quinta-feira, novembro 27

ESCOLAS E SEUS PATRONOS – U.M.E JOSÉ GONÇALVES DE ANDRADE

 

Por Etevaldo Amorim


A Unidade Municipal de Ensino José Gonçalves de Andrade, no povoado Machado.


A Unidade Municipal de Ensino do Povoado Machado foi criada por meio do Decreto nº 409, de 26 de fevereiro de 1971.


O prédio foi construído em 1980, durante a gestão do prefeito Eraldo Cruz. As inscrições gravadas na placa de inauguração sugerem que foi feita com recursos do Estado, durante o governo de Guilherme Palmeira, tendo como Secretário da Educação e Cultura, o prof. José Medeiros. Constam também os nomes do prefeito Eraldo Lacet Cruz e do Vice-Prefeito Jurandir Gomes.


Mais tarde, durante a segunda administração do prefeito Antônio Carlos Lima Rezende-Cacalo, a escola recebeu obras de ampliação, custeadas com recursos próprios (oriundos do Fundo de participação dos Municípios), inauguradas em 11 de novembro de 2006.


Funcionando nos turnos matutino, vespertino e noturno, com um corpo docente de 16 professores (as) e seus 223 alunos, sob a direção da professora Alba Nize do Nascimento Santos, a escola funciona com as Séries: Creche, Pré escolar I e II,1º ao 5º,6º ao9º e EJA. Etapas de Ensino/Modalidade/Integral: Educação Infantil, Ensino Fundamental   I e II, Educação Jovens e Adultos (EJA). (Fonte: Secretaria Municipal de Educação.)


 

Placa que registra a inauguração da escola em 1980.

Placa referente à ampliação do prédio em 2006.


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É patrono da escola o Sr. JOSÉ GONÇALVES DE ANDRADE, conhecido por Zequinha Andrade. Próspero comerciante, nasceu em Jacaré dos Homens, então pertencente ao município de Pão de Açúcar, no dia 1º de dezembro de 1887.


Filho de Leopoldo Gonçalves de Andrade e Antônia Clotildes Alves Souto, eram seus avós paternos: o Tenente-Coronel José Gonçalves de Andrade e Cândida Delfina do Coração de Jesus; e, maternos: José Francisco Capistrano Souto e Maria Francisca Alves Feitosa.


Do casamento com Maria Etelvina Dantas de Andrade, conhecida por “Branca” (filha de Manoel Vieira Dantas e Maria Nicácia Souza), tiveram os filhos: José Gonçalves Filho (Nozinho Andrade), Segismundo Gonçalves de Andrade, Etelvina Gonçalves de Andrade (casada com o Sr. Eraldo Lacet Cruz), Edith Gonçalves de Andrade, Eloi Gonçalves de Andrade, Massilon Gonçalves de Andrade e Zedith Gonçalves de Andrade.



O Sr. José Gonçalves de Andrade (Zequinha Andrade). Foto: acervo da família.


O Padre Medeiros Neto, sacerdote que foi também Deputado Federal por seis mandatos consecutivos[i], assim falou sobre


“O CEL. ZEQUINHA ANDRADE[ii]


PAJUÇARA. Este nome alcançou a acuidade auditiva da minha afoita meninice. Quando ingressei no Seminário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Assunção, lá do Alto do Jacutinga, quem primeiro se me deparou foi o ilustre filho da cidade de Jacaré dos Homens, o inesquecível Jasson Souto, filho do Cel. Antônio Alves e Olímpia Alves Souto.


Tornei-me admirador e amigo desse adolescente cheio de qualidades e virtudes. Por isso mesmo, vim a ter oportunidade de ouvir falar e até mesmo de conhecer vários dos seus familiares.


Por sinal, sempre vinha à tona em nossas conversas o nome de Zequinha, a quem Jasson considerava um primo dedicado e irmão pela convivência familiar.


Nunca o vi na minha infância, nem tampouco na minha mocidade. O ensejo para conhece-lo se deu quando das lutas políticas em que se engajou seu filho Dr. Segismundo. Aí, nesse estágio, era eu adulto por todas as ideias político-partidárias. Militava em agremiação contrária àquela em que se adestrou seu rebento esperançoso. Indo certa feita à ribeirinha cidade de Pão de Açúcar, onde passou a residir o Cel. Zequinha Andrade, visitei-o em sua loja.


Não conversamos sobre política, desde quando éramos adversários. Tive a impressão de estar diante de um homem frio de coração e espírito. Apresentava as qualidades próprias de um burguês e comerciante, aliadas à segurança de ideias e decisões.


Na cidade toda, o seu conhecimento era de um homem sério, sereno e seguro em todas as suas atividades. Concentrado em seu balcão e nas paredes do seu lar, olhava as dimensões da vida através das fronteiras do Nascente e do Poente do Rio da Unidade Nacional.


O que soube é que gostava dos ares nobres da caatinga, do cheiro do curral e de ver as reservas e invernadas para o seu gado vivido na extensão dos latifúndios pessoais.


Não fazia política nem convivia com os políticos. Tinha, porém, o capricho de não assistir a uma derrota de seu candidato Segismundo.


Dizem que costumava dizer: “Se for questão de despesa, isso não impedirá que meu filho perca eleição.”


Com essa atitude, se é que a adotava, nada mais fazia do que justiça a seu próprio filho, em quem sempre encontrei a grandeza e elevação de um bom deputado.


Na convivência de três Legislaturas, sempre tive oportunidade de aumentar a amizade pessoal, apesar de sermos adversários em alguns pleitos com o honrado deputado Segismundo Andrade. Para mim, era um dos udenistas mais compreensivos e menos vaidosos.


Herdou parte dessas virtudes da alma de seu grande pai e timoneiro. Ao morrer, o Cel. Zequinha deixa uma família honra o sangue e a vida dos Andrades. Seus filhos e netos terão na sua memória um modelo que dignifica.


Na cidade de Pão de Açúcar, onde tantas tradições se encastelam pelo tempo, ficará entre outras o nome tradicional do Cel. Zequinha Andrade.


Os nobres vereadores daquela Cidade de Areia, para lhe reverenciar a memória, deverão emprestar o nome do Cel. Zequinha Andrade a uma de suas artérias. Seria o testemunho de resposta a um homem que soube conviver com seu tempo e soube legar ao futuro as vocações maiores de seus filhos e netos.


Não seria favor que o mesmo fizesse a Câmara de Vereadores da cidade de Jacaré dos Homens, onde nasceu o Cel. Zequinha Andrade. A vida dos melhores deve constituir motivo de exemplo para os que estão ficando no teatro das idades.”



Casa comercial do Sr. Zequinha Andrade em Pão de Açúcar.


***   ***


O Sr. José Gonçalves de Andrade faleceu em Pão de Açúcar no dia 18 de dezembro de 1975.


Seu nome também denomina o conjunto da COHAB, construído no terreno onde outrora existiu o campo de futebol, ao pé do morro do Cavalete, inaugurado em 1983 durante a gestão do prefeito Eraldo Lacet Cruz.[iii]

___


NOTA:


Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.

 



[i] Luiz de Menezes Medeiros Neto, nasceu em Traipu-AL no dia 22 de novembro de 1914 e faleceu em Maceió no dia 9 de novembro de 1992. Filho de Isaac de Medeiros Neto e Olímpia de Medeiros Neto. Deputado Federal nas Legislaturas 1946-50, 51-55, 55-59, 59-63, 63-67 e 67-71, cinco mandatos pelo PSD e um pela ARENA.

[ii] Artigo de fonte não identificada, obtida em arquivo da família.

[iii] Diário de Pernambuco, 7 de março de 1983.

5 comentários:

  1. Uma bela homenagem ao não menos conterrâneo Zequinha Andrade. Interessante como os fatos políticos influenciam na vida das pessoas. Ontem, filhos do povoado Retiro (hoje Município de Palestina) eram paodeaçucarenses. Deixaram de ser os que na época ali se situavam? Zequinha nasceu em Jacaré quando ainda era Município de Pão de Açúcar.

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  2. Caro Etevaldo, agradeço imensamente pela bela matéria sobre meu avô. O texto retratou com sensibilidade e fidelidade a história dele, não só a dele, mas há de diversas personalidades que seu bloq retrata sobre Pào de Açúcar, preservando na comunidade a memória e legado dos seus antecedentes. Em nome de toda a família, deixo meu sincero agradecimento pelo cuidado e respeito.

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  3. Climério Sarmento de Andrade

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A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia