sexta-feira, agosto 8

PERSONALIDADES PÃO-DE-AÇUCARENSES - ACHILLES BALBINO DE LELES MELLO

 

Por Etevaldo Amorim

O major Achilles Balbino de Leles Mello


Embora não seja pão-de-açucarense nato, o Major Achilles Mello pode ser considerado uma personalidade marcante na “Terra de Jaciobá”.


Com o nome de Achilles Balbino de Leles Mello, ele nasceu em Traipu, então Província das Alagoas, por volta de 1849. Era filho do Capitão Benedicto Soares de Freitas Mello e de Maria Angélica dos Prazeres.[i] Mas foi em Pão de Açúcar que ele, já um próspero fazendeiro, passou a residir após o casamento, em 1870, com a Srtª Maria Idalina de Souza Mello (filha de Antônio Bernardes de Souza e Izabel Bernardes de Souza). Com ela teve uma filha, Maria Oliva de Souza Mello. Ela faleceu ainda muito jovem, com 34 anos de idade, em 26 de abril de 1876.


O Jornal do Penedo, na edição de 5 de maio de 1876, registra o seu falecimento e acrescenta:


Modelo de virtudes, a morte arrebatou-a ainda na flor da idade, após cruéis sofrimentos. Era um anjo de bondade, que não cabia na terra e Deus chamou-a para si: ela era mesmo do céu.


Deixou um esposo inconsolável e uma filhinha em tenra idade, que não sabe ainda aquilatar a enorme perda que sofreu.


Nossos sentidos pêsames ao nosso amigo, a quem aconselhamos paciência e resignação em tão dolorosa provação.”


Em 7 de setembro de 1878, casou-se com a Srª Josephina Soares Pinto de Mello (filha de Serafim Soares Pinto e Josefina Carolina Soares Pinto), pertencente a uma das mais tradicionais famílias alagoanas.

 

Fundou os jornais O PAULO AFFONSO (em 27 de outubro de 1878), O TRABALHO (em 4 de junho de 1882 juntamente com Mileto Rego) e A PALAVRA (em 13 de junho de 1889).


Em 1888, ele fundou uma biblioteca em Pão de Açúcar, a “Biblioteca d’O Trabalho”, conforme notícia divulgada no Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro, em 16 de outubro daquele ano, registrando ainda que ele solicitava a coleção da Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.


Passando a residir em Penedo, transferiu para lá esses dois últimos periódicos, vindo depois a fundar também o hebdomadário católico “A Fé Cristã”, jornais esses que tiveram vida duradoura e gloriosa.


Ingressando na política, como membro do Partido Republicano, quando à frente do Governo alagoano o Barão de Traipu, foi Vereador na Câmara Municipal de Pão de Açúcar, Juiz Substituto e, depois, por quatro Legislaturas seguidas (1899-1900; 1903-1906; 1907-08 e 1909-10), Deputado à Assembleia Legislativa do Estado, onde atuou de modo exemplar, tendo sido autor de vários Projetos de Lei, muitos dos quais vieram a fazer parte da legislação Estadual.


Foi ainda Provedor do Hospital de Caridade do Penedo, cargo para o qual foi nomeado pelo Governador do Estado em 1906.[ii]


O major Achilles Mello faleceu no dia 9 de julho de 1930, aos 81 anos, na cidade de Paraíba do Sul, Estado do Rio de Janeiro, deixando uma ilustre prole, toda ela ocupando lugar de destaque na sociedade, como o Reverendíssimo Monsenhor Achilles Mello, vigário da Paraíba do Sul e de outras paróquias do Estado do Rio de Janeiro; Dr. Heitor Achilles, clínico no Rio de Janeiro; Dr. Seraphim Achilles de Mello, cirurgião-dentista radicado no Mato Grosso; Heráclito Mello e Olympio Achilles Mello, funcionários do Banco do Brasil; Dona Josephina de Mello Almeida, casada com o Coronel Silvino Otton Almeida, que era funcionário da administração do “Jornal do Brasil”;  Dona Margarida de Mello Freixeiro, esposa do Sr. Tasso Freixeiro, que foi agente do Branco do Brasil em Ponta Grossa; Srtª Helena Achilles Mello; Madre Benigna do Coração de Jesus; e Dona Maria Oliva de Mello Pinto, esposa do Capitão Seraphim Soares Pinto, residente em Pão de Açúcar (Alagoas).


___


NOTA:

Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo. Tratamento de imagem: Vívia Amorim.

 



[i] Jornal do Brasil, 28 de julho de 1930.

[ii] A Fé Christã, 13 de outubro de 1906.

Um comentário:

  1. Ótimas revelações de um dos personagens pouco conhecido na história de Pão de Açúcar, mas de uma relevância monumental diante da sua contribuição histórica como um homem de prol e largo prestígio social de sua época, parabéns Mestre Etevaldo

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A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia