Por Etevaldo
Amorim
Jacaré dos Homens, antigo Distrito do município de Pão de Açúcar. |
Lá pelos idos de 1884, a denominação de Jacaré, importante povoação pertencente ao município de Pão de Açúcar, se alternava entre "Santo Antônio do Jacaré" e "Jacaré dos Homens".
O primeiro nome está relacionado ao seu padroeiro, Santo Antônio de Pádua, santo português nascido em Lisboa no ano de 1.195 e falecido em 1.231. O segundo, dizem que provém do caráter do seu povo. Os jacarezeiros (produtores e comerciantes), em suas transações na praça do Penedo, eram reconhecidos como "homens de palavra", fiéis aos seus compromissos. Assim, ao se referirem ao seu local de origem, os penedenses tratavam o lugar como Jacaré "DOS HOMENS".
Elevado à categoria de Vila por força da Lei 1.473, de 17 de setembro de 1949, o Distrito de Jacaré dos Homens (que antes fazia parte do Distrito de Limoeiro) alcançou autonomia administrativa através da Lei 2.073, de 9 de novembro de 1957, sendo instalado oficialmente como município em 1° de janeiro de 1959, desmembrado do território de Pão de Açúcar.
Sua vocação para a produção agropecuária, afirmando-se como grande produtor de leite e seus derivados, foi-se consolidando a ponto de surgirem as primeiras reivindicações de melhoramentos por parte do Poder Público, culminando com sua independência político-administrativa. Exemplo disso é uma nota publicada no jornal Diário da Manhã, do Recife, transcrevendo o Jornal de Alagoas, em 21 de julho de 1934, intitulada
UM APELO DO SR. OSWALDO
SOUTO.[i]
“No município de Pão de Açúcar, a 7 léguas das águas do São Francisco, Jacaré dos Homens é uma localidade atraente pela sua posição e habitada por um povo hospitaleiro e trabalhador, resistente às intempéries.
Terra,
pelas invernias, fecunda e rica, com as possibilidades de tudo produzir, Jacaré
dos Homens tem em suas lavouras de algodão e cereais, em seus negócios de peles
e couros, em seu criatório e em sua desenvolvida e largamente conhecida
indústria de queijos, a base de sua intensa prosperidade. Ali a audácia do
homem é um desafio à natureza. Sobram-lhe vigor de saúde e a fortaleza de ânimo
para a terrível luta pela vida, sem arredar o pé do seu torrão. Descendentes
dos antigos Trapiazeiros, a gente dali herdou-lhe a inteireza do caráter e a
bravura pessoal que a faz respeitada.
Está,
pois, a merecer as vistas do governo este trecho sertanejo a que eu, também
sertanejo, dedico uma admiração sincera.
É
agora o momento de ser proporcionado a essa localidade o maior serviço que se
lhe poderá prestar: um açude.
O
eminente Dr. Osman Loureiro, que vem se interessando pela açudagem no Estado,
poderá agir com a sua força de governo no sentido de obter do Ministério da
Viação, como obteve para a fazenda Coruripe, em Palmeira dos Índios, um açude
para Jacaré dos Homens, e, se o fizesse, o povo daquela terra não deixaria em
olvido o seu nome e a sua benemerência.
Eu
olho com admiração aquela terra. E como a desejo grande e forte, deixo nestas
linhas, em nome de todos que lá vivem, esse apelo ao chefe do Governo de
Alagoas, tudo empenhando para que Jacaré dos Homens seja altiva e rica com a
força de seus próprios recursos.”
Não se sabe se por consequência direta desse apelo do Sr. Oswaldo, mas fato é que, em 1936, já tramitava na Assembleia
Legislativa, o Projeto de Lei nº 87, que “Autoriza o governador a mandar
construir um açude em Jacaré dos Homens...”[ii].
[i]
OSWALDO SOUTO DA ROCHA. Filho de Izidoro
Jerônimo da Rocha (que dá nome ao município de Major Izidoro) e de Maria Umbelina de
Mello Souto (segundo casamento, filha de Manoel Lourenço de Mello Souto e de
Antônia Rodrigues da Conceição). Nasceu em Santana do Ipanema-AL, no dia 21 de
setembro de 1905. Casado com Josefa Moura da Rocha.
Era funcionário do IPASE -
Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado.
Em 1934, foi nomeado para
Agente e Correspondente do jornal carioca Diário de Notícias, do Rio de
Janeiro, 12/10/1934.
Em janeiro de 1948, foi eleito vereador em Maceió pelo
Partido Republicano.
Obras de suma importância, a construção de açudes em vários municípios de nosso Estado foi um dos grandes acertos do Poder Público. Pena que a décadas essa necessidade básica de armazenagem e controle de águas deixou de ser realizada.
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