Por Etevaldo Amorim
Setenta anos depois de ceder parte do seu
território para a formação do município de Piranhas, Pão de Açúcar volta a
perder parcela significativa de seus domínios. Dessa feita, para constituir o
Município de São José da Tapera, com área de 490,880 km².
Segundo as referências mais antigas, o importante
povoado era conhecido sob a denominação de São José. Já em meados do século XX,
galgou a condição de Distrito, criado sob o nome de São José da Tapera pela lei
nº 1.473, de 17 de setembro de 1949, subordinado ao município de Pão de Açúcar.
De um esboço histórico
encontrado no Site do IBGE, temos que a colonização de São José da Tapera foi
iniciada em 1900, na fazenda existente no local onde hoje situa a cidade. Era
uma propriedade agrícola pertencente à família Maciano. Próximo à fazenda,
residia Antônio Francisco Alves, conhecido como Antônio Massuá.
Anos depois, procedente
de Pão de Açúcar, chegou à região Afonso Soares Vieira, instalando ali uma casa
de comércio. Ao mesmo tempo, foi criada uma feira de grande aceitação pelos
moradores das localidades circunvizinhas. A iniciativa fez com que a presença
de agricultores de outros municípios conhecesse a fertilidade das terras
locais, incentivando-os a instalar propriedades no novo núcleo que ali se
formava.
Começaram então a proliferar casas de taipa (taperas) e, em seguida, foi construída uma capela dedicada a São José. Aproveitaram a existência das edificações simples, batizando o local com o nome de São José da Tapera.
Para a sua emancipação, que se deu obviamente por interesses políticos, destacou-se o esforço do cidadão Eloy Rodrigues Lima.
Eloy Rodrigues Lima. Foto cedida por José Cícero Correia. |
Eloy é filho de Manoel
Rodrigues Lima e Maria Victória de Jesus (casada, Maria Victória Lima). Nasceu
na Ilha do Ouro, município de Porto da Folha, Estado de Sergipe no dia 5 de novembro de 1905.[i]
Casou-se com Francina
Vieira Lima (06/06/1910-23/08/2006 - filha de Manoel Antônio Vieira e Amélia de
Souza Vieira) e foi morar em Tapera. Trabalhava justamente na loja de tecidos e
mercearia do senhor Afonso Soares Vieira, a que se refere o esboço histórico do
IBGE. Tornou-se o primeiro Prefeito do novo Município. Entretanto, veio a
falecer no dia 21 de julho de 1959.
Eloy Rodrigues Lima no Tiro de Guerra 656, em Pão de Açúcar. Foto: acervo Etevaldo Amorim. |
O então Distrito foi
elevado à categoria de Município com a denominação de São José da Tapera, pela
Lei Estadual nº 2.084, de 24 de dezembro de 1957, desmembrado de Pão de Açúcar,
sendo instalado em 1º de janeiro de 1959.
Em divisão territorial
datada de 1º de julho de 1960, o município é constituído do distrito sede,
assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.
Sobre a emancipação
política de São José da Tapera, há uma fotografia que, embora não se apresente
em boa definição, permite identificar a maioria das pessoas que dela fazem
parte, bem como evidenciar a importância do fato que ela representa.
A foto é um registro de
uma visita ao Vice-Governador, no Exercício do Cargo de Governador, o Dr.
Sizenando Nabuco[ii],
em “AGRADECIMENTO PELA EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE SÃO JOSÉ DA TAPERA.
A delegação era composta por pessoas da própria localidade e de Pão de Açúcar: Pedro Soares Vieira (seu Pedrito, de Pão de Açúcar), José de Oliveira Fontes, Antônio de Souza Barros, Lucilo J. Ribeiro, Eriberto O. Pereira, Giseldo Vieira Lima, Profªs Eulina Paiva Mazoni (de Pão de Açúcar), Creusa Vieira Lima, Ivanise Duarte (de Pão de Açúcr). LEI Nº 2.084, DE 24 DE DEZEMBRO DE 1957. Gov. Dr. Sizenando Nabuco, Deputado Teotônio Vilela, Dep. Augusto Machado e Plácido Alvim.
CHEGA A VEZ DE GUARIBAS
O povoado Guaribas, que
já fora alçado à condição de Distrito pela Lei Estadual nº 2.090, de 28 de
março de 1958, com terras desmembrado do Distrito de Jacaré dos Homens ganha
status de Município pela Lei Estadual nº 2.250, de 15 de junho de 1960,
confirmado pela lei estadual nº 2.909, de 17 de junho de 1958, desmembrado de
Pão de Açúcar, sendo instalado em 13 de agosto de 1960, com área de 86, 605
km².
Segundo o IBGE, em
divisão territorial datada de 31 de dezembro de 1963, o município é constituído
do distrito sede, assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.
Monteirópolis, vendo-se ao fundo a igreja de São Sebastião. Foto: IBGE. |
JACARÉ DOS HOMENS DEIXA
PÃO DE AÇÚCAR
No dia 9 de novembro de
1957 – O Distrito de Jacaré dos Homens, que, em 17 de setembro de 1949, foi
elevado à condição de vila por força da Lei 1.473, alcançou autonomia
administrativa através da Lei 2.073, sendo instalado oficialmente em 1° de
janeiro de 1959, desmembrado de Pão de Açúcar, com área de 187,521 km²,
aproximadamente, envolvendo o território do atual município de Palestina.
Segundo nos contava o
Dr. Francisco Araújo Dantas (Dr. Chico), por muitos anos Promotor de Justiça na
Comarca de Pão de Açúcar, numa Sessão em que se discutia o Projeto que propunha
a emancipação política de Jacaré dos Homens, estava na tribuna o Deputado
Estadual e ex-Prefeito Augusto de Freitas Machado. Dizia ele:
- O povo de Pão de
Açúcar não deseja essa emancipação; o povo de Pão de Açúcar prefere que Jacaré
dos Homens continue pertencendo ao nosso território; o povo de Pão de Açúcar...
etc. etc.
Pedindo um aparte, um
Deputado favorável às pretensões de Jacaré dos Homens, interpelou Augusto
Machado nos seguintes termos:
- Deputado, o Senhor
diz a todo momento que “o povo de Pão de Açúcar” diz isso e isso; “o povo de
Pão de Açúcar” quer isso e aquilo... O Senhor parece não ter vontade própria. O
Senhor mais parece um MENINO DE RECADO!!!!
Foi então que Augusto
Machado retrucou:
- Nobre Deputado, eu
quero lembrar que estou aqui como representante do povo de Pão de Açúcar.
Foi ele que me mandou para aqui. É por isso que eu, durante toda a minha
atividade política, não tenho sido outra coisa, senão MENINO DE RECADO DO POVO
DA MINHA TERRA!!!
O Deputado Augusto
Machado ainda apresentou, ao Supremo Tribunal Federal, uma arguição de
inconstitucionalidade da Lei 2.073. O Tribunal, porém, tendo como relator o
Ministro Lafayette de Andrada[iii],
rejeitou a impugnação, mantendo os efeitos da referida Lei estadual.
Jacaré dos Homens |
Agradecimentos a Mirian Vieira Lima, filha de Eloy Rodrigues Lima, pelas informações prestadas.
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NOTA:
Caro leitor,
Deste Blog, que tem
como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações
históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em
geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica.
Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em
qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas
fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências.
Isso é correto e justo. Tratamento de imagem: Vívia Amorim.
[i]
Era primo, por parte de mãe, do Sr. Agnelo Tavares Amorim, do Limoeiro (pai do
autor destas notas).
[ii]
Sizenando Nabuco de Melo (1906-1989). Vice-governador no exercício do cargo,
assumiu o Governo do Estado devido ao impedimento do governador Muniz Falcão,
decretado pela Assembleia Legislativa Estadual, de 15 de setembro de 1957 a 24
de janeiro de 1958, quando Muniz Falcão foi absolvido pelo Tribunal Misto de
desembargadores e deputados estaduais, reassumindo o governo.
[iii]
Antônio Carlos Lafayette de Andrada (Barbacena, 23 de março de 1900 — Rio de
Janeiro, 9 de dezembro de 1974). Era filho do embaixador José Bonifácio de
Andrada e Silva e da embaixatriz Corina Lafayette de Andrada. Pelo lado paterno
era neto do senador Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e pelo lado materno era
neto do conselheiro Lafayette Rodrigues Pereira. Era bisneto de José Bonifácio
de Andrada e Silva, o “Patriarca da Independência”. Fonte: Jornal do Commércio,
RJ, 16 de julho de 1959.
E assim nasceram mais vizinhos de nossa querida Pão de Açúcar. Melhor para todos, melhor para essas novas cidades, pois a concentração do Poder tb concentra riquezas
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