sábado, 1 de dezembro de 2018

OLHOS GARÇOS

Massilon Silva[1]

À sombra desse olhar descansa o vento 
Que agita os verdes mares, as campinas,
Que faz girar as saias das meninas, 
Fazendo-as ir na rua a passos lentos. 

E descansam também meus sentimentos, 
Exaustos de invadir-lhes as retinas, 
Com feixes das imagens fesceninas 
Que se me vão formando em pensamentos. 

Assim, tomado de eternal desejo, 
E da incessante busca de um andejo, 
Sei que o destino guiará meus passos

A, um dia, como Orfeu buscando Eurídice, 
Buscar no Olimpo o Supremo Opífice, 
Que desenhou esses teus olhos garços.




Advogado, nascido em Pão de Açúcar, a 6 de março de 1954. Formado em Direito pela Faculdade de Direito de Maceió - FADIMA, estudou também Observação Meteorológica de Superfície - SUDENE/OMM, Curso Básico de Jornalismo - Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas e Teologia (não concluído) - Faculdade ALFA, Aracaju. Atuou como corresponde do Jornal de Alagoas, Jornal de Hoje e Desafio, todos de Maceió/AL. Participou das antologias Tempo Definido e outras, da Editora Scortecci, São Paulo e da coletânea Aperitivo Poético, Aracaju/SE. É membro da Academia de Letras de Pão de Açúcar/AL e da Academia Alagoana de Literatura de Cordel e da Academia Sergipana de Cordel.

2 comentários:

  1. Inspiração, sensibilidade e erudição. É, em síntese, o que se pode apreender desse breve e profundo poema do confrade Massilon, que orgulha nossas letras. Parabéns, sempre, a esse privilegiado vate da nossa querida Jaciobá.

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  2. Sinteticamente: imaginacao, sensibilidade, erudição . Negonio.

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A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia