sexta-feira, maio 9
ESBOÇO HISTÓRICO DA COMARCA DE PÃO DE AÇÚCAR-PARTE 1
Por Etevaldo Amorim
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Mata Grande, foto Terra das Alagoas, Adalberto Marroquim |
Em 1854, ano em que foi emancipado
de Mata Grande, Pão de Açúcar pertencia, judicialmente, aos Termos Reunidos de
Mata Grande e Traipu, que tinham como Juiz Municipal o Bel. Francisco José de
Meira, nomeado por Decreto de 5 de abril daquele ano,[i] até julho de 1857, quando foi
removido, a pedido, para a comarca de Atalaia[ii].
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Natural da Província da Paraíba, o
Dr. Francisco José de Meira faleceu no Recife, no dia 2 de abril de 1884, sendo
sepultado no dia seguinte, no Cemitério de Santo Amaro, quando era Juiz de
Direito da Comarca de Guimarães, no Maranhão.[iii]
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Segundo
Aldemar de Mendonça, em 1855 foi instalado o Cartório do 1º Ofício, tendo como
primeiro Escrivão o Sr. Manoel Joaquim Sátyro; Oficial de Justiça, André Lopes
Ribeiro e Juiz Substituto Thomás D’Aguino Jurema. Entretanto, segundo notícia
do d’O Liberal Pernambucano, de 20 de março de 1858, somente neste ano, o Sr.
Manoel Joaquim Sátyro obteve mercê de serventia vitalícia, do 2º Tabelião e
Escrivão do Crime, Cível e Execuções da Vila de Pão de Açúcar.
O Dr. Meira foi substituído pelo
Dr. Antônio Joaquim de Figueiredo Seabra, antes titular do Termo de Paracatu,
na província de Minas Gerais,[iv] de onde foi removido por Decreto de 4 de
setembro de 1857.[v]
A essa altura a divisão judiciária já se denominava Termos Reunidos de Mata
Grande e Pão de Açúcar.
O
Juiz de Direito era o Dr. João de Carvalho Fernandes Vieira (Segundo Barão de
Studart), nomeado por Decreto de 12 de abril[vi], que permaneceu até 7 de
dezembro daquele ano, quando foi removido para a comarca de Campo Maior,
Província do Piaui.[vii]
Esse magistrado, formado pela Faculdade de Direito de Olinda, em 1845, nasceu
em 1823, em Maganguape-Ceará, e ali faleceu em 23 de setembro de 1885.[viii]
Quando
da visita de D. Pedro II, em 1859, o Juiz Municipal e de Órfãos era o Bel.
Francisco Antônio Pessoa de Barros, enquanto o Juiz de Direito era o Dr. João
Paulo Monteiro de Andrade,[ix] que permaneceu até 1863,
quando foi removido para a Comarca de Vitória, Espírito Santo.[x] O Promotor de Justiça era
o Dr. José Antônio Mendonça Junior,[xi] todos citados no diário
do Imperador.
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Pessoa
de Barros nasceu na Bahia, em 26 de janeiro de 1832, sendo filho de Antônio de
Barros Itaparica. Formou-se em Ciências Sociais e Jurídicas, em 1856, pela
Faculdade do Recife. Era um republicano histórico, tendo sido o primeiro
presidente do Conselho de Intendência Municipal da Capital Federal após a
Proclamação da República, exercendo a função de 17 de novembro de 1889 a 30 de
novembro de 1890. Faleceu no Rio de Janeiro em 13 de março de 1896.
O
Dr. João Paulo Monteiro de Andrade nasceu no Recife no dia 25 de julho de 1828.
Era filho de Miguel Arcanjo Monteiro de Andrade e Maria Madalena Duarte Sedrim.
Foi casado com Ana Ricarda da Costa Reis.
Vítima
de bériberi, já como Desembargador da Relação do Ceará, o Dr. João Paulo
Monteiro de Andrade faleceu no dia 27 de agosto de 1884, a bordo, enquanto
viajava do Maranhão para Fortaleza, onde foi sepultado.
O
Promotor Dr. José Antônio de Mendonça Junior (depois Barão de Mundaú), filho de
José Antônio de Mendonça, nasceu em 1821 e faleceu em 1904. Foi casado com
Jacinta Flora Mendonça.[xii]
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Substituindo
o Dr. João Paulo, foi nomeado, em 6 de fevereiro de 1863,[xiii] o Juíz de Direito, Dr.
João Francisco Paes Barreto, que viria a ser genro do Major João Machado de
Novaes Mello, o Barão de Piaçabuçu, ao se casar com Josephina de Novaes Mello.
Nascido a 6 de julho de 1827, veio a falecer em Propriá, Sergipe, em 25 de maio
de 1873.
O Dr. João Francisco Paes Barreto |
Dando
a notícia da sua morte, o Jornal de Aracaju (edição de 28 de junho de 1873) assim
falou:
“Magistrado
íntegro, deixa naquela comarca importante um vácuo que dificilmente se
preencherá. Seu caráter afável, e ao mesmo tempo enérgico e independente, nunca
se dobrou ao “quero” dos grandes da terra. Diante dele, a Lei era respeitada e
temida, porque era para todos igual, e tanto o rico como o desvalido lhe
mereciam a proteção e justiça a que tinham direito. Inteligente, probo e
justiceiro, era inexorável em punir o crime, assim como defensor denodado da
inocência.
Com
a sua morte, perdeu a Magistratura um dos seus mais ilustre membros; a Comarca,
um magistrado imparcial e justo à toda prova; a sociedade, um exímio
propugnador de seus sagrados direitos; e sua família... esta chora inconsolável
uma perda irreparável. Só no seio da religião achará a necessária resignação.”
Em
1863, segundo o Diário de Pernambuco, de 31 de outubro de 1863, “permitiu-se
que Manoel Joaquim Sátyro e Mariano Joaquim Cavalcante (avô paterno de Bráulio
Cavalcante), aquele 1º Tabelião do Público Judicial e Notas e Escrivão de
Órfãos,Capelas e Resíduos do termo de Pão de Açúcar , e este Serventuário
Vitalício de iguais Ofícios do Termo de Mata Grande, Província das Alagoas,
permutem entre si os referidos ofícios.”
O
cargo de Juiz Municipal passou a ser ocupado pelo Dr. José Torquato de Araújo
Barros, nomeado em agosto de 1862[xiv], permanecendo até junho
de 1864, quando foi removido para Propriá e Porto da Folha, em Sergipe.[xv]
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Nasceu
em Palmeira dos Índios, em 26 de fereveiro de 1832 e faleceu em Maceió, em 21
de agosto de 1895. Era filho de Mathias da Costa Barros e Francisca Maria de
Araújo Barros. Foi casado com Ursulina Flávia Duarte Guedes. Formou-se pela
Faculdade de Direito do Recife em 1860.
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Naquele
mesmo ano, sucedeu-lhe o Bel. Aurélio Ferreira Espinheira, Formado pela
Faculdde de Direito do Recife em 1857, que deixou o cargo em dezembro de 1865.[xvi]
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Filho
de Domingos Pereira Espinheira e Margarida Ferreira, nasceu em Salvador, em 20
de janeiro de 1836 e lá faleceu 1º de outubro de 1921.[xvii] Foi aposentado, em 1892, como Desembargador na
Relação da Bahia.[xviii]
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Em
1866, o Juiz Municipal e de Órfãos era o Dr. João Gomes Ribeiro Junior,[xix] bacharel pela Faculdade
de Direito do Recife, em 1862.
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João
Gomes Ribeiro Júnior nasceu no Engenho Jesus Maria e José, em Laranjeiras (SE),
no dia 29 de fevereiro de 1840, filho de João Gomes Ribeiro e de Maria
Miquelina Ribeiro. No ano seguinte, pediu exoneração, fixando-se em Maceió. Participou
ativamente do movimento abolicionista em Alagoas, sendo nomeado procurador
fiscal da Tesouraria Provincial Abolicionista em 1871. Fez parte também da
Sociedade Libertadora Alagoana. Tornou-se republicano por volta de 1872,
participando do Clube Republicano Radical e do Centro Republicano Federal de
Alagoas. Nesse mesmo ano fundou em Maceió o primeiro jornal de apoio à causa
republicana, denominado A República, do qual foi redator principal. Em 11 de
outubro de 1890 foi nomeado governador do Rio Grande do Norte pelo governo
provisório chefiado por Deodoro da Fonseca. Faleceu em Maceió no dia 27 de
outubro de 1897. Casou-se com Carolina Augusta Ramalho Gomes Ribeiro, com quem
teve pelo menos um filho, João Gomes (João Gomes Ribeiro Filho, nas anotações
pessoais João Gomes Ribeiro Neto), que foi comandante da 1ª Região Militar em
1934-1935 e ministro da Guerra em 1935-1936, durante o governo de Getúlio
Vargas. FONTES: BARROS, F. ABC das Alagoas (v. 1, 2); BUENO, A. Visões;
CASCUDO, L. Governo; CASCUDO, L. História; Revista do Instituto Histórico de
Alagoas (v.25-26).
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Por Decreto de 7 de março de 1868, foi nomeado Juiz Municipal e de Órfãos dos Termos Reunidos de Paulo Affonso e Pão de Açúcar o Dr. Alfredo Montezuma de Oliveira,[xx] formado em Direito pela Faculdade do Recife em 1866, chegando a Pão de Açúcar no dia 21 de abril de 1868.[xxi].
Natural de Bragança,
Estado do Pará, era filho de Afonso José de Oliveira e Alexandrina
Theomila de Oliveira. Foi casado com
Prisciliana de Oliveira Ribeiro, filha do Cap. José Antônio Ribeiro, de Mata
Grande.
Já
com a denominação de Termos Reunidos de Paulo Afonso e Pão de Açúcar, e por
Decreto de 27 de maro de 1872, foi reconduzido ao cargo de Juiz Municipal e de
Órfãos o Dr. Alfredo Montezuma de Oliveira.[xxii]
Em
20 de agosto de 1872, tendo sido, o Dr. Montezuma, nomeado Juiz de Direito da
comarca de Borborema, Província da Paraíba,[xxiii] foi substituído no
cargo de Juiz Municipal e de Órfãos pelo Dr. Silvio Pellico Pereira Ferraz,[xxiv] por Decreto de 4 de
dezembro de 1872.
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O Dr. Silvio Pellico e sua esposa Amélia. Foto Alberto Henschel. |
A
promotoria de Justiça estava a cargo do Bel. Jonas Polycarpo de Figueiredo, Formado
pela Faculdade de Direito do Recife em 1871, que fora removido para a Comarca em
27 de janeiro de 1872.
_______
Jonas
Polycarpo de Figueiredo. Filho de Miguel Archanjo de Figueiredo e Izabel Egidia
Poggi. Em 1873, era Promotor Público na Comarca de Paulo Afonso-AL. Em 1874, já estava em Camaragibe. Em 13 de
março de 1874, foi nomeado Juiz Municipal e de Órfãos do Termo de Passo Fundo,
Província de São Pedro do Rio Grande do
Sul, de onde foi transferido para a
Comarca de Pirassununga, São Paulo.
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A Vila de Pão de Açúcar em 1875. Foto Marc Ferrez. |
CRIAÇÃO
DA COMARCA DE PÃO DE AÇÚCAR.
Pão
de Açúcar, então vinculada à Comarca de Mata Grande, pela importância que
angariava no cenário econômico, lograria alcançar mais um degrau na sua escala:
tornava-se Comarca pela Resolução que a seguir se transcreve, à qual também
pertencia a Vila de Santana do Ipanema.
“RESOLUÇÃO
Nº 681, de 24 de abril de 1875.
O
Dr. João Vieira de Araújo, Oficial da Imperial Ordem da Rosa, Juiz de Direito e
Presidente da Província das Alagoas,
Faço
saber a todos os seus habitantes que a Assembleia Legislativa Provincial decretou e eu sancionei a
Resolução seguinte:
Art.
1º Ficam criadas três comarcas, uma denominada Comarca de Assembleia, outra de
Pão de Açúcar e outra Izabel.
Art.
2º A nova Comarca de Assembleia se comporá do Termo deste nome e do de
Quebrangulo, desmembrados este da Comarca de Palmeira dos Índios e aquele da de
Atalaia.
Art.
3º A nova Comarca de Izabel se constituirá com a vila deste mesmo nome e com o
Termo de Porto de Pedras, desmembrado da Comarca de Camaragibe.
Art.
4º Fica transferida a sede da Freguesia de São Bento para a povoação Gamela.
Art.
5º A nova Comarca de Pão de Açúcar compreenderá o Termo deste nome, desmembrado
da Comarca de Paulo Afonso, e a vila de Santana do Ipanema.
Art.
6º As povoações de Gamela, de Santana do Ipanema e de Água Branca ficam
elevadas a vilas: estas com as mesmas denominações e limites, e aquela com a
denominação de Izabel.
Art.
7º A nova Vila de Água Banca fica pertencendo à Comarca de Paulo Afonso.
Art.
8º Fica transferida a sede da vila e freguesia de Imperatriz para a povoação de
Lage do Canhoto, que é elevada a vila com a denominação de São José da Lage.
Art.
9º Ficam revogadas as Leis e disposições em contrário.
Mando,
portanto, a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da referida
Resolução pertencer, que a cumpram e façam cumprir tão inteiramente como nela
se contém.
O
Secretário desta Província a faça imprimir, publicar e correr.
Palácio
do Governo das Alagoas, em Maceió, 24 de abril de 1875, quinquagésimo quarto da
Independência e do Império.
Dr.
João Vieira de Araújo
Foi
publicada a presente Resolução nesta Secretaria em 24 de abril de 1875.
O
Secretário José da Cunha Teixeira
Registrada
às fls. 73v, do livro de Leis da Província. Secretaria do Governo, em Maceió,
24 de abril de 1875.
Bernardo
Pereira do Carmo Junior[xxv]”
*** ***
A
essa época, segundo o Diário do Rio de Janeiro, de 1º de junho de 1875, era
agraciado com a serventia vitalícia do Ofício do 2º Tabelião e Escrivão do
Cível, Crime e Execuções do Termo de Pão de Açúcar o Major Epiphânio Baptista
de Souza Barreto.
*** ***
Entretanto,
o Ato de criação da comarca foi revogado pela Resolução nº 733, de 3 de julho
de 1876, do então Presidente Dr. Caetano Estellita Cavalcanti Pessoa.
Ele
próprio a fez ressurgir quatro dias depois, assinando a Resolução nº 737. Eis o
texto:
“RESOLUÇÃO
Nº 737, DE 7 DE JULHO DE 1876.
O
Desembargador Caetano Estellita Cavalcanti Pessoa, Cavaleiro das Ordens de
Cristo e da Rosa, Procurador da Coroa, Soberania e Fazenda Nacional da Relação
do Ceará, e Presidente da Província das Alagoas:
Faço
saber a todos os seus habitantes que a Assembleia Legislativa Provincial
decretou e eu sancionei a Resolução seguinte:
Art.
1º Fica criada uma Comarca com a denominação de Pão de Açúcar, que compreenderá
o Termo de Pão de Açúcar, desmembrado da Comarca de Paulo Afonso, e o Termo de
Traipu, desmembrado da Comarca de Penedo.
Art.
2º Fica desmembrada da Comarca de Penedo e unida à Comarca de Paulo Afonso a
Vila de Santana do Ipanema.
Art
3º Ficam elevadas à categoria de vila as povoações de Porto Real e Lage do
Canhoto, tendo esta a denominação de São José da Lage, onde se estabelecerá a
sede do município de Imperatriz.
Art.
4º Ficam revogadas todas as Leis e disposições em contrário.
Mando,
portanto, a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da referida
Resolução pertencer, que a cumpram e façam cumprir tão inteiramente como nela
se contém.
O
Secretário desta Província a faça imprimir, publicar e correr.
Palácio
do Governo das Alagoas, em Maceió, 7 de julho de 1876, quinquagésimo quinto da
Independência e do Império.
Dr.
João Vieira de Araújo
Foi
publicada a presente Resolução nesta Secretaria em 7 de julho de 1876.
O
Secretário José da Cunha Teixeira
Registrada
às fls. 124v, do livro de Leis da Província. Secretaria do Governo, em Maceió,
10 de julho de 1876.
Antônio
de Mello e Vasconcellos Castro.”
[i] O
Liberal Pernambucano, Recife, 22 de abril de 1854.
[ii]
Correio Mercantil, RJ, 18 de julho de 1857.
[iii]
Jornal do Recife, 3 de abril de 1884.
[iv] Gazeta
Forense, RJ, 1º de outubro de 1857.
[v]
Diário do Rio de Janeiro, 25 de setembro de 1857.
[vi] O
Constitucional, BA, 24 de abril de 1854.
[vii]
Diário do Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 1854.
[viii]
MOTA, Aroldo. AS SETE IRMÃS E A HISTÓRIA POLÍTICA O CEARÁ.
[ix] Dr. João
Paulo Monteiro de Andrade. Nasceu no Recife-PE no dia 25 de julho de 1828,
filho de Miguel Archanjo Monteiro de Andrade e Maria Madaglena Duarte Sedrim.
Casado com Anna Ricarda da Costa Reis. Faleceu em Fortaleza-CE no dia 27 de
agosto de 1884.
[x] A
Actualidade, RJ, 8 de fevereiro de 1864.
[xi] [xi] Dr.
José Antônio de Mendonça Junior. Formado pela Faculdade de Direito de São Paulo
em 1858.
[xii] José
Antônio de Mendonça Filho, o Barão de Mundaú, artigo no site HISTÓRIA DE
ALAGOAS.
[xiii]
Diário do Rio de Janeiro, 16 de fevereiro de 1863.
[xiv]
Correio Mercantil, 19 de agosto de 1862.
[xv] Diário do
Rio de Janeiro, 20 de junho de 1864.
[xvi] Correio
Mercantil, RJ, 13 de dezembro de 1865.
[xvii]
Revista do Instituto Histórico e Geográfico Basileiro.
[xviii] Pátria, Maceió, 10 de setembro de 1892.
[xix] Correio
Mercantil, RJ, 2 de fevereiro de 1866.
[xx] Diário
do Rio de Janeiro, 13 de março de 1868.
[xxi]
Jornal do Penedo, 4 de maio de 1877, p. 3.
[xxii]
A Reforma, RJ, 29 de março de 1872.
[xxiii]
A Reforma,RJ, 4 de setembro de 1872.
[xxiv] A Nação,
RJ, 6 de dezembro de 1872 e O Vinte e Dois de Maio, de 14 de dezembro de 1872.
[xxv] Bernardo
Pereira do Carmo Junior. Nomeado por Carta Imperial de 31 de janeiro de 1872.
Bacharel em matemátic, professor, diretor e proprietário do Internato de São
Bernardo, no Recife. Filho de Bernardo Pereira do Carmo e Maria Zeferina do
Carmo. Casado com Josephina Emilia Jorge (filha de Henrique Jorge e Senhorinha
Emilia Jorge.
quinta-feira, maio 1
O POETA QUE MORREU NO COMÍCIO
Por Valdemar
Cavalcanti[i]
Valdemar Cavalcanti_foto O Malho_29.10.1932.
Deixem-me contar a
história, que tem seu toque de lenda.
Era uma vez um jovem
poeta, que cedo se deixou empolgar pelas ideias libertárias, afazendo-se às
lutas contra qualquer tipo de violência, mandonismo ou tirania.
Esse poeta, que nasceu no
interior de Alagoas – na cidade de Pão de Açúcar – chamava-se Bráulio Cavalcante,
amava Hugo e Castro Alves, fez-se líder estudantil e sabia conquistar, com a
palavra, o coração do povo.
Mal deixou os bancos
acadêmicos, foi convocado para continuar o combate em campo liso ao sistema
cruel de governar que prevalecia naquele Estado. Embora querendo ligar-se mais
às coisas de literatura – aos sonetos que lhe vinham fáceis à pena, às odes que
os homens e os fatos lhe inspiravam, ao romance que pensava em escrever – o rapaz
teve mesmo que pegar a bandeira da reação aos desmandos e à prepotência,
colocando-se decidido na primeira linha do campo de batalha.
Pois foi num dia 10 de
março – a 10 de março de 1912 – que o foram buscar em casa, ia caindo a tarde,
em Maceió, para um comício em praça pública, mesmo em frente ao palácio do
Governo.
Assim que o poeta se dispôs
a falar à multidão, ao pé da estátua de Floriano Peixoto, veio a ordem da
autoridade: ali ninguém poderia falar ou correria muito sangue. Mas o líder não
era de ter medo à toa: ante o espanto geral, deu início à reunião; sabendo,
contudo, que aquela não fora ameaça vã.
E, às primeiras palavras
que lhe saíram da garganta, como sarças de fogo, fecharam-lhe a boca a bala os
soldados do governo.
![]() |
Bráulio Cavalcante |
*** ***
Transcrito do O Jornal,
Rio de Janeiro, 10 de março de 1961.
NOTA:
Caro leitor,
Deste Blog, que tem como
tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações
históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em
geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica.
Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em
qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas
fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências.
Isso é correto e justo.
[i]
VALDEMAR CAVALCANTI. Nasceu em Maceió a 6 de abril de 1912 e faleceu no Rio de
Janeiro a 19 de junho de 1982. Filho de Pedro Alvino Cavalcante e de Francisca
de Souza Almeida, era sobrinho de Bráulio Cavalcante. Foi casado com Jeruza
Xavier Cavalcanti (filha de Luiz Leão Xavier da Costa e Augusta Camelo Xavier
da Costa), com quem teve os filhos Sérgio Xavier Cavalcanti (Advogado) e
Roberto Xavier Cavalcanti (Economista).
sábado, abril 26
DR. FÉLIX MORENO BRANDÃO
Por Etevaldo
Amorim
![]() |
Pão de Açúcar, 1869. Foto: Abílio Coutinho. |
Para falar dessa
importante personalidade, permitam-me que o faça na primeira pessoa, apenas
para demonstrar como dela tomei conhecimento.
Entre os anos de 1976/78,
estava eu trabalhando na cidade de Mata Grande, exercendo os misteres da minha
profissão de técnico agrícola na área de extensão rural. Convidado pelo Dr.
Paulo Félix de Souza, médico e diretor da escola cenecista local, passei a dar
aulas naquele conceituado estabelecimento de ensino, denominado Colégio
Normal Félix Moreno.
Interessei-me em saber
quem era o patrono da escola. Procurei a Secretária Valdeci Mendonça, que me
entregou uma folha de papel, datilografada em frente e verso, sem indicação de
autoria, contendo uma pequena biografia do “DOUTOR FÉLIX MORENO BRANDÃO”.
“MORENO BRANDÃO” me
lembrou o famoso historiador pão-de-açucarense, tão exaltado nos discursos
proferidos nas cerimônias cívicas, em Pão de Açúcar. E qual não foi a minha
suspresa ao constatar que se tratava do pai de Francisco Henrique Moreno
Brandão...
Transcrevo aqui o inteiro
teor:
“Era o Doutor Félix
Moreno Brandão filho legítimo do Capitão Anacleto de Jesus Maria Brandão e de
Dona Maria Francisca da Conceição Brandão, tendo nascido na cidade de Mata
Grande neste Estado a 26 de novembro de 1825 (?).
Iniciou seus estudos
preparatórios em 1850, matriculando-se na Faculdade de Medicina da Bahia em
fevereiro de 1853. A 29 de novembro de 1858, sustentou tese versando a mesma
sobre ciências cirúrgicas, acessórias e médica, tendo recebido o grau a 18 de
dezembro do mesmo ano[i].
Casou-se a 2 de março de
1863 com sua sobrinha Dona Maria de Aguiar Moreno Brandão.
As atividades que mais
ilustraram a personalidade do Doutor Félix Moreno Brandão foram, entre outras,
as seguintes:
Nomeado 2º Cirurgião do
Corpo de Saúde do Exército (posto que já exercia em Pernambuco desde 21 de
junho de 1860), a 2 de dezembro do mesmo ano foi promovido a 1º Cirurgião,
cargo que já exercia em comissão, por decreto de 1º de junho de 1867. Seguiu
para Pão de Açúcar a fim de se despedir da família e tomar parte na guerra do
Paraguai, no dia 15 de outubro de 1865. Foi promovido Major-Cirurgião de
Brigada do Exército, por merecimento, em campanha, por decreto de 20 de maio de
1869 e despacho do Delegado do Cirurgião-Mor do Estado de Pernambuco de 2 de
julho de 1870.
Por ocasião da guerra do
Paraguai montou, no Chaco, por ordem do Duque de Caxias, um hospital de sangue.
Pela sua dedicação e valor, fora condecorado com as medalhas da Ordem de Cristo
e de São Bento de Aviz.
Foi transferido, no mesmo
cargo, para o Pará e daquela província para o Ceará. Foi transferido para o
Amazonas e dali para Sergipe e finalmente, por despacho de 23 de julho de 1875.
Em 1878, exercia o cargo de Delegado do Cirurgião-Mor da Brigada do Exército na
cidade de Maceió[ii],
quando adoeceu de béri-béri, tendo falecido no dia 24 de agosto do mesmo ano,
às 8 horas e meia da manhã, na cidade de Pão de Açúcar.
Como médico, o seu raio
de ação não se circunscreveu à sua terra natal, estendeu-se por longínquas
partes do país, chegando até as terras paraguaias de onde trouxe o fatídico mal
que o vitimou.
Há outros fatos não menos
importantes na sua vida, que constam de notas particulares, como sejam:
- Durante a epidemia de
cólera-morbus, o governo prometeu a gratificação de 10.000$000 para quem fosse
tratar os doentes em Cruangi, Estado de Pernambuco. O Doutor Félix foi, cumpriu
abnegadamente o seu dever e recusou a gratificação.
- Consta igualmente ter
sido ele o comandante da praça de Assunção quando ali chegaram as tropas
brasileiras, por ser o oficial de mais alta patente naquele momento presente à
cidade paraguaia.
Sendo de notar uma das
particularidades mais tocantes de sua vida foi quando, numa operação, em
campanha, na amputação de um membro de um seu patrício, foi acometido de uma
forte dor, da qual procurando posição, foi salvo de um projétil que lhe
causaria a morte, se tivesse se mantido na posição em que se achava operando. Ele próprio atribuiu esse
feliz incidente a uma medalha milagrosa que sua esposa lhe tinha posto no
pescoço na hora de sua partida para a guerra.
Do seu consórcio, deixou
os seguintes filhos:
Manoel Caetano de Aguiar
Brandão, nascido na cidade de Recife a 8 de novembro de 1872, orador de grandes
recursos e polemista de valor, casado com dona Marieta Pinho Brandão, ambos
falecidos em Penedo deixando 8 filhos maiores.
Carolina Brandão Lisboa,
nascida em Pão de Açúcar a 28 de março de 1874, casada com o Senhor Pedro
Vieira Lisboa a 19 de dezembro de 1891 e falecida a 28 de junho de 1947 na
cidade de Maceió, deixando três filhos maiores.
Francisco Hemrique Moreno
Brandão, nascido em Pão de Açúcar a 14 de setembro de 1875, casado em primeiras
núpcias com dona Ascendina de Menezes Brandão, ambos falecidos, deixando dois
filhos maiores.
E finalmente Maria da
Nunciação Brandão Cavalcante, nascida em Maceió a 3 de outubro de 1877, casada
em 17 de janeiro de 1893 na cidade de Pão de Açúcar com o Senhor José
Venustiniano Cavalcante Filho, tendo ela falecido a 30 de dezembro de 1894 sem
deixar descendentes.
Foram seus irmãos: Manoel
Manoel Caetano de Aguiar Brandão, grande proprietário e chefe político em Pão
de Açúcar; Francisco Henrique Brandão, proprietário em Entre Montes; Padre
Matias José de Santana Brandão; Capitão Antônio Manoel de Castilho Brandão;
Agostinho José de Nevile Brandão; Joaquim da Natividade Brandão; e Doutor
Anacleto de Jesus Maria Brandão Filho, tendo todos com exceção do padre Matias
José de Santana Brandão, deixado honrosa prole; destacando-se valiosos rebentos
como D. Antônio Manoel de Castilho Brandão, 1º Bispo de Alagoas, professor e
grande escritor Francisco Henrique Moreno Brandão e tantos outros nas letras e
na política de Pão de Açúcar figuraram como astros de primeira grandeza.”
*** ***
Aldemar de Mendonça, em
seu Monografia de Pão de Açúcar, menciona que, ao regressar do Paraguai, foi
recebido em Pão de Açúcar com muita festa e banda de música.
Em 20 de maio de 1869,
por Decreto desta data, e sob proposta do Marechal de Exército Conde d’Eu,
Comandante em Chefe do Exército em operações no Paraguai, o Dr. Félix Moreno
Brandão foi promovido a 1º Cirurgião do Corpo Médico do Exército, por merecimento
em serviço de campanha. Na mesma ocasião, foi promovido a 2º Cirurgião o Médico
João Severiano da Fonseca, irmão do Mal. Deodoro da Fonseca.
*** ***
O QUE SE DISSE SOBRE
ELE...
POESIA Recitada na Igreja
Matriz da Cidade de Pão de Açúcar ao dar-se à sepultura o cadável do Doutor
FÉLIX MORENO BRANDÃO[iii]:
Cessou a voz do antiste e
o dobre lutulento.
Ouvi agora um canto
qu’entoa ao ilustre morto:
Prestai breve atenção,
amigos dedicados
Dos que, neste momento,
soluçam sem conforto.
Não foi um Rei da terra,
que, de cetro, trono e c’orôa
Cedeu, reverente, a
vermes - que tudo põem em pó;
Não foi fidalgo, nobre,
nem príncipe de sangue
Que em luxos e vaidades a
vida gasta só.
Nao foi - vulto gigante -
que anseia entrar na História
Com o peito vulnerado de
honrosas cicatrizes;
Não foi Pompeu nem
Gracelso – romanos destemidos –
Que c’roas enfeixaram, de
múltiplos matizes.
Foi mais que um Rei na
terra – o morto qu’ali vedes.
Há Reis que são de argila
– sem fé no coração;
Que com Leis férreas,
duras, esmagam seus vassalos:
Aquele que ali vedes não
foi Rei ... foi cristão.
A Igreja abriu-lhe os
braços – A cruz deu-lhe a beijar
À hora derradeira seu
sopro – foi... Jesus –
A esposa teve ao lado –
Uniu ao peito os filhos.
E assim viram seus olhos
brilharem à eterna luz!
Foi nobre – mas não esses
que insuflam sangu azul,
Linhagens, pergaminhos,
comendas e brasões,
Soldado da cruzada que
Cristo ergueu na terra.
Pacifica, sem ferro, sem
sangue e sem canhões!
Amou a Igreja e o Estado:
serviu a dois Senhores:
Com lealdade ao trono –
com fé viva ao altar.
Oremos, meus Senhores,
por alma de um cristão
Que vai, contrito e
humilde, no Paraiso entrar.
Oremos. É dever: que
irmãos somos em Cristo.
A prece é como o pranto;
são bálsamo p’ra as dores:
- Incensos mais que puros
– de aroma inebriante
São suas ânforas cheias
do mel de eleitas flores!
Oremos. É dever - Joelhos em terra! Oremos.
Que o coração foi sempre
bendita do Senhor.
Quem curva a fronte e
reza, te Deus dentro de si,
A encher-lhe a alma do
fogo de seu Divino Amor!
Pão de Açúcar, 25 de
agosto de 1878.
( A. I. G. F. M.)
Transcrito do Jornal do
Penedo, 13 de setembro de 1878.
*** ***
PEQUENO TRIBUTO DE DOR E
SAUDADE À MEMÓRIA DO DR. FÉLIX MORENO BRANDÃO.
Vítima de terrível
Beribéri, que zombou de todos os recursos da medicina, finou-se no dia 24 do
mês passado, nesta cidade, pelas 8 horas da manhã, a preciosa vida do distinto
médico Dr. Félix Moreno Brandão, um dos membros proeminentes da família do último
nome, neste município.
O Dr. Moreno, residente
na Capital desta Província, onde com esmero e dedicação exercia o importante
cargo de Delegado do Cirurgião-Mor do Exército, com sua dedicada esposa aqui
havia chegado no dia dez do dito mês, porém já em estado de intumescência tal
do corpo e dos membros, talvez produzida pela acumulação de serosidades no
tecido celular subcutâneo, que, em vez de encontrar alívio em nosso clima, como certamente esperava, o traiçoeiro mal
tomou proporções assustadoras, aparecendo-lhe de quando em vez algumas síncopes
e, afinal, a morte, essa terrível parca!
Foi assim que o distinto
discípulo de Hipócrates, o homem probo, o bom parente e amigo dedicado, no dia
24 de agosto, dia em que esta cidade sentiu os efeitos do mais acerbo pesar,
sucumbiu, entregando-se resignado, como verdadeiro cristão que era, nos braços
do Crucificado.
O vácuo deixado pelo Dr. Moreno é difícil de ser preenchido!
Deixou ele a extremosa
esposa inconsolável, alguns filhinhos menores na orfandade, que ainda bem não
podem avaliar a imensa perda, alguns irmãos e grande número de parentes e
amigos que se acham mergulhados na dor e sentimento.
A todos esses, nossas
sinceras condolências!
Pão de Açúcar, 11 de setembro
de 1878.
a) Um
amigo.”
Transcrito
do Jornal do Penedo, 11 de outubro de 1878.
*** ***
“O DR FÉLIX MORENO
BRANDÃO
Qual enregelado Zéfiro,
veio um silêncio sepulcral embargar-lhe os gozos da vida.
Pereceu, é verdade, o Dr.
Moreno! O vácuo que deixou entre a sociedade, amigos e parentes, será
dificilmente preenchido.
Altos juízos de Deus!
Oh! Morte!... quando
porás termo à tua peregrinação? ...
Sua ira, porem, será um
dia suplantada nos umbrais das dissoluções e o gume aguçado do teu alfange, suspensas
nas regiões aéreas do espaço imundo, permanecerá eternamente imutável.
À tua peregrinação supera
a consumação dos Séculos!
O nome do Dr. Moreno
ficará indelével e eternamente gravado na memória dos amigos; sua honra será
pranteada e retratar-se-á, por sem
duvida, nos seus corações.
Ao passo que sua
enfermidade se agravava, caminhava ele para a terra, que devia com seu pesado
manto cobrir-lhe o corpo inerte.
Ali rodeado de parentes e
amigos, com os braços abertos, como terno pai e carinhoso esposo, recebeu seus
inconsoláveis filhos e consorte que tanto pranteiam a sua ausência.
...
Como militar, sempre
soube o Dr. Moreno, com atividade e carinho de todos, desempenhar as diferentes
comissões para as quais fora nomeado.
Seus atos foram sempre
pautados sob uma norma de conduta, aplaudida dos honestos e sensatos.
As honrosas promoções à
sua ilibada conduta foram devidas.
Entre os vivos, pertencia
ele ao número dos bons; entre os mortos, é de se supor, fará parte dos justos. Talis
vita, finis ita.[iv]
Dorme o Dr. Moreno, em
mortuário leito, o tranquilo sono da morte! Aos gozos da vida, substituiu um
silêncio sepulcral.
Uma fria lousa lhe serve
de manto! Mas divisa-se, evidentemente, por entre os transparentes véus de
vosso ideal, que, morrendo, encetou uma nova vida de delícias. “A morte não
é um sono eterno, mas o começo da imortalidade.”
O Senhor, que sempre
soube premiar os justos, fazemos votos para que o acolha em sua Divina Morada e
aos da sua ilustre família damos nossos sinceros pêsames.
Porto Real do Colégio, 20
de setembro de 1878.
(a)
Manoel Martins Bizerra Brandão.”
Transcrito do Jornal do
Penedo, 2 de novembro de 1878.
![]() |
Hospital de sangue em Paso de Patria, Paraguai. |
*** ***
NOTA:
Caro leitor,
Deste Blog, que tem como
tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações
históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em
geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica.
Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em
qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas
fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências.
Isso é correto e justo.
[i] Formado pela Faculdade de Medicina da Bahia, defendeu a tese . APRECIAÇÃO DOS MEIOS OPERATORIOS EMPREGADOS NA CURA DOS POLYPOS DOS ORGÃOS SEXUAES DA MULHER. Fonte: Teses Doutorais de Titulados pela Faculdade de Medicina da Bahia, de 1840 a 1928.
[ii] Por esse tempo, mantinha consultório na Rua Augusta, 27 – Maceió-AL. Fonte: Almanak da Província de Alagoas – 1877.
[iii] Jornal do Penedo, 13 de setembro de 1878.
[iv]
"Talis vita, finis ita" é uma locução latina que significa "Tal
a vida, tal o fim" ou "Tal vida, tal morte". É usada para
expressar a ideia de que a forma como alguém vive impacta diretamente a sua
morte ou o seu final.
A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR
PÃO DE AÇÚCAR
Marcus Vinícius*
Meu mundo bom
De mandacarus
E Xique-xiques;
Minha distante carícia
Onde o São Francisco
Provoca sempre
Uma mensagem de saudade.
Jaciobá,
De Manoel Rego, a exponência;
De Bráulio Cavalcante, o mártir;
De Nezinho (o Cego), a música.
Jaciobá,
Da poesia romântica
De Vinícius Ligianus;
Da parnasiana de Bem Gum.
Jaciobá,
Das regências dos maestros
Abílio e Nozinho.
Pão de Açúcar,
Vejo o exagero do violão
De Adail Simas;
Vejo acordes tão belos
De Paulo Alves e Zequinha.
O cavaquinho harmonioso
De João de Santa,
Que beleza!
O pandeiro inquieto
De Zé Negão
Naquele rítmo de extasiar;
Saudade infinita
De Agobar Feitosa
(não é bom lembrar...)
Pão de Açúcar
Dos emigrantes
Roberto Alvim,
Eraldo Lacet,
Zé Amaral...
Verdadeiros jaciobenses.
E mais:
As peixadas de Evenus Luz,
Aquele que tem a “estrela”
Sem conhecê-la.
Pão de Açúcar
Dos que saíram:
Zaluar Santana,
Américo Castro,
Darras Nóia,
Manoel Passinha.
Pão de Açúcar
Dos que ficaram:
Luizinho Machado
(a educação personificada)
E João Lisboa
(do Cristo Redentor)
A grandiosa jóia.
Pão de Açúcar,
Meu mundo distante
De Cáctus
E águas santas.
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Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)
(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937
(+) Maceió (AL), 07.05.1976
Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.
*****
PÃO DE AÇÚCAR
Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.
Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.
Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,
O pó que o vendaval deixou no chão cair.
Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste
O teu profundo sono num divino sorrir.
Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,
Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.
Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.
Teus jardins se parecem com vastos cemitérios
Por onde as brisas passam em brando sussurrar.
Aqui e ali tu tens um alto campanário,
Que dá maior relevo ao pálido cenário
Do teu calmo dormir em noite de luar.
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Ben Gum, pseudônimo de José Mendes
Guimarães - Zequinha Guimarães.
PUBLICAÇÕES

Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia