Por
Etevaldo Amorim
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| A Unidade Municipal de Ensino José Gonçalves de Andrade, no povoado Machado. |
A Unidade
Municipal de Ensino do Povoado Machado foi criada por meio do Decreto nº 409,
de 26 de fevereiro de 1971.
O
prédio foi construído em 1980, durante a gestão do prefeito Eraldo Cruz. As
inscrições gravadas na placa de inauguração sugerem que foi feita com recursos
do Estado, durante o governo de Guilherme Palmeira, tendo como Secretário da
Educação e Cultura, o prof. José Medeiros. Constam também os nomes do prefeito
Eraldo Lacet Cruz e do Vice-Prefeito Jurandir Gomes.
Mais
tarde, durante a segunda administração do prefeito Antônio Carlos Lima
Rezende-Cacalo, a escola recebeu obras de ampliação, custeadas com recursos
próprios (oriundos do Fundo de participação dos Municípios), inauguradas em 11
de novembro de 2006.
Funcionando nos turnos matutino, vespertino e noturno, com um
corpo docente de 16 professores (as) e seus 223 alunos, sob a direção da
professora Alba Nize do Nascimento Santos, a escola funciona com as Séries: Creche,
Pré escolar I e II,1º ao 5º,6º ao9º e EJA. Etapas de
Ensino/Modalidade/Integral: Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II, Educação Jovens e Adultos (EJA). (Fonte:
Secretaria Municipal de Educação.)

Placa que registra a inauguração da escola em 1980.
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| Placa referente à ampliação do prédio em 2006. |
*** ***
É
patrono da escola o Sr. JOSÉ GONÇALVES DE ANDRADE, conhecido por Zequinha
Andrade. Próspero comerciante, nasceu em Jacaré dos Homens, então pertencente
ao município de Pão de Açúcar, no dia 1º de dezembro de 1887.
Filho
de Leopoldo Gonçalves de Andrade e Antônia Clotildes Alves Souto, eram seus
avós paternos: o Tenente-Coronel José Gonçalves de Andrade e Cândida Delfina do
Coração de Jesus; e, maternos: José Francisco Capistrano Souto e Maria
Francisca Alves Feitosa.
Do
casamento com Maria Etelvina Dantas de Andrade, conhecida por “Branca” (filha
de Manoel Vieira Dantas e Maria Nicácia Souza), tiveram os filhos: José
Gonçalves Filho (Nozinho Andrade), Segismundo Gonçalves de Andrade, Etelvina
Gonçalves de Andrade (casada com o Sr. Eraldo Lacet Cruz), Edith Gonçalves de
Andrade, Eloi Gonçalves de Andrade, Massilon Gonçalves de Andrade e Zedith
Gonçalves de Andrade.
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| O Sr. José Gonçalves de Andrade (Zequinha Andrade). Foto: acervo da família. |
O
Padre Medeiros Neto, sacerdote que foi também Deputado Federal por seis
mandatos consecutivos[i],
assim falou sobre
“O
CEL. ZEQUINHA ANDRADE[ii]
PAJUÇARA.
Este nome alcançou a acuidade auditiva da minha afoita meninice. Quando
ingressei no Seminário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Assunção, lá do Alto
do Jacutinga, quem primeiro se me deparou foi o ilustre filho da cidade de
Jacaré dos Homens, o inesquecível Jasson Souto, filho do Cel. Antônio Alves e
Olímpia Alves Souto.
Tornei-me
admirador e amigo desse adolescente cheio de qualidades e virtudes. Por isso
mesmo, vim a ter oportunidade de ouvir falar e até mesmo de conhecer vários dos
seus familiares.
Por
sinal, sempre vinha à tona em nossas conversas o nome de Zequinha, a quem
Jasson considerava um primo dedicado e irmão pela convivência familiar.
Nunca
o vi na minha infância, nem tampouco na minha mocidade. O ensejo para
conhece-lo se deu quando das lutas políticas em que se engajou seu filho Dr.
Segismundo. Aí, nesse estágio, era eu adulto por todas as ideias
político-partidárias. Militava em agremiação contrária àquela em que se
adestrou seu rebento esperançoso. Indo certa feita à ribeirinha cidade de Pão
de Açúcar, onde passou a residir o Cel. Zequinha Andrade, visitei-o em sua
loja.
Não
conversamos sobre política, desde quando éramos adversários. Tive a impressão
de estar diante de um homem frio de coração e espírito. Apresentava as
qualidades próprias de um burguês e comerciante, aliadas à segurança de ideias
e decisões.
Na cidade toda, o seu conhecimento era de um homem sério, sereno e seguro em todas as suas atividades. Concentrado em seu balcão e nas paredes do seu lar, olhava as dimensões da vida através das fronteiras do Nascente e do Poente do Rio da Unidade Nacional.
O que
soube é que gostava dos ares nobres da caatinga, do cheiro do curral e de ver
as reservas e invernadas para o seu gado vivido na extensão dos latifúndios
pessoais.
Não
fazia política nem convivia com os políticos. Tinha, porém, o capricho de não
assistir a uma derrota de seu candidato Segismundo.
Dizem
que costumava dizer: “Se for questão de despesa, isso não impedirá que meu
filho perca eleição.”
Com
essa atitude, se é que a adotava, nada mais fazia do que justiça a seu próprio
filho, em quem sempre encontrei a grandeza e elevação de um bom deputado.
Na
convivência de três Legislaturas, sempre tive oportunidade de aumentar a
amizade pessoal, apesar de sermos adversários em alguns pleitos com o honrado
deputado Segismundo Andrade. Para mim, era um dos udenistas mais compreensivos
e menos vaidosos.
Herdou
parte dessas virtudes da alma de seu grande pai e timoneiro. Ao morrer, o Cel.
Zequinha deixa uma família honra o sangue e a vida dos Andrades. Seus filhos e
netos terão na sua memória um modelo que dignifica.
Na
cidade de Pão de Açúcar, onde tantas tradições se encastelam pelo tempo, ficará
entre outras o nome tradicional do Cel. Zequinha Andrade.
Os
nobres vereadores daquela Cidade de Areia, para lhe reverenciar a memória,
deverão emprestar o nome do Cel. Zequinha Andrade a uma de suas artérias. Seria
o testemunho de resposta a um homem que soube conviver com seu tempo e soube
legar ao futuro as vocações maiores de seus filhos e netos.
Não
seria favor que o mesmo fizesse a Câmara de Vereadores da cidade de Jacaré dos
Homens, onde nasceu o Cel. Zequinha Andrade. A vida dos melhores deve
constituir motivo de exemplo para os que estão ficando no teatro das idades.”
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| Casa comercial do Sr. Zequinha Andrade em Pão de Açúcar. |
*** ***
O Sr. José Gonçalves de Andrade faleceu em Pão de Açúcar no
dia 18 de dezembro de 1975.
Seu nome também denomina o conjunto da COHAB, construído no
terreno onde outrora existiu o campo de futebol, ao pé do morro do Cavalete,
inaugurado em 1983 durante a gestão do prefeito Eraldo Lacet Cruz.[iii]
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NOTA:
Caro leitor,
Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA
E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes.
Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta
documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão,
solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer
trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo
também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é
correto e justo.
[i]
Luiz de Menezes Medeiros Neto, nasceu em Traipu-AL no dia 22 de novembro de
1914 e faleceu em Maceió no dia 9 de novembro de 1992. Filho de Isaac de
Medeiros Neto e Olímpia de Medeiros Neto. Deputado Federal nas Legislaturas
1946-50, 51-55, 55-59, 59-63, 63-67 e 67-71, cinco mandatos pelo PSD e um pela
ARENA.
[ii] Artigo
de fonte não identificada, obtida em arquivo da família.
[iii]
Diário de Pernambuco, 7 de março de 1983.




Uma bela homenagem ao não menos conterrâneo Zequinha Andrade. Interessante como os fatos políticos influenciam na vida das pessoas. Ontem, filhos do povoado Retiro (hoje Município de Palestina) eram paodeaçucarenses. Deixaram de ser os que na época ali se situavam? Zequinha nasceu em Jacaré quando ainda era Município de Pão de Açúcar.
ResponderExcluirObrigado, Berilo!!
ExcluirCaro Etevaldo, agradeço imensamente pela bela matéria sobre meu avô. O texto retratou com sensibilidade e fidelidade a história dele, não só a dele, mas há de diversas personalidades que seu bloq retrata sobre Pào de Açúcar, preservando na comunidade a memória e legado dos seus antecedentes. Em nome de toda a família, deixo meu sincero agradecimento pelo cuidado e respeito.
ResponderExcluirClimério Sarmento de Andrade
ResponderExcluirObrigado, Climério. Abraço!
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