quinta-feira, 20 de agosto de 2020

O TIRO DE GUERRA DE PÃO DE AÇÚCAR

 Por Etevaldo Amorim

O Tiro de Guerra é uma Instituição que cuida da formação de atiradores e/ou cabos de segunda categoria (reservistas) para o Exército Brasileiro. Essas organizações são estruturadas de modo que o convocado possa conciliar a instrução militar com o trabalho ou estudo.

Esse modelo de Instituição Militar teve origem no Rio Grande, Estado do Rio Grande do Sul, em 1902, com o nome de “Linha de Tiro”. A partir de 1916, com a pregação de Olavo Bilac[i] em prol do Serviço Militar Obrigatório, passou a ter a denominação atual.

José da Silva Maia - Lamêgo
Em Pão de Açúcar, durante a Administração do Intendente José da Silva Maia (Lamêgo), de 07/01/1917 a 07/01/1923, foi Incorporado o Tiro de Guerra 656.


Em 1921, o Tiro já tinha como Instrutor o 3º Sargento
Aristófanes Cabral Costa. Em dezembro deste mesmo ano ele fundou, em parceria com o então farmacêutico Antônio de Freitas Machado, o jornal hebdomadário denominado A Pátria.[ii]

O Prof. Antônio de F. Machado

O historiador Félix Lima Junior[iii], que também tem raízes em Pão de Açúcar, em seu livro “Maceió de Outrora”, revela outra faceta do talentoso militar:


“Meia noite. Da Rua do Banheiro ou da margem da lagoa, em frente à estação dos antigos bondes da CATU, ouvia-se música, música animada de um "esquenta-mulher". Quem era, quem não era? Todos se dirigiam apressados, para a Rua Cônego Costa e encontravam Deus Momo, representado pelo Aristófanes Cabral Costa[iv], suboficial do Exército, cabeleira postiça, meia máscara de cetim preto, calções de veludo vermelho, sapatos rasos, de verniz, camisa de seda branca, manto azul cheio de bordados, um tricórnio coberto de lantejoulas. Chegara numa canoa ou num carro enfeitado, cercado de numerosos "súditos" conduzindo fogos de bengala, de várias cores, acesos, para anunciar ao povo maceioense o início de seu feliz reinado – outra "presepada" do velho Bonifácio[v], que marchava à frente do cortejo, alegre, com seu chapéu de palhinha balançando na ponta da bengala “...[vi]

Segundo Aldemar de Mendonça, em seu “Monografia de Pão de Açúcar”, naquele mesmo ano seria festivamente comemorado o dia da Proclamação da República. Os amadores do teatro apresentariam, no politeama Goulart de Andrade[vii], a peça “Convenção Social”, de autoria do próprio Aristófanes, dono de inegável talento.

Diz Aldemar de Mendonça:

E aquele dia corria com grande animação, quando deu na cabeça de Zé Maia desacatar algumas pessoas, com era seu costume”.

“Dias antes o instrutor, ignorando a situação do ambiente em que iria viver, sabendo que Zé Maia era ‘useiro e vezeiro’ em amedrontar a população desta cidade, propalara que não admitia que se prendesse um dos soldados do Tiro de Guerra. E como não falta quem queira ficar nas graças de quem fez medo, logo Zé Maia ficou inteirado da advertência feita pelo Instrutor do Tiro. E como Zé Maia revidava qualquer ameaça a sua pessoa, na tarde daquele dia, depois de “tomar umas e outras”, acompanhado por alguns soldados do destacamento, resolveu acabar com aquela animação”.

“Prendeu o atirador José de Castro Barbosa (Duda), o qual conseguiu escafeder-se, auxiliado pelos militares que o conduziam preso, e conseguindo atingir o rio São Francisco, embarcado na canoa “União” se transportou para a Vila Alecrim (Limoeiro), de onde viajou para o Rio de Janeiro, onde bacharelou-se e viveu até 1969”.

Sabedor da fuga do Duda, Zé Maia toma do rifle e atira em outro atirador, João Barbosa, não o atingindo, entretanto.O Instrutor do Tiro manda tocar “reunir” e, na sede da corporação, discute-se quais as medidas mais aplicáveis no caso. As opiniões se dividem e o Instrutor resolve ser prudente.

Alguns atiradores do Tiro de Guerra se ausentaram de Pão de Açúcar, para somente muitos anos depois reverem a terra natal. José Maia[viii] foi preso e conduzido para Maceió a fim de responder pelo desacato cometido, porém, dentro de poucos dias, dali regressava para continuar com suas estropelias”.

Ocorreu, entretanto que, por Despacho de 10/05/1922, do Ministro da Guerra[ix], aprovando resolução do Coronel Jayme Pessoa[x], Comandante da 5ª Região Militar, com sede no Recife, o Tiro de Guerra 656 teve suas atividades suspensas por falta de sócios.[xi]

O Sargento Aristófanes, que se safara do terrível perigo, retorna à Capital. Sua obrigação militar, no entanto, o leva a participar da Revolta Paulista de 1924, a segunda revolta tenentista. De Maceió, ele partiu no dia 17 de julho daquele ano, em companhia de seu irmão Tenente Audomaro Cabral Costa, para lutar ao lado das tropas do Governo. Compondo o 2º Batalhão de Caçadores, na linha de frente dos intensos combates que se verificavam na Capital paulista, foi atingido por estilhaços de granada, entrando para o rol das vítimas fatais, contando apenas 27 anos de idade.

O Sargento Brabo

Em 1927, já estava o Tiro em plena atividade, tendo como Dirigentes os senhores: Antônio de Freitas Machado, Presidente; Lucilo Mesquita, Vice-Presidente; Álvaro Machado, 1º Secretário; Antônio Vieira Filho, 2º Secretário; Otávio Soares Vieira, Tesoureiro; João Vieira Damasceno Ribeiro, Orador; e o 3º Sargento José Ferreira Brabo[xii], Instrutor.

O Sargento Brabo era natural de Pedreiras, Estado do Maranhão. Nasceu no dia 24 de maio de 1903, filho do casal José Pinheiro Ferreira e Constância Ferreira Brabo. Casou-se com a pão-de-açucarense Ancila Maciel. Faleceu em Maceió, aos 72 anos, no dia 2 de junho de 1975.

Eis um breve resumo da sua carreira: Em 1923, por ter concluído o curso na Escola de Sargentos de Infantaria, foi incluído na 3ª Região Militar, com sede em Belém-PA.[xiii] Em 1931, como 3º Sargento no 28º Batalhão de Caçadores (Aracaju-SE), é incluído no Quadro de Sargentos Instrutores[xiv]. Em 1932, é promovido de 3º para 2º Sargento[xv]. Em 1939, como 1º Sargento, foi nomeado Sub-Tenente, para servir nos Corpos da 5ª Região Militar[xvi]. Em 1940, é transferido do contingente da Fábrica de Realengo[xvii], onde era excedente, para o 1º Batalhão de Caçadores. Ainda neste ano, obtém licença de 35 dias para ir a Pão de Açúcar onde gozaria as férias daquele Exercício[xviii]. Em 1942, é promovido a Sargento-Ajudante[xix]. Em 1943, é transferido para a Reserva, em 1943[xx].

O Dr. Luiz Machado de Andrade
Nos anos de 1929/1930/1931, o Tiro esteve sob o comando da seguinte Diretoria: Luiz Machado de Andrade, Presidente; Antônio de Freitas Machado, Vice-Presidente; Cap Manoel Rego, 1º Secretário; Antônio V. da Costa, 2º Secretário; Manoel Vitorino Filho – Mestre Nozinho, Tesoureiro; 2º Sargento Eurípedes Lyra, Instrutor.

Durante a gestão desse Instrutor, sobre o qual, lamentavelmente, não pudemos obter maiores informações, irrompeu a Revolução de 1930. E a revista Excelsior, do Rio de Janeiro, edição de Dezembro de 1931, estampa uma fotografia sob o título “REMINISCÊNCIAS DA REVOLUÇÃO DE 1930”, e com a legenda: “Defesa do Pão de Assucar (E. de Alagoas). Trincheira do Sargento Eurípedes”.

Gervásio Francisco dos Santos, no seu livro Um Lugar no Passado, além de citar o Sargento Eurípedes, menciona outro Instrutor, o Sargento João Maximino, do 28º Batalhão de Caçadores, com Sede em Aracaju-SE.

Ele lembra os desfiles na Av. Bráulio Cavalcante, ao som da banda marcial, sob o comando do Mestre Nozinho, após as instruções de tiro no Alto do Parujé ou nas instruções de Ordem-Unida na Rua Aurora (atual Prof. Antônio de Freitas Machado, e que também se chamou Dr. Paes Barreto) ou na Rua Augusta, atual Pe. José Soares Pinto.

Essa Instituição de caráter cívico-social prestou relevantes serviços à sociedade, congregando muitas gerações de jovens pão-de-açucarenses[xxi]. Dois deles chegaram a defender a Pátria durante a Segunda Guerra Mundial: os combatentes Salvador Mendes Guimarães, na Força Expedicionária Brasileira – FEB (que combateu nos campos da Itália) e o próprio Gervasio Francisco dos Santos, na Força Aérea Brasileira – FAB.

Fato importante da história do Tiro foi a sua participação na defesa da cidade quando da tentativa de invasão do Grupo de Cangaceiros chefiado por Lampião. Ante as notícias de que o bando se aproximava, o então prefeito Manoel Pereira Filho procurou o Presidente Antônio de Freitas Machado e o Instrutor Sargento Brabo, a fim de que fosse organizada a defesa. E assim foi feito.

Sob as ordens do Sargento, Francisco Ferreira – Mestre Chico tocou o “toque de reunir” e, em pouco tempo, estava a Sede da corporação repleta de atiradores e voluntários. Dionísio Ignácio de Barros (responsável pelo armamento) distribuiu armas e munições e partiram para as entradas da cidade: Tapaginha, Campo Grande e Barra de D. Maria Jesuína.

Lampião, por certo sabedor de que a cidade se preparara para a sua chegada, lá não foi. E o confronto não aconteceu. Entretanto, uma fatalidade ocorreu: o soldado João de Manoel José, ao manusear inadequadamente o seu fuzil, acabou por ser atingido, vindo a falecer.

Não se tem informação de até quando funcionou o Tiro de Guerra 656. Fiquemos, então, com um pequeno “causo”, que dizem passar por verídico:

Um desses Instrutores, pretendendo ensinar aos soldados a hierarquia do Exército, discorria sobre as diversas patentes: soldado, cabo, sargento, tenente, etc. Severo, um bom e dedicado soldado, não conseguia compreender todas aquelas coisas, atribuições e tudo o mais.

O Sargento, esmerando-se ainda mais no seu intuito de tornar assimilável todo aquele assunto, dirige-se a Severo tomando a si próprio como exemplo:

- Severo, o que é que eu sou?

E Severo, com toda a convicção, prontamente responde:

- Sargento, o Senhor é CABO!!!!

Banda de Música que acompanhava os desfiles do Tiro 656. Foto 10/02/1927. 1ª fila, sentados, da esquerda para a direita: Francisco Ferreira – “Mestre Chico” (requinta); Alípio Carvalho Gomes; Brayner de Carvalho; Josias de Mestre Pedro; José Gonçalves Filho; Zequinha de Mestre Salo (clarinetes) Perdiliano Souza – “Perdiliano de Seu Né”; José Alexandre Filho (Nenê); e Oliveira (trompetes). Ao centro, Manoel Vitorino Filho – “Mestre Nozinho” (bombo). 2ª fila: José Souza – Zeca de “seu” Né (trombone); Anízio Borges (trompa); Luiz Ignácio e João Marcolino da Silva (trombones); Darcy Gomes (barítono); Virgulino Vieira e Yoyô Vieira (trompas). 3ª fila: Lourival Simas (hélicon); José Costa – Zé de Maria Bela; José Góes (pratos); José Profeta Sobrinho – “Carvão” (tambor); Júlio Alves de Carvalho (caixa); Francisco Antônio dos Santos – “Mestre Chiquinho” (bombardino); Afonso Lisboa (oficleide); e João Damasceno Lisboa – “Joãozinho Retratista” (hélicon). Acervo: Tonho do Mestre. Identificação: Williams Magno – Billy.

O historiador Aldemar de Mendonça, atirador do Tiro em 1927. Foto: acervo de Lygia Mendonça.
Os atiradores José Gonçalves Filho-Nozinho Andrade e João Damasceno Lisboa.
 Foto cedida por José Teófilo Neto.

O Sargento Eurípedes e uma guarnição do Tiro de Guerra 656. Foto: Revista Excelsior, 1931.



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NOTA:

Caro leitor,

Este Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, exibe postagens com informações históricas resultantes de pesquisas, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso algumas delas seja do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo. Segue abaixo, como exemplo, a forma correta de referência:

Sugestão de registro de referência:

AMORIM, Etevaldo Alves. O TIRO DE GUERRA DE PÃO DE AÇÚCAR. Maceió, agosto de 2020. Disponível em: http://blogdoetevaldo.blogspot.com/2020/08/o-tiro-de-guerra-de-pao-de-acucar.html?m=1. Acesso em: dia, mês e ano.

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Meus agradecimentos a Billy Magno, José Ney (filho do Ten. Brabo), Lygia Maciel Mendonça e José Teófilo Neto, que me auxiliaram com informações e fotos.

[i] Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, poeta, acreditava que o Serviço Militar possibilitaria aos jovens brasileiros livrar-se do analfabetismo e sonhava com um exército nacional, constituído pelas mais diversas classes sociais, que atuaria como instrumento de homogeneização e de integração cultural. A data do seu nascimento, 16 de dezembro, foi consagrada como DIA DO RESERVISTA.

[ii] Diário de Pernambuco, 3 de dezembro de 1921, p. 3.

[iii] Filho de Félix Alves Bezerra Lima e de Francisca Wanderley Lima. Era primo de Manoelito Bezerra Lima, o nosso “Nezinho Cego”.

[iv] Filho de Juvenal Augusto Pereira da Costa (funcionário do Telégrafo Nacional) e de Maria Julita Cabral Costa (professora pública). Deixou a viúva Isabel Vieira Barros, com que se casara a 16 de setembro de 1922, e um filhinho. Fonte: A Província, Recife, 8 de agosto de 1924. Foi promovido, post mortem, a 2º Tenente, por atos de bravura, por meio de Decreto de 22 de julho de 1924.

[v] Bonifácio Magalhães da Silveira nasceu no dia 14 de maio de 1867 em Recife, Pernambuco. Filho de Luiz José da Silveira e Henriqueta Francisca de Souza Magalhães da Silveira. Era tio da renomada psiquiatra Nise da Silveira. “Bonifácio, Major do Povo”, evocado na música “Carapeba”, composição de Luiz Bandeira e Julinho, interpretada por Luiz Gonzaga e por Eliana Pittman.

[vi] Disponível em: https://www.historiadealagoas.com.br/o-natal-de-felix-lima-junior-em-bebedouro.html. Maceió de Outrora, lançado em 1956 como parte da Coleção Cadernos da AABB, no Rio de Janeiro.

[vii] Fundado à época de Bráulio Cavalcante, e onde funcionou, por muitos anos, o Cine Palace.

[viii] No dia 1º de abril de 1927, José Maia foi assassinado em sua própria residência. Mendonça, Aldemar de. Monografia de Pão de Açúcar.

[ix] João Pandiá Calógeras (03/10/1919 – 15/11/1922), Governo Epitácio Pessoa.

[x] João Jayme Pessoa da Silveira. Jornal do Recife, 21 de maio de 1922.

[xi] O Paiz, Rio de Janeiro, 22 de maio de 1922.

[xii] Casado com Ancila Maciel Brabo (1909-1947), filha de Abílio de Carvalho Mendonça e de América Maciel Mendonça, com que teve os filhos Waldeck  e os gêmeos Maria Lúcia e José Ney. Ficando viúvo em 1947, contraiu segundas núpcias com a Srª Hilda dos Anjos, com quem teve Iara, mãe do advogado Marcelo Brabo. Ele ainda teve outra filha, Iracema, de um relacionamento com a pão-de-açucarense Maria dos Prazeres Gomes.

[xiii] Jornal do Comércio, RJ, 19 de julho de 1923.

[xiv] Diário de Notícias, RJ, 15 de agosto de 1931.

[xv] Correio da Manhã, RJ, 10 de março de 1932.

[xvi] O Imparcial, RJ, 15 de junho de 1939.

[xvii] A Batalha, RJ, 26 de junho de 1940.

[xviii] Diário de Notícias, RJ, 20 de novembro de 1940.

[xix] Diário de Notícias, RJ, 9 de outubro de 1942.

[xx] A Manhã, RJ, 3 de outubro de 1943.

[xxi] Integrantes do Tiro: Francisco Ferreira (Mestre Chico, corneteiro); Júlio Andrade (Júlio de Jaboti – tambor); Anízio Ramos de Aquino (Raminho – tambor); Florisvaldo Curruba (Fló – tambor); Salvador Curruba (tambor); João Pires de Carvalho; Odilon Pires de Carvalho; Mathias Pires de Carvalho; Carlos Serafim dos Anjos; José dos Anjos; Luiz dos Anjos; Odilon Rodrigues (Odilon de Terto); Mário Soares Vieira (do Limoeiro); João Almeida (Joãozinho de “seu” Manoel Cincinato); José Guimarães (Zequinha); Serafim Soares Pinto Filho; Safonia Leôncio; Miguel Machado de Andrade (Miguelzinho de Dr. Luiz Machado); José Gomes (Zezé de “seu” Chiquinho Gomes); João Machado Costa (Joca); Antônio Vieira Costa (Nozinho); Eloy Rodrigues Lima (que viria a ser o primeiro Prefeito de São José da Tapera); Antônio Francisco da Silva (Totonio de “seu” Marcolino); Fernando Martins (Fernando de “seu” Antônio Martins, do Limoeiro); Otaviano Oliveira; Tuí Rego; Júlio Rego; José Araújo (Zé Barrão); Waldemar Almeida (Dedé de “seu” Alfredo Capinha); Aldemar de Mendonça; Agenor de Mendonça; Antônio da Silva Porém (Preguinho); Pedro Mamede; Josias de “seu” Pedro Labareda; Filinto Gonzaga da Silva; Agenor Gonzaga da Silva; José Pauferro (Pauferro de Magia); Anízio de Chico Disse); Vicente (Vicentinho Sapateiro); José Costa (Zé de Maria Rita); Manoel Pampia (Mané Tenente); Jano Melo Ribeiro; Nilo Melo Ribeiro; Antônio Ladislau (Totônio); Agripino Ladislau; Luiz Bezerra; Bernardo de Góes Cavalcante (Bernardo de “seu” João Patinha); João Marques de Albuquerque; Lauro Marques de Albuquerque; José Tavares Filho (Zuza de “seu” Zezé, pai de Zé de Zuza); Antônio Tavares (Antônio de ‘Seu” Hermínio); José de Albano (Zé de Rosa); José Ignácio de Barros (Cazuzinha); José Alexandre Filho (Nenen de “seu” Zé Alexandre); Camilo Leite; Ernesto da Silva Pereira (Galêgo); Milton Tavares (Milton de “seu” Zezé); José Theófilo Filho e José Oscar (ambos de Jacaré dos Homens); José Vieira de Araújo (Zezé de “seu” Manoel Firmino); Josué Duarte; Helvécio Duarte; Antônio Gonçalves (Antônio Asa Branca); Levy Pastor da Veiga; Manoel Pastor da Veiga Filho (Nequito); João Damasceno Lisboa. Júlio Lisboa; João “Capote”; Boanerges Pinto; Epitácio Pinto; Erasmo Pinto (Filhos de “seu” Rolinha); Áureo Melo; Alípio Melo Filho; Manoel dos Santos Oliveira (Telegrafista); José Plácido (Carteiro); Virgolino Ferreira; Antônio Gomes da Silva (Antônio de “seu” Jovino Porém); Manoel Oliveira (Manoel de “seu” Manoel Oliveira); Antônio Marsiglia; Augusto Fiscal; Júlio Gonçalves (Júlio de Dadô); José Basílio; José Costa (José de “siá” Maria Bela); Eliseu Gaudêncio, Luiz Gaudêncio (Lulu); Lino Ferreira de Melo (Lino de “seu” Manoel Ourives); Pedro Pereira de Melo (Pedro de “seu” Justino); Afonso Lisboa; Antônio Vieira de Araújo (Yoyô); Virgílio Campos; José Gonçalves da Silva; Antônio da Silva Pereira (Toinho de “seu” Aprígio); Otacílio Gonzaga da Costa (Otacílio de “seu” Dique); Augusto Oliveira; Manoel Pereira Bomfim; Eliseu da Paixão; Genésio Izidoro; Theófilo Izidoro; Luiz Bomfim; Josias de “seu” Pedro Chico; Agesislau Damasceno Curador; Duperron Damasceno Curador; Toinho China; Evenos Luz; João Mangueira (João de Adélia); Jaime do Limoeiro (deve ser Jaime Castro); Antônio Trangola (Toinho); José Alves Feitosa (Juca); José Gonçalves Filho (Nozinho); Rosalvo Pastor; Minervino Pastor; Antônio Coriolano; Francisco Bezerra Lima (Maninho de “seu” Marôto); Nestor Noya (Nestor de “zeu” Zé Nóya); Dionísio Ignácio de Barros e José Serafim Filho (Serafim de “seu” Zé de Nenen).

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A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia