sexta-feira, 18 de junho de 2010
MORRE JOSÉ SARAMAGO
Faleceu hoje, às 12:30 h, na sua residência de Lanzarote [Ilhas Canárias, Espanha], aos 87 anos de idade, o escritor José Saramago.
Autor de “O Evangelho segundo Jesus Cristo", "A Caverna" e "Ensaio sobre a Cegueira" que foi adaptado para o cinema em 2008 em uma produção Hollywood pelo diretor Fernando Meireles, era crítico, jornalista, dramaturgo, colunista e poeta. Sua última publicação, lançada em 2009, foi "Caim" que conta sobre um acordo do personagem do novo testamento com Deus.
José Saramago nasceu em 1922, em Azinhaga, Portugal. Teve uma vida simples passada em sua grande parte em Lisboa, para onde sua família se mudou em 1934. Foi impedido de cursar a universidade e para se manter, trabalhou como serralheiro. Fascinado por livros à noite visitava a Biblioteca Municipal Central para ler.
Aos 25 anos, em 1947, autodidata, publicou seu primeiro romance "Terra do Pecado". Também em 1947 nasce sua filha, Violante, fruto de seu primeiro casamento com Ilda Reis. Em 1988 casou-se com sua atual esposa, María del Pilas del Río Sanchez. Em 1975, Saramago é contratado como diretor adjunto do Diário de Notícias, onde permaneceu por dez meses. Após sua demissão decidiu dedicar-se exclusivamente a literatura.
Em 1995, foi condecorado com o prêmio máximo da lingua portuguesa, Prêmio Camões. Já em 1998, na cidade de Estocomo na Suécia, foi galardoado com o Prêmio Nobel de Literatura, sob à citação: "Com parábolas portadoras de imaginação, compaixão e ironia torna constantemente compreensível uma realidade fugidia".
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Eu fui. Mas o que fui já me não lembra:
Mil camadas de pó disfarçam, véus,
Estes quarenta rostos desiguais.
Tão marcados de tempo e macaréus.
Eu sou. Mas o que sou tão pouco é:
Rã fugida do charco, que saltou,
E no salto que deu, quanto podia,
O ar dum outro mundo a rebentou.
Falta ver, se é que falta, o que serei:
Um rosto recomposto antes do fim,
Um canto de batráquio, mesmo rouco,
Uma vida que corra assim-assim.
Passado, Presente, Futuro, poema de José Saramago, in "Os Poemas Possíveis" in CITADOR
A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR
PÃO DE AÇÚCAR
Marcus Vinícius*
Meu mundo bom
De mandacarus
E Xique-xiques;
Minha distante carícia
Onde o São Francisco
Provoca sempre
Uma mensagem de saudade.
Jaciobá,
De Manoel Rego, a exponência;
De Bráulio Cavalcante, o mártir;
De Nezinho (o Cego), a música.
Jaciobá,
Da poesia romântica
De Vinícius Ligianus;
Da parnasiana de Bem Gum.
Jaciobá,
Das regências dos maestros
Abílio e Nozinho.
Pão de Açúcar,
Vejo o exagero do violão
De Adail Simas;
Vejo acordes tão belos
De Paulo Alves e Zequinha.
O cavaquinho harmonioso
De João de Santa,
Que beleza!
O pandeiro inquieto
De Zé Negão
Naquele rítmo de extasiar;
Saudade infinita
De Agobar Feitosa
(não é bom lembrar...)
Pão de Açúcar
Dos emigrantes
Roberto Alvim,
Eraldo Lacet,
Zé Amaral...
Verdadeiros jaciobenses.
E mais:
As peixadas de Evenus Luz,
Aquele que tem a “estrela”
Sem conhecê-la.
Pão de Açúcar
Dos que saíram:
Zaluar Santana,
Américo Castro,
Darras Nóia,
Manoel Passinha.
Pão de Açúcar
Dos que ficaram:
Luizinho Machado
(a educação personificada)
E João Lisboa
(do Cristo Redentor)
A grandiosa jóia.
Pão de Açúcar,
Meu mundo distante
De Cáctus
E águas santas.
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Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)
(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937
(+) Maceió (AL), 07.05.1976
Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.
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PÃO DE AÇÚCAR
Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.
Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.
Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,
O pó que o vendaval deixou no chão cair.
Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste
O teu profundo sono num divino sorrir.
Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,
Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.
Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.
Teus jardins se parecem com vastos cemitérios
Por onde as brisas passam em brando sussurrar.
Aqui e ali tu tens um alto campanário,
Que dá maior relevo ao pálido cenário
Do teu calmo dormir em noite de luar.
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Ben Gum, pseudônimo de José Mendes
Guimarães - Zequinha Guimarães.