domingo, 24 de maio de 2020

SOARES BRANDÃO EM PÃO DE AÇÚCAR


Por Etevaldo Amorim
Dr Soares Brandão. Foto:
O Malho, Março de 1943.
No mês de outubro de 1878, tinha-se como certa a chegada a Pão de Açúcar do Presidente da Província, Dr. Francisco Carvalho Soares Brandão[i], que por ali passaria com destino a Piranhas, onde assistiria à inauguração dos trabalhos da Estrada de Ferro, que aconteceria no dia 23. Com efeito, às 11 horas do dia 22, apontam no morro do Farias oito canoas, uma das quais ostentando a bandeira nacional, “anúncio certo de que a seu bordo vinha o ilustre passeiante”[ii].
Foguetes estouram no ar, bem em frente ao sobrado do Major João Machado de Novaes Mello[iii], anunciando a aproximação da frota. O Major, junto com seus filhos e acompanhado do Juiz de Direito, do Juiz Municipal[iv] e do Promotor Público[v], além do Cap. Agostinho Brandão[vi] e do cidadão Leandro Ribeiro de Mello[vii] e outras pessoas distintas, foram ao encontro do Presidente.
Francisco Carvalho Brandão partira de Maceió no dia 18 daquele mês, a bordo do vapor Dantas, em companhia de numerosa comitiva[viii]. Do Relatório da viagem, publicado pela Tipografia Liberal, em 1878 colhemos alguns dados de sua passagem pelo território pão-de-açucarense:
“Às 6 ½ horas, encalhou o Jequitaya defronte do Limoeiro, pequeno povoado da margem esquerda, por acharem-se as águas mui baixas e o vapor calar 4 ½ pés. Aí pernoitou-se.”
“No dia seguinte, 22, às 6 horas da manhã, esforçou-se o Sr. Luiz Campos para que o vapor, previamente alijado, vencesse o obstáculo, experimentando diversos pontos do canal, e não podendo seguir, partiram todos em 7 grandes canoas, as quais com suas brancas velas de forma de asas e levando à frente a banda de música marcial, pareciam 7 grandes e formosas borboletas aos sons da música: grande e maravilho espetáculo foi esse por certo de ser contado em sublimes versos”.
Vapor Dantas. Foto: OLIVEIRA, Maria A. B. Fonte: Sampaio.


“Passados os insignificantes povoados de Santiago, à esquerda, e São Pedro, à direita[ix], às 11 horas e 20’ chegaram os ilustres viajantes à cidade de Pão de Açúcar, que demora 10 léguas acima do Traipu e é, depois do Penedo, o melhor povoado de toda a margem esquerda”.
“Ao estrugir girândolas de foguetes e aos sons da música marcial, saltaram os ilustres viajantes nos fatigantes areais da cidade, e se dirigiram com o grande número de cidadãos eu vieram recenê-los, à casa do nosso distinto amigo, o Sr. João Machado de Novares Mello, onde foi por este oferecido um profuso lunch, durante o qual ergueram-se diversos brindes, sendo o de honra feito ao Exmº Sr. Conselheiro Sinimbu como amigo dedicado de sua Província, patriota distinto, liberal de firmes crenças e de caráter de robusta têmpera, e os demais feitos a S. Exª o Sr. Soares Brandão pelos benefícios prestados a esta Província, como a sua sensata, sábia e ilustrada administração e por ter tido a glória de inaugurar o plantio da árvore do progresso nos sertões da Província; ao Exmº Dr. Espíndola, pelo triunfo alcançado no último pleito eleitoral; ao Sr. Comendador Palmeira pela sua firmeza de caráter; ao Sr. Dr. Theóphilo pela moderação, prudência e tino com que se houve no último pleito político. Ao Sr. Major Aristides Cansanção pelas suas excelentes qualidades morais e ao Sr. Major João Machado à união e harmonia do Partido Liberal de Pão de Açúcar”.
Vapor Jequitaya, à esquerda, porto de Piranhas. Foto: Ignácio Mendo.
Canoa com Panos de Asa. Foto: livro Brazilian Cotton_1921,
“Terminado o lunch, e depois de pouco mais de 2 horas de refocilar, S. Exª, levando em sua companhia, além dos seus amigos de viagem, o Juiz de Direito Dr. Alfredo Montezuma, uma comissão da Câmara Municipal[x] e várias outras pessoas gradas, seguiu para Piranhas”.
No dia 3 de novembro, estava novamente o Presidente a bordo do Jequitaya, que o levaria até Penedo, onde o esperava o vapor Caxias, que o conduziria de regresso à Capital.

Soares Brandão. Acerco Fundação Joaquim Nabuco.
___________
Adaptado do livro TERRA DO SOL ESPELHO DA LUA. AMORIM, Etevaldo A. Ecos Gráfica e Editora. Maceió, 2004.

NOTA:
Caro leitor,
Este Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, contém postagens com informações históricas resultantes de pesquisas, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso algumas delas seja do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo. Segue abaixo, como exemplo, a forma correta de referência:
Sugestão de registro de referência:

AMORIM, Etevaldo Alves. SOARES BRANDÃO EM PÃO DE AÇÚCAR. Maceió, maio de 2020. Disponível em: http://blogdoetevaldo.blogspot.com/search?q=soares+brand%C3%A3o. Acesso em: dia, mês e ano.




[i] Nasceu no Engenho Sant’Anna, em Jaboatão – PE, no dia 31 de outubro de 1840. Filho de Francisco Pedro Soares Brandão e Maria Rita Gonçalves da Rocha. Formou-se pela Faculdade de Direito do Recife (PE) em 1861. Faleceu no Rio de Janeiro – DF, aos 58 anos, no dia 1º de setembro de 1899. Foi nomeado Presidente da Província das Alagoas a 9 de fevereiro de 1878, tomando posse a 11 de março do mesmo ano. Governou até 18 de novembro de 1878, quando assumiu o mandado de Deputado por Pernambuco.
[ii] Jornal O Paulo Afonso, Pão de Açúcar, 27 de outubro de 1878. Periódico imparcial, noticioso, comercial e literário de propriedade e sob a redação de Achilles Balbino de Leles Mello que tinha, na ocasião, 25 anos.
[iii] O Major João Machado de Novaes Mello, Barão de Piaçabuçú. Nasceu em 1818, em Vila Nova (atual Neópolis-SE) e faleceu a 03/08/1892, em Pão de Açúcar-AL. Filho de Antônio Ferreira de Novaes e Maria Madalena Leite Sampaio.

[iv] Dr. Jovino Antero de Cerqueira Maia.
[v] Dr. João Gualberto Gomes de Sá, que ali chegara a 16 do corrente, removido da Comarca de Paulo Afonso (Mata Grande).
[vi] Agostinho José de Neville Brandão, filho de Anacleto de Jesus Maria Brandão e de Maria Francisca da Conceição Brandão. Era tio do escritor Moreno Brandão e do bispo Dom Antônio Manoel de Castilho Brandão. Faleceu em 1882.
[vii] Leandro Ribeiro Gonçalves de Mello, Delegado Literário em Pão de Açúcar.
[viii] Dr. Thomas do Bomfim Espíndola, 1º Vice-Presidente da Província e Chefe do Partido Liberal de Maceió; Miguel Antônio Freixo, Inspetor da Tesouraria da Fazenda e sua Exª Senhora e uma filha; Dr. João Augusto de Albuquerque Maranhão, Promotor Público da Capital; Dr. Antônio Martins de Miranda, advogado e professor de filosofia do Lyceu; Comendador Manoel Rodrigues Leite Oiticica; Tenente-Coronel Américo Neto Firmiano de Moraes e sua Exª Senhora; Aristides Arnaldo Bezerra Cansanção; Major Manoel Martins de Miranda; Cap. João Francisco de Carvalho; Cap. Alexandre Maria da Fonseca; Cap. Tito Augusto da Silva; Farmacêutico Claudio Falcão Dias e sua exª filha; João Aidano da Costa Imbuzeiro; Sr. Caetano, da Diretoria de Inspeção Pública; Ildefonso Cantidiano da Silva, empregado da Secretaria da Presidência; Tem-Ajudante Manoel Miranda Sampaio; Pedro Rodrigues de Oliveira Ribeiro; Alberto Moreira Lopes; Natanael Fernandes de Araújo; Dr. Theóphilo Fernandes dos Santos; Padre Manoel Antônio do Valle e Luiz Efigênio do Rosário.
[ix] Refere-se à margem. Falando-se do ponto de vista de quem sobre o rio, Santiago fica à direita (Alagoas) e a Ilha de São Pedro à esquerda (Sergipe).
[x] Composta por João Marinho de Novaes Mello – Presidente; pelos vereadores João Soares de Góes e José da Silva Maia; além do Padre Manoel Antônio do Valle.

sábado, 16 de maio de 2020

PÃO DE AÇÚCAR – OÁSIS DO SERTÃO ALAGOANO


Reportagem de Escobar Filho[i]

“PÃO DE AÇÚCAR  - Dezembro de 1944.

Quando eu disser ao carioca que estou em Pão de Açúcar, há de parecer que escolhi o recando do caminho aéreo para morar. Não haveria aí nenhuma novidade, pois lá morou, por muitos anos, o desenhista José Maria Sampaio, que fazia as célebres “caruetas”, perfis recortados a tesoura e que hoje está lançando uma revolução na pedagogia com o ensino do desenho pela música. Nasceu no Pão de Açúcar uma filha do conhecido artista da tesoura feita lápis. Todos os jornais cariocas já publicaram seu retrato. Uma menina bonita – Paulina Pão de Açúcar Sampaio.

Mas o outro Pão de Açúcar, aquele onde estou no exercício de funções fiscais e de onde escrevo, fica à margem do Rio São Francisco. Não sei por que lhe deram esse nome. Um pequeno morro que a seta indica numa das fotos parece mais com a Urca. Enfim, já existe o nome e a cidade que ele abrange é das mais interessantes da Região que aqui se chama o Sertão.

Av. Ferreira de Novaes vendo-se o Morro do Cavalete (sem
 o monumento ao Cristo Redentor) e a antiga caixa d'água, nas
imediações do atual Iate Club Pão de Açúcar.

Sertão, a rigor, não há mais. Boas estradas, quer de construção do Estado, quer do Serviço de Obras Contra as Secas, ligam todos os núcleos povoados de Alagoas. Vai-se num dia de Maceió às cidades mais distantes, de automóvel ou de “sopa’, denominação dos ônibus nesta zona. Era Sertão quando os bandoleiros talavam as suas caatingas. Lampião, aliás, nunca entrou em Pão de Açúcar, mas andou bem perto e não muito longe foi abatido. Conheci agora um dos participantes da expedição que derrubou o rei do cangaço. O antigo cabo Anacleto, hoje aspirante, que por sinal se encontra preso, acusado de uxoricídio.

Pão de Açúcar pode ter o nome de cidade. Boas casas, ruas pavimentadas, igreja, grupo escolar, jardins, um serviço de alto-falantes e o controle do movimento de exportação, por via fluvial, de toda a produção algodoeira da zona.
Av. Bráulio Cavancante, vendo-se o serviço de alto-falantes,
defronte à Casa José Gonçalves de Andrade.

O seu prefeito é um homem viajadíssimo e as grandes firmas do lugar são constituídas de elementos afeitos às exigências da civilização nos grandes centros. Água encanada, luz, cinema – embora as instalações sejam ainda um tanto precárias – completam o quadro de Pão de Açúcar para dar-lhe de fato, como já tem de direito, o nome de cidade, onde vive uma população de quase cinco mil almas.
Muito calor, não há dúvida. Mas as noites muito agradáveis. Passam-nas aqui, obrigatoriamente, os turistas que visitam a cachoeira de Paulo Afonso e vêm da Pedra, a criação do gênio caboclo de Delmiro Gouveia, pela estrada de ferro até Piranhas, para desceu o rio até Penedo ou Propriá. Todos acham curioso encontrar aqui uma cidade com as características de Pão de Açúcar.

É pena que a luz de apague às 22 horas. Como Tântalo, à beira do rio, os concessionários da luz elétrica não usam a água como elemento gerador e sim a lenha. Daí o racionamento.
Praça Moreno Brandão, vendo-se ao fundo a igreja Matriz.

Também esta palavra medonha não e ouvida noutros setores. Há de tudo. Legumes pouco, mas frutas, bastante. Gêneros alimentícios também. A feira da cidade é na segunda-feira. Desde a madrugada, começam a chegar as canoas de tudo que pode ser objeto do comércio. Canoas magníficas, extensas e largas, com os velames amplos e as toldas na popa[ii] em condições de permitir que se armem redes para as madornas suaves.
Há um só hotel na cidade, o de Adelina. Diz o “Talmud” que o celibatário não é um homem. Não acusa, entretanto, as mulheres que não se casam. Dona Adelina não se casou. Seria descortês perguntar  sua idade, mas nas nossas conversas, (gosto muito de conversar com a boa velhinha) vim a descobrir que 1914 ela já tinha passado da idade de casar. Comprou, nessa ocasião, um papagaio por 700 réis. O louro de sete tostões ainda vive e confesso que com ele consegui acreditar que os papagaios falam. Até agora a linguagem dos papagaios parecia existir (pelo menos para mim) nas anedotas que ele ilustra, tanto nas que podemos contar em voz alta como nas outras, as clandestinas, impróprias dos salões. (V. sabe aquela do papagaio?)

Dona Adelina concentrou suas atenções no louro, hoje trintenário. E a gente entende tudo que ele fala. Fico observando os movimentos da língua do papagaio. Ele fala e canta. Sua canção é a “Beata”, uma sátira às velhas que não saem da igreja. A dona do hotel, apesar de católica, não é beata e gosta da cantiga que o papagaio aprendeu.

Perguntei a D. Adelina qual era o preço dos aluguéis das casas em Pão de Açúcar. Ela comprou o sobrado do hotel por seis contos. (vamos falar na moeda antiga que tem o sabor dos pronomes mal colocados).

D. Adelina respondeu:

- Agora já não há mais casas de dez nem quinze mil réis por mês. Subiu tudo. Só se arranja casa de trinta e quarente e parece que há até de oitenta mil réis.

Uma dúzia de ovos, dois mil e quinhentos. Uma galinha gorda, sete mil réis. Não há fila para carne. A manteiga e os queijos vêm de Jacaré dos Homens, um Distrito do Município. Fabrica-se o guaraná em Santana do Ipanema, município vizinho. A cerveja é mais barata do que em cidades mais próximas dos grandes centros, como por exemplo Campo Grande, em Mato Grosso, que fica a dois dias de São Paulo, e onde a cerveja custa seis cruzeiros, quando em todo o Estado de Alagoas custa quatro.
Trecho da Av. Bráulio Cavalcante, entre a Matris e a Cadeia Pública.

Convém notar que estes preços não revelam, como pode parecer, uma cidade em decadência. Ao contrário, nota-se aqui muito progresso e atividade. O algodão e o arroz já formaram uma pequena elite de capitalistas. Não há mendigos. Todos trabalham e o comércio de utilidades é bem instalado.

O que há é a desambição, talvez. E, sobretudo, equilíbrio com certas praxes que se vão eternizando. As passagens dos navios, por exemplo, não se alteraram. Uma viagem até Propriá, com camarote de bons beliches, custa onze mil e novecentos réis. Juntando a isso o café e o almoço não passa de vinte mil réis. E são oito horas de viagem.

O mais curioso é que os vapores, descendo o rio, ganham das canoas, mas na subida perdem. Todos preferem subir de canoa por causa do vento. A viagem é pitoresca. Ora chegamos a uma cidade alagoana, ora a uma sergipana. Traipu ou Gararu. Propriá ou Colégio. Penedo ou Vila Nova[iii]. A emulação é interessante. Ora vence o orgulho alagoano, ora o sergipano.

Os homens de Pão de Açúcar, neste momento, só estão preocupados com um coisa: com a abertura da agência do Banco do Brasil. O Sr. Marques dos Reis já recebeu o relatório do técnico bancário que foi estudar a Praça e tudo indica que a cidade será incorporada à rede do nosso principal estabelecimento de crédito.

Não estou convidando ninguém para vir morar em Pão de Açúcar. Vindo muita gente, tudo mudará. Mas a verdade é que, apesar do calor, e aceitando o velho nome de Sertão para esta zona, podemos dizer que Pão de Açúcar é um oásis. Quem está cansado de ficar na fila, pode descansar aqui”.
_____
Transcrito da revista CARIOCA, RJ, nº 484, 30 de dezembro de 1944. O prefeito de Pão de Açúcar era o Sr. Augusto de Freitas Machado.



[i] 
Francisco Escobar Filho, jornalista e escritor capixaba. Era também Agente Fiscal do Imposto de Consumo do Ministério da Fazenda. Nasceu a 25 de agosto de 1901, filho de Francisco de Lima Escobar Araújo e de Leocádia Ribeiro Escobar. Faleceu a 10 de outubro de 1966, na cidade de São Bento do Sul, Estado de Santa Catarina, aos 65 anos de idade. Foto revista Vamos Ler, RJ, 20/07/1944
[ii] Na verdade, a tolda se localiza na proa da canoa.
[iii] A essa época, Vila Nova já tinha recebido a nova denominação de Neópolis pelo Decreto-lei nº 272, da Interventoria Federal no Estado, de 30 de abril de 1940.

A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia