Por Valdemar
Cavalcanti[i]
Valdemar Cavalcanti_foto O Malho_29.10.1932.
Deixem-me contar a
história, que tem seu toque de lenda.
Era uma vez um jovem
poeta, que cedo se deixou empolgar pelas ideias libertárias, afazendo-se às
lutas contra qualquer tipo de violência, mandonismo ou tirania.
Esse poeta, que nasceu no
interior de Alagoas – na cidade de Pão de Açúcar – chamava-se Bráulio Cavalcante,
amava Hugo e Castro Alves, fez-se líder estudantil e sabia conquistar, com a
palavra, o coração do povo.
Mal deixou os bancos
acadêmicos, foi convocado para continuar o combate em campo liso ao sistema
cruel de governar que prevalecia naquele Estado. Embora querendo ligar-se mais
às coisas de literatura – aos sonetos que lhe vinham fáceis à pena, às odes que
os homens e os fatos lhe inspiravam, ao romance que pensava em escrever – o rapaz
teve mesmo que pegar a bandeira da reação aos desmandos e à prepotência,
colocando-se decidido na primeira linha do campo de batalha.
Pois foi num dia 10 de
março – a 10 de março de 1912 – que o foram buscar em casa, ia caindo a tarde,
em Maceió, para um comício em praça pública, mesmo em frente ao palácio do
Governo.
Assim que o poeta se dispôs
a falar à multidão, ao pé da estátua de Floriano Peixoto, veio a ordem da
autoridade: ali ninguém poderia falar ou correria muito sangue. Mas o líder não
era de ter medo à toa: ante o espanto geral, deu início à reunião; sabendo,
contudo, que aquela não fora ameaça vã.
E, às primeiras palavras
que lhe saíram da garganta, como sarças de fogo, fecharam-lhe a boca a bala os
soldados do governo.
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Bráulio Cavalcante |
*** ***
Transcrito do O Jornal,
Rio de Janeiro, 10 de março de 1961.
NOTA:
Caro leitor,
Deste Blog, que tem como
tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações
históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em
geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica.
Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em
qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas
fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências.
Isso é correto e justo.
[i]
VALDEMAR CAVALCANTI. Nasceu em Maceió a 6 de abril de 1912 e faleceu no Rio de
Janeiro a 19 de junho de 1982. Filho de Pedro Alvino Cavalcante e de Francisca
de Souza Almeida, era sobrinho de Bráulio Cavalcante. Foi casado com Jeruza
Xavier Cavalcanti (filha de Luiz Leão Xavier da Costa e Augusta Camelo Xavier
da Costa), com quem teve os filhos Sérgio Xavier Cavalcanti (Advogado) e
Roberto Xavier Cavalcanti (Economista).
Maravilhoso esse blog
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