sábado, 28 de janeiro de 2023

O LADRÃO

 

Félix Lima Júnior[i]


Creio que foi em meados do ano de 1907 que eu deixei, de uma vez por todas, o seringal “Umary”, de propriedade do Cel. Leite de Carvalho, no qual cortara borracha muito tempo, sendo depois, durante quatro anos, gerente do barracão. Eu estava cansado daquela vida desgraçada, daquele isolamento no meio da floresta densa, úmida, tenebrosa, à margem de um rio cuja fama ruim corria mundo.

Ilustração José Geraldo

Já havia assistido tanta gente morrer de impaludismo, de febres malignas, de malária e de uma outra doença terrível, transmitida pelos mosquitos, doença que ataca a espinha e deforma o indivíduo; já vira tantos seringueiros devorados pelos jacarés, fulminados pela descarga elétrica do poraquê, quando pescavam ou se banhavam no rio, ou desaparecidos na mata, para serem encontrados, dias depois, semidevorados pelas onças ou mortos a frechadas pelos índios que dominava as terras altas do seringal, índios que costumavam devorar as vítimas, enfiando as cabeças num pau para leva-las para as suas malocas, onde dançavam semanas e semanas em torno do sinistro troféu; já remara tanto na semiescuridão da selva tropical, naqueles rios, lagos e igarapés solitários; já vivera sozinho, completamente isolado, numa cabana de paxiúba, no meio da mata, sofrendo o calor infernal dos trópicos, num dia, para tiritar na rede, logo depois, quando a friagem chegava quase que sem aviso, em pleno verão, matando peixes, pássaros e outros animais, além de homens, mulheres e crianças, vítimas de pneumonias violentas, de constipações fortes e gripes dizimadoras; já bebera tanto quinino, para me livrar do impaludismo, a ponto de estar com uma vista quase perdida, além de ter-me fartado de assai e de patuá; já passara dias inteiros pescando surubim, mandaí, pirarucu, ou caçando veados, pacas e antas para melhorar a boia ordinária de farinha de mandioca e jabá assada todos os dias; já andara tanto tempo enfiado num uniforme de brim mescla, e terçado à cintura e rifle a tiracolo, numa monotonia de irritar os nervos de um Buda de pedra, que em um dia de nostalgia, lembrando-me com saudade da família, principalmente de minha mãe e da fazenda onde eu nascera até aquela topada estúpida de ir para o Amazonas – resolvi deixar o emprego e voltar para minha terra.

Sim, esqueci-me de dizer. Eu nasci em Pão de Açúcar, município sertanejo à margem do S. Francisco, nas Alagoas, e para lá é que eu queria voltar. Ia para o Minador, pequena fazenda de gado que eu herdara de meu pai e que fora fundada no ano remoto de 1843, pelo meu bisavô, um português emigrante que deixara sua aldeia, na Beira, e viera para o Brasil tentar fortuna, em 1839, desembarcando no Recife, de um veleiro imundo, sem um níquel, mas com disposição de vencer na vida e que, à custa de economias ferozes, juntara uns cobres.

Deixei o seringal, entreguei o barracão ao meu substituto e um belo dia, em Belém do Pará, na casa aviadora do meu ex-patrão, recebi o meu saldo, cerca de 45 contos, uma pequena fortuna para a época. Visitei a Basílica de Nazaré, onde ouvi missa, pagando assim a promessa que fizera se escapasse com vida daquela aventura terrível a que fora arrastado pela inexperiência, com dois primos, dando ouvidos às histórias fantásticas de enriquecimento rápido no El-Dorado Amazônico e tomei passagem no Prudente de Morais, do Lloyd Brasileiro, para Fortaleza, pois eu resolvera passar 3 ou 4 meses em Guaramiranga[ii], cidade na serra, de clima ameno, próprio para repouso e cura de doentes e depauperados como eu.

Os dois primos que tinham ido comigo é que não tinham tido sorte: um desaparecera no Acre, lá para os confins de Sena Madureira, e nem a sua mala voltara; o outro morrera afogado no Iaco, um dos afluentes do Purus, quando pescava, numa monteia, de madrugada, e seus dois companheiros de barraca ficaram convencidos que a canoa fora alagada e virada pela boiuna, a cobra grande, rainha das águas, pois eles tinham ouvido seu uivo longínquo, no lago próximo, logo que o rapaz saíra do porto. Aquela gente ignorante acreditava, entre outras coisas, na existência da boiuna, da iara, do jurupurí...

Desembarquei em Fortaleza e segui no outro dia para Guaramiranga, recomendado a um negociante de lá, o Sr. José Sotero, que me cedeu uma casa meio isolada, distante três quilômetros da cidade, na qual costumava ele passar o verão. Eu estava cansado, pálido, esgotado, desfigurado mesmo e tinha esperanças de me restabelecer em três ou quatro meses. E logo estivesse restabelecido não hesitaria! Iria embora para o Minador e de lá só pretendia sair para o cemitério de Pão de Açúcar...

Dias depois que eu chegara à serra, notei que a maioria dos habitantes estava convencida de que eu era milionário... Milionário não, multimilionário! Todos eles eram pobres roceiros, vivendo com dificuldade da exploração de pequenas propriedades, lutando com a seca, com o fisco, com os cangaceiros, com o diabo... Uma pessoa que aparecia assim, relativamente bem vestida, com uma boa mala de couro, tendo dinheiro para viver sem trabalhar, devia ser rica... E tendo vindo do Amazonas, seria certamente milionária...

Comecei a ser assediado por pedidos de dinheiro emprestado, por pedidos de auxílio para doenças e enterros, para resolver casos de família; fui padrinho de um casamento e convidado para padrinho de batismo de crianças cujos pais conhecia ligeiramente ou nunca vira... Todos queriam estar relacionados com o Coronel que vinha do El-Dorado onde notas de 200$000 serviam somente para acender charutos e peles de borracha eram lavadas com cerveja e vinhos finos quando o preço da hévea subia a... 20$000 o quilo.  – era o que pensavam eles, pobres diabos ignorantes que viviam quase na miséria e davam ouvidos às histórias fantásticas dos agentes dos donos de seringais que vinham contratá-los para o serviço no extremo norte.

Eu morava sozinho. Uma preta velha – a Generosa, que eu contratara, vinha pela manhã, cuidava da casa, preparava as refeições, lavava a minha roupa e saia para a sua palhoça, distante uns dois quilômetros, mais ou menos, logo que eu acabava de jantar, às sete da noite. Certo dia, tendo ido a Guaramiranga, à casa do Sotero, fazer compras, ele, que se tornara meu amigo, entendeu prevenir-me:

- O senhor deve tomar as suas precauções. Morar sozinho naquele pondo isolado, e além disso com fama de rico...Não é boa coisa. Há muita gente ruim neste mundo. Eu não quero alarmá-lo; estou prevenindo apenas como amigo. Durma com um olho aberto e uma pistola perto da cama.

E quando eu ia montando a cavalo para voltar para casa, depois de tomar uma xícara de café saboroso, daquele café colhido na serra do Baturité, o melhor do Brasil, o meu novo amigo preveniu-me ainda:

- Olho aberto, meu caro Sr!.. Quem previne amigo é!

Saí preocupado. É verdade que já tinha tido as minhas desconfianças. Tanto assim que, mal saía a Generosa, eu trancava as portas e ia ler junto a um candeeiro belga que comprara ao Sotero, conservando ao meu lado, por precaução, a Winchester trazida do Amazonas. Eu não era dos mais medrosos. Já vivera muito tempo num seringal e não corria de caretas facilmente. O primeiro patife, pois, que tentasse destelhar a casa ou arrombar uma porta, levariam uns tiros para perder a vontade de furtar. E, note-se: eu não sou dos piores atiradores...

Conhecia todos os meus vizinhos. Entretanto, redobrei de precauções, comecei a notar os desconhecidos que passavam na estrada e passei a dormir com os ouvidos bem abertos e com a Winchester junto à cama. Precaução e água benta nunca fizeram mal a ninguém...

A casa era de taipa, mas bem construída, cumeeira alta, bem coberta, portas e janelas de pinho de Riga, reforçadas, todas com taramelas fornidas, bem pregadas. Um ladrão podia assaltar a casa, roubar-me, matar-me, mas não o faria com muita facilidade.

Cerca de um mês depois de o Sotero ter-me prevenido eu acordei, certa madrugada, com um pequeno ruído. Levantei-me sem fazer barulho, não risquei fósforo, não acendi o candeeiro e, em pé, junto à cama, fiquei escutando, procurando saber o que era. Parecia um rato grande furando a parede ou o chão para fazer um buraco. Como o barulho continuasse, eu fui, pé ante pé, pelo corredor, em direção à sala de jantar. Era uma noite bonita, de lua quase cheia, e eu verifiquei, espantado, que uma pessoa, do lado de fora da casa, estava calmamente furando a parede de taipa à altura da taramela da porta da sala de jantar. O trabalho era feito com muita cautela. Quando o buraco estivesse pronto, ela meteria o braço, levantaria a taramela, sem barulho, estava assim senhora da casa.

O plano, raciocinei às pressas, fora bem engendrado e quem o organizara, para me roubar, talvez para me matar, devia ser alguém que conhecia o interior da casa. Mas o momento não era para reflexões e hesitações! Eu tinha de agir, e agir com urgência!

Pensei um momento enquanto ouvia o barro caindo no chão à proporção que o buraco aumentava. Dentro de poucos minutos o patife colocaria o braço e abriria a porta. Organizei o meu plano e tratei de executá-lo. Fui à cozinha, de pés descalços, como estava, trouxe um maço de cordas bem fortes, um facão afiado, passei no quarto, trouxe a Winchester, por segurança, e fiquei de pé, junto à parede onde estava sendo aberto o buraco, de maneira que o ladrão não desconfiou de coisa alguma. E quando ele, tendo aberto o buraco, colocou o braço, procurando alcançar a taramela, eu segurei-o pelo pulso, puxei bem, de modo que ele ficasse unido à parede, do lado de fora, sem poder mexer-se. Amarrei o braço com a ponta da corda, bem amarrado, subi numa mesa que havia no meio da sala e prendi a outra ponta da corda numa das linhas da casa. Fiz isso sem o menor barulho, e verificando que estava tudo em ordem, fui dormir. Não tive a curiosidade de saber quem tentara assaltar a casa. Era madrugada alta, cerca de três horas, e dentro em pouco tempo o dia amanheceria. Eu olharia, então, para a cara do gatuno...

Deitei-me e dormi mais do que desejava. Não sei se foi a emoção ou outra coisa qualquer, mas só me levantei às seis horas, dia claro. Enfiei as chinelas, peguei o rifle e corri à sala. O sol já estava de fora e a sala, coberta de telha vã, não estava muito escura. Distinguia-se já alguma coisa. Notei logo que algo de anormal acontecera. Abri a janela às pressas e o que eu vi fez-me ficar arrepiado, com os cabelos em pé. A corda pendia da linha e na ponta balançava-se um pedaço de braço! Por mais incrível que pareça o ladrão, para poder fugir, cortara ou mandara que alguém cortasse o seu próprio braço! E lá estava pendurado aquele pedaço de carne sangrenta, balançando-se na ponta da corda, gotejando sangue; no chão se formara uma poça de sangue negro, coalhado, nojento. Era uma cena capaz de bolir até com quem tivesse nervos de aço. Fiquei nervoso, espantado, com o coração pulsando violentamente.

Antes, porém, que chegasse a Generosa, eu cortei a corda e enterrei o pedaço de braço num barreiro. No fundo do quintal, num buraco bem fundo, para os cachorros não desenterrarem. Cobri a poça de sangue da sala e lavei-a depois. Tapei o buraco da parede com um pouco de barro que preparei e sobre o que ocorreu não falei a pessoa alguma, nem mesmo a Generosa. Queria ver se descobria o ladrão. Visitei depois os moradores próximos, mas nenhum se ausentara ou aparecera com o braço cortado. Conversei com muita gente, indaguei, botei verde para colher maduro, mas nada surgiu. Os dias foram se passando e eu não descobri coisa alguma. Está claro que eu não podia esquecer o que acontecera e muitas noites passei em claro sem descobrir a solução do problema.

No princípio do outro mês eu fui, como de costume, a Guaramiranga, fazer compras na casa do Sotero. Montei a cavalo e apeei-me em frente à casa dele. Entrei e fiquei surpreendido vendo no balcão Dona Lindaura, sua esposa, a quem eu jamais encontrara no estabelecimento comercial do marido. Perguntei pelo dono da casa e ela, toda sem jeito, meio nervosa, respondeu-me:

- Ah, o senhor não soube? Meu marido está no hospital, em Fortaleza.

- No hospital, em Fortaleza? E de que está ele doente? – Indaguei.

E a aflita senhora, mais nervosa ainda, com uma lágrima nos olhos, explicou, enquanto despachava uma matutinha que comprava um vestido de chita azul:

- O Sotero, coitado, não é homem que goste de caçadas. É até muito caseiro. Mas um amigo nosso tanto insistiu com ele, tanto insistiu, que ele foi caçar tatus, há uns quinze dias, de madrugada, lá na serra. Saiu de casa às duas horas. A noite estava muito escura. No meio do caminho, ele tropeçou numa raiz e caiu, fraturando o braço esquerdo, que teve de ser amputado...

______

 

Transcrito na Revista Vida Doméstica, Rio de Janeiro, fevereiro de 1949.

***   ***

NOTA.

A indicação de locais e datas, bem com a narrativa em primeira pessoa, sugere que o autor fala de si mesmo, de suas origens, suas andanças e aventuras. Nessa armadilha caiu o cronista J. de Figueiredo Filho[iii] que, em crônica publicada no Diário de Pernambuco, edição de 6 de março de 1955, diz que Lima Junior esteve, de fato, no Amazonas...fala de Guaramiranga...etc.

Essa possibilidade, porém, não existe. Notemos que o fato ocorre em 1907. Félix Lima Junior nasceu em 6 de março de 1901. Teria, portanto, seis anos de idade.

O mais provável é que Lima Júnior esteja falando de alguém da família, talvez um tio, ou do seu avô paterno – MANOEL BEZERRA LIMA.

 

Caro leitor,

Este Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, contém postagens com informações históricas resultantes de pesquisas, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso algumas delas seja do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.



[i] Félix Lima Junior (Maceió - AL 06/03/1901 – Maceió - AL 10/06/1986), filho de Félix Alves Bezerra Lima e de Francisca Wanderley Lima, e primo de Manoelito Bezerra Lima, o nosso “Nezinho Cego”.

[ii] Guaramiranga, do tupi guará (guará) e miranga ou piranga (vermelho), significando Guará Vermelho, é um município brasileiro localizado na Região Serrana do Estado do Ceará, a 105,5 km da capital, Fortaleza.

[iii] José de Figueiredo Filho.

Um comentário:

  1. Mais uma bela narrativa que este blog nos proporciona. Desta feita, sobre a saga de um, entre tantos nordestinos, aventureiro em busca do velho sonho de enriquecimento rápido nas entranhas da maior floresta tropical do mundo. O ciclo da borracha nos fez lembrar do sumiço de um ente que, segundo os mais velhos da família, tomou tal destino e nunca mais se teve notícia. Largou seu pequeno filho, batizado Berillo Pastor da Cruz, e partiu para esse desconhecido confiam. A riqueza na narrativa do belo texto aqui exposto por Etevaldo nos aflora possibilidades terríveis enfrentadas por esses aventureiros em terras inóspitas E pouco conhecidas. Uma floresta que, pelo seu agigantamento, já sugou e seifou centenas de vítimas., afora as tiradas pelos próprios concorrentes...

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A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia