segunda-feira, 28 de março de 2016

TRAVESSIA DO SÃO FRANCISCO

Por Etevaldo Amorim
O Sr. Waldemar ao lado do seu fusca, em corajosa travessia. Foto: Correio da
Manhã, 30 de julho de 1966, p. 22.

Com esse título, o jornal carioca Correio da Manhã, edição de 30 de julho de 1966, p. 22, deu essa curiosa notícia, na coluna AUTOMOBILISMO, escrita pelo jornalista R. C. Bonfim (Ruy Calheiros Bonfim):
“Com um pouco de pressa, muito espírito de aventura e grande dose de coragem, o Sr. Waldemar Menezes Carneiro resolveu assim o seu problema para atravessar o rio São Francisco, na cidade de Pão de Açúcar, Alagoas. Procedente de Paulo Afonso a caminho de Belém de Sergipe, o Sr. Waldemar M. Carneiro chegou a Pão de Açúcar e não encontrou nem ponte nem balsa para cruzar o São Francisco. Para voltar, havia 468 quilômetros de estradas. Muito chão para quem tinha pressa. Viu o barco com seu 1.25 metros de largura e não teve dúvidas: embarcou o seu carro e lá se foi São Francisco afora, numa travessia de 1.800 metros”

Como não há cidade sergipana com o nome de Belém de Sergipe, presumo que o corajoso motorista demandasse a Fazenda Belém, de propriedade da família Brito, localizada no município de Porto da Folha-Sergipe, entre a Ilha de São Pedro e a Fazenda Araticum. 
Foto: Correio da Manhã, 31 de julho de 1966, p. 48.

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A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia