sábado, abril 5

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LIMOEIRO – UM POUCO MAIS DE HISTÓRIA

 

Por Etevaldo Amorim


Depois do nosso artigo LIMOEIRO – UMA PEQUENA HISTÓRIA, publicado neste Blog há mais de dez anos, em 30 de março de 2015, conseguimos reunir mais algumas informações, de modo a ampliar o nosso conhecimento sobre aquela importante localidade, situada à margem esquerda do Rio São Francisco, no município de Pão de Açúcar, Alagoas.


A história de Limoeiro pode estar associada a sua capela, marca da formação católica dos seus fundadores, no último quartel do Século XVIII. Não por acaso ara chamado “Capela de Frei Valença” (provavelmente em referência ao religioso que a construiu), segundo informa Antônio Xavier de Assis, em seu precioso Esboço Histórico e Geográfico do Baixo São Francisco.[i]


Feita sob invocação de Jesus, Maria e José, a casa de orações teve iniciada a sua construção em 1782, vindo a ser concluída em 1787, conforme anotação existente na madeira do coro da igreja.[ii] Segundo Vieira de Carvalho, teria sido construída pelos avós do pardo Manoel de Jesus Barbosa, tendo João Carlos de Mello lhe constituído um patrimônio de seis vacas e uma légua de terras.


O templo, originalmente sem torres, passou a ter uma, não sabemos quando. Anos depois, ganhou a segunda torre, do lado direito, cuja construção se fez por iniciativa e esforços do Padre Fernando Vieira[iii], natural daquela vila.


Diz, ainda, Vieira de Carvalho em 1854:


“A povoação do Limoeiro é situada sobre um terreno quase férreo. Contará 30 casas (se tantas), mas estende-se muito sobre  por diversas moradas interiores. Tem sua capela de invocação de Jesus, Maria e José e todo esse outeiro é uma mina dessa pedra esverdeada.”


“A povoação é fartíssima em criação de aves e os ovos vendem-se de 3 a 4 por 20 réis. A várzea e lagoa do Araticum é o lugar deste rio onde tenho visto mais caça. Creio que é aí o viveiro d’onde saem todos os voláteis que povoam ambas as margens. Os patos, garças marrecões, diferentes gaivotas, marrecas, grajaus, paturis, etc, voam de fazer rumor e anuviam o ar! O grajá tem o bico de tartaruga.”


“Continuam pela povoação do Limoeiro os lugares Tapera – nome tirado do seu riacho, Jacarezinho, São Tiago, com sua lagoa...”


Curiosa essa última citação, pois não há, entre o Limoeiro e o Jacarezinho, lugar algum com a denominação de “Tapera”; tampouco riacho. O que há, segundo o nosso conhecimento e de pessoas que ali têm propriedades, é o riacho dos Tapuios, nas imediações da fazenda Santa Maria.


O engenheiro Halfeld, autor do “Atlas e relatório concernente a exploração do rio S. Francisco: desde a cachoeira da Pirapora até ao Oceano Atlântico”, elaborado entre 1851 e 1854, também menciona e registra no mapa essa localidade “Tapera”, como se pode ver na figura abaixo.


Detalhe do Mapa de Halfeld. 

Nota-se, junto à “Tapera”, a representação de um riacho. E a ilha era denominada “do Jacarezinho”, sendo a mais próxima do Limoeiro chamada simplesmente “Ilha de Areia”. Mais abaixo, o morro do Morim (que Halfeld chama de Merim ou Muniz), seguindo-se o Cajueiro, a Restinga e, finalmente, a Lagoa Funda (atual Belo Monte).


Segundo o IBGE, em divisão administrativa referente ao ano de 1911, Limoeiro já constituía um dos distritos do município, destacando-se do da Sede. E pela Lei Provincial nº 973, de 8 de junho de 1886, foi constituído em Distrito Judiciário, sendo instalado em 1º de janeiro de 1887.


Um evento significativo na sua história foi a visita do Imperador D. Pedro II que, quando da sua viagem à Cachoeira de Paulo Afonso. No dia 23 de outubro de 1859 ele anotou no seu diário:


“Às 11 ½, defronte do Limoeiro, tendo andado de Pão de Açúcar 3 léguas em rio. Toda a digressão gasta 10 minutos. Tem 50 casas, uma capela menos má e um oratório; é juizado de paz e não há ai nenhuma autoridade policial, mas um fiscal; pertence à freguesia de Pão de Açúcar.”


Nota-se que a passagem por Limoeiro se deu quando do retorno do Imperador da visita às cachoeiras. A capela é a mesma de hoje, ainda desprovida das torres. Quanto ao oratório, a que se refere S. M., não se tem notícia. A menos que se referisse à igrejinha do morro do Morim.


Dez anos depois outra autoridade, desta feita o Presidente da Província José Bento da Cunha Figueiredo Junior, também em viagem à Cachoeira, por lá passou com enorme comitiva. Um integrante, o Sr. Abílio Coutinho, nos deixou a mais antiga imagem da nossa Vila, em tomada feita no dia 6 de janeiro de 1869.

Limoeiro, 1869, vendo-se a pequena capela. Foto: Abílio Coutinho.


Para não ser confundido com outro Limoeiro (o de Anadia), era comumente identificado por “Limoeiro de Pão de Açúcar”. Mas, para dissipar qualquer possibilidade de confusão, revolveram mudar o nome. Tanto que, pelo Decreto Estadual nº 2.526, de 10 de julho de 1939, passa a ter a nova denominação de Alecrim, segundo Aldemar de Mendonça. Já segundo o IBGE, pelo Decreto Estadual nº 2.435, de 30 de novembro de 1938.


Só em 1994, pela Lei Municipal Nº 083, de 18 de abril, por iniciativa do Vereador Antônio Goes (natural de Limoeiro), o Distrito de Alecrim voltou a denominar-se Limoeiro.


Em 3 de maio de 1886, na Assembleia Legislativa Provincial de Alagoas, entra em discussão o Projeto de Lei nº 1, de autoria do Deputado Aprígio Gonçalves de Andrade, que visava suprimir o Distrito de Paz de Entre-Montes e restaurava o de Limoeiro.


Pela Lei Provincial nº 973, de 8 de junho de 1886, foi criado o distrito judiciário de Limoeiro, sendo instalado em 1º de janeiro de 1887.


No tempo em que o comércio se fazia pelo rio, Limoeiro servia de porto para localidades mais afastadas, a que os nativos denominavam “Centro”, em contraposição  àquelas situadas á beira do rio. Era o caso de Jacaré, Guaribas (atual Monteirópolis) e Retiro (atual Palestina). Mercadorias eram transportadas em carros-de-boi. Por ali saiam algodão em rama e também lã, produzida pela fábrica de seu Mário Vieira, localizada ao lado sul da igreja. Os restos dessa usina, conhecida como “vapor”, ainda podiam ser vistos nos idos da década de 1960/70, onde a meninada se divertia em animadas brincadeiras.


Limoeiro também ostentava uma feira livre. Na verdade, era um galpão localizado no cruzamento das ruas Bráulio Cavalcante (Rua de Baixo) e Mário Vieira, defronte o casarão dos Amorim, onde é hoje o Clube. Seus alicerces ainda podiam ser vistos até o ano de 1966, quando o prefeito Ronalço dos Anjos tomou a providência de aparar os bicos de pedras, propiciando melhor tráfego de pessoas e carros-de-boi.


No dia 18 de fevereiro de 1951, durante a gestão do governador Arnon de Mello, foi inaugurado o prédio da Escola Rural da Vila Alecrim, depois denominada Escola Isolada de Alecrim.


Essa Escola foi reformada, em 1964, quando o governador do Estado era o Major Luis (Luis de Souza Cavalcante). Possuía apenas uma sala de aula e uma residência para a professora, tendo no meio um espaço para recreio. Após a reforma, uma segunda sala de aula ocupou o lugar o espaço para recreio, e este foi construído em anexo. Essa área de recreio tinha outras utilidades, desde simpes reuniões até bailes com os melhores sanfoneiros da época.


Cada sala tinha uma porta e três ou quatro janelas venezianas; piso de cimento queimado e teto de telhado aparente, com telhas do tipo francesa.


A escola recebeu mobiliário novo. Um “quadro-negro”, que na verdade era verde, ocupava quase toda a parede anterior da sala. Possuía uma borda inferior que aparava o pó do giz utilizado. Sobre ela se repousava um estojo com os bastões de giz, cuja tampa corrediça, provida de uma flanela, servia de apagador.


Na parece posterior (fundo), duas estantes baixas, com postas corrediças, constituía uma pequena biblioteca, onde se encontravam obras da literatura infantil: “Aladim e a Lâmpada Maravilhosa”, “Ali-Babá e os 40 ladrões”, “Simbá, o Marujo”...


Os recursos para a reforma vieram de um convênio co MEC – Ministério da Educação e Cultura com a USAID - United States Agency for International Development (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional).


 

Durante a gestão do Prefeito Antônio de Freitas Machado (17.06.1953 a 07.07.1953), foi concluída a construção da rodovia Retiro (hoje Palestina) a Limoeiro.


Em 23 de fevereiro de 1953, foi criada a Agência dos Correios[iv], funcionando inicialmente num prédio de portas arqueadas, esquina das ruas Bráulio Cavalcante e Mário Vieira, onde outrora funcionara uma loja de tecidos do Sr. Alberto Soares Vieira[v].

Limoeiro, 1968. Entre as duas velas da canoa estão os dois prédios que serviram de sede à Agência dos Correios. Em primeiro plano, fundos do casarão que foi utilizado a partir de 1970 e, mais acima, o primitivo prédio de portas arqueadas. Foto: Neide Alves Melo.

Limoeiro, 1981. A primeira sede da AP de Limoeiro (prédio da esquina, à esquerda) e a segunda, no casarão ao fundo, próximo ao rio. Frame do filme em Super-8 "Alecrim, povo marginalizado", de Érico Melo Abreu.

Limoeiro, 1970. Inauguração da nova sede dos Correios. Hasteando a bandeira, o prefeito Antônio Gomes Pascoal. À sua direita, a nova funcionária Marli Oliveira dos Anjos e o vereador Elias Silva Oliveira. Para a esquerda deste: Dona Helena, Dona Maria do Ouro, Manoel Messias Santos (Mané Prefeito), Natalício, não identificada e seu Zé Lima (José Lima Sobrinho). Para a direita do Prefeito Pascoa: duas pessoas não identificadas, Seu Zé de Atanázio (José de Melo) com sua filha Maria à frente, Zezinho de seu Fernando, Tonho Vitô (Antônio Silva Oliveira), seu pai João Vitô, seu Abinha (Djalma Castro) e Ana Deyse Souza. Foto: acervo da Prefeitura Municipal. 


O seu primeiro Agente foi José Carlos de França[vi]. Depois veio Virgílio da Silva Filho, conhecido por Virgilinho[vii], posteriormente removido para a APT de Delmiro Gouveia. Sucedeu-lhe o funcionário Heraldo de Campos Lisboa[viii].  Em seguida, assumiu a Agência o Sr. Lindauro Costa[ix] que, com a colaboração do seu filho Luis Costa, a fez funcionar com zelo e dedicação. A mala postal era transportada nas embarcações do rio São Francisco, pelo vapor Comendador Peixoto ou pela lancha Tupan.

Heraldo de Campos Lisboa e Romélia Soares da Costa com o filhinho Sidraque Costa Lisboa, em 1944.

Virgílio da Silva Filho "Virgilinho". Foto capturada do blog Amigos de Delmiro Gouveia.

O Sr. Lindauro Costa.


Já na década de 1970, com a instituição do Código de Endereçamento Postal – CEP, a Agência recebe o código 57405-000. Instalara-se agora num casarão fronteiro à antiga sede, de propriedade do Município e onde antes funcionava a Casa de Força. Deixando de ser uma Agência regular da ECT, passou para a administração municipal, na Gestão do Prefeito Antônio Gomes Pascoal, o “Dr. Pascoal”, e por iniciativa e esforços do Vereador local Elias Silva Oliveira, o “Elias da Lavanderia”. A responsável pela Unidade Postal era a servidora Marli dos Anjos.


Em 30 de março de 1958, foi inaugurado o serviço de Iluminação Elétrica na vila Alecrim. Algum tempo depois, esse serviço foi extinto. O serviço voltou a funcionar de modo intermitente, durante a década de 1960. Finalmente, em 1976, chega a iluminação a energia gerada na hidrelétrica da CHESF.


Em 1958 foi publicada a 2ª edição da obra escrita por Padre Teotônio Ribeiro, Cônego honorário da Sé de Olinda e doutor em Cânones pela Universidade Gregoriana de Roma, denominada “Esboço biográfico do Dr. Francisco José Correia de Albuquerque” Presbítero Secular do Hábito de São Pedro. Era conhecido vulgarmente por Santo Padre Francisco. Nascido, talvez, em 1757, em Penedo-AL.


Sobre Limoeiro (hoje Alecrim), onde foram desatendidas umas tantas suas admoestações, depois de sacudir o pó das alpargatas:


“Fica-te pó, que te não quero comigo levar nas alpargatas. Por ambição e inveja principiaste e por inveja e ambição hás de acabar. Quem aqui vier morar, não haverá de medrar”.

Depois de muito esperar, finalmente chega, em 1976, a energia elétrica “de Paulo Afonso’ em Limoeiro. Em seguida, lá por meados da década de 1980, chegou também a água encanada, por iniciativa da Fundação SESP.

Limoeiro, 1976. Foto: Etevaldo Amorim


FUTEBOL


A prática do futebol era frequente entre os limoeirenses e despertava enorme interesse. No decorrer da década de 1960, até início da década de 1970, Limoeiro formou um time bastante competitivo. Aliás, além da prática esportiva propriamente dita, o futebol concorria muito para a integração entre as comunidades. Em geral, havia dois jogos, com ida e volta. Se as duas contendas resultassem em empate, havia um terceiro jogo, chamado “negra”, em campo neutro. Assim o timo do Limoeiro jogou contra agremiações de Jacaré dos Homens, Belo Monte, Capelinha (Major Isidoro), Lagoa Primeira (Gararu) e Propriá.


Certa vez, tendo-se contratado um caminhão que levaria o time para um jogo em Jacaré dos Homens, receberam a notícia de que o carro havia quebrado. Para não faltar ao compromisso, foram a pé. Apesar da caminhada de cerca de 23 km, conseguiram ganhar o jogo. E voltaram a pé.

 

Limoeiro, 1966/67. Jogo Limoeiro x Jacaré dos Homens. Em pé: Zé de Jaime, Raimundo, Juca, Tunino (Antônio Tirri), Zé de Atanázio, Milton de Valdevino, João de Alfredo (João Almeida Damasceno) e Ivanir Silva (juiz do jogo). Agachados: Cheiroso (José de Castro), Zé Fofinho, Quinca (Joaquim Almeida Damasceno), Manoel Goes (Mané Soldado) e Tonho Vitô.

 

Limoeiro, provavelmente em 1970. Em pé: Zé Mendes, Zé do Cajueiro, Arnaldo Mendes, Milton de Valdevino, Lindalvo e Cheiroso (José de Castro). Agachados: Nantes Rocha, Juca, Manoel Goes, Tonho Vitô e Luizinho (Luis Costa).

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Bibliografia

 

AMORIM, E. A. (2004). TERRA DO SOL, ESPELHO DA LUA. Maceió: ECOS GRÁFICA.

VIEIRA DE CARVALHO, J. R. (1859). VIAGEM À CACHOEIRA DE PAULO AFONSO. REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO, Tomo XXII .

 

 

 


 

 

Figura 2 Limoeiro em 1968. Entre as velas da canoa de tolda aparecem os dois prédios que serviram de sede à Agência dos Correios. Em primeiro plano, fundos do casarão que foi utilizado a partir de 1970 e, mais acima, o primitivo prédio de portas arqueadas. Foto: Jim Squires.

 

 

 

Figura 3 Limoeiro, 1981. A primeira Sede da AP de Alecrim (prédio da esquina, à esquerda) e a segunda, no casarão ao fundo, próximo ao rio. Fonte: filme Super 8 – Alecrim, povo marginalizado, de Érico Melo Abreu.

 

 

 

Figura 4 Limoeiro, 1970. Inauguração da nova sede dos Correios. Hasteando a bandeira o Prefeito Antônio Gomes Pascoal. A sua direita, a nova funcionária Marli dos Anjos e o Vereador Elias Silva Oliveira. Foto: acervo da Prefeitura Municipal.

 

 

Figura 5 Fala o Prefeito Antônio Gomes Pascoal, tendo à sua direita a funcionária Marli dos Anjos. O Vereador Elias Silva Oliveira segura o microfone. Foto: acervo da Prefeitura Municipal.

 

 

Figura 6 Outro flagrante da solenidade de inauguração. Foto: acervo da Prefeitura Municipal.

 

 

Figura 7 Virgílio da Silva Filho – “Virgilinho”. Foto capturada do blog Amigos de Delmiro Gouveia.

 

 

Heraldo de Campos Lisboa e sua esposa Romélia Soares da Costa Lisboa

com o filho Sidraque Costa Lisboa_1944. Foto: acervo de Heraldo Lisboa Neto.

 

 

Figura 8 O Sr. Lindauro Costa.

 

 

 

 



[i] Esboço Histórico e Geográfico do Baixo São Francisco. Edição póstuma, em fac-simile, Aracaju-SE, 2020.

[ii] Informação do Sr. Fernando José dos Santos, “Fernando de Jorde”, filho Jordelino José dos Santos e Hermelina Carmelita dos Santos, “dona Melina”.

[iii] Pe. Fernando Soares Vieira. Filho de Pedro Soares Vieira e Maria Custódia Bezerra Vieira, nasceu em Limoeiro, município de Pão de Açúcar, Alagoas, em 24 de abril de 1905 e faleceu em Delmiro Gouveia em 1º de outubro de 1999. Foi o 9º Padre da Paróquia de Água Branca, de 1950 a 1951. Ingressou no Seminário em 17 de abril de 1917, recebendo o diaconato em 23 de novembro de 1928. Chegou à Capela do Rosário, em Delmiro Gouveia, então pertencente à Paróquia de Água Branca, em 20 de março, onde viveu seu sacerdócio durante 54 anos, vindo a falecer no dia 01 de Outubro de 1999. Na Vila da Pedra não só foi responsável pela criação da Paróquia como construiu a Igreja nova, onde foi sepultado como sempre desejou. Fonte: Site da Igreja de São Critóvão de Delmiro Gouveia.

[iv] CARDOSO, Aldo de Sá. Contribuição para a história dos Correios de Alagoas, separata da Revista do IHGAL, v. XXVIII, ano 1968, Maceió.

[v] Filho de Pedro Soares Vieira e Maria Custódia Bezerra Vieira.

[vi] Diário Oficial, 21 de fevereiro de 1957, p. 4033.

[vii] Diário Oficial, 1º de outubro de 1956. Filho de Virgílio da Silva e Maria Felicidade Silva. Faleceu em Palmeira dos Indios, em 19 de abril de 2016.

[viii] Diário Oficial, 19 de fevereiro de 1957, p. 3872. Em 1959 já havia falecido, deixando a viúva a professora Romélia Soares da Costa Lisboa e filhos – Diário Oficial, 25 de março de 1959, p. 6496. Segundo o limoeirense José Damasceno (Zé de Alfredo), sua morte se deu por afogamento. Numa de suas viagens de Pão de Açúcar a Limoeiro, a canoa virou nas proximidades da Fazenda Belém.

[ix] Lindauro Costa. Filho de Antônio Luiz da Silva (Antônio de Severo) e Maria Custódia da Silva (dona Caboca), nasceu em Limoeiro em 1915. Casado com Salvelina Vieira Melo Costa, com quem teve os filhos Luis, Lindalvo e Sinval. Foi, por muitos anos, responsável pela agência dos Correio  em Limoeiro (Alecrim) até 1970, quando a agência fechou, passando a ser lotado na agência de Belo Monte. Militante político de esquerda, chegou a ser preso e processado durante o período da ditadura militar. Faleceu em Maceió no dia 9 de fevereiro de 2003, sendo sepultado no dia seguinte, na Vila Limoeiro.

A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia