sábado, 1 de junho de 2024

PÃO DE AÇÚCAR NA REPÚBLICA VELHA – PARTE 1

 

Por Etevaldo Amorim

Elevada à categoria de Vila pela Lei Provincial nº 233, de 3 de março de 1854, Pão de Açúcar era administrada por uma Câmara de Vereadores, regida pela Lei de 1º de outubro de 1828, que “Dá nova forma às Câmaras Municipais, marca suas atribuições, e o processo para a sua eleição, e dos Juízes de Paz”.

Em definição dada por esta Lei, que foi assinada por Dom Pedro I, as Câmaras seriam corporações com funções administrativas, não exercendo, entretanto, jurisdição contenciosa. Isto é, não teria competência para lidar com litígios ou controvérsias em que houvesse disputa de interesses entre partes adversas, situações em que se buscaria a intervenção do Judiciário para resolver o conflito.

A primeira Câmara foi assim constituída:

Manoel Caetano de Aguiar Brandão[i], Presidente; Braz Antônio Marsiglia, Secretário; Achilles Balbino de Leles Mello; Martiniano Fernandes da Silva[ii]; Leandro Ribeiro Gonçalves de Mello[iii]; Manuel Aragão de Almeida; Manoel Rodrigues das Mercês Mello; José Antônio Martins; Narciso José d’Oliveira e Ananias Caldeira Sandes.

O Sr. Achilles Balbino de Leles Mello

Para termos uma ideia do contexto em que estava inserida a Villa, que logo se tornaria cidade, diremos que, em 1873, a divisão política da então Província das Alagoas apresentava o seguinte quadro: 20 Câmaras Municipais com eleição popular, sendo cinco nas cidades de Maceió, Alagoas (atual Marechal Deodoro), Penedo, São Miguel (atual São Miguel dos Campos) e Pilar; e quinze nas Vilas de: Porto Calvo, Passo de Camaragibe, Porto de Pedras, Imperatriz (atual União dos Palmares), Atalaia, Assembleia (atual Viçosa), Anadia, Coruripe, Traipu, Palmeira (atual Palmeira dos Índios), Paulo Afonso (atual Mata Grande), Pão de Açúcar, Murici e Quebrangulo.

A essa época, segundo o Almanak da Província das Alagoas, a Vila de Pão de Açúcar possuía cerca de 500 habitações e 2.000 habitantes, aproximadamente.

Proclamada a República, o Dr. Pedro Paulino da Fonseca, Governador de Alagoas, baixou o Decreto nº 1, de 21 de janeiro de 1890, extinguindo as Câmaras Municipais, que foram substituídas por um Conselho de Intendência[iv], composto de cinco membros, ao qual caberia exercer o Poder Municipal. Essa prerrogativa lhe foi dada pelo Decreto Federal nº 107, de 30 de dezembro e 1889, assinado por Deodoro da Fonseca:

Art. 1º Os Governadores dos Estados Unidos são autorizados a dissolver as Câmaras Municipais e a organizar os respectivos serviços, adaptando em tudo que lhes forem aplicáveis as disposições do decreto n. 50 A, de 7 do corrente mês, relativo à Ilma. Câmara Municipal da capital federal.”

Em Pão de Açúcar, ficou assim constituído Poder Local:

1.      DR. MIGUEL DE NOVAES MELLO     De 27/01/1890 a 12/12/1891

Intendente: Dr. Miguel de Novaes Mello.

Membros do Conselho: José da Silva Maia, Luiz José da Silva Mello, Seraphim Soares Pinto e Manoel de Souza Rego.

Em 1891, a composição do Conselho já se alterava para: José da Silva Maia, Henrique Salathiel Canuto[v], Antônio Damasceno Ribeiro e João Vieira Lisboa, permanecendo o Dr. Miguel como Intendente.

A recém-proclamada República recebera, em 24 de fevereiro de 1891, uma nova Constituição.

O TÍTULO III - Do Município, dispondo de apenas um Artigo, diz;

Art 68 - Os Estados organizar-se-ão de forma que fique assegurada a autonomia dos Municípios em tudo quanto respeite ao seu peculiar interesse.”

 

Durante o processo de elaboração, foram constituintes, pelo Estado de Alagoas, os Senadores: Floriano Peixoto, Pedro Paulino da Fonseca, Cassiano Cândido Tavares Bastos; e os Deputados Theoplillo Fernandes dos Santos, Joaquim Pontes de Miranda, Francisco de Paula Leite Oiticica e Gabino Besouro.

Em Pão de Açúcar, era Juiz de Direito da Comarca o Dr. Graciano Xavier Carneiro da Cunha[vi], nomeado em 19 de março de 1891. Entretanto, antes do final do ano, foi nomeado o Bel. Antônio Quintella Correia,[vii] (Juiz de Direito de Pão de Açúcar e anexo Santana do Ipanema).

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O Dr. Miguel, filho do Major João Machado de Novaes Mello (o Barão de Piaçabuçu) e de Maria José Leite de Novaes Mello, nasceu em Pão de Açúcar, em 1851.

Casou-se com Rosa de Albuquerque (filha do Coronel Serapião Rodrigues de Albuquerque e de Maria Joaquina Cavalcanti, de Traipu). O casal teve as filhas: Maria José de Albuquerque Novaes, Anita de Albuquerque Novaes e Noêmia de Albuquerque Novaes.

Faleceu em Penedo-AL, aos 50 anos de idade, em 30 de maio de 1901. Para saber mais, clique AQUI.

 

2.      CAP. SERAPHIM SOARES PINTO                   De 12/12/1891 a 31/07/1894

O Cap. Seraphim Soares Pinto

O governador do Estado (Manuel Gomes Ribeiro –“Barão de Traipu”)
[viii] por Ato de 12 de dezembro de 1891[ix], nomeou membros dos Conselhos de Intendência em alguns municípios. O do município de Pão de Açúcar ficou assim constituído:

 Intendente:     Seraphim Soares Pinto.

Membros:       Horêncio Pereira da Luz, Manoel Francisco Pereira, José Alves Feitosa e José da Silva Maia.

 Conselho Municipal:

 Presidente:                 Antônio Soares de Faria Pinto

Membros:                   Antônio Bezerra de Mello Dias

                                   Antônio Guimarães Mendonça[x]

                                    Antônio Joaquim Rodrigues Noya

                                   Antônio Soares Pinto

                                   João Damasceno Souza

                                   José Alves Feitosa

                                   José Emiliano de Souza

                                   José Inocêncio Vieira

                                   Manoel Antônio Duarte de Albuquerque[xi]

                                   Manoel Antônio Lisboa

                                   Manoel Francisco Pereira

                                   Messias Correia Leal

                                   Pedro Francisco Souto

                                   Pedro Soares Vieira

 

Nomeado após a promulgação da Constituição, em 24 de fevereiro de 1891, é por isso que se diz que o Cap. Seraphim Soares Pinto foi o PRIMEIRO PREFEITO CONSTITUCIONAL.

Aldemar de Mendonça, entretanto, em seu PÃO DE AÇÚCAR – HISTÓRIA E EFEMÉRIDES, informa que a posse ocorreu em 2 de setembro de 1892.

EFEMÉRIDES NESTE PERÍODO ADMINISTRATIVO:

Nomeado Francisco Bezerra da Rocha para 1º Suplente do Sub-delegado de Limoeiro.

Em aviso datado de 3 de fevereiro de 1892 (publicado no Jornal do Brasil, de 05.02.1892), o Diretor Geral dos Correios, Innocêncio Marques de Lemos e Bastos, dá conta ao público que se acha aberta a Estação Telegráfica de Pão de Açúcar, na linha Penedo-Piranhas.

Segundo notícia do Jornal do Recife (27/03/1892), reproduzindo informação do Chefe do 5º Distrito Telegráfico, Dr. Álvaro de Mello Coutinho de Vilhena, foi inaugurada a Estação Telegráfica, juntamente com as de Pontal da Barra (em Maceió), Igreja Nova, Traipu e Piranhas. Pagava-se uma taxa de 140 réis por palavra.

Durante esse período administrativo, deu-se a emissão do Ato do Presidente do Senado Estadual, no exercício do cargo de Governador, publicado no jornal PÁTRIA, órgão do Partido Democrata, em 21 de janeiro de 1892:

O Presidente do Senado, no Exercício do cargo de Governador do Estado, nomeou, por ato de 20 do corrente, oficiais do 41º Batalhão de Infantaria, do 4º Corpo de Cavalaria da Guarda Nacional no Município de Pão de Açúcar, ultimamente criados, os seguintes cidadãos: BATALHÃO Nº 41 - ESTADO MAIOR. Tenente-Ajudante e Secretário: João Damasceno Souza Filho; Tenente Quartel-Mestre: José da Silva Maia Filho. 1ª COMPANHIA: Capitão: Manoel Soares Pinto; Tenente: Higino Gonçalves Maranduba; Alferes: Roque José Bezerra. 2ª COMPANHIA: Capitão: João Fernandes de Seixas; Tenente: Manoel Francisco Pereira; Alferes: João Pereira de Mello. 3ª COMPANHIA: Capitão: Manoel Rego; Tenente: Pedro Francisco Souto; Alferes: Joaquim Alves Feitosa Filho. 4ª COMPANHIA: Capitão:  José Alves Feitosa; Tenente: Manoel Lourenço de Mello; Alferes: Antônio Alves Souto. 5ª COMPANHIA: Capitão: Narciso José de Oliveira; Tenente: José Emiliano de Souza; Alferes: José Seraphim dos Santos. 6ª COMPANHIA: Capitão: José Vieira de Souza; Tenente: Antônio Vieira de Souza; Alferes:   João Vieira de Souza.”

A Lei nº 8, de 13 de maio de 1892, que “Organiza os municípios do Estado”, aprovada pelo Congresso Estadual e sancionada pelo Governador Gabino Besouro[xii], atribuiu aos Conselhos funções legislativas e ao Intendente, funções executivas.

Já no seu Art. 1º, a nova lei definia:

“O município é a circunscrição do território do Estado, na qual cidadãos associados pelas relações comuns de localidade, de trabalho e tradições, vivem sob uma organização livre e autônoma para fins de economia, administração e cultura.”

O Art. 4º determinava quais os órgãos do Município: um Conselho, um Intendente, um Comissário de Polícia e Sub-Comissários de Distrito. Pão de Açúcar estava dividido em dois Distritos: o da Sede e o de Limoeiro.

O Art. 5º diz que o Conselho Municipal seria eleito de dois em dois anos, por sufrágio direto dos eleitores do município, e o número dos seus membros calculado na proporção de um por mil habitantes, não podendo ele, no máximo, exceder de vinte e quatro.

Sobre o Intendente, no seu Art. 15, diz:

“O Intendente é o Chefe da Administração Municipal e será eleito por dois anos simultaneamente com o Conselho, em lista separada, não podendo ser eleito para o período imediato àquele em que tiver servido.”

Uma disposição interessante está no Art. 18:

“No caso de impedimento ou vaga, o Intendente será substituído por seu imediato em votos, observadas as incompatibilidades estipuladas no Art. 6º. Se a vaga, porém, se der no primeiro ano, proceder-se-á imediatamente a nova eleição em dia designado pelo Conselho.”

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Pelo Decreto Federal, transcrito abaixo, foi criado o Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional de Pão de Açúcar:

 “DECRETO Nº 839, DE 30 DE MAIO DE 1892.

 Eleva à categoria de batalhão da reserva da Guarda Nacional da Comarca de Pão de Açúcar, no Estado das Alagoas, e cria na mesma comarca um batalhão de infantaria.

 O Vice-Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, atendendo à conveniência do serviço público, resolve decretar o seguinte:

 Art. 1º Fica elevado à categoria de batalhão, com designação de 15º, a 7ª Secção do Batalhão da reserva já organizado na Freguesia do Santíssimo Coração de Jesus, na Comarca de Pão de Açúcar, no Estado das Alagoas.

 Art. 2º É criado na mesma comarca um batalhão de infantaria de quatro companhias e a designação de 44º, e que se comporá dos guardas nacionais qualificados no município de Piranhas.

 Art. 3º Ficam revogadas as disposições em contrário.

 O Ministro de Estado dos Negócios da Justiça assim o faça executar.

 Capital Federal, 30 de maio de 1892.

 FLORIANO PEIXOTO

Fernando Lobo”

Em 6 de setembro de 1893, foi fundado o jornal A VERDADE, de propriedade de Seraphim Soares Pinto.

Em 1894, era Juiz de Direito da Comarca o Dr. Esperidião Barros de Albuquerque Lins.

 

3.      EMÍLIO JOSÉ DE MORAES       De 31/07/1894 a 07/01/1895

O Sr. Emílio José de Moraes


Para falar de Emílio de Moraes, recorremos a uma publicação da revista Estandarte, que nos foi cedida por um seu descendente, Roberto Menezes de Moraes, residente em Niterói, Estado do Rio de Janeiro.

“Nascido em Entremontes, comarca de Pão de Açúcar[xiii], Estado de Alagoas, em 21 de outubro de 1847, era filho legítimo de Eufrásio José de Moraes e Maria da Conceição Moraes.

Sendo seus pais pequenos lavradores, foi esse o primeiro modo de vida que abraçou nas circunvizinhanças do vilarejo natal, tendo ali frequentado por espaço de seis meses o curso primário de um bem conceituado mestre-escola. Jovem ainda, ele passou pela amargura de perder o seu progenitor e assumiu muito cedo a chefia da casa, provendo os meios para o sustendo da carinhosa mãe e dos irmãos órfãos.

À agricultura, preferiu o comércio, onde se iniciou como caixeiro anos depois, em Pão de Açúcar, no importante estabelecimento comercial de um parente rico, o Major Agostinho Brandão[xiv], tio do primeiro bispo de Alagoas – D. Antônio Manuel de Castilho Brandão.

Como empregado do comércio, sentiu-se na necessidade de desenvolver sua instrução, o que fez infatigavelmente.

Assolada por aquela época a população da cidade ribeirinha pelo terrível flagelo do Cholera-morbus, transportou-se para Pão de Açúcar o ilustre clínico Dr. Ronalsa Brandão que, para debelar a epidemia, fundou, em compartimento da casa comercial do seu tio, uma pequena farmácia.

A braços com o afã da sua profissão, não sobrava já atividade ao laborioso médico par o despacho pontual das fórmulas.

Encontrando-se sempre ao seu lado o caixeiro Emílio José de Moraes, revelando de dia para dia particular aptidão para o cargo de prático em farmácia, convidou-o o inteligente esculápio para seu auxiliar.

Emílio dava conta satisfatória do recado e, nos pés do referido clínico, também diplomado em Farmácia, prosseguiu proveitosamente na aprendizagem da arte em que ficou perito.

Ausentando-se para Belém do Pará o Dr. Ronaldsa não teve a mínima dúvida em entregar a direção da farmácia a Emílio, o qual preencheu para esse fim as exigências da Lei. O antigo prático tornou-se então farmacêutico licenciado.

Apaixonadamente inclinado à leitura, continuou a adquirir novos conhecimentos referentes a sua nova profissão.

Desprovida a cidade de médico por muitos anos, o farmacêutico foi constrangido a clinicar e foram relevantes os serviços que prestou à cidade e suas cercanias.

Emílio José de Moraes casou-se sucessivamente três vezes com três irmãs, filhas do respeitável fazendeiro João Damasceno Ribeiro e sua esposa D. Maria das Dores Ribeiro.

Consorciou-se em terceira núpcias, por cerca de 1883, com a Exmª Srª Carolina Damasceno Ribeiro, havendo desse consórcio 16 filhos e, dos outros, 5 filhos.

Homem acatado pelos seus concidadãos, foi ele diversas vezes eleito vereador, chegando a ocupar o honroso cargo de Intendente ou Prefeito de Pão de Açúcar. Durante a sua gestão como Intendente deu atenção especial aos problemas relativos à instrução pública.

Homem religioso, era obediente seguidor do culto dos antepassados, primando por cumprir praticamente os preceitos da religião católica romana.

Quando ali, porém, os primeiros pregadores estiveram – Jerônymo Lucas Acácio de Oliveira, Dr. Smith, José Primênio, Francisco Philadelpho Pontes e Juventino Marinho, foi ele paulatina e desconfiadamente indagando da verdade, até que, em 1900, sendo pregador licenciado o Rev. Lourenço de Barros, começou definitivamente a frequentar os cultos evangélicos. Para saber mais sobre os primórdios do protestantismo em Pão de Açúcar, clique AQUI).

Convertendo-se, fez com sua esposa e os 4 filhos mais velhos sua pública profissão de fé, perante o saudoso ministro, Rev. Martinho de Oliveira, a 16 de dezembro de 1900.

Logo depois de professo foi eleito presbítero da igreja, que chegou a representar em dois presbitérios respectivamente reunidos em Garanhuns e Recife.

Levantando-se na imprensa evangélica a questão maçônica, Emílio José de Moraes acompanhava-a com o máximo interesse nos jornais em que ela se debatia, informando fielmente a igreja de todos os passos da questão.

Anti-maçon convicto, cindindo-se o Presbiterianismo Brasileiro em dois grupos, por ocasião do Sínodo de 1903, por espírito de disciplina quis ele aguardar a atitude do Presbitério Pernambucano em face do notável acontecimento.

Silenciando o concílio, o presbítero reuniu a igreja em assembléia geral, informou-a dos acontecimentos e concitou-a a definir-se claramente.

Foi isso a 24 de novembro de 1903, quando a Igreja Presbiteriana de Pão de Açúcar aderiu entusiasticamente ao movimento de independência eclesiástica e financeira, operado em São Paulo.

Em sua inteligente companheira D. Carolina Moraes, encontrou o presbítero excelente auxiliar. Sua casa recendia à piedade de que eram exemplos os chefes.

Vítima de minaz epitelioma, rendeu ele a alma ao Senhor a 16 de dezembro de 1909, justamente quando completava 9 anos de profissão de fé evangélica.

Foi um Jó na enfermidade e cerrou os olhos na gloriosa esperança dos filhos de Deus.

D. Carolina sobreviveu-lhe, fazendo considerável progresso no conhecimento das Escrituras e na fé em que perseverou até o seu traspasse a 19 de maio de 1911, traspasse esse que foi assistido pelo seu filho, já então ministro – o Rev. Odilon Moraes.

Fica, assim, nestas linhas, a homenagem que devíamos a um dos paladinos do nosso movimento de independência no norte do Brasil.”

 

Entre 1891 e 1892, compôs o Comando da Guarda Nacional em Pão de Açúcar como Major-Ajudante-de-Ordens, Secretário Geral EMÍLIO JOSÉ DE MORAES.[xv]

 

4.      HORÊNCIO PEREIRA DA LUZ            De 07/01/1895 a 07/01/1897

 

O Major Horêncio Pereira da Luz, 4º Intendente de Pão de Açúcar, nasceu em 1861 em Palmeira dos Índios (provavelmente em Olhos d'Água do Acioli, atual Igaci). Era filho de Justino Pereira da Luz e Alexandrina Eulália da Anunciação.

 A 25 de junho de 1892, aos 31 anos, casou-se, em Pão de Açúcar, com a Srª Aurora Marsiglia da Luz (29), esta filha de Braz Antônio Marsiglia (italiano naturalizado) e Francisca Maria Marsiglia, com quem teve pelo menos uma filha: Marieta da Luz Mello, nascida em Pão de Açúcar a 9 de outubro de 1892, e casada com João Luiz de Mello (filho de Francisco Pereira de Mello e Generosa de Jesus Lyra).

 

Era Proprietário de loja de fazendas no comércio de Pão de Açúcar.

Na vida pública, foi também Sub-Delegado do Distrito da Cidade (Pão de Açúcar).

O jornal A Pátria, que se editava em Maceió, publica, em sua edição do dia 17 de abril de 1892, telegrama endereçado ao Governador do Estado, Gal. Gabino Besouro:

 

“Pão de Açúcar. 13 abril, 92. Exmº Governador, boa impressão causou à população a ação do governo federal abafando sedição, punindo cúmplices. Horêncio Pereira da Luz, membro da Intendência, em exercício Juiz Municipal.”

 

No telegrama, ele faz referência à reação do Governo Federal à sedição levantada contra o Vice-Presidente Mal. Floriano Peixoto, que assumira após a renúncia de Deodoro da Fonseca.

Treze generais publicaram um manifesto pondo em dúvida a legitimidade do governo de Floriano.[xvi] O Governo respondeu com duras sanções e a decretação de Estado de Sítio.

Horêncio Pereira da Luz faleceu em Pão de Açúcar 18/10/1896[xvii].

 

EFEMÉRIDES DURANTE A SUA ADMINISTRAÇÃO:

No dia 20 de janeiro de 1895 circulava o primeiro número do jornal O SERTANEJO, fundado por Urbano Lima, cuja tipografia estava situada na Rua da Matriz, nº 7.

Em 12 de fevereiro de 1895, assumia o cargo de Promotor Público o Dr. João Ferreira de Faria Oliveira. Formado pela faculdade de Direito do Recife em 1890. Faleceu em Vila Nova-SE (atual Neópolis) em 1917.

Criação de um Distrito Policial no Limoeiro[xviii]

 

O governador do Estado, atendendo à proposta do Dr. Chefe de Polícia, por Ofício de 24 do corrente, sob nº 559, resolve criar um distrito policial em Limoeiro, município de Pão de Açúcar.

Palácio do Governo, em Maceió, 29 de julho de 1896, 8º da República.

 

BARÃO DO TRAIPU

Antônio Tolentino da Costa – Secretário dos Negócios do Interior

 

Fundação do jornal O ESPIÃO, por Orestes Lima.

Era professora a Srª Cândida Baptista de Araújo[xix], conforme Ato de 4 de novembro de 1896, do governador do Estado que a removeu de Viçosa para Pão de Açúcar.

Era Promotor Público o Dr. João Ferreira de Faria Oliveira, nomeado por Ato de 21 de dezembro de 1894. Formado pela Faculdade de Direito do Recife em 29 de novembro de 1890. Foi exonerado, a pedido, em 1898. Faleceu em Vila Nova-SE (atual Neópolis) em 1917, quando era Juiz de Direito de São Francisco.

Era encarregado da Estação Telegráfica de Pão de Açúcar o Sr. Augusto Sucupira.[xx]

Obs.: Não conseguimos identificar quem assumiu a administração do município até a posse do próximo Intendente.

 

5.      MANOEL AFRO DA COSTA NUNES   De 07/01/1897 a 07/01/1899

 

O Sr. Manoel Afro da Costa Nunes

O Coronel Manoel Afro da Costa Nunes era filho de André Avelino da Costa Nunes e Maria Joaquina Felícia da Conceição.

A 29 de maio de 1897, aos 47 anos de idade, na residência de José Mendes Guimarães, casou-se com a Srª Ana Mendes Guimarães (25 anos, natural de Nossa Senhora das Dores-SE, e filha de José Mendes Guimarães e Joana Maria de Jesus). Teria ele nascido, portanto, em 1850.

Era fazendeiro. Em 1894, exerceu a função de contador da Estrada de Ferro Paulo Afonso, PIRANHAS-JATOBÁ, do qual foi exonerado em agosto de 1896.[xxi]

Em 1874, era Comandante da 23º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional em Pão de Açúcar, criado pelo Decreto 2.372, de 5 de março de 1859.

Pertencia ao Partido Republicano Federal, cuja Comissão Municipal em Pão de Açúcar era assim constituída em 1896:

Ten-Cel Manoel Afro da Costa Nunes; Ten-Cel José da Silva Maia e Cap. Luiz José da Silva Mello.[xxii]

EFEMÉRIDES DURANTE O SEU PERÍODO:

No dia 1º de junho de 1897 foi fundada a Sociedade Recreio Familiar. Em 1º de agosto do mesmo ano, em reunião e festa literária, foi solenizada a sua Diretoria e inaugurada a sua bandeira.

 

Falaram os Srs. Cavalcanti Filho, o redator do jornal literário Microcosmo, o Sr. Brandão em nome do jornal Sertanejo, o Sr. Capitão Luiz José da Silva Mello como representante da Sociedade  Musical União e Perseverança agradeceu ao Recreio. Nos intervalos fazia-se ouvir a banda de música União.

A cidade goza paz e vai continuando a prosperar, o que é devido ao gênio pacífico dos seus habitantes e ao critério do juiz de direito Dr. Esperidião Lins secundado pelas autoridades policiais e judiciárias. ”[xxiii]

 

 6.      JOÃO VIEIRA LISBOA                           De 07/01/1899 a 07/01/1901

 

O Cel. João Vieira Lisboa

O Cel. João Vieira Lisboa era filho do Tenente-Coronel Gonçalo Martins Lisboa (nascido em Entremontes, então pertencente ao município de Pão de Açúcar e hoje a Piranhas), e de D. Ana Vieira da Conceição Lisboa, natural de Mata Grande-AL. Era primo do governador Euclydes Malta. Suas mães eram irmãs.

Era agropecuarista e industrial. Transferiu-se para Maceió, onde passou a negociar na Rua Sá e Albuquerque, no bairro de Jaraguá.

Em 1910, ocupou a função de Chefe de Tráfego da companhia de Companhia Alagoana de Trilhos Urbanos – CATU. Foi ainda Membro da Comissão da Sociedade de Agricultura Alagoana; Tesoureiro da Associação Comercial de Maceió e Deputado estadual nas legislaturas 1907/08, 1909/10 e 1911/12.

Em 1914, constituiu a firma Lisboa, Carvalho & Cia, na praça de Maceió.[xxiv]

Era casado com D. Maria Francisca de Neville Brandão (filha de Agostinho José de Neville Brandão), conhecida por Mariquinha Lisboa.

EFEMÉRIDES DO PERÍODO:

Dia 8 de dezembro de 1899 – Empossada nova Diretoria da SOCIEDADE RECREIO FAMILIAR, fundada em 1º de junho de 1897:[xxv]

 

Presidente:                             João Damasceno Filho (João Barateiro), reeleito.

Vice-Presidente:                     Manoel Delphino Ramos[xxvi]

1º Secretário:                          Juvêncio Freire

2º Secretário:                          Manoel Damasceno Ribeiro Moraes

1º Orador:                              Dr. Luiz Rodrigues de Medeiros

2º Orador:                              José Inocêncio Vieira – reeleito

Procurador-Tesoureiro:          Lucas Evangelista da Silva

Arquivista e Bibliotecário:     José Correia de Albuquerque

 

Esta Sociedade possuía uma biblioteca, com livros e jornais políticos e literários.

Na Agência dos Correios de Pão de Açúcar, a Srª Maria de Menezes Sucupira foi removida para a de Vila Nova (atual Neópolis), sendo substituída por Tito Augusto de Barros Corrêa, que veio da Estação de Aracaju.[xxvii] Já no ano seguinte, este era removido para Natal-RN e em seu lugar veio Júlio Américo Brasil.(faleceu em 1917 ou pouco antes). Tinha uma irmã chamada Generosa Izaura Brasil.

Ainda neste ano de 1902 passou a atuar em Pão de Açúcar o telegrafista José Maurício de Argollo[xxviii]. Em 1903, chega Cândido José de Almeida, vindo de Aracaju. Em 1905, Júlio Cavalcanti.

No dia 1º de janeiro de 1901, em celebração pela entrada do século XX, foi fincado um cruzeiro no morro do Cavalete. Esta cruz foi destruída por forte tempestade, sendo reposta em 1919, para ser substituída pelo monumento inaugurado em 29 de janeiro de 1950. (Fonte: MENDONÇA, Aldemar de. PÃO DE AÇÚCAR, HISTÓRIA E EFEMÉRIDES.

 

7.      JOSÉ DA SILVA MAIA – Cazuza                       De 07/01/1901 a 07/01/1903

 

O Cel. José da Silva Maia - "Cazuza"

Faleceu a 7 de abril de 1916.

EFEMÉRIDES DURANTE O SEU PERÍODO:

Nova Diretoria da SOCIEDADE RECREIO FAMILIAR, fundada em 1º de junho de 1897:[xxix]

 

Presidente:                             João Damasceno Filho (João Barateiro), reeleito.

Vice-Presidente:                    José Correia de Albuquerque

1º Secretário:                          Manoel de Campos Machado

2º Secretário:                          João Gitirana

1º Orador:                              Dr. Luiz Rodrigues de Medeiros

2º Orador:                              Manoel Delphino Ramos[xxx]

Procurador-Tesoureiro:          Lucas Evangelista da Silva - releito

Arquivista e Bibliotecário:     José Custódio dos Santos[xxxi]

 

O Governador do Estado, Euclides Vieira Malta, criou uma Comissão para mandar fazer a remoção das areias que soterravam a chamada “Rua da Areia”, composta pelo Intendente, Cel. José da Silva Maia; pelo Major Manoel Antônio Machado e pelo Vigário Pe. Antônio José Soares de Mendonça. (Cidade do Rio, 7 de fevereiro de 1902). Para saber mais, clique AQUI.

Ainda neste ano de 1902 passou a atuar em Pão de Açúcar o telegrafista José Maurício de Argollo. Em 1903, chega Cândido José de Almeida. Em 1905, Júlio Cavalcanti.

 

8.      JOSÉ DA SILVA MAIA FILHO – Lamego        De 07/01/1903 a 07/01/1905

 

O Cel. José da Silva Maia Filho- "Lamêgo"

Em 20 de janeiro de 1892 foi nomeado Tenente Quartel-Mestre do Batalhão nº41, do Estado Maio da Guarda Nacional em Pão de Açúcar.[xxxii]

O livro UM LUGAR NO PASSADO, de Gervásio Francisco dos Santos, assim se refere ao Cel. Lamego:

“Foi um dos políticos que desfrutou de grande prestígio em certa parcela do eleitorado do município A sua carreira de homem público terminou quando foi traiçoeiramente assassinado, no momento em que repousava à porta de sua residência, hábito que fazia sistematicamente todas as noites.”

O Jornal do Recife, de 29 de abril de 1924, relata o fato:

“Por volta das 19:30 h do dia  21 de abril de 1924, enquanto dormia em uma cadeira na calçada de casa, foi atingido por forte cacetada, por elemento desconhecido, vindo a falecer no dia seguinte”.[xxxiii]

 

9.      JOSÉ DA SILVA MAIA – Cazuza                       De 07/01/1905 a 07/01/1907

 

O Cel. José da Silva Maia - "Cazuza"

Faleceu em 7 de abril de 1916.

Durante a sua administração, ocorreu a inauguração do serviço de abastecimento de água, que serviu até 1961. (fonte: MENDONÇA, Aldemar de. PÃO DE AÇÚCAR, HISTÓRIA E EFEMÉRIDES. Aliás, o município recebeu, por concessão do Ministério da Fazenda à Intendência de Pão de Açúcar, "isenção de direitos" sobre materiais que a municipalidade pretendia importar para a implantação do serviço.[xxxiv]

EFEMÉRIDES DURANTE ESTE PERÍODO:

Durante esta gestão, verificou-se a ocorrência de uma das maiores cheias do rio São Francisco. Segundo Aldemar de Mendonça, as águas, vindas da lagoa, alcançaram o prédio nº 165 da rua Cel. Manoel Antônio Machado. (no cruzamento com a Rua Floriano Peixoto).

O jornal Diário de Pernambuco, em edição do dia 11 de março de 1906, informa que havia três mil pessoas desabrigadas e que a mortandade do gado era enorme.

Fundação do jornal A VOZ DO SERTÃO, de Manoel Rego, em 18 de novembro de 1906.

Assume o cargo de Juiz de Direito o Dr. Ernesto Alvim.

Por essa época era coletor Alfredo de Souza Rego.

 

Pão de Açúcar, AL. Foto H. W. Furniss, 1904/1905.

A foto acima, feita pelo Sr. Henry W. Furniss, cônsul afro-norte-americano na Bahia de 1889 a 1905, quando de sua passagem para a cachoeira de Paulo Afonso, mostra Pão de Açúcar em 1904.(para saber mais clique AQUI)

 

10.  DR. LUIZ MACHADO DE ANDRADE De 07/01/1907 a 07/01/1909

 

O Dr. Luiz Machado de Andrade

Tendo tomado posse a 7 de janeiro de 1907, e feitas as devidas comunicações, recebeu o Dr. Luiz o seguinte Ofício, feito no expediente do dia 28 e janeiro daquele ano pelo Dr. Antônio Guedes Nogueira, prefeito da Capital, e publicado na edição do dia 29 no jornal Gutenberg:

 

“Ilustre cidadão Dr. Luiz Machado de Andrade, M. D. Intendente do Município de Pão de Açúcar,

Tenho a satisfação de acusar recebido o vosso Ofício de 8 do andante, comunicando terdes assumido o exercício do cargo de Intendente desse Município, para o qual fostes merecidamente eleito.

Aproveito o ensejo para cientificar-vos de que também me acho empossado de igual cargo nesta capital e retribuo-vos os protestos de estima e consideração que me dirigistes, vos envio minhas cordiais saudações. – Paz e Prosperidade.

O Intendente Antônio Guedes Nogueira.”

 

EFEMÉRIDES NESTE PERÍODO:

1907 - Restauração da Comarca de Pão de Açúcar, juiz Ernesto Alvim.

Nos Correios, Maria Pitombo Cavalcante, como auxiliar, e Jesuíno de Araújo Batinga.

Iniciada a construção da linha telegráfica entre Pão de Açúcar e Santana do Ipanema.[xxxv]

___

 

O Dr. Luiz Machado nasceu em Pão de Açúcar no dia 18 de setembro de 1879. Filho do Cel. Miguel de Freitas Machado e de Cândida Delfina de Andrade. Casou-se com Maria José Machado de Andrade.

Formou-se médico pela Faculdade de Medicina da Bahia, em 1903. Neste ano, em que ingressou no curso de Farmácia o seu irmão José de Freitas Machado, a Escola se achava em intensa agitação, em virtude de protestos dos estudantes contra a reforma do ensino, levada a efeito pelo Decreto nº 3.890, de 1º de janeiro daquele ano (a chamada “Reforma Epitácio Pessoa”) e pelo regulamento das faculdades de medicina.

Ele, então, somando-se a muitos dos seus colegas do 6º Ano, assina o manifesto intitulado “AO PAÍS E À IMPRENSA”, publicado na gazeta O TEMPO, em 17 de junho.

Por conta desse episódio, ele e outros formandos tiveram seus diplomas retidos, os quais só foram liberados no ano seguinte, após recurso por eles impetrado e por decisão do Presidente da República, Rodrigues Alves.

O Dr Luiz defendeu a tese: ETIO-PATOGENIA DO IMPALUDISMO NO BAIXO SÃO FRANCISCO.

Na edição do dia 15 de dezembro de 1903, o jornal Correio do Brasil, órgão Democrata de propriedade de Freire, Costa & Cia, e administrado por Laureano J. F. Oliveira, publica um convite para a colação de grau, assinado por oito doutorandos, entre eles o Dr. Luiz Machado.

“Será para nós motivo de grande prazer e honra o comparecimento de V. Exª com a Exmª família à cerimônia solene de colação de grau aos doutorandos de 1903, às 12 horas do dia 15 do corrente mês, no Salão Nobre da Faculdade de Medicina, assistindo antes à missa que, em ação de graças, será rezada no Mosteiro de São Bento, às 10 horas do dia supremencionado.

Esperamos, confiantes, que V. Exª não se escusará de atende a esta solicitação, o que será motivo para muito nos penhorar.

Bahia, 5 de dezembro de 1903.

Alípio Maia Gomes, Alvim Martins Horcades, Alpheu Bicca de Medeiros, Manoel Joaquim Alves Feitosa, Paulo Bernardes, Delphim Paiva de Lima Junior, Francisco da Costa Fernandes e Luiz Machado de Andrade.”

(Alípio Maia Gomes e Manoel Joaquim Alves Feitosa eram também alagoanos).

 

Além de Intendente, foi Deputado à Assembleia Estadual na legislatura 1915/16.

Faleceu em Pão de Açúcar em 1º de outubro de 1940.

 

Do livro MONOGRAFIA DE PÃO DE AÇÚCAR, de Aldemar de Mendonça, extraímos o artigo que o jornalista Dr. Adherbal de Arecippo escreveu a seu respeito:

“Gente do meu tempo – Um dos homens de vida mais moderada que eu conheci em Pão de Açúcar, foi, sem dúvida, o Dr. Luiz, membro da família Machado, a mais tradicional dali. Nunca se sentiu atraído pelos ambientes agitados, jamais a política partidária o conquistou, em tempo algum preocupou-se com a notoriedade científica, nem mesmo ambicionou certo destaque no centro social onde vivia. Doutorado em medicina, pela respeitável Faculdade da Bahia, no ano de 1903, de começo ainda clinicou, para em seguida, devotar-se aos labores de uma fazenda de gado e a direção de uma máquina de descaroçar algodão. O seu belo anel de grau, como sempre o via, era trazido dependurado á argola da corrente do relógio.

Tinha uma maneira toda sua de vestir-se: calças e colete brancos, paletó de paxá preto ou cor de cinza, e cobria-se com o chapéu “duro”, calçando botinas pretas.

Fumava bastante e, de noite, toda a sua distração consistia em debruçar-se na janela, ali ficando por vários quartos de hora, acendendo um cigarro, de vez em quando. Há muitos anos distanciado da clínica, nunca deixou, porém, de atender ao doente que lhe procurasse, sem distinção de cor ou de posição social.

Também não cobrava, nem um tostão, pelos serviços médicos. Naquele tempo, quando quase não se falava em laboratório de pesquisas clínica, admirava-se a facilidade com que o dr. Luiz Machado conseguia buscar ou descobrir a origem de uma febre, mesmo as que se manifestavam de forma fora do comum.

É pena que o Dr. Luiz, muito depressa, houvesse abandonado a clínica, e teria ele deixado um nome imorredouro no seio da sociedade pão-de-açucarense, com irradiação pelos municípios vizinhos, à maneira de como já está formado um excelente conceito, naquela redondeza, o seu jovem conterrâneo Djalma Gonçalves.

 Deixou o Dr. Luiz Machado um nome digno, e parece que estou a vê-lo receitando a minha saudosa irmã, Amabilia, de um distúrbio intestinal com as recomendações do uso do leite condensado, o qual, naquele tempo, era o que existia de melhor, como também a lhe sarjar um abscesso no braço.

E a conta por esses serviços? Certamente foi recebida no céu e, com certeza, já está ele liberto dos sofrimentos que experimentou nos seus últimos anos de existência”.

 

Sobre ele também falou o conterrâneo Gervásio Francisco dos Santos, em seu UM LUGAR NO PASSADO:

“... Como médico, nunca se negou aos chamados mais longínquos, dessas ou daquelas pessoas que o procuravam, sabendo assim honrar o juramento que prestou para o exercício da profissão. Não viveu da medicina, graças às qualidades de industrial e fazendeiro.

Era ainda presidente do Banco Agrícola S/A e do Tiro de Guerra nº 656, que na época era uma sociedade de caráter cívico”.

 

11.  PEDRO SOARES VIEIRA                                   De 07/01/1909 a 07/01/1911

 

O Cap. Pedro Soares Vieira

Casado com Maria Custódia Bezerra Vieira, natural de Porto da Folha e de descendência portuguesa. Com ela teve os filhos: Virgílio Soares Vieira (pai de seu Pedrito; o Pe. Fernando Soares Vieira; Alberto Soares Vieira; Octávio Soares Vieira (primeiro esposo de Maria Rosa Tavares “Dona Sinharinha Tavares), Inocêncio Soares Vieira (pai do saudoso advogado Dr. Pedro Soares Vieira e da Srtª Maria Vieira); e Mário Soares Vieira (pai de Maria Vieira Marques da Silva (viúva do Dep. Marques da Silva), hoje com 97 anos.

Aliás, segundo a Srª Maria Marques, em depoimento a Ricardo Nezinho (filme Raízes de Arapiraca), disponível no YouTube, seu avô paterno era negociante de algodão, sendo também proprietário de fábrica de “descaroçar”, isto é, beneficiar o algodão em máquinas a vapor. Partindo do porto de Limoeiro, transportava a produção para a fábrica de Peixoto Gonçalves & Cia, na Vila da Passagem, município de Vila Nova (atual Neópolis, Estado de Sergipe), fundada em 1907.

Pedro Soares Vieira, em 1892, foi alferes na 2ª Companhia, do Corpo de Cavalaria nº 3, do Batalhão nº 41, da Guarda Nacional de Pão de Açúcar.

Em 1893, era Membro do Conselho Municipal, quando era presidente o Sr. Antônio Soares de Faria Pinto e era Intendente o Sr. Seraphim Soares Pinto.

Em 1911, foi nomeado pela Diretoria Geral de Estatística, “Oficial Recenseador” no 2º Distrito de Paz de Limoeiro, município de Pão de Açúcar.

Durante a sua administração foi concluída a construção da cadeia pública, contando com o apoio político do Cel. Luiz José da Silva Mello, então Senador Estadual.

Por Decreto nº 478, de 1º de setembro de 1909, foi emprestada à Intendência de Pão de Açúcar a quantia de 25:000$000, com o fim especial da mesma Intendência fazer a aquisição da empresa de Águas daquela cidade, dando como garantia a própria Empresa e a renda do imposto da Décima Urbana.

EFEMÉRIDES NESTE PERÍODO:

No dia 9 de janeiro de 1910, com uma plateia de mais de duzentas pessoas, foi inaugurado o Politeama Goulart de Andrade, construído na Rua Aurora (atual Antônio de Freitas Machado), nº 130 (onde funcionou o Cine Palace), estreando com a peça “O Prêmio da Virtude” (A IDEIA, 16 de janeiro de 1910).

Na Estação Telegráfica, deixa o cargo o Sr. Júlio Cavalcanti, que fora removido para a Estação do Pontal da Barra, embarcando com destino a Maceió no dia 17 de fevereiro de 1909.[xxxvi]

Notícia de A IDEIA, 24 de abril de 1910, dá conta do aparecimento do Cometa de Halley, que só voltaria a ser visto em 1986.

 “O COMETA DE HALLEY

 Já está sendo visto nesta cidade, de 4 ½ a 5 horas da manhã, ao lado do nascente, à esquerda da Estrala D’Alva, o Cometa de Halley ou a Estrela de Bethlem, a tanto tempo esperada.”

 

12.  SERAPHIM SOARES PINTO                  De 07/01/1911 a 0701/1913

 

O Cap. Seraphim Soares Pinto

Em eleição realizada a 7 de outubro de 1910, ficou assim composta a Administração Municipal:

Intendente:                 Cap. Sefaphim Soares Pinto

Vice-Intendente:        Cel. José da Silva Maia

 

Membros do Conselho Municipal:

Luiz José da Silva Mello, Francisco de Freitas Machado, Manoel Soares de Campos, José Alves Feitosa, José Marques de Albuquerque, Manoel Francisco Pereira e Manoel Pereira da Silva.

Juízes Distritais.

1º Distrito: Sede         Joaquim Bernardes de Souza e Luiz José de Campos Mello.

2º Distrito (Limoeiro): Inocêncio Soares Vieira e José Gonçalves de Andrade.

 

EFEMÉRIDES DURANTE O SEU PERÍODO:

Nos Correios, Joaquim de Aragão Lisboa como mensageiro; Virgínio Nunes Macujé, estafeta. Alfredo de Paes Lima, vindo do Penedo, substitui Jesuíno de Araújo Batinga. O mensageiro Jovino da Silva Ramos chega para o lugar de Joaquim de Aragão Lisboa.

 

13.  MANOEL AFRO DA COSTA NUNES              De 07/01/1913 a 10/01/1913

 

O Sr. Manoel Afro da Costa Nunes

Neste seu segundo período administrativo passou apenas três dias no comando da Intendência Municipal. Por razões que não logramos conhecer, o governador do Estado, Cel. Clodoaldo da Fonseca, autorizou passar o comando do município ao Cel. Manoel Antônio Machado.

 

14.  CEL. MANOEL ANTÔNIO MACHADO          De 10/01/1913 a 13/12/1916.

 – INTENDENTE.

O Cel. Manoel Antônio Machado


Nesse período, foi Intendente o Cel Manoel Antônio Machado, tendo como Vice-Intendente o Cel. Manoel Francisco Pereira Filho.

Eram membros do Conselho Municipal (equivalente a Câmara Municipal):

Dr. Luis Machado de Andrade-Presidente; Manoel Soares de Campos; Aprígio Antônio de Carvalho; José Vieira dos Anjos; João Pereira de Mello; José Venustiniano Cavalcante e João Gomes de Carvalho Mello.

Eram Juízes Distritais do 2º Distrito: Temístocles Pereira de Andrade e João Rodrigues de Mello.

Durante esse período, em julho de 1914, o governador do Estado, Clodoaldo da Fonseca, exonerou a pedido, o Sr. Francisco Pereira Filho do cargo de Adjunto de Promotor Público de Pão de Açúcar.[xxxvii] A 22 do mesmo mês nomeou Júlio Evangelista dos Santos, acadêmico de Direito, para substituí-lo.[xxxviii] (Correio da Manhã, RJ, 18 de abril de 1915)

Em 12 de janeiro de 1914, foi o governador Clodoaldo da Fonseca assinou Ato criando uma escola subvencionada no povoado Jacarezinho.[xxxix]

Era Coletor Federal o Sr. Alfredo de Goes Canuto[xl], tendo como auxiliares João Hypólito de Souza e João Evangelista Passos.[xli]

Nos Correios. Virgílio Soares Vieira como Auxiliar de Guarda no trecho Pão de Açúcar-Agreste (atualmente povoado de Monteirópolis). Deocleciano Fernandes dos Santos, Praticante de Pão de Açúcar vai para Penedo. Manoel Victorino Barbosa, Guarda-fios do trecho Pão de Açúcar – Piranhas.

REALIZAÇÕES:

- Aquisição do imóvel localizado na Av. Visconde do Rio Branco, atual Bráulio Cavalcante, para ali construir a sede da Intendência Municipal. Posteriormente, adquiriu também o prédio contíguo, com uma porta e uma janela de frente, pertencente ao Sr. Pedro Pereia Simas.

O procedimento administrativo foi autorizado pelo Conselho Municipal, que fazia as vezes de Câmara de Vereadores.:

EDITAL Nº 72 - LEI Nº 62

O Conselho Municipal de Pão de Açúcar decreta o seguinte:

Art 1º Fica o intendente do Município autorizado a desapropriar por utilidade municipal o prédio sito à Avenida Bráulio Cavalcante, antiga Rua Visconde do Rio Branco, nº 56, com dezoito portas em duas frentes, em que o mesmo município já possui metade, mediante prévia indenização na forma estabelecida por Lei do Estado.

Art. 2º Pelo mesmo motivo fica o Intendente autorizado a desapropriar a casa contígua ao prédio acima mencionado, com uma porta e uma janela, de propriedade do cidadão Pedro Pereira Simas, precedendo ainda a indenização na forma estabelecida por Lei.

Art. 3º Revogam-se as disposições em contrário.

Sala das Sessões do Conselho Municipal de Pão de Açúcar, 24 de março de 1914.

José Venustiniano Cavalcante, Presidente; Dr. Luiz Machado de Andrade; Manoel Soares de Campos; João Pereira de Mello; Aprígio Antônio de Carvalho.

Secretaria da Intendência Municipal de Pão de Açúcar, 25 de março de 1914.

J. Evangelista – Secretário.”

          - No decorrer do ano de 1915, com um orçamento de 9:686$000, o Intendente realizou as seguintes obras: Construção do Açougue Público, reforma da iluminação pública, melhoria das estradas e reconstrução do prédio onde funcionava a Intendência. (Fonte: MENSAGEM APRESENTADA AO CONGRESSO LEGISLATIVO DO ESTADO DE ALAGOAS, NO DIA 15 DE ABRIL DE 1916, PELO GOVERNADOR DO ESTADO DR. JOÃO BAPTISTA ACCIOLY JUNIOR.

O Cel. Manoel Antônio Machado administrou o município até 13 de dezembro de 1916, quando assumiu a Junta Governativa, em virtude do Decreto nº 805, de 6 de dezembro de 1916. Sobre esse assunto, falaremos na próxima parte deste capítulo PÃO DE AÇÚCAR E A REPÚBLICA VELHA.

***   ***   ***

Tratamento de imagens: Vívia Rodrigues Amorim.

___

NOTA:

 

Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.



[i] Filho do Coronel Anacleto de Jesus Maria Brandão e de Maria Francisca da Conceição, nasceu em Mata Grande em 1818 e faleceu em Pão de Açúcar em 11 de janeiro de 1890.

[ii] Martiniano Fernandes da Silva. Era casado com Rita Maria da Conceição (filha de Euphrázio José de Moraes e Maria Rosa dos Prazeres), cunhado de Emílio José de Moraes.

[iii] Leandro Ribeiro Gonçalves de Mello, casado com Maria Francisca de Goes.

[iv] Diário do Povo, Maceió, 27 de janeiro de 1890.

[v] Filho de Felix José de Sant'anna e Delfina Maria da Conceição.

[vi] Natural de Pernambuco. Formou-se pela Faculdade de Direito do Recife, em 1883. Foi, portanto, colega de Turma do Dr. Miguel de Novaes Mello. Era casado com Maria Etelvina Carneiro da Cujnha, de cujo casamento teve um único filho: o escritor Humberto Carneiro (casado com Eulália Barbosa Carneiro da Cunha). Tinha também uma filha adotiva: Jeanette Carneiro Parente Vianna (casada com José Parente Vianna). Era filho de João Xavier Carneiro Rodrigues Campello e Angélica Xavier Carneiro da Cunha. Faleceu em Caruaru-PE a 4 de janeiro de 1926, onde foi sepultado. Fonte: Diário de Pernambuco, Recife, 5 de janeiro de 1926.

[vii] Antônio Quintella Correia. Formado pela Faculdade de Direito do Recife em 1880, era casado com Anna Guedes Quintella. Fonte: Cruzeiro do Norte, Maceió, 20 de novembro de 1891.

[viii] O Horisonte, Maceió, 2 de dezembro de 1891.

[ix] Cruzeiro do Norte, Maceió, 13 de dezembro de 1891.

[x] Era relojoeiro em Pão de Açúcar (Fonte: Almanak do Estado de Alagoas – 1891). Depois se estabeleceu em Penedo com a casa PÊNDULA PENEDENSE. Fonte: Jornal do Penedo, 1913/1914.

[xi] MANOEL ANTÔNIO DUARTE DE ALBUQUERQUE, filho de Antônio Duarte de Albuquerque e Maria do Espírito Santo. Casado com Silvina de Barros Rodrigues Mello (com quem teve o filho Josué Duarte) e, em segundas núpcias, com Filomena Correia de Albuquerque.  Foi Alferes da 2ª Companhia da Guarda Nacional, compreendendo os municípios de Pão de Açúcar, Piranhas e Santana do Ipanema.

[xii] A PÁTRIA, 16 de julho de 1892.

[xiii] Atualmente pertencente ao município de Piranhas.

[xiv] Seu avô materno, Simão Coelho da Veiga, era irmão de Anacleto de Jesus Maria Brandão, pai de Agostinho José de Nevile Brandão.

[xv] Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, 1º de maio de 1891.

[xvi] Em 6 de abril de 1892, 13 oficiais-generais das duas armas – entre os quais o vice-almirante Eduardo Wandenkolk − publicaram um manifesto dirigido a Floriano Peixoto, onde faziam críticas severas à condução do governo na crise dos estados, afirmavam não querer passar por corresponsáveis pela desorganização em que as unidade federadas se encontravam e, por fim, defendiam a realização de eleições para o cargo de presidente como o único caminho para superar a crise. No dia seguinte, também recorrendo a um manifesto, Floriano criticou a atitude dos oficiais e garantiu que usaria dos poderes extraordinários a ele conferidos pelo Congresso para salvar sua autoridade e a honra da República. E, ato contínuo, demitiu de suas comissões e reformou compulsoriamente os 13 signatários do manifesto oposicionista, que também seriam expulsos do Clube Militar. Fonte: CPDOC/FGV. Foram esses os 13 generais: Marechal José de Almeida Barreto,;Vice-almirante Eduardo Wandenkolk; General de divisão José C. de Queirós, General de divisão Antônio Maria Coelho, Barão de Amambaí, General-de- Divisão Cândido José da Costa; Contra-Almirante José Marques Guimarães, comandante da 1a divisão de cruzadores; General –de-Brigada João Nepomuceno de Medeiros Mallet; Contra-Almirante Dionísio Manhães Barreto, membro efetivo do conselho naval; General de brigada João Severiano da Fonseca, 2º vice-presidente do IHGB; Contra-Almirante Manuel Ricardo de Cunha Couto, inspetor do arsenal da Marinha da capital federal; General -de- Brigada João José de Bruce; General –de- Bbrigada José Cerqueira de Aguiar Lima; General- de- Brigada João Luís de Andrade Vasconcelos.

Floriano Peixoto, no dia seguinte à publicação do manifesto, manda reformar os signatários e prender alguns deles.

[xvii] O Trabalho, Penedo-AL, 24 de outubro de 1896.

[xviii] Gutenberg, Maceió, 13 de agosto de 1896.

[xix] Gutenberg, Maceió, 6 de novembro de 1896.

[xx] Augusto de Oliveira Sucupira. Natural do Rio Grande do Norte, era filho de Francisco Sucupira e Balbina Geracina de Oliveira Sucupira. Casou-se em Penedo-AL, a 15 de setembro de 1894, com Maria Cândida de Menezes Sucupira, com quem teve os filhos Argonauta de Menezes Sucupira e Djalma de Menezes Sucupira.

[xxi] Diário de Pernambuco, 29 de maio 1894.

[xxii] Gutenberg, Maceió-AL, 24 de junho de 1896.

[xxiii] Orbe, Maceió-AL, 25 de agosto de 1897.

[xxiv] Regista Comercial e Agrícola das Alagoas, 1914.

[xxv] Orbe, Maceió, 18 de janeiro de 1900.

[xxvi] Manoel Delphino Ramos, filho de Manoel Delphino Rocha e Maria Delphino Ramos. Casado com Maria Luzia Ramos, com quem teve o filho Máximo e Thomaz e João. Foi Administrador da Recebedoria de Rendas de Pão de Açúcar em 1895/96. Fonte: Gutenberg, 11 de abril de 1896.

[xxvii] BOLETIM TELEGRÁFICO, Rio de Janeiro, 31 de julho de 1900.

[xxviii] José Maurício de Argollo. Filho de Pedro Rodrigues de Argollo e Joana de Almeida Argollo. Casado com Maria Calheiros de Albuquerque Argollo.

[xxix] Orbe, Maceió, 18 de janeiro de 1900.

 

[xxxi] Em 1895, era Escrivão Interino da Recebedoria de Rendas de Pão de Açúcar. Fonte: Gutemberg, Maceió, 5 de novembro de 1895. Em 26 de março do ano seguinte, foi nomeado Escrivão efetivo pelo Governador José Vieira Peixoto, Vice-Presidente de Estado no exercício de titular. Fonte: Gutemberg, Maceió, 29 de março de 1896.

[xxxii] A Pátria, Maceió-AL, 21 de janeiro de 1892.

[xxxiii] Jornal do Recife, 29 de abril de 1924.

[xxxiv] Gutenberg, 5 de setembro de 1905.

[xxxv] O Século, Rio de Janeiro, 30 de outubro de 1907.

[xxxvi] A IDEIA, Pão de Açúcar, 13 de fevereiro de 1910.

[xxxvii] Diário de Pernambuco, Recife, 15 de julho de 1914.

[xxxviii] Diário de Pernambuco, Recife, 22 de julho de 1914.

[xxxix] Correio da Manhã (RJ), 28 de abril de 1915.

[xl] Alfredo de Goes Canuto. Nasceu em Garanhuns-PE, a 10 de março de 1883. Filho de Antônio José Ruville e Anna de Goes Canuto. Casado com Paulina Vilaça de Goes.

[xli] O Paiz (RJ), 12 de março de 1913.

Um comentário:

  1. É admirável a rica citação de personagens elencados nesse artigo. Detalhes sobre diversos fatos políticos de nosso Município, agregados aqui, são uma excelente fonte de consulta para buscadores. É interessante saber que, bem mais do que hoje, nessa época, algumas fontes particulares de imprensa nasciam e enriqueciam os debates sobre o efervescente vento republicano. Com este, fiquei sabendo que meu ascendente direto Manoel Francisco Pereira galgara a patente de coronel. Clarificou, também, a dúvida sobre o primeiro intendente e o primeiro prefeito de Pão de Açúcar

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A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia