sexta-feira, 22 de março de 2013

SABINO ROMARIZ


SABINO ROMARIZ Nascido em Penedo no dia 25 de março de 1873, Sabino Romariz era poeta e filho do poeta João Almeida Romariz e Dona Maria de Assunção Romariz. Logo cedo perdeu os seus pais, passando para a companhia de seus avos maternos, Capitão Sabino Alves Feitosa e dona Senhorinha Feitosa. Iniciou os estudos em Penedo e em seguida foi para o Colégio de Olinda, onde concluiu o curso de Humanidades. Ingressou no Seminário em Olinda, grande centro cultural da época, todavia, abandonou os estudos eclesiástivos. Com essa sua atitude de abandono da vocação teve sua mesada cortada pelo seu avô. Aí começa a sua peregrinação pelos caminhos do infortúnio. A sua alma de artista ficou ferida, indo encontrar lenitivo no vício e no álcool. Retoma a Maceió e ali começa a ensinar nos colégios “Vitória” e “2 de Outubro”. Com essa sua volta a Maceió, inicia a ativa vida literária. Retorna a Olinda e no Seminário passa a ensinar inglês e latim. O seu temperamento de artista marcado pela instabilidade o levou para a Paraíba, onde ensinou latim e francês. Era um jovem de uma cultura admirável. Ao lado do Magistério, Sabino Romariz exercia com brilhantismo, também, o jornalismo. Da Paraíba vai para o Rio de Janeiro onde foi lecionar inglês e francês no Colégio Alfredo Gomes. Ali fez exames para a Faculdade Livre de Direito. Publicou o poema – A MANSINHA – passando a conviver com Olavo Bilac, Carvalho Neto e Guimarães Passos. 
Fonte: http://www.penedofm.com.br 

CÉU 

Ninguém, ninguém, ao teu azul resiste, 
Céu do Brasil, bendito e peregrino; 
Onde feito de estrelas, como um hino, 
Fulge o Cruzeiro de fulgor em riste. 

É donde o sol aurifulgente assiste 
Ao murmúrio das águas cristalino; 
— o sol, um louro e rutilo beduíno, 
Longe da lua, pesaroso e... triste. 

Para cantar-lhe essa agonia, afino 
Pelas florestas minha lira êxul, 
E pelas aves o estro adamantino. 

E, olhos cravados neste céu do sul, 
— Bardo e soldado, canto o meu destino 
Vivido ao pálio de teu céu azul. 
 ________ 
Publicado na revista O MALHO, Rio de Janeiro, 27 de setembro de 1910. 


MINHA ESTRELA 

Nasci pobrezinho, qual ave do bosque; 
Eu tenho uma estrela que Deus me guiou,
Um cetro supremo e sublime de artista 
E nem por impérios tal estrela eu dou. 

Eu trago na fronte tão loiro diadema,
Mais loiro e mais lindo que a luz das manhãs!
O sol me desperta em meu leito de espinhos,
As flores dos campos são minhas irmãs.

Debalde a riqueza me cobre de insultos,
A inveja tropeça na linha em que vou,
Eu tenho uma estrela radiante de Artista,
É um timbre infinito – foi Deus quem timbrou. 

 E sou órfão de amores, sou pobre de afetos,
Não tenho cadinhos, jamais, de ninguém,
Eu tenho uma estrela suprema de Artista
E tenho uma glória que muitos não têm.

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A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia