segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

sábado, 19 de novembro de 2011

A BANDEIRA DE CASTRO ALVES


Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra ]
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!
(Trecho do poema Navio Negreiro, escrito em São Paulo em 1869.Acima, a bandeira do Brasil Império)

domingo, 30 de outubro de 2011

FREITAS MACHADO, VIDA E OBRA


No último dia 24, durante a V BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DE ALAGOAS, foi lançado o livro FREITAS MACHADO, VIDA E OBRA, que revela a trajetória pessoal e profissional desse alagoano de Pão de Açúcar, que foi o principal incentivador do ensino da Química no Brasil. Ele foi também fundador da Escola Nacional de Química, da qual foi o primeiro diretor.
O livro foi editado pela EDUFAL (Editora da Universidade Federal de Alagoas)a partir da monografia vencedora do Concurso Nacional promovido pela Braskem e pelo Governo do Estado de Alagoas, através da FAPEAL.
Agradeço a todos os que compareceram à entrega do Prêmio (no auditório do Centro de Convenções) e à sessão de autógrafos no stand da Braskem.
Abaixo, alguns momentos do evento:

Mesa composta durante o evento de premiação: Álvaro César Almeida, Diretor Industrial da Braskem; Fátima Lippo, Presidente do Conselho Regional de Química(AL); Prof. Eduardo Setton, Secretário de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação; Eng. Agrônomo Olavo de Freitas Machado; Dr. Álvaro Antônio Melo Machado, Secretário do Gabinete Civil – com a palavra; Dr. Eduardo Tavares, Procurador-Geral de Justiça do Estado de Alagoas; Milton Predines, Diretor de Marketing da Braskem; Janesmar Camilo, Presidente da FAPEAL e a Professora Ana Deyse Rezende Dória, Reitora da Universidade Federal de Alagoas.
Etevaldo Amorim, exibindo o Certificado de Vencedor do Concurso de Monografias, ladeado pelo jornalista Milton Predines, Diretor de Marketing da Braskem e pelo Gerente de Produção da Braskem Cloro/Soda Marco Aurélio Campelo.


















quinta-feira, 11 de agosto de 2011

SALVE 11 DE AGOSTO - DIA DO ESTUDANTE!


No dia 11 de agosto de 1827, D. Pedro I instituiu no Brasil os dois primeiros cursos de ciências jurídicas e sociais do país: um em São Paulo e o outro em Olinda, este último mais tarde transferido para Recife. Até então, todos os interessados em entender melhor o universo das leis tinham de ir a Coimbra, em Portugal, que abrigava a faculdade mais próxima.
Na capital paulista, o curso acabou sendo acolhido pelo Convento São Francisco, um edifício de taipa construído por volta do século XVII. As primeiras turmas formadas continham apenas 40 alunos. De lá para cá, nove Presidentes da República e outros inúmeros escritores, poetas e artistas já passaram pela escola do Largo São Francisco, incorporada à USP em 1934.

No entanto, apenas em 1927 - cem anos após o surgimento dos cursos de Ciências Jurídicas e Sociais em terras brasileiras - se passou a dedicar, no calendário, o dia onze de agosto a todos os estudantes. A sugestão, acolhida com entusiasmo durante as comemorações do centenário de criação dos cursos jurídicos no país, partiu de Celso Gand Ley, um dos participantes do evento.
Historicamente, vale lembrar que, mais tarde, seguidos exatamente dez anos, em 11 de agosto de 1937, foi fundada a União Nacional dos Estudantes (UNE), afinal, se o movimento estudantil, naquele período, era já peça importante no cenário político nacional, onde participava das lutas abolicionistas, da independência, da república, ele não dispunha ainda de uma entidade que o representasse.

Fonte: site http://www.anpg.org.br/ (Associação Nacional dos Pós-Graduandos).


Estudante vítima da repressão da Ditadura Militar. 26 de junho de 1968. Foto: Evandro Teixeira.

sábado, 25 de junho de 2011

LIMOEIRO DE OUTRORA

A edição de 11 de junho de 1972 do jornal Gazeta de Alagoas trazia em sua capa a manchete: “Alecrim: um povoado do sertão alagoano parado no tempo e no espaço”. Era a chamada para a reportagem de Carlos Cavalcante, com fotos de Arlindo Tavares, cujo título já prenunciava a triste situação por que passava o nosso Limoeiro.
“FOME E MISÉRIA: RETRATO DE UM POVOADO ALAGOANO”.
Os repórteres da Gazeta, levados pelo conterrâneo Epitácio Mendes, retrataram com fidelidade a grave situação por que passava a população limoeirense, aliás, comum a todas as comunidades interioranas. Era uma tentativa de chamar a atenção das autoridades para as necessidades básicas do nosso povo. Iniciava ressaltando os seguintes aspectos: “não tem luz, cinema, loja, padaria, feira, não passa ônibus no local, a missa é celebrada de dois em dois meses e só tem uma venda, que não possui qualquer tipo de medicamento”.
A matéria traz depoimentos de personagens históricos da nossa Vila. Dona Miúda – Maria Rosa Andrade, então com 78 anos de idade, prevenida, teria já adquirido “caixão, mortalha e uma garrafa de Pitú para dar ao coveiro no dia de sua morte”. Disse ela: “Morando aqui há mais de 65 anos, sei muito bem que quem adoecer gravemente nunca conseguirá se salvar porque, além de não termos farmácia, a nossa única venda não possui nenhuma espécie de medicamento”.
Ela se referia à bodega do meu compadre Abinha (Djalma Castro). Não muito tempo antes, até 1967 mais ou menos, havia cinco bodegas: a de seu “João Gringo”, na Rua Mário Vieira; as de seu Lindauro e seu Maximino, vizinhas na Rua do Meio; a da própria Doma Miúda, na esquina da Rua do Meio com a Rua de Cima e, nesta, a do pai de Erasmo Barbosa bem defronte ao Grupo.
Lindauro Costa, liderança política do lugar, declara: “Vivemos na maior desgraça. Duas crianças morrem por mês, por absoluta falta de assistência. Das muitas campanhas realizadas para erradicar doenças, nenhuma delas ainda passou por aqui. Ninguém se lembra da gente. Só mesmo em época de eleição, pois mesmo sendo pequeno, o povoado tem 120 eleitores, afora outros em idade de tirar o título, mas sem poder se deslocar para a cidade”.
Os 50 alunos do MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização, assistiam às aulas à luz de candeeiros e placas, dada a ausência de energia elétrica, que só chegaria em 1976.
Por fim, a reportagem traz o depoimento de Seu Chico Mendes: “esperamos que, com o trabalho da Gazeta de Alagoas, as autoridades procurem tomar conhecimento de nossa existência e que algumas medidas sejam colocadas em prática, porque, se as coisas continuarem como vão, ninguém poderá precisar o nosso futuro. Queira Deus que as autoridades ouçam nosso apelo”.
A História de Limoeiro está baseada nesta igreja, cuja construção foi iniciada em 1782 e concluída em 1787, por João Carlos de Melo.Foto: Arlindo Tavares

Alunos do MOBRAL literalmente "queimando as pestanas".Foto: Arlindo Tavares

Rua do Meio (atual Jaime Silva), à direita a casa de D. Miúda. Foto: Neide Alves Melo - 1968.

Porto do Limoeiro em 1968.Foto: Neide Alves Melo.

sábado, 29 de janeiro de 2011

PÃO-DE-AÇUCARENSE TERÁ BIOGRAFIA



Foi lançado no último dia 27, quinta-feira, no Memorial da República, o Edital Público que institui o Concurso Nacional para publicação de um livro sobre a vida de José de Freitas Machado, o alagoano (de Pão de Açúcar) precursor do ensino da Química no Brasil.
O Concurso é fruto de uma parceria entre a BRASKEM, Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação – SECTI e a FAPEAL – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas. A homenagem acontece no ANO INTERNACIONAL DA QUÍMICA, validado pela ONU.
Serão premiados os três primeiros colocados no Concurso. O 1º receberá a quantia de R$ 10.000,00 + a publicação de um livro sobre a Vida e a Obra do Professora Freitas Machado, cujo lançamento se dará durante a V Bienal Internacional do Livro de Alagoas, a se realizar e 21 a 30 de outubro de 2011 (A Bienal é uma realização da Universidade Federal de Alagoas, através da EDUFAL). O segundo receberá R$ 5.000,00 e o terceiro, R$ 2.500,00.
O Edital pode ser obtido no site da FAPEAL: www.fapeal.br.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A GRANDE MESTRA

Por mais de quarenta anos ela estimulou o raciocínio de muitas gerações de crianças de Pão de Açúcar. Como Professora do Ensino Primário, ensinou-as a ler e contar, libertando-as da escuridão da ignorância.

Pouco se sabe a respeito de Rosália Sampaio Bezerra. Seu nome, entretanto, está imortalizado porquanto dá nome a uma de nossas ruas e a uma Escola Estadual. Falecida já há mais de 53 anos (30 de dezembro de 1957), não sendo de Pão de Açúcar e não tendo deixado descendência, resta-nos apenas informações vagas colhidas de familiares de alguns de seus alunos.

Recentemente, encontrei no perfil de uma pessoa amiga numa rede social da internet, uma foto identificada como sendo da “Professora Rosália e seus alunos”. Surpresa!!! Temos, enfim, uma imagem da famosa Mestra.

Essa amiga, a também professora Maria Rocha, conseguiu da sua avó octogenária algumas informações: Não era casada. Veio para Pão de Açúcar com mais dois irmãos, que também moravam com ela: Rodolfo e Osvalda. Disse também que ela criou uma pessoa chamada Ivone e que o irmão dela ensinava, às escondidas, as tarefas aos alunos, através do corredor da sala.

Foi tão longa a atividade da Professora Rosália, que ela chegou a ensinar a sucessivas gerações da família de Maria Rocha: primeiro a avó Georgina, na década de 1920; depois a mãe Norma, na década de 1930 e a tia Solange, na década de 1940.

Desde antes da construção do Grupo Escolar Bráulio Cavalcante, cujas aulas iniciaram em 2 de julho de 1935 e do qual foi sua primeira Diretora, D. Rosália lecionava na sala de sua própria residência.

É muito pouco o que temos, considerando a sua importância para a Educação em nossa terra. Rogo, então, aos que mais souberem para que deixem aqui o seu recado e, assim, contribuam para a constituição de uma biografia digna da Grande Mestra.
Pão de Açúcar-AL. Década de 1920. A Professora Rosália e seus alunos. Georgina de Carvalho Melo, filha de Alípio Gomes de Carvalho Mello e Maria Regina de Carvalho Mello, avó de Maria Rocha, é a terceira da direita para a esquerda, da segunda fila de cima para baixo.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

BOM JESUS DOS NAVEGANTES

Muitas são as localidades ribeirinhas do Baixo São Francisco que festejam Bom Jesus dos Navegantes. Durante o mês de janeiro, essas comunidades se movimentam para reverenciar o padroeiro daqueles que vivem e trabalham sobre as águas do Velho Chico, seja em canoas ou em lanchas dos mais diversos tipos e tamanhos.
Três cidades se destacam nessas comemorações: Penedo e Pão de Açúcar – em Alagoas, no segundo domingo e Propriá - em Sergipe, no último. É possível que essa prática, no início de cunho eminentemente religioso, remonte ao Século XIX.
Nas fotos 1 e 2 – em meados do Século XX – provavelmente década de 1940, o porto de Penedo repleto de embarcações em preparativos para a grande Procissão Fluvial. Um grande número de canoas, além do Navio Comendador Peixoto, formavam o cortejo por determinado trecho do rio, conduzindo a imagem do Padroeiro.
As fotos 3 e 4 – por essa mesma época, mostram os festejos em Propriá, a bela cidade sergipana, com muita gente lotando a balsa que ostentava a imagem de Bom Jesus e a enorme quantidade de canoas seguindo o Navio. Na foto 5 – Década de 1960, canoas e lanchas competem em graciosidade, compondo um cenário deveras majestoso.
A foto 6 – início do Século XX, década de 1920, canoas navegam ao vento forte da tarde pão-de-açucarense, sob os olhares contemplativos de dezenas de pessoas que se apinham na margem do rio cheio, exibindo trajes típicos da época.
Finalmente, a Foto 7 – ano de 1966, fiéis conduzem a imagem sob o comando do Padre Heliomar Queiróz Mafra, um dos mais dinâmicos párocos que Pão de Açúcar já teve.

FOTO 1

FOTO 2


FOTO 3

FOTO 4

FOTO 5

FOTO 6

FOTO 7

A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

PUBLICAÇÕES
Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia