os tempos de Colégio por Lambreta.
Lá encontramos a Secretária Maria de Fátima Sandes Xavier. Natural de Mata Grande, tinha a experiência necessária para auxiliar dois novatos, depois de ter trabalhado com o próprio Joaci e com Abel Cândido, hoje prestigiado advogado, associado a outro ex-extensionista, o meu dileto amigo Lindalvo Silva Costa.
O Jeep verde, ano 1973, de Placa AB-1523, era o nosso principal instrumento de trabalho. Para percorrer a grande extensão territorial que nos competia, o veículo rústico, com tração nas quatro rodas era indispensável. Afinal, a nossa área era enorme: além da Sede, Mata Grande com área de 919,6 km², contava também com Canapi (571,94 km²) e Inhapi (374,2 km²). Num dado momento, em que o colega de Delmiro Gouveia teve de seu ausentar, assumi aquele Escritório por cerca de três meses (mais 606,79 km²), além de Água Branca, que ainda contava com o atual município de Pariconha (716,38). Total: 3.188,91 km².
Os pouco mais de dois anos em que fui Extensionista não foram suficientes para fazer muita coisa. Entretanto, consegui deixar no Escritório de Mata Grande um grande número de projetos de investimento, no âmbito do antigo PROTERRA – Programa de Redistribuição de Terras e Estímulo à Agroindústria do Norte e Nordeste, tendo o crédito rural como ferramenta importante. Aliás, o Banco do Brasil – no nosso caso, a Agência de Santana do Ipanema, era parceiro nesse trabalho. Por conta disso, tínhamos constantes reuniões na Sede do nosso Regional, o que suscitava comentários jocosos dos colegas do BB.
Quando éramos ANCAR, os bancários diziam que, na verdade, a sigla significava: “Agrônomos Nordestinos Continuam Ainda Reunidos”. Quando veio a EMATER, nós os provocamos para uma nova interpretação. Eles, então, vieram com esta: A sigla seria: “Embora Mudados Ainda Temos Eternas Reuniões”. Era uma prova da agradável convivência entre os agentes de extensão e as instituições parceiras.
Em Delmiro Gouveia, o curto período em que lá estive foi marcado pela mudança do Escritório, de um velho casarão para o recém inaugurado Centro Administrativo, a nova Sede do Poder Executivo Municipal.
São muitas as lembranças que tenho daqueles tempos e, a propósito deste DIA DO EXTENSIONISTA RURAL, parabenizo esses profissionais na pessoa da minha amiga Rita de Cássia Ferreira Lima, Superintendente de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural, da Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário.


Escritório da EMATER em Mata Grande - 1976.


Eu (à direita) e meu colega Antônio Soares Mota - Mata Grande - 1976.


Antiga Sede da EMATER em Delmiro Gouveia - 1976.
(Obtida no blog: www.amigosdedelmirogouveia.blogspot.com)


Centro Administrativo de Delmiro Gouveia. Nova sede do Escritório da EMATER a partir de 1976.
(Obtida no blog: www.amigosdedelmirogouveia.blogspot.com)


Técnicos Agrícolas, quase todos da antiga EMATER, reunidos em Pão de Açúcar para reorganizar a sua Associação, precursora do Sindicato da categoria. 1977.

5 comentários:

  1. Caro Etevaldo,

    Grato pelo email e visitas ao meu blog www.amigosdedelmirogouveia.blogspot.com querendo publicar qualquer material por lá é só entrar em contato via email.

    Estou linkando seu blog também.

    Abraços

    César Tavares
    Recife

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  2. Parabéns Etevaldo pela excelente matéria. Bons tempos aqueles em que a integração entre técnicos, agricultores, bancários e funcionários de outras instituições, extendiam-se além do campo profissional para a amizade pessoal. Ainda hoje mantenho amizade com Abel, Chico Sampaio etc. Meu compadre Hélio Calheiros foi o primeiro extensionista do escritório de Mata Grande e continua visitando a cidade, onde tem muitos amigos.Parabéns aos extensionistas pelo dia.

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  3. HISTÓRIA DA BIBLIOTECA COMUNITÁRIA MARIA ALVES MACHADO

    A Biblioteca Comunitária Maria Alves Machado, fica localizada em uma área de risco de uma pequena cidade do sertão de Alagoas chamada Mata Grande, minha cidade natal.Há cerca de dois anos atrás, em visitas à comunidade percebi a necessidade de mostrar um novo horizonte às crianças, cercadas pelo álcool e por outros tipos de drogas. Retornei a Maceió com o firme propósito de fazer alguma coisa para mudar a realidade daquelas pessoas. Como acredito no poder de transformação atrvés da leitura, minha paixão, comecei, com a ajuda de meus filhos e alguns amigos, a fixar panfletos em escolas, academias, casas comerciais e prédios, pedindo doação de livros, estantes etc. À medida que os telefonemas iam chegando nós, meu marido e eu, íamos recolhendo as doações e enviando para Mata Grande em um transporte alternativo. Em junho de 2009, reuni todas as doações e destinei parte do meu salário de professora para pagar o aluguel de uma casinha lá na COHAB, aonde funciona até hoje, e comecei a pagar uma pequena contribuição a uma pessoa para tomar conta das 8h. às 12h e das 14h às 17h, assim,,fundamos a biblioteca com um acervo aproximado de 1.000 livros. Passado um ano e meio, apesar de sentir que precisamos fortalecer cada dia mais, a imagem e a importância da biblioteca junto à comunidade,e da necessidade que estamos sentindo de fazer o CNPJ para termos acesso a doações, temos motivos para comemorações como o número de empréstimos que já passa de 1000,e o aumento do nosso acervo que hoje está em torno de 3000, sinto de forma mais profunda a cada dia que passa, a alegria e a satisfação de estar contribuindo para levar lazer e cultura à vida daquelas pessoas, para que elas percebam que podem e merecem fazer parte de uma realidade mais colorida e mais alegre. Você pode acompanhar, se tiver algum interesse, desde as minhas primeiras visitas à COHAB, às atividades desenvolvidas recentemente, passando pela inauguração, através de fotos que encontram-se nos meus álbuns do orkut.Perdoe-me se não consegui ser mais sucinta mas a satisfação que sinto em estar divulgando essa minha paixão pela leitura e pela dignificação das pessoas não me permite economizar nas palavras.

    Abraços,

    Márcia Maria Mahado Nunes

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  4. Parabés pelo resgate desta maravilhosa instituição, me criei andando na Emater/AL em Jacarecica, minha Mãe trabalhou lá por anos, Aline Brandão da Tesouraria, caso tenha interesse, possuo fotos da época, quando ainda era na Comendador Leão, torço par que esta empresa volte com todo gás Parabéns amigo!

    Evandro Brandão

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  5. Claro que me interesso pelas fotos, Evandro! Você pode me entregar,pessoalmente,na Secretaria de Agricultura (atualmente sou Chefe de Gabinete) ou pelo e-mail: seagrietevaldo@gmail.com. Grato.

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A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia