sábado, 29 de junho de 2024

PÃO DE AÇÚCAR PÓS-REVOLUÇÃO DE 1930 – PARTE 2

Por Etevaldo Amorim

 

Para as eleições municipais de 1935, o Partido Republicano saía na frente indicando seu candidato em Pão de Açúcar. Eis a notícia publicada no jornal Diário de Pernambuco, de 24 de agosto de 1935:

“O PRIMEIRO PREFEITO ESCOLHIDO – O presidente da Comissão do Diretório Municipal do Partido Republicano em Pão de Açúcar comunicou ao Sr. Governador do Estado e presidente do mesmo Partido, haver aquela Comissão escolhido o nome do seu correligionário Antônio de Freitas Machado para o cargo de prefeito do município nas próximas eleições.”

Realizado o pleito, saiu-se vencedor o Sr. José Alves Feitosa, segundo o mesmo jornal, em edição de 27 de dezembro de 1935, informa o resultado:

“ELEITO O PREFEITO DE PÃO DE AÇÚCAR – Maceió, 26 (Da sucursal do Diário de Pernambuco). A União Reivindicadora de Pão de Açúcar venceu as eleições, elegendo para prefeito o Sr. José Alves Feitosa. A população da cidade fez uma grande manifestação ao prefeito eleito.”

 

JOSÉ ALVES FEITOSA                           De 6 de janeiro de 1936 a 27/12/1937

O Sr. José Alves Feitosa

O Sr. José Alves Feitosa tomou posse no dia 6 de janeiro de 1936, mesmo dia em que o Sr. Augusto de Freitas Machado foi eleito Presidente da Câmara.[i]

No dia 11 de março o novo prefeito já estava em Maceió, na Sala das Sessões da Assembleia Legislativa de Alagoas, participando do Congresso das Municipalidades, promovido pelo governador Osman Loureiro e presidido pelo prefeito de Palmeira dos Índios, Álvaro Paes[ii].

Em discurso pronunciado no dia 13, o Sr. Álvaro Paes, que havia governado o Estado de Alagoas de 12 de junho de 1928 a 10 de outubro de 1930, quando foi deposto pelos partidários da Aliança Liberal, falou da necessidade de conservar a malha viária estadual, lembrando o esforço que fizera, junto aos prefeitos, para a construção, em 1928, da estrada-tronco Maceió-Palmeira e, particularmente: “o grande esforço do prefeito de Pão de Açúcar (Padre Soares Pinto) para ligar, como ligou, a Sede do seu município à divisa[iii] de Santana e a Jacaré”.[iv]

Importante obra realizada durante a sua gestão, foi a construção do Posto de Higiene, com recursos do Estado, cuja inauguração ocorreu no dia 11 de maio de 1936.

No Poder Legislativo Municipal, a situação não era tranquila. Telegrama publicado no jornal recifense Diário da Manhã, de 26 de janeiro de 1937, dá uma ideia da situação:

“Pão de Açúcar, 22. No momento, acabamos protestar perante o Exmº Governador do Estado e ao Tribunal Eleitoral contra o fato de ainda não se ter reunido este ano a Câmara de Vereadores deste município, a fim de eleger novo presidente e tomar conhecimento da prestação de contas do prefeito durante o Exercício findo. Este acontecimento fere gravemente a vida constitucional do município e tem causado geral indignação no seio do povo, pois tudo indica que o atual presidente da Câmara, chefe da oposição local, não contando com a maioria dos vereadores para reelegê-lo, e temendo a não aprovação das contas do prefeito seu correligionário, pretende deixar o município nesta situação triste de governo absoluto, dentro do nosso regime constitucional.

Dirigimos nosso veemente apelo a esse brilhante jornal, no sentido de juntar ao nosso o seu protesto contra essa tremenda anomalia que nos decepciona.

Atenciosas saudações. – Júlio Machado, Padre Soares Pinto, Manoel Rego, Durval Nery de Araújo e Álvaro Pereira Simas, vereadores.”

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Era tesoureira da Agência dos Correios em Pão de Açúcar a Srª Maria Oliva de Mello Pinto.[v]

O Sr. Theobaldo Pereira de Mello, tesoureiro da Coletoria de Rendas de Pão de Açúcar e Belo Monte, é transferido para a de Traipu.[vi]

O escrivão da Coletoria Federal de Pão de Açúcar e Belo Monte, era o Sr. Reinaldo Lopes de Miranda Cabral[vii], irmão da esposa do Dr. Olavo Accioly de Moraes Cahet, Juiz de Direito da Comarca.

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Conhecido por Juca Feitosa, o tabelião José Alves Feitosa nasceu no dia 24 de agosto de 1894 e faleceu a 5 de março de 1974. Filho de José Alves Feitosa e Maria José de Campos Feitosa. Foi casado com Maria Adalgisa dos Anjos, mas não tiveram filhos.

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Conforme notícia do jornal Diário da Manhã, Recife, 22 e dezembro de 1937, o Interventor Federal em Alagoas, Osman Loureiro, torna sem efeito o Ato de 13 de dezembro de 1937, pelo qual nomeara o Pe. José Soares Pinto para o cargo de Prefeito de Pão de Açúcar, nomeando o Sr. José Gonçalves da Silva.[viii]

 

JOSÉ GONÇALVES DA SILVA                         De 27/12/1937 a 19/08/1938.

O Sr. José Gonçalves da Silva

Tomou posse no dia 27 de dezembro de 1927, nomeado que fora pelo Interventor Osman Loureiro de Farias, em 16 de dezembro do mesmo ano.

Junto com ele tomaram posse os vereadores: Augusto de Freitas Machado – Presidente; João Damasceno Lisboa – 1º Secretário; Manoel Rego – 2º Secretário; José Soares Pinto; Júlio de Freitas Machado; Álvaro Pereira Simas; João da Silva Pereira; Rosalvo Damasceno Ribeiro; Durval Nery de Araújo; Luiz Gonzaga Sobrinho.

Durante a sua Administração, as forças volantes da Polícia Militar do Estado de Alagoas destroçaram o bando de Lampião, na localidade Angicos, então município de Porto da Folha (atualmente pertencente ao município de Poço Redondo, Estado de Sergipe)

O prefeito de Pão de Açúcar emite o seguinte telegrama ao Interventor:

“Exmº Sr. Dr. Osman Loureiro. Interventor Federal. Maceió.

Povo sertanejo contentíssimo morte Lampião e dez comparsas, agradece heroico feito da Força alagoana e V. Exª pela profícua campanha sustentada contra banditismo nordestino.”

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Nessa época, era Adjunto de Promotor o bacharelando Álvaro de Vasconcelos Cavalcanti.[ix]

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José Gonçalves da Silva nasceu em Belo Monte a 28 de fevereiro de 1895. Filho de Marcelino Gonçalves da Silva e Francisca Maria da Silva, tendo como avós paternos: Pedro Gonçalves da Silva e Maria Gonçalves da Silva e, maternos: José Custódio de Castro e de Maria de Freitas Castro.

Casado com Isabel Alves Pinto (Yiayazinha), tiveram o filho Walter Gonçalves da Silva.

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Numa época de instabilidade política, característica da “Era Vargas” em Alagoas, a Gestão do prefeito José Gonçalves da Silva não alcançou oito meses, sendo ele exonerado pelo Interventor, conforme notícia veiculada no jornal Diário de Notícias, RJ, de 21 de agosto de 1938:

O NOVO PREFEITO DE PÃO DE AÇÚCAR. Maceió, 20. Por Ato de ontem, do Interventor Federal (Osman Loureiro), foi exonerado ontem o Sr. José Gonçalves da Silva do cargo de prefeito de Pão de Açúcar, sendo nomeado para substituí-lo o Sr. Joaquim Rezende, do comércio exportador dali.”

 

JOAQUIM CRUZ REZENDE      De 19/08/1938 a 08/04/1941.

 

O Sr. Joaquim Rezende

Nomeado em 19 de agosto de 1938, sua administração foi marcada pelo zelo com o aspecto urbano da cidade. Numa época em, mais do que hoje, as populações mais pobres viviam em condições habitacionais indignas e subumanas, ele empreendeu um programa de melhoramento de moradias.

 

Foi exonerado, a pedido, por Ato do Interventor Federal Ismar de Góes Monteiro, em abril de 1941. Fonte: Diário da Manhã, Recife-PE, 25 de abril de 1941.

 

 

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Joaquim Cruz Rezende nasceu em Gararu, Estado de Sergipe, no dia 12 de março de 1902. Filho de Manoel Cruz Rezende e Maria do Céu Rezende, tendo como avós paternos: Justino Salazar de Rezende e Josepha Maria do Couto; e, maternos: José de Souza Menezes e Angélica Maria de Oliveira.

 

Em 1924, casa-se, em Belo Monte, com a Srtª Aurita de Freitas Melro (filha de Joaquim de Freitas Melro e Maria do Valimento Melro), com que teve os filhos Geraldo de Freitas Rezende, Luiz de Freitas Rezende, Maria do Valimento de Freitas Rezende, e Antônio de Freitas Rezende.

 

Na década de 1940, já viúvo pelo falecimento de Dona Aurita (21 de fevereiro de 1939), o Sr. Joaquim Rezende iniciou relacionamento com a Srta. Lourdes Melo (filha de Álvaro Gomes de Carvalho Mello e Maria da Glória de Mello Filha).

Em 24 de setembro de 1946, o casal foi brindado com o nascimento de uma menina, que se chamaria Ana Dayse Melo Rezende (nome de casada Ana Dayse Rezende Dória)[x].

Tornando-se professora da médica, ela ingressou, por concurso, no corpo docente da Universidade Federal de Alagoas, chegando a ser Reitora. Ocupou ainda, por duas vezes, o cargo de Secretária de Educação do Município de Maceió.

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Pão de Açúcar, 1939. A avenida Bráulio Cavalcante durante a administração do prefeito Joaquim Rezende.

Na foto acima, vemos um belo aspecto da Avenida Bráulio Cavalcante, com calçamento a lajes, iniciado por ele. Além dos tamarineiros antigos, inicia-se nova arborização. A avenida, sem obstáculos, permite uma visão total até a cadeia pública e o morro do Cavalete, ao fundo. À esquerda, um automóvel, provavelmente da marca Ford, defronte à casa comercial de José Gonçalves de Andrade (Zequinha Andrade).

Segundo o escritor pão-de-açucarense Aldemar de Mendonça, o Sr. Joaquim Rezende foi anfitrião do cantor popular Silvio Caldas, que chegou a Pão de Açúcar no dia 18 de julho de 1940, apresentando-se no Cine Teatro Pax e nas casas de residências de diversas famílias. Permaneceu durante seis dias, fazendo pescarias no rio São Francisco, visitando o povoado Jacarezinho e a fazenda Angiquinho.

Em 1954, foi anfitrião do govenador Arnon de Melo. Segundo o relato de Aldemar de Mendonça:

 

“No mês de abril de 1954, na companhia dos deputados federais Freitas Cavalcante e Rui Palmeira, o governador Arnon de Mello chega nesta cidade, onde foi hospedado na residência do Sr. Joaquim Rezende.

O avião em que viajou Sua Excelência chegou às 17 horas, sendo recebido por enorme massa popular. Entre as pessoas presentes ao Campo de Pouso se encontravam o deputado Segismundo Andrade; Aloísio do Couto Malta, Juiz de Direito da Comarca; o Bel. Geda, Promotor Público; Vereador Antônio de Freitas Machado; José Gonçalves Filho e outros.

Nas ruas viam-se faixas em homenagem ao Governador. À noite, na residência do Sr. Joaquim Rezende, teve lugar um grande banquete em homenagem ao Governador. Falaram vários oradores. Terminado o banquete, realizaram-se alguns bailes nesta cidade, tendo o Governador comparecido a eles.”

Ainda segundo Aldemar de Mendonça, foi a sua fazenda Lagoa da Vaca que, em setembro de 1949, passou a ser a primeira propriedade agrícola do município a receber o serviço de iluminação elétrica própria.

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Foi assassinado no dia 28 de agosto de 1954, no povoado São José (atual cidade de São José da Tapera), então pertencente ao município de Pão de Açúcar-AL, quando ocupava o cargo de Delegado de Polícia.

 

AUGUSTO DE FREITAS MACHADO              De 18/06/1941 a 17/01/1947.

O Sr. Augusto Machado

Neste período, o prefeito Augusto Machado fez a substituição do calçamento da Travessa João Pessoa (hoje João Antônio dos Santos), antes feita de pedras irregulares, por paralelepípedos.

Nesta segunda Gestão do prefeito Augusto de Freitas Machado, houve algumas interrupções. O Primeiro Período, digamos assim, foi de 18/06/1941 a 13/01/1943, sendo que no último dia ficou o Secretário Sr. Themístocles de Freitas Machado respondendo pelo Expediente da Prefeitura. Em 14/01/1943 retorna o Titular.


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O Sr. Themístocles de Freitas Machado, enquanto Secretário de Administração, assumiu interinamente o cargo de prefeito.

Nasceu em Pão de Açúcar no dia 8 de  junho de 1916, filho de Álvaro Machado e Cristina de Freitas Machado. Casou-se com a Sra. Maria da Costa, com quem teve três filhos: os engenheiros Aécio e José Marcelo, e o médico Álvaro Machado Neto. Faleceu em Maceió no dia 10 de agosto de 1982.

Themístocles de F. Machado
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O jornal carioca A Manhã, em edição de 11 de fevereiro de 1942 noticia que, naquela data, o Interventor Federal no Estado de Alagoas, Ismar de Goes Monteiro, seguiu para Pão de Açúcar, acompanhado de numerosa comitiva, composta pelo Secretário da Fazenda, Chefe do Serviço de Fomento Agrícola, Diretor do Departamento das Municipalidades e por um representante da Agência de Economia Rural, a fim de fundar ali uma Cooperativa de Laticínios. Tratava-se da Cooperativa de Laticínios de Jacaré dos Homens.

Em artigo publicado no Diário de Pernambuco, de 11 de fevereiro de 1944, intitulado “MICRO-ÁREA PASTORIL ALAGOANA” o professor Octávio Domingues, catedrático da Escola Nacional de Agronomia, afirma que, em fevereiro de 1943, a fábrica de laticínios tinha um movimento diário de 2.400 litros.

Uma nota do Diário de Notícias, RJ, 17 de setembro de 1943, informa que seguiu para o povoado Jacaré dos Homens, no município de Pão de Açúcar, o Diretor da Divisão de Engenharia do Departamento das Municipalidades, a fim de “completar os estudos e projeto da construção de um grande açude para abastecimento da fábrica de laticínios daquela localidade.”

Durante esse processo, um acontecimento lamentável foi noticiado pelo jornal Correio da Manhã, RJ, 21 de agosto de 1946. No povoado Jacaré, foi assassinado a tiro de fuzil o Sr. Valdemar Francisco de Paula. Como técnico da empresa Fábio Bastos[xi], ele viera do Rio de Janeiro para instalar a usina de laticínios. Dizendo não se saber o autor, o jornal apenas informa que as populações de Pão de Açúcar e Jacaré mostravam-se indignadas com o crime.

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Em 16 de julho de 1942, Pão de Açúcar experimentou o primeiro exercício de black-out, em virtude da II Guerra Mundial. “A população cumpriu estritamente as orientações emanadas do comando da guarnição federal. O exercício foi assistido pelo Inspetor Siqueira Junior”, diz a notícia do jornal carioca A NOITE, edição de 17 de julho daquele ano. Naquele mesmo ano, “correram com brilho as comemorações da Semana da Pátria” em Pão de Açúcar.[xii]

Em abril de 1943, esteve em visita a Pão de Açúcar o interventor Ismar de Goes Monteiro, para “observar os serviços do Fomento Agrícola e o funcionamento das cooperativas, bem como os demais serviços públicos.” [xiii]

Por essa época, era Escrivão da Coletoria de Rendas Federais o Sr. Oldrado de Souza Soares.[xiv]

Em setembro de 1944, o prefeito Augusto Machado visitou o Museu Imperial, em Petrópolis-RJ.[xv]

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Naquela quadra histórica, o Brasil vivia uma situação contraditória: enquanto combatia, na Europa, ao lado dos Aliados, contra as forças do Eixo (fascistas e nazistas), no âmbito interno era governado pela ditadura do Estado Novo, de Getúlio Vargas.

Foi, então, que veio a lume a famosa entrevista do escritor e político paraibano, José Américo de Almeida, no Correio da Manhã.

Nesta hora, não me nego a falar. Pelo contrário, julgo chegado o momento de todos os brasileiros opinarem. Esta é uma hora decisiva que exige a participação de todos no rumo dos acontecimentos.”

Iniciando com estas palavras, José Américo fazia duras críticas ao regime de Vargas, enfrentando a censura, que já não tinha forças para sufocar as vozes que se levantavam pele democratização do país.

Daí surgiu a candidatura do Brigadeiro Eduardo Gomes, pela UDN – União Democrática Nacional.

Os pão-de-açucarenses não se omitiram. Fizeram publicar, no O Jornal, do Rio de Janeiro, em 24 de abril de 1945, manifestação de apoio à candidatura do Brigadeiro à Presidência da República:

Os signatários deste, representantes da classe da lavoura, da indústria e do comércio do município de Pão de Açúcar, abrangendo vasta zona do sertão alagoano, credenciados pela confiança do povo, brevemente irão se manifestar nas urnas livres e hipotecarem a V Exª inteira solidariedade, afirmando seu apoio à figura valorosa do bravo e íntegro cidadão batalhador pela incansável causa da democracia. Saudações. – Joaquim Rezende, comerciante e industrial; José Gonçalves de Andrade, comerciante; José Gonçalves Filho, comerciante; Manoel Pastor Filho, comerciante e industrial; Antônio da Silva Pereira, comerciante e criador; Oswaldo Vieira Dantas, comerciante; Antônio Gonçalves Melo, comerciante; João Pires de Carvalho, criador; Alberto Araújo, industrial; Evenus Luz, comerciante; Jose Pedro dos Santos, agricultor; Antônio Prudêncio Sobrinho, comerciante; José Pereira Melo, comerciante.”

A 12 de agosto de 1945, chega a Pão de Açúcar o Dr. Waldemar Custódio da Guia para assumir o cargo de Adjunto de Promotor.

Com a deposição de Getúlio Vargas, na noite de 29 de outubro de 1945, pondo fim ao Estado Novo e a quinze anos de ditadura, assumiu o Governo o Dr. José Linhares, então Presidente do Supremo Tribunal Federal. Montou-se novo Ministério.

Para a Pasta da Justiça e dos Negócios Interiores foi convidado o renomado professor da Faculdade de Direito de São Paulo, o Dr. Antônio de Sampaio Dória, alagoano de Belo Monte. Coube-lhe desempenhar a importante tarefa de preparar a Nação para o pleito de que resultou a formação da Assembleia Nacional Constituinte e, ao mesmo tempo, a eleição, pelo voto popular, do Presidente da República. (Para saber mais sobre Antônio de Sampaio Dória, clique AQUI)

Como o Pleito se realizaria sob a égide da Constituição de 1937 (outorgada por Getúlio), não havia a figura do Vice-Presidente.

O Ministro da Justiça comandou o processo eleitoral. Em 20 de novembro de 1945, expediu telegrama aos Governadores e Interventores Federais nos Estados instruindo-os para a obediência ao Decreto-Lei nº 8.188, de 20 de novembro de 1945. Segundo este Diploma Legal, os Prefeitos que até o mês anterior figurassem como membros de diretórios partidários, deveriam se afastar, dando lugar a que assumissem o expediente das Prefeituras o Juiz de Direito da Comarca.

Assim se deu em Pão de Açúcar. Afastou-se o Prefeito Augusto de Freitas Machado, em 22/11/1945, assumindo o comando do município o Dr. Olavo Accioly de Moraes Cahet Filho, Juiz de Direito da Comarca, até o dia 03/12/1945, quando retornou o titular.

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O Dr. Olavo Cahet

Formado pela Faculdade de Direito do Recife, em 16/12/1939, o Dr. Olavo Accioly de Moraes Cahet Filho nasceu em Maceió, no dia 19 de setembro de 1917, filho de Olavo Accioly de Moraes Cahet e de Anna Lopes Ferreira. Foi casado com Srª Helena Lopes de Miranda Cabral. Faleceu em Maceió, no dia 9 de março de 1999.

A sua primeira investidura no cargo de Juiz de Direito se deu na Comarca de Pão de Açúcar, para onde foi nomeado em 09/01/1945, por ato do Interventor Ismar de Góis Monteiro, tendo assumido a sua judicatura em ato solene de posse e compromisso ocorrido no dia 19/01/1945, sob o comando do Desembargador Augusto de Oliveira Galvão, então Presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas.

Foi nomeado Desembargador, por ato de 26/08/1959, do então Governador Muniz Falcão, tomando posse em 28/08/1959 no Tribunal de Justiça de Alagoas, do qual foi Presidente, no período de 17/03/1966 a 13/03/1970 e no período de 02/03/1979 a 02/02/1981.

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O pleito realizado a 2 de dezembro de 1945, em Pão de Açúcar, exibiu o seguinte resultado:

Para Presidente: Brigadeiro Eduardo Gomes: 560 votos; Eurico Gaspar Dutra: 455: Para Senador, Costa Rego: 554 votos.[xvi]

Esse Segundo Período, por assim dizer, foi até 14/01/1947, quando o Sr. Álvaro Mello (na condição de Secretário) assume a Prefeitura, em virtude de afastamento do titular para candidatura a Deputado Estadual.  Permaneceu até 17/01/1947, quando passou o Cargo ao Dr. Arthur Camelo Veras, que administrou até 31/05/1947.

 

O Sr. Álvaro Mello

ARTHUR CAMELO VERAS                   De 17/01/1947 a 31/05/1947


O Dr. Arthur Veras

No seu governo foi construído o Campo de Pouso, em área onde hoje está a extremidade Leste da Av. Manoelito Bezerra Lima.

Pelo Decreto Nº 01, assinado por ele em 21 de maio de 1947, foi desapropriado o terreno para a construção do prédio destinado à instalação do Hospital Regional do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), atualmente Unidade Mista Dr. Djalma Gonçalves dos Anjos.

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Médico, formado pela Faculdade de Medicina do Recife, tendo colado grau em 6 de dezembro de 1941, tendo seu diploma registrado no Departamento Nacional de Educação em 1943.[xvii]

Natural de Correntes, Pernambuco, nasceu a 7 de outubro de 1912. Filho de Raimundo Alves Camelo e Jacinta de Veras Pinto, tendo como avós paternos: José Alves Camelo e Adriana Freitas Camelo; e, maternos: Antônio Pinto Correia Filho e Florinda Augusta de Veras Pinto.

Foi casado com Arlinda Tenório Veras. Faleceu em São José da Laje-AL, no dia 19 de dezembro de 2006.

Faleceu no Recife em 15 de maio de 1994, aos 81 anos de idade, deixando viúva a Srª Naci Marques de Brito Veras, com quem se casara em segundas núpcias; além dos filhos Múcio Antônio Tenório Veras, Glauco Raimundo Tenório Veras e Edna.

No registro de nascimento do seu filho Glauco, nascido no Recife em 27 de maio de 1945, consta que os pais residiam em Pão de Açúcar. Já quando nasceu o seu primeiro filho Múcio, em 12 de novembro de 1943, o casal residia no bairro do Espinheiro, no Recife.

O jovem Arthur em Garanhuns-PE. Foto: revista Vida Doméstica.


O Dr. Veras em ambiente social acompanhado da esposa Arlinda.


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De 31/05 a 08/06/1947, ficou o Sr. ARMANDO DE FREITAS MACHADO respondendo pelo Expediente da Prefeitura. Era Secretário de Administração quando o prefeito Arthur Camelo Veras, antes de renunciar ao cargo, o designou para ocupar o cargo de Prefeito até a posse no novo prefeito, Sr. Manoel Alves Lyra, conforme Ata lavrada no Livro de Transmissão de Cargos da Prefeitura Municipal.

O Sr. Armando Machado

Nasceu em Pão de Açúcar no dia 29 de abril de 1922. Filho de Álvaro Machado e Cristina de Freitas Machado. Casou-se, em 25 de fevereiro de 1950 com a Srª Ozélia Tavares Vieira (filha de Octávio Soares Vieira e Maria Rosa Tavares Vieira, conhecida por “Sinharinha Tavares”). Faleceu em Maceió no dia 13 de novembro de 2008.

 





MANOEL ALVES LYRA                                     De 08/06/1947 a 22/01/1948

 

O Sr. Manoel Alves Lyra

Durante a sua gestão, o terreno desapropriado na gestão do Dr. Arthur Camelo Veras, destinado à construção do hospital, foi doado ao Ministério da Saúde, por Lei nº 122, de 20 de agosto de 1947.

Outras realizações:

- Construção do Coreto defronte a Igreja Matriz, em local onde havia uma pequena “fonte”.

- Inauguração do monumento a Bráulio Cavalcante, a 15 de novembro de 1947. Situada defronte à Prefeitura Municipal, é uma obra do escultor pão-de-açucarense João Damasceno Lisboa.

MANOEL ALVES DA ROCHA LYRA nasceu em Penedo no dia 22 de janeiro de 1892.

Filho do Capitão Hygino da Rocha Lyra e de Francisca Alves da Rocha Lyra, casados em Pão de Açúcar, tendo como avós maternos Antônio Luiz Vieira Rego e Genoveva Alves Cavalcanti e, paternos, José da Rocha Lyra e Maria Francisca das Chagas de Jesus.

Do casamento com Maria de Lima Lyra (falecida no Rio de Janeiro em 1978) nasceram os filhos: Maria Nadine Lima Gonçalves (casada com Edmur Rocha Gonçalves), Celso Fernando de Lima Lyra (casado com Maria Priscila Casado Rego) e Mário Cézar de Lima Lyra (casado com Lydia Guerra Lyra).

Em 1920, foi nomeado Comissário de Polícia no município de Murici, do qual pediu exoneração em outubro do mesmo ano.

Em 1927, foi secretário da Associação Odontológica Espiritosantense. Em 1928, inaugura gabinete odontológico na rua 1º de março, 30 em Vitória. Em Vitória, foi fundador da Revista do Comércio.

Foi Fiscal de Consumo, interino, no Espírito Santo, em 1929.[xix]

Defronte a Matriz, em lugar do coreto, havia essa fonte, construída na gestão do prefeito Manoel Alves Lyra.
Foto: acervo familiar do ex-Prefeito Jasson Silva Gonçalves.





[i] Diário de Pernambuco, de 14 de janeiro de 1936.

[ii] Diário da Manhã, Recife-PE, 12 de março de 1936.

[iii] Apenas para ressaltar que o termo “divisa”, neste caso, não é adequado. O correto seria limite, por se tratar de municípios. Usa-se limite quando se trata de Estados; assim como fronteira quando se trata de países.

[iv] Diário da Manhã, Recife-PE, 14 de março de 1936.

[v] Filha do Major Achilles Balbino de Leles Mello e de Maria Idalina de Souza; esposa do Sr. Seraphim Soares Pinto.

[vi] Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 22 de outubro de 1937. Theobaldo Pereira de Mello, filho de Ildefonso Pereira de Mello e Maria Roza da Conceição. Casou-se com Eulália Soares de Mello, natural de Palmeira dos Índios.

[vii] Reinaldo Lopes de Miranda Cabral, Gazeta de Notícias (RJ), 29 de outubro de 1937.

[viii] Diário da Manhã, Recife, 22 de dezembro de 1937.

[ix] Diário da Manhã – Recife, 30 de março de 1938.

[x] ANA DAYSE REZENDE DÓRIA, UMA VIDA QUE SE FEZ HISTÓRIA. Enaura Quixabeira, organizadora. Editora Viva, Maceió, 2017.

[xi] Fábio Bastos & Cia. Máquinas e acessórios para indústria de laticínios, sediada na Rua Visconde de Inhaúma, 95, Rio de Janeiro.

[xii] A Noite, RJ, 10 de setembro de 1942.

[xiii] A Noite, RJ, 26 de abril de 1943.

[xiv] Oldrado de Souza Soares. Natural de Palmeira dos Índios, ele nasceu a 1º de abril de 1903 e faleceu em Salvador-BA a 13 de junho de 1991. Filho de Pedro Soares da Motta e Ana de Souza Soares.

[xv] Jornal do Comércio, 8 de outubro de 1944.

[xvi] Correio da Manhã, RJ, 5 de dezembro de 1945.

[xvii] Jornal A Manhã, RJ, 3 de janeiro de 1943.

[xviii] Armando de Freitas Machado, filho de Álvaro Machado e Cristina de Freitas Machado.

[xix] Diário da Manhã, ES, 15 de novembro de 1928; A Noite, RJ, 13 de agosto de 1929.

 


A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


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PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

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Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia