domingo, dezembro 14

A INAUGURAÇÃO DO SERVIÇO DE ALTO-FALANTES

 

Por Etevaldo Amorim


O Serviço de Alto-Falantes A VOZ DO MUNICÍPIO. Pão de Açúcar, 1942. Foto: João Lisboa

 

Durante a segunda gestão do prefeito Augusto Machado (18/06/1941 a 17/01/1947), a cidade de Pão de Açúcar passou a ser dotada de um serviço de alto-falantes, instalado na avenida Bráulio Cavalcante.


Segundo Aldemar de Mendonça, a inauguração se deu no dia 6 de fevereiro de 1942. Entretanto, reportagem do jornal Gazeta de Alagoas dá conta de que o ato aconteceu no dia 22 de fevereiro daquele ano, um domingo.


Em sua edição de 3 de março de 1942, o jornal publica notícia do seu correspondente em Pão de Açúcar, o tabelião Antônio de Freitas Machado:


“Ao ato de inauguração compareceram muitas autoridades e pessoal gradas, e na ocasião o ilustre prefeito, ao microfone, pronunciou as seguintes palavras:


Meus munícipes: Ocupando por breves instantes o microfone, com que a atual administração municipal procurou dotar, com o respectivo alto-falante, esta cidade, fazendo-o instalar em uma das suas principais vias públicas, dou-o como inaugurado neste momento.


Poderá parecer a alguns, quando não seja a muitos, estultícia da minha parte ter adquirido o aparelho ora em funcionamento. Tenho para mim, porém, (questão de ângulo de vista) haver, com esse passo dado, corrido ao encontro do desejo da maioria da população, sempre ávida em recrear o espírito, circunstância a que se não deve alhear os poderes públicos, nos dias que correm. 


Mas, não apenas essa será a missão do aparelho instalado. Servirá também e principalmente para a divulgação daqui ou d’alhures, de todos os programas cuja nota predominante possa concorrer para a educação cívica, cultural e artística do povo desta terra.


Que esse meu esforço seja bem compreendido, é o meu grande e único desejo.’

 

O próprio correspondente usou da palavra naquele momento, congratulando-se com o povo e com o laborioso prefeito Augusto Machado pelo grande serviço recém-inaugurado na cidade.


“O alto-falante A VOZ DO MUNICÍPIO veio realmente dar vida e alegria à nossa modesta, mas formosa cidade, e oxalá que outros municípios do interior compreendam o seu valor e imitem Pão de Açúcar neste surto de progresso, inteligência e valor artístico.”


E conclui dizendo:


“É um prazer observar-se a formidável concorrência de famílias locais, todas as noites, na formosa avenida, ávidas pelas palpitantes notícias do dia, e pelas músicas e cantos deliciosos que o rádio nos transmite.”


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NOTA:


Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.

2 comentários:

  1. Interessante informação. Na época, com certeza, foi de relevante utilidade pública

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  2. Foi um passo importante que a municipalidade deu no sentido de divulgar notícias do cotidiano da comuna Pão de Açucarense e outras ocorrências do município. O Pão de Açucarense sempre foi ávido por informações, por noticiários jornalísticos, teve também seus renomados órgãos de imprensa como o Jornal " A voz do Sertão ", entre tantos outros

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A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia