quarta-feira, dezembro 17

UM SONETO DE LAURO MARQUES

 

Por Etevaldo Amorim


O poeta Lauro Marques

 

Eis um belo poema de Lauro Marques. “Poeta primoroso”, no dizer de Aldemar de Mendonça, Lauro Marques de Albuquerque nasceu em Pão de Açúcar no dia 25 de julho de 1905, Filho de José Marques de Albuquerque e Maria Laura Soares Pinto (casada, Maria Laura Soares de Albuquerque, filha de Manoel Soares Pinto e Anna Maciel de Carvalho Pinto).


Foi também jornalista, escrevendo como para o Diário de Pernambuco, como correspondente em Pão de Açúcar.


Casado com Jacinta Sena Porto, faleceu em Eunápolis, Estado da Bahia. Usava os pseudônimos Décio Nestal, Nestal e João Vila Baixa. É Patrono da cadeira nº 1 da ALEPA – Academia de Letras de Pão de Açúcar.   Com diversos trabalhos, participou de Pão de Açúcar - Cem Anos de Poesia. Coletânea organizada por Etevaldo Amorim, em 1999.

 

FALANDO AOS TAMARINDEIROS

Lauro Marques

 

Dia virá, velhas árvores copadas,

em que os vossos galhos murcharão.

E as aves que hoje tendes nas ramadas,

dos vossos galhos secos fugirão.

 

E não mais ouvireis nas madrugadas

uma sonata, um hino, uma canção...

Ficareis nesse dia despovoadas,

presas ao tédio da recordação.

 

Sentireis estertores nas raízes,

e os gemidos tristonhos dos felizes

que se veem depressa abandonados.

 

Árvores velhas, o fado é impiedoso:

- Quem dá frutos e sombra, é desditoso

quando a sombra e os frutos são passados!

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Transcrito da Gazeta de Alagoas, 29 de agosto de 1936.

 

____

NOTA:

Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.

 

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A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia