Por
Etevaldo Amorim
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O Monsenhor Landim. Foto: acervo de Aldemar de Mendonça |
JOSÉ
ALVES FERREIRA LANDIM é, pode-se dizer, um pão-de-açucarense acidental. Nasceu
na pequena cidade alagoana situada à margem esquerda do rio São Francisco, em 3
de maio de 1887, onde seu pai exercia o cargo de Promotor Público.
O Dr.
Vicente de Leirins Ferreira Landim, pernambucano, que ingressou na Faculdade de
Direito do Recife em 1881, colando grau em 5 de novembro de 1885, fora nomeado
para o Termo de Pão de Açúcar, para ali viajando no dia 28 daquele mesmo mês e
ano.[i]
Em 1886, casou-se com a srta. Maria Bernardina Alves Cavalcante, continuando em
Pão de Açúcar. Entretanto, ali pouco se demora, posto que, em dezembro de 1888,
já estava na Comarca de Anadia-AL.[ii]
Faleceu em Natal-RN em 14 de julho de 1935.
Eram
seus avós paternos José Eduardo de Souza Landim e Joaquina das Mercês Ferreira
Landim e, maternos, Maria Joaquina Cavalcanti e Manoel Alves de Souza
Cavalcanti.
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Pão de Açúcar à época do nascimento de Mons. Landim. Foto: Adolpho Lindemann, 1888. |
Acompanhando
seu pai nas constantes mudanças de comarca, pelos Estados do Amazonas, Pará,
Ceará e Alagoas, finalmente fixou residência em Pau d’Alho (PE). Foi ali que
despertou no pequeno José a vocação para os caminhos religiosos.[iii]
Sua
carreira eclesiástica começou aos 13 anos, ingressando no Seminário de Olinda
em 5 de fevereiro de 1900, onde fez os cursos secundário e superior (filosofia,
direito canônico e teologia), recebendo a tonsura clerical (19 de novembro de1905)[iv],
as ordens menores (1907), subdiaconato (1908), diaconato e presbiterato (1909).
Como
diácono, pregou no Tríduo Solene pela Schola Cantorum, nas comemorações
da Assunção de Nossa Senhora, no curso teológico do Seminário Episcopal, no dia
15 de agosto de 1909.[v]
A sua
promoção de diácono a presbítero se deu no dia 21 de novembro de 1909, em
solenidade realizada na Matriz de Santo Antônio, presidida por Dom Luiz
Raimundo da Silva Brito, Arcebispo de Olinda e Recife entre 1901 e 1915. Ele
governou a arquidiocese antes da incorporação oficial da sede de Recife como
sede metropolitana em 1918.[vi]
Iniciou
o serviço eclesiástico como Coadjutor da Freguesia de Brejo de Deus (1910), em
seguida foi Capelão em Recife (1911), Vigário de Amaragi (no interior) e
Coadjutor da Matriz de Boa Vista (1912 1915); Secretário do Bispado, Diretor do
Colégio Diocesano e do jornal “Alto Sertão”, na cidade de Floresta (1916)[vii],
no mesmo ano assumindo o vicariato em Triunfo e a direção do ginásio local. Ali
também dirigiu o semanário Folha do Sertão, que se publicava em Triunfo,
pertencente à Diocese de Floresta.[viii]
Em
1919, era Secretário do Bispado de Pesqueira-PE[ix].
Foi nesse ano que o Papa Bento XV concede-lhe o título de Monsenhor Camareiro. No
ano seguinte, era diretor do Grêmio Arcoverde, de Pesqueira, que publicava um
jornalzinho de nome O Grêmio.[x]
Ali também foi diretor do jornal Era Nova, fundado por Dom José Ferreira Lopes.[xi]
Vai
para a Diocese de Nazaré da Mata (1921), como Vigário da Freguesia de
Queimadas, dali se transferindo para a Diocese de Natal, onde chegou em 31 de
agosto de 1923, em companhia de Dom José Pereira Alves. No ano seguinte, seus
pais foram morar com ele.
Seu
apostolado nesta cidade inicia-se como Capelão do Colégio Santo Antônio,
seguindo-se a mesma função no Colégio Imaculada Conceição (1924) e Vigário da
Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação (1925).
Quatro
anos depois, o Papa Pio XI confere-lhe a honraria de Monsenhor Prelado
Doméstico. É constituído Visitador Diocesano (1931), no decurso da
administração do Bispo D. Marcolino Dantas (V. “DANTAS, Dom Marcolino Esmeraldo
de Souza”, Século XIX). Mons. Landim lecionou no Seminário de São Pedro, no
Atheneu Norte-rio-grandense e em outras escolas locais. Vigário em Estância-PE
(1951), retornou dois anos depois e reassumiu as funções de Capelão do Colégio
Imaculada Conceição, simultaneamente tornando-se consultor diocesano.
Foi
ele, ainda, o primeiro Vigário da Paróquia do Tirol. Durante o papado de João
XXIII, tornou-se Monsenhor Protonotário Apostólico.
Foi
ainda fundador da Academia Potiguar de Letras, cujo ato se realizou no
Externato São Luiz, situado na Rua José de Alencar, em Natal, no dia 2 de
setembro de 1956, tendo sido seu presidente por mais de oito anos. Tomou posse
da Cadeira nº 4, patrocinada pelo Cônego Pedro Paulino, no dia 25 de abril de
1957.[xii]
Foi
membro da Academia Alagoana de Letras; do Instituto Histórico e Geográfico do
Rio Grande do Norte; do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e da
Associação de Imprensa de Pernambuco[xiii].
Deixou diversas obras como
“Flores do Campo”, “Trilos”, “Perene Arrebol”, “Meus Quatro Lustros de Levita e
Sacerdote”, “Biografia do Padre João Maria”, “Lei de Caim”, “Sob a poeira dos
caminhos”, “Minha Família”, “Aspectos Baianos”, “Padre Landim e Padre João
Maria”. Por vezes utilizava-se do pseudônimo de “Lúcio”.
É autor do Hino
Diocesano do Centenário (Diocese de Nazaré da Mata-PE), cantado pela primeira
vez em 7 de setembro de 1922, com música do professor Eustórgio Wanderley.[xiv]
De sua autoria é, também, o hino à padroeira do Recife, Nossa Senhora do Carmo,
com música do religioso carmelita Frei Carmelo Codinach.[xv]
Em 1922, foi candidato a
membro da Academia Brasileira de Letras, na vaga de Dom Silvério Pimenta, bispo
de Mariana.[xvi] Foi eleito o escritor
cearense Gustavo Barroso, que usava o pseudônimo de “João do Norte”, com 23
votos. Em segundo lugar ficou o historiador Rocha Pombo. Em terceiro lugar,
Mário de Lima, 2 votos. O Padre José Landim obteve o voto do pernambucano Marechal
Dantas Barreto, ocupante à época da Cadeira 27.[xvii]
Outro concorrente, Otto Prazeres, não recebeu votos.
No dia 4 de março de
1923, no Recife, esteve presente na cerimônia de sagração episcopal de Dom José
Pereira Alves, bispo de Natal, ao lado do também monsenhor e pão-de-açucarense
José de Freitas Machado (Mons. Freitas).[xviii]
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O Padre José Landim jovem. |
Foi também redator de A
ORDEM, jornal religioso da Arquidiocese de Natal. Escreveu diversos artigos no
Diário de Pernambuco, Jornal Pequeno e Jornal do Recife.
Sob
os cuidados médicos do Dr. Helen Costa, faleceu em Natal, na Casa de Saúde São
Lucas, às 17:30 h do dia 9 de julho de 1968.
_____
É
Patrono da Cadeira nª 48 da Academia de
Letras de Pão de Açúcar – ALEPA, fundada em 24 de março de 2018, ocupada pelo
acadêmico Yvan Silva Fialho.
NOTA:
Caro
leitor,
Deste
Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de
informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita
pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência
bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse
para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior
proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a
citação das referências. Isso é correto e justo.
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Fonte:
Gladisson Roberto Barbosa de Fontes e Silva. AMARAGI – DO BARONADO AO ANO 2000.
Disponível em: http://amaraji-dobaronatoaoano2000.blogspot.com/2013/03/>.
[i]
Jornal do Recife, 29 de novembro de 1885.
[ii]
Cidade do Rio-RJ, 29 de dezembro de 1888.flo
[iii]
Diário de Natal-RN, 10 de julho de 1968.
[iv] A
Província, 17 de novembro de 1905.
[v]
Jornal Pequeno, Recife, 11 de agosto de 1909.
[vi]
Diário de Pernambuco, 9 de novembro de 1909.
[vii]
O Semeador, Maceió-AL, 5 de dezembro de 1916.
[viii]
Jornal do Recife, 20 de agosto de 1918.
[ix]
Jornal Pequeno, 7 de maio de 1919.
[x]
Jornal do Recife, 18 de novembro de 1920.
[xi]
Revista Maria, Ano VIII, nº 8, agosto de 1920.
[xii]
O Poty, 2 de setembro de 1956.
[xiii]
Jornal Pequeno, 9 de outubro de 1951.
[xiv]
Jornal Pequeno, 19 de setembro de 1922.
[xv]
Jornal do Recife, 12 de setembro de 1919.
[xvi]
Jornal Pequeno, 2 de novembro de 1922.
[xvii]
O Paiz, RJ, 9 de março de 1923.
[xviii]
Jornal Pequeno, 5 de março de 1922.
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