segunda-feira, março 3
domingo, março 2
PÃO-DE-AÇUCARENSES NA GUERRA DO PARAGUAI
Por
Etevaldo Amorim
Fato marcante na vida nacional, a guerra do Paraguai é assunto obrigatório nos livros escolares. Considerado o maior conflito armado internacional em terras americanas, ocorreu entre 1864 e 1870, estimando-se que cerca de 123 mil brasileiros tomaram parte nas batalhas, dos quais cerca de 50 mil morreram.
Desde os primeiros anos da
educação básica, ela está presente com seus relatos fantásticos, a enaltecer os
seus heróis, nas figuras dos almirantes Tamandaré e Barroso; Caxias, Osório e
tantos outros.
Mas, e os milhares de soldados e
voluntários que se deslocaram para o front e deram seu sangue e sua vida
pela causa nacional? Quem eram eles? De onde vieram? Muitos eram escravos, que
lutaram em troca da sua liberdade. Outros tantos ficaram no anonimato,
desprezados, esquecidos.
De nossa parte, por um dever de
justiça e de reconhecimento, destacaremos os pão-de-açucarenses que
contribuíram nesse esforço, atuando nos chamados Corpos de Voluntários da
Pátria. Ressaltamos que, entre esses, levaremos em conta não apenas o que,
efetivamente, nasceram na “terra de
Jaciobá”, mas também os que lá se estabeleceram e deliberaram partir para
os campos de batalha.
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Por Decreto 3.371, de 7 de janeiro
de 1865, o Imperador D. Pedro II criou os Corpos de Voluntários da Pátria:
“Atendendo às graves e
extraordinárias circunstâncias em que se acha o país, e à urgente e
indeclinável necessidade de tomar, na ausência do Corpo Legislativo, todas as providências
para a sustentação, no exterior, da honra e da integridade do Império, e tendo
ouvido o meu Conselho de Estado, hei por bem decretar:
Art. 1º São criados
extraordinariamente corpos para serviços de guerra, compostos de todos os
cidadãos brasileiros maiores de dezoito anos e menores de cinquenta, que
voluntariamente se quiserem alistar sob as condições e vantagens abaixo
declaradas.”
Em 9 de janeiro daquele ano, o
Presidente da Província das Alagoas, João Batista Gonçalves Campos, dirigiu um
apelo ao povo:
“O Presidente da Província de
Alagoas, em presença das circunstâncias extremas do Estado, apela para o
patriotismo do povo brasileiro convidando a todas as pessoas que se interessam
pela causa pública a que se inscrevam para a formação de um Corpo de Voluntários
da Pátria que marche em auxílio ao Exército e à Armada a pugnar pela desafronta
da honra nacional nas Repúblicas do Uruguai e do Paraguai. Todas as pessoas que
quiserem formar parte do Corpo devem comparecer no palácio do governo e
inscrever o seu nome no livro para este fim destinado. Palácio do Governo,
Maceió, 9 de janeiro de 1865. João Batista Gonçalves Campos.”
Com efeito, o Comandante do Corpo
Provincial de Polícia, Major do Exército Carlos Cirilo de Castro, encaminha ao
Presidente da Província a seguinte mensagem:
“Folgo de participar-lhe que
aumenta e engrossa a fileira dos Voluntários da Pátria, formando já mais de uma
Companhia, tendo sido nomeado comandante da mesma o tenente Pedro Soares de
Mello Alvim Sesão, promovido ao posto de Capitão de seu batalhão em Pão de
Açúcar, donde ele viera à frente de mais de 40 bravos que agenciou para
Voluntários da Pátria.
Até ontem, fim do mês, já estavam
inscritos e recebendo no quartel a competente inscrição militar diária 111
voluntários, sendo 4 oficiais (o referido Capitão e os alferes Ignácio
Tranquilino Araújo Oliveira Bello, Maurílio de Pontes Lins (Sicupira?) e Aprígio
Gonçalves de Andrade, que era sargento ajudante e filho do distinto
Tenente-Coronel Comandante do Batalhão de Pão de Açúcar, José Gonçalves de
Andrade), 7 primeiros sargentos, 6 segundos, 2 furriéis, 3 cabos e o restante,
soldados.” - (1º de abril de 1865) Transcrito
do Diário de Pernambuco 5 de abril de 1865.
PEDRO SOARES DE MELO ALVIM CESÃO não era, propriamente, de Pão de Açúcar. Filho de Dona Rosa Benta
da Graça e Mello, nasceu em Porta da Folha, Sergipe. Entretanto, podemos
considerá-lo pao-de-açucarense dos mais valorosos. Basta dizer que, sendo
descendente da importante família Soares de Mello, da Lagoa Funda (hoje Belo
Monte), o avô materno de Bráulio Cavalcante residia em Pão de Açúcar quando, ao
iniciar o conflito entre o Brasil e o Paraguai, não hesitou em pôr os seus
serviços em defesa do Império.
Em 3 de junho de 1865, diz Aldemar
de Mendonça, ele partiu de Pão de Açúcar para Maceió, onde embarcou, comandando
uma Companhia de sessenta Voluntários da Pátria.
De fato, pode-se ler no Correio
Mercantil, do Rio de Janeiro, de 17 de abril de 1865, em notícia remetida pelo
correspondente em Maceió:
“No fim do mês próximo passado
chegou a esta cidade o vapor da Companhia Bahiana Valéria de Sinimbu trazendo o
bravo tenente Pedro Soares de Mello Alvim Cesão à frente de mais de 30
companheiros que ele angariou no seu município de Pão de Açúcar, auxiliado
também pelo Comandante do 23º Batalhão de Guardas Nacionais do mesmo município
(a que ele pertence) o Sr. Tenente-Coronel José Gonçalves de Andrade, o qual
veio com outros voluntários, trazendo entre eles seu filho, sargento-ajudante
Aprígio Gonçalves de Andrade. Ao todo, 42 pessoas. Sua Excelência os recebeu em
Palácio com entusiasmo e lhe fez ver seus deveres, agradecendo ao mesmo tempo,
em nome, em nome da Pátria e do Imperador os serviços que eles irão
prestar-lhes.
O tenente Cesão é um voluntário
distinto e que honra a província de Alagoas. Seus companheiros são homens
fortes, mancebos e patriotas.
O mesmo presidente da Província,
não desejando perder ocasião de premiar o mérito, entusiasta do nobre proceder
do incansável tenente Alvim Cesão, apreciador da abnegação do filho do
Comandante do Batalhão, o qual não trepidou ouvir os conselhos de seu pai e
marchar como soldado para a defesa da Pátria, e aproveitando o ensejo de uma
proposta e 6 de março passado, do tenente-coronel comandante do batalhão nº 23
de Guardas Nacionais de Pão de Açúcar, promoveu a Capitão da 5º Companhia o
Tenente Cesão, já referido, e a Alferes-Secretário também mencionado sargento
Aprígio Gonçalves de Andrade. Havendo número suficiente de voluntários para
formar uma Companhia, S. Exª renumerou ainda a dedicação do Sr. Capitão Alvim
Cesão, nomeando-o Comandante dela.”
Convém registrar que, no processo
de recrutamento de voluntários, foram de grande valia os esforços o Sr.
Tenente-Coronel Theotônio de Santa Cruz e Oliveira (Delegado da Assembleia) e o
Sub-Delegado de Pão de Açúcar, Sr. Jesuíno do Espírito Santo Simões.
É possível que ele estivesse a
bordo do Marquês de Caxias ou do São José, no dia 14 de janeiro de 1867, em que
900 soldados embarcaram para o teatro de guerra, recebendo nessa ocasião a
visita do Imperador D. Pedro II e do Ministro da Guerra. (Diário do Rio de
Janeiro, 15 de janeiro de 1867).
Por Decreto de 30 de março de
1867, foi com condecorado com o grau de Cavalheiro da Ordem da Rosa. Fonte:
Correio Mercantil, RJ, 31 de março de 1867.
Permanecendo por mais de dois anos
nos campos de batalha do Paraguai, exerceu o honroso cargo de Auditor de
Guerra, no posto de major em comissão. Entretanto, sendo atacado de beri-beri,
foi forçado a regressar a sua terra, em procura de restabelecimento, que
infelizmente não conseguiu. A morte o surpreendeu em viagem a bordo do vapor
“Marquez de Caxias” (da Companhia Baiana), no dia 22 de junho de 1867, ao
chegar no porto de Corrientes-Argentina, onde foi sepultado. (Do livro inédito
“Navios, Marinheiros e Soldados Alagoanos”, de Felix Lima Junior). Fonte:
MENDONÇA, Aldemar de. MONOGRAFIA DE PÃO DE AÇÚCAR.
Por Decreto de 22 de abril de
1868, foram concedidas pensões a sua mãe, Dona Rosa Benta da Graça e Mello e
sua filha Maria Olympia (avó de Bráulio Cavalcante), no valor de 60$ mensais,
repartidamente. Fonte: Correio Mercantil, RJ, 23 de abril de 1868.
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APRÍGIO GONÇALVES DE ANDRADE.
O alferes Aprígio Gonçalves de
Andrade integrava o 8° Batalhão de Voluntários da Pátria.
Em 16 de julho de 1865, tomou
passagem no vapor Oyapock. No dia 17/07/1865 embarcou para o Rio de Janeiro no
vapor Pirahy.[i]
Com efeito, em 21 de julho de
1865, chega ao Rio de Janeiro, procedente de Santa Catarina.[ii]
No entanto, em virtude do seu mau estado de saúde, foi dispensado do Serviço
Militar no dia 22 de julho de 1865. [iii]
No dia 25 de julho, ele embarca no vapor Cruzeiro do Sul com destino à Bahia,
de regresso a sua terra natal.[iv]
Filho do Tenente-Coronel José Gonçalves de Andrade e de Anna Maria do Sacramento. Era irmão do padre Themístocles Gonçalves de Andrade (para saber mais clique aqui) e meio-irmão de Leopoldo Gonçalves de Andrade, este pai do também chamado José Gonçalves de Andrade (conhecido por “Zequinha Andrade”, pai de seu Nozinho Andrade, avô de Elmano Machado Gonçalves). Leopoldo também era pai de Cândida Andrade Silva - "Dudu", casada com José Teófilo Silva (pai de Zequinha Teófilo, este avô do prefeito Jorge Silva Dantas).
Fonte: DEFENSORES DO BRASIL -
Félix Lima Junior - Diário de Pernambuco 28 de novembro de 1954. Início
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LUIZ GONZAGA DE GOES.
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Luiz Gonzaga de Goes |
Segundo Aldemar de Mendonça, em
seu MONOGRAFIA DE PÃO DE AÇÚCAR, LUIZ GONZAGA DE GOES “Nasceu nesta cidade,
em 1845, Luiz Gonzaga de Goes, tendo falecido á rua Ladislau Neto, em Maceió,
em 1º de novembro de 1918, vitimado pela “gripe espanhola”: Voluntário da
pátria, lutou no Paraguai, no 20º Batalhão de Voluntários da Pátria,
regressando ferido e condecorado. Foi 3º Tabelião de Maceió e tinha as honras
de Coronel honorário do Exército Imperial.”
Em 3 de setembro de 1867, o
sargento LUIZ GONZAGA DE GÓES, do 47º Corpo de Voluntários da Pátria, foi
ferido a balas de fuzil na batalha de Tuyuty.[v]
Tomou parte na BATALHA DE ITORORÓ,
ocorrida em 6 de dezembro de 1868, em que faleceu Eduardo Emiliano da Fonseca,
irmão do Marechal Deodoro. (Diário do Rio de Janeiro, 14 de agosto de 1869).[vi]
LUIZ GONZAGA DE GÓES integrava o
47º Corpo de Voluntários da Pátria, sob o comando do Major Antônio Pedro da
Silva, quando chegou ao Acampamento de Villeta, Paraguai no dia 6 de dezembro
de 1868.[vii]
Por Decreto de 21 de abril de
1870, foi elevado ao posto de Alferes Honorário.[viii]
Por força do Decreto de 23 de
outubro de 1873, recebeu o título de CAVALHEIRO DA ORDEM DA ROSA, o Alferes
Honorário do Exército LUIZ GONZAGA DE GÓES, pelos serviços prestados na guerra
do Paraguai.[ix]
Em 1893, foi promovido ao posto de
Major o alferes honorário LUIZ GONZAGA DE GÓES e, no mesmo ano, recebeu o posto
de Major, em atenção aos serviços prestados da Campanha do Paraguai.
Félix Lima Júnior, em DEFENSORES
DO BRASIL, publicada no Diário de Pernambuco, 20 de novembro de 1954 declara:
LUIZ GONZAGA DE GOES. Veio também
de Penedo e foi imediatamente reconhecido 2º Cadete, voltou do Paraguai coronel
honorário, o corpo deformado por balas inimigas. Faleceu em Maceió no dia 1º de
novembro de 1918, vitimado pela gripe espanhola. Era 3º Tabelião público. Tinha
seu cartório na rua do Comércio, na mesma casa em que residia, mais ou menos
onde está hoje o Bilhar do Comércio. Era uma casa velha, de taipa e biqueira,
tipo comum na época, tendo uma parte assobradada.
Era espírita. Foi membro fundador
do Grupo Espírita Mello Maia, conforme o jornal Lumen, órgão da Federação
Espírita Alagoana, 6 de janeiro de 1908.
Em 1893, o então “Alferes
Honorário” recebeu as honras do posto de Major.[x]
Em junho de 1917, LUIZ GONZAGA DE GÓES foi exonerado, a pedido, dos Ofícios de 3º Tabelião do Público Judicial de Notas, Escrivão do Cível, Comércio e privativo dos feitos da Fazenda Estadual. Fonte: Diário do Povo, Maceió, 14 de junho de 1917. Fora nomeado vitaliciamente em 1872. Fonte: A Reforma-RJ, 23 de novembro de 1872.
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Batalha de Tuiuti. Ricardo Salles. Guerra do Paraguai: memórias & imagens. Rio de Janeiro: Edições Biblioteca Nacional, 2003. |
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FRANCISCO BEZERRA DE LIMA. De Pão de Açúcar. Embarcou em Maceió, na corveta São Francisco, em 13 de março de 1865, e morreu em combate, no Paraguai, nos primeiros dias de luta. Do Relatório do Ministério da Guerra - 1828-1940, consta do seu nome entre os praças “do contingente do Norte” que se achavam em enfermarias, do último trimestre de 1966 ao primeiro trimestre de 1967. Diário do Rio de Janeiro, de 9 de outubro de 1866, diz que ele se encontrava ferido.
JOAQUIM BEZERRA DE LIMA, irmão mais velho do precedente. Reteve-se no Passo da Pátria a
Aquidaban, só regressando às Alagoas em 1870, depois da morte de Solano Lopez.
Joaquim Bezerra de Lima e
Francisco Bezerra de Lima eram irmãos de Manoel Bezerra Lima, e tios-avós do
historiador Félix Lima Junior (filho de Félix Alves Bezerra Lima) e do músico
Manoel Bezerra Lima - Nézinho Cego (filho de Joaquim Alves Bezerra Lima).
Félix Alves Bezerra Lima (pai do
historiador Félix Lima Junior) era irmão de Laura Lima Gomes de Barros (esposa
do ex-deputado Carlos Gomes de Barros) mãe do saudoso Ministro Humberto Gomes
de Barros, do Superior Tribunal de Justiça.
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Batalha de Curuzu. Quadro de Victor Meirelles. |
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Batalha de Itororó. Desenho de Edoardo de Martino. Créditos ao Instituto Moreira Salles. |
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NOTA:
Caro leitor,
Deste Blog, que tem como tema
“HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas
relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com
farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta
razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer
trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo
também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é
correto e justo.
[i] Fonte: INVENTÁRIO ANALÍTICO DOS
REGISTROS DE CORRESPONDÊNCIAS RECEBIDAS PELOS COMANDANTES DE NAVIOS E OUTROS
(1863/1879) ELABORAÇÃO: Bruno de Souza Ferreira Mariana Dandolini Bonassa.
Florianópolis, Abril de 2016.
[ii] (Fonte: Jornal do Comércio, RJ, 22
de julho de 1865)
[iii] (Fonte: Diário de Pernambuco, 31
de agosto de 1865).
[iv] (Fonte: Correio Mercantil-RJ, 25
de julho de 1865).
[v] (Jornal do Comércio, RJ, 8 de
dezembro de 1867). “A Batalha de Tuiuti foi um confronto entre o exército
paraguaio e a Tríplice Aliança, durante a Guerra do Paraguai. Foi a maior e
mais sangrenta batalha da América do Sul, ocorrida em 1866. Tuiuti é um pântano
no sudoeste do Paraguai. O acampamento aliado ficava em uma pequena área de 4
por 2,4 km, cercado por terreno alagado. Os aliados acamparam no Tuiuti em 20
de maio de 1866. Quatro dias depois, foram atacados pelos paraguaios. Os
aliados venceram a batalha em 24 de maio de 1866, sendo decisiva para
consolidar a resistência da Tríplice Aliança. A batalha marcou uma virada na
guerra, enfraquecendo as tropas paraguaias. A batalha é particularmente
importante no Brasil, sendo apelidada de "A Batalha dos Patronos". A
batalha também marca o Dia da Infantaria do Exército Brasileiro.
[vi]
“Em 6 de dezembro de 1868, ocorreu a Batalha de Itororó, que foi a primeira
batalha da Dezembrada, uma série de batalhas vencidas pela Tríplice Aliança na
Guerra do Paraguai. A batalha de Itororó foi um combate importante para o
Exército Brasileiro, que, com 12 mil homens, tomou a ponte do Arroio Itororó e
chegou à linha inimiga de Piquissirí. O combate marcou a atuação do então
Marquês de Caxias, que proferiu a célebre frase “Sigam-me os que forem
brasileiros”. A Dezembrada foi um período de campanha na direção de Assunção,
capital do Paraguai, que ocorreu no mês de dezembro. As outras batalhas que
compuseram a Dezembrada foram: Batalha de Avaí, em 11 de dezembro; Batalha de
Lomas Valentinas; de 21 a 27 de dezembro; Rendição de Angostura, em 30 de
dezembro ”
[vii]
“Villeta foi uma cidade envolvida na Guerra do Paraguai, que ocorreu entre 1864
e 1870. A cidade foi palco de combates entre as forças brasileiras e as forças
paraguaias. Combates em Villeta. Em 11 de dezembro de 1868, os brasileiros
chegaram a Villeta, onde se enfrentaram com as forças paraguaias. O marechal
Caxias deixou Villeta às 02h00 do dia 21 de dezembro de 1868, para invadir as
fortificações de Lomas Valentinas. Em 21 de dezembro, os brasileiros atacaram o
Piquissiri pela retaguarda, após terem recebido o necessário abastecimento por
Villeta.”
[viii]
(Fonte: ALMANAK DO MINISTÉRIO DA GUERRA - 1873).
[ix]
Fonte: A PÁTRIA, RJ, 26 de outubro de 1872.
[x]
(Diário de Pernambuco, 14 de julho de 1893.
A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR
PÃO DE AÇÚCAR
Marcus Vinícius*
Meu mundo bom
De mandacarus
E Xique-xiques;
Minha distante carícia
Onde o São Francisco
Provoca sempre
Uma mensagem de saudade.
Jaciobá,
De Manoel Rego, a exponência;
De Bráulio Cavalcante, o mártir;
De Nezinho (o Cego), a música.
Jaciobá,
Da poesia romântica
De Vinícius Ligianus;
Da parnasiana de Bem Gum.
Jaciobá,
Das regências dos maestros
Abílio e Nozinho.
Pão de Açúcar,
Vejo o exagero do violão
De Adail Simas;
Vejo acordes tão belos
De Paulo Alves e Zequinha.
O cavaquinho harmonioso
De João de Santa,
Que beleza!
O pandeiro inquieto
De Zé Negão
Naquele rítmo de extasiar;
Saudade infinita
De Agobar Feitosa
(não é bom lembrar...)
Pão de Açúcar
Dos emigrantes
Roberto Alvim,
Eraldo Lacet,
Zé Amaral...
Verdadeiros jaciobenses.
E mais:
As peixadas de Evenus Luz,
Aquele que tem a “estrela”
Sem conhecê-la.
Pão de Açúcar
Dos que saíram:
Zaluar Santana,
Américo Castro,
Darras Nóia,
Manoel Passinha.
Pão de Açúcar
Dos que ficaram:
Luizinho Machado
(a educação personificada)
E João Lisboa
(do Cristo Redentor)
A grandiosa jóia.
Pão de Açúcar,
Meu mundo distante
De Cáctus
E águas santas.
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Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)
(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937
(+) Maceió (AL), 07.05.1976
Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.
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PÃO DE AÇÚCAR
Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.
Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.
Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,
O pó que o vendaval deixou no chão cair.
Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste
O teu profundo sono num divino sorrir.
Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,
Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.
Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.
Teus jardins se parecem com vastos cemitérios
Por onde as brisas passam em brando sussurrar.
Aqui e ali tu tens um alto campanário,
Que dá maior relevo ao pálido cenário
Do teu calmo dormir em noite de luar.
____
Ben Gum, pseudônimo de José Mendes
Guimarães - Zequinha Guimarães.
PUBLICAÇÕES

Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia