terça-feira, agosto 26

O CEMITÉRIO VELHO DE PÃO DE AÇÚCAR

 

Por Etevaldo Amorim


A referência mais antiga ao cemitério de Pão de Açúcar talvez se tenha verificado quando da visita do Imperador Pedro II, em 1859. Um viajante[i] que integrava a comitiva observou: “O cemitério é pequeno e cercado de pedras”. Não mencionou, contudo, o local; embora já se tivesse reservado, em terreno doado pelo Major Manoel Caetano de Aguiar Brandão[ii].


O cemitério São Francisco de Assis. Foto: acervo de Aldemar de Mendonça, gentilmente cedida por Lygia Mendonça.


Nas próximas décadas daquele século, já se tinha notícias de que a construção de um cemitério na “florescente Villa” entrara na pauta de suas principais reivindicações. Exemplo disso é a carta de um correspondente do Jornal do Penedo, que assina pelo nome de “Emílio”, na edição de 16 de março de 1876:


Próxima está a reunião da Assembleia Provincial desta Província. Por mais de uma vez se tem apontado as necessidades mais vitais deste município, sem proveito algum. Nesse empenho se tem esforçado o jornal desta Vila[iii] e alguns correspondentes. Mas não seja isso razão para que eu guarde silêncio. Cumprirei meu dever, embora clame no deserto. Infelizmente estamos com uma crise no tesouro provincial desta Província, a ponto de andarem os pobres empregados provinciais (de fora da Capital) tocando leques com bandurra[iv]. Todavia, não será grande sacrifício um auxílio para a conclusão da nossa matriz, único templo que possuímos e este em estado de desabar agora com a invernada. Também precisamos de um auxílio para a construção de um cemitério, a fim de que se vedem os enterramentos dentro da Matriz.


Para o cemitério já existe em mão de um particular uma certa quantia de um benefício dramático, e bem assim uma quantia superior a 700$000, de donativos do Imperador e de particulares – na mão do Sr. André Avelino[v] e Capitão Maia.”


Quase um ano depois, outro missivista do mesmo Jornal, em carta de 29 de janeiro de 1877, que a subscreve com o nome de “O Católico”, diz:


Ontem foi marcado o lugar do cemitério e deu-se princípio ao carregamento de pedras e à escavação dos alicerces. ... Cabe aqui consignar um voto de louvor aos habitantes da freguesia, a começar pelo Reverendíssimo Vigário... O valioso concurso de todos ao mesmo tempo e para o mesmo fim, satisfazendo os benéficos empenhos do Reverendo Capuchinho, faz que ele prossiga com aquela boa vontade de quem, a cargo de uma missão elevada e espinhosa, e cônscio do bem que promove a religião e a humanidade, sacrifica todos os seus cômodos no altar da religião de que é digno Ministro. Tal é o que podemos dizer do ilustre missionário Feri Cassiano, que está entre nós.”


Em Carta de 2 de março de 1877, o mesmo correspondente anuncia:


Sobre a barra que se acha de permeio entre a Vila e o cemitério, construiu-se uma ligeira ponte de madeira, por onde passam fácil e sem inconvenientes povo e animais.”


Referida por Aldemar de Mendonça em seu Pão de Açúcar-História e Efemérides, essa ponte foi construída por Frei Cassiano de Comacchio. Edificada sobre a barra da Lagoa da Porta, era também conhecida por “ponte de Maria Zuína”, por ser a lagoa propriedade de Maria Jesuína de Mello Pinto.


Já o historiador Moreno Brandão, pão-de-açucarense nascido em Entremontes, no seu artigo Corografia de Alagoas – Pão de Açúcar[vi], assim se refere:


Seguindo sempre para Oeste, encontra-se, posta sobre a barra da Lagoa da Porta, uma ponte que foi erigida em 1877, sob o benigno influxo do mesmo religioso Frei Cassiano de Camacchio[vii]. Além da ponte, para os lados do Noroeste, num vale soturno e umbroso, fica o cemitério público, para o qual a munificência do Imperador, quando esteve em Pão de Açúcar em 1859, deixou a quantia de 700$.000.


Há, entretanto, controvérsia quanto à exata quantia deixada pelo Imperador. Relatos da viagem dão conta de que foram 600$000 (seiscentos mil réis) mandados “entregar aos pobres”.


Segundo Relatório do Dr. José Bento da Cunha Figueiredo Junior, Presidente da Província, em 1868, restavam ainda 200$000 (Duzentos Mil Réis) em mãos de um cidadão local, reservados para obras de melhoria no cemitério. Essa quantia, acrescida de 100$000 réis, doados em 1859 pelo Ministro do Império, Conselheiro João de Almeida Pereira Filho[viii], que compunha a comitiva imperial, além de 400$000 (Quatrocentos Mil Réis) agenciados entre pessoas da comunidade, estavam destinados para “aplicação no mesmo fim”. “No entanto – diz ainda o Relatório – nada ainda se iniciou para se levar a efeito uma das obras de primeira necessidade e interesse público daquele município.”


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Na Sexta-feira Santa do ano de 1877, que caiu no dia 30 de março, fez-se enorme procissão, que contou com mais de quatro mil pessoas, conduzindo a cruz que foi colocada no cemitério, tendo Frei Cassiano concedido a sua bênção.


No dia 4 de abril o mesmo religioso proferiu a bênção do cemitério, cuja cerimônia contou com a presença de grande número de fiéis.


Sob o tema sic transit gloria mundi (assim passa a glória do mundo), diz o correspondente, “o ilustrado capuchinho pronunciou um memorável discurso no qual, depois de pintar com vivas cores o respeito que os merece a morada dos que transpuseram os vestíbulos da eternidade, nos advertiu de que, se o corpo pertence à terra, a alma pertence ao Criador, para quem havemos voltar, reunidos ao corpo no dia final.”


Tendo que retornar ao Recife, e depois de muitos meses em Pão de Açúcar, Frei Cassiano embarcou no dia seguinte no vapor Jequitaia, deixando as obras do cemitério muito adiantadas, estando todo fechado com muros de 8 a 9 palmos de altura e assentada a grade do portão[ix].[x]


Após a partida de Frei Cassiano, as obras da matriz e do cemitério ficaram a cargo do Sr. João Alves Feitosa Franco Filho[xi], coadjuvado pelo vigário Pe. Antônio José Soares de Mendonça e pelo Sr. Joaquim Bernardes de Souza.


Procedente da Província de Bolonha, Itália, Frei Cassiano chegou ao Recife em abril de 1872 e ali faleceu,em 1897. Mais que um pastor, foi um "tocador de obras". Em Alagoas há inúmeras obras com a marca da sua determinação.


Frei Cassiano de Comacchio


Por fim, em longa carta de 6 de novembro de 1877, o correspondente Aristarcho informa que “há poucos dias foi concluído o frontispício e caiamento do cemitério desta cidade, sob a administração do Sr. João Alves Feitosa Franco Filho. Está feito em diversas e perfeitas pirâmides e em estilo bonito. Serviços com os que o Sr. Alves tem prestado nas obras pias desta cidade, tornam-se dignos de encômios. “

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Durante a gestão do prefeito Elísio Maia (1983-1988), foi construído um novo cemitério, anexo ao antigo, em moldes modernos e de grande extensão. Conserva-se, entretanto, a velha necrópole, repositório de memória dos pão-de-açucarenses e símbolo do esforço e da determinação dos nossos antepassados.

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Ofereço este breve histórico do cemitério São Francisco de Assis ao amigo Roberto Menezes de Moraes. Livreiro, genealogista e Sócio-Titular do Colégio Brasileiro de Genealogia, Roberto é descendente da nossa tradicional família MORAES (de Emílio José de Moraes e seu filho, o reverendo Odilon Moraes, que figuram entre os fundadores da Igreja Presbiteriana em Pão de Açúcar). Os Moraes constituíram laços com as famílias Ribeiro e Damasceno, cujos membros ainda se acham presentes na sociedade pão-de-açucarense.

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NOTA


Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.



[i] Trata-se de Bernardo Xavier Pinto de Souza, português naturalizado, proprietário da Tipografia e Livraria B. X. Pinto de Souza, que se identificava com as iniciais “P. de S.”.

[ii] Natural de Mata Grande. Faleceu em Pão de Açúcar, aos 72 anos de idade, no dia 11 de janeiro de 1890. Teria nascido em 1818. Era tio de Moreno Brandão por parte de pai e avô por parte de mãe. É que o pai de Moreno Brandão (Dr. Félix Moreno Brandão) se casou com a sobrinha Maria de Aguiar Moreno Brandão.

[iii] Refere-se ao Jornal do Pão d’Assucar, fundado por José Venustiniano Cavalcante, pai de Bráulio Cavalcante.

[iv] Instrumento espanhol de seis parelhas de cordas, tocado com plectro.

[v] André Avelino da Costa Nunes (1924-1894), pai do Cel. Manoel Afro da Costa Nunes, que foi Intendente.

[vi] Extraído da Coluna Estudos e Opiniões, Diário de Pernambuco, 3 de outubro de 1920, p. 2. Francisco Henrique Moreno Brandão nasceu em Pão de açúcar, a 14/09/1875 e faleceu em Maceió, a 27/08/1938.

[vii] Procedente da Província de Bolonha, Itália, chegou ao Recife em abril de 1872, onde faleceu em 1897.

[viii] Nomeado por Carta Imperial de 17 de setembro de 1859. Foi Deputado Geral e Presidente da Província do Rio de Janeiro. Filho do comendador João de Almeida Pereira e Ana Luzia de Aguiar, nasceu em Campos dos Goitacazes em 9 de junho de 1826 e faleceu no Rio de Janeiro em 2 de julho de 1883.

[ix] Do correspondente O Católico, Jornal do Penedo, 20 de abril de 1877.

[x] (do correspondente que se apresenta com o nome de Aristarcho, publicado na edição de 13 de abril de 1877).

[xi] João Alves Feitosa Franco Filho, casado com Maria Custódia de Carvalho Pitombo.

sábado, agosto 23

UMBRARUM TERRORES



Meia noite! Nos bronzes: Meia noite!

E medroso caminho pela rua...

- Por mais – diz um fantasma, que se afoite

Esse pobre mortal treme, recua!...

 

E o vento rijo, demorado açoite,

Passa ganindo na ironia sua...

Meia noite! Nos bronzes: Meia noite!

E o meu passo medroso continua...

 

Trêmulo, encontro os Mausoléus do Medo...

Vejo avenidas lúridas e místicas,

Como quem viaja dentro de um Segredo...

 

E pesa-me sombria, pelos ombros,

Em danças macabras, Cabalísticas,

Fera Legião de Lôbregos Assombros! ...

 

(Bráulio Cavalcante, 1909[i])

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Publicado no jornal O MONITOR, Penedo, 24 de maio de 1909.

 

NOTA

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[i] Bráulio Guatimozim Cavalcante. Filho do Capitão José Venustiniano Cavalcante e de D. Maria Olympia. Nasceu em Pão de Açúcar-AL, no dia 14 de março de 1887, na casa nº 23 da rua da Matriz (hoje Avenida Bráulio Cavalcante, nº 209). Faleceu em 10 de março de 1912, na Praça dos Martírios, em Maceió, de um ferimento penetrante na linha axilar posterior direita, no quarto intercostal, recebido quando realizava um comício em prol das candidaturas do Cel. Clodoaldo da Fonseca e do Dr. Fernandes Lima.

 




quinta-feira, agosto 14

O CONDE D’EU EM PÃO DE AÇÚCAR

 

Por Etevaldo Amorim


Ao longo do segundo semestre de 1889, Gastão de Orleans, o Conde d’Eu[i], visitou as províncias do antigo Norte do Império do Brasil (atualmente Norte e Nordeste), como uma estratégia de reatar os vínculos políticos com as autoridades regionais[ii], e dar sobrevida ao Regime Monárquico.


Partindo do Rio de Janeiro no dia 12 de junho, a bordo do paquete nacional Alagoas, o genro do Imperador tencionava visitar as províncias da Bahia, Pará, Amazonas, Ceará, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Foi uma viagem difícil e cheia de atribulações. Basta dizer que, no mesmo vapor, viajava um dos maiores propagandistas da causa republicana, o Dr. Silva Jardim[iii]. Os dois se confrontaram em Salvador e no Recife.


O Conde D'Eu, ao centro, a bordo do vapor Paumery em viagem entre Manaus e Tabatinga, 1889. O Barão de Corumbá à esquerda. Foto: Barbosa Rodrigues. Fonte: COLEÇÃO PRINCESA ISABEL - Fotografia do Século XIX, Pedro e Bia Corrêa do Lago.


Na viagem de regresso à Corte, a bordo do vapor Una, desembarcou ele em Maceió no dia 20 de agosto, indo direto para a Estação Ferroviária de onde seguiu até o km 35, no local denominado Lourenço de Albuquerque (município de Rio Largo) para inaugurar o ramal à vila de Assembleia (atual Viçosa) da Ferrovia Maceió-Imperatriz (atual União dos Palmares).[iv]


Às 11 horas da noite embarcou com destino a Penedo, onde chegou no dia 21 para uma incursão até a Cachoeira de Paulo Afonso.


No dia seguinte, depois de visitar a cidade e assistir a uma missa, embarcou novamente no Maceió[v] com destino a Piranhas, de onde subiria até as cachoeiras. A seu lado, o ajudante de ordens Barão de Corumbá - João Mendes Salgado.[vi]


Alguns órgãos da imprensa da época veicularam notícias de que o visitante fora recebido com grande entusiasmo pelos políticos e pelo povo em geral. Mas consta que o Conde foi recebido com extrema frieza. Um jornal local de oposição assim descreveu:


Em Pão de Açúcar, central cidade da província das Alagoas, o Sr. Gaston d’Orleans teve uma recepção muitíssimo fria. Na véspera de sua chegada escreveram pelas travessas proclamações republicanas, e ao saltar, um conceituado negociante do lugar levantou uma lindíssima bandeira com o dizer:


- Pavilhão Federal.


O viajante visitou a Casa da Câmara, não se apresentando para recebê-lo um só vereador.” (CONDE..., 1889, p. 3).


Já Aldemar de Mendonça, em seu livro Monografia de Pão de Açúcar, transcreve nota do jornal “O Trabalho”, datado de 24 de agosto de 1889:


“Como era esperado, ontem à tarde, chegou a esta cidade S. Alteza o Conde D’Eu, que foi recebido por uma comissão nomeada pelo Presidente da Província, autoridades judiciárias e policiais, Pároco da Freguesia e Guarda Municipal, e outras pessoas gradas, sendo assim acompanhado com jubilosa manifestação, á casa do Juiz de Direito da Comarca, onde foi bem hospedado. Sua Alteza seguirá, agora pela manhã, com destino à Cachoeira de Paulo Afonso, devendo regressar nestes 3 ou 4 dias.”


E o respeitável historiador pão-de-açucarense ainda acrescenta:


“Sabemos, por tradição, que quando o ilustre visitante percorria as ruas desta cidade, teve de passar por perto de um quiosque instalado na rua do meio, (Avenida Bráulio Cavalcante) pertencente ao Sr. Manoel Rego, republicano exaltado. Já bem próximo do referido quiosque, impulsivo como era Manoel Rego, gritou bem alto: “Viva a República” e o Conde perguntou a alguém daqui quem era aquele entusiasta, tendo sido informado que se tratava de um cidadão correto, portador de qualidades exemplares, porém intransigente na defesa dos seus ideais. ”


Na preciosa obra Esboço Histórico e Geográfico do Baixo São Francisco, Antônio Xavier de Assis, o primeiro pão-de-açucarense a governar Aracaju, mencionou:


"Em 1889, quando o Conde D'Eu visitou o Baixo São Francisco, Pão de Açúcar foi a única localidade que levantou bandeira vermelha na sede do seu Club, fato que impressionou mal o genro de D. Pedro II. Penedo fez o mesmo, mas em uma ponte de desembarque."


A "bandeira vermelha", embora não fosse o pavilhão oficial da campanha republicana, era utilizada para representar a luta pela igualdade e justiça social. 


Conclui-se, então, que Pão de Açúcar possuía o seu Clube Republicano, a exemplo do Clube Republicano do Rio de Janeiro,  fundado em 3 de Dezembro 1870 através do manifesto republicano. Este clube foi fundado e presidido por Quintino Bocaiuva e Joaquim Saldanha Marinho em protesto contra a monarquia e seu centralismo, e propunha a instalação de uma república federativa, em um modelo inspirado nos Estados Unidos. Poucos meses após sua criação vários clubes semelhantes se espalharam pelo resto do país.


Pois bem, o Conde regressou à Corte esperando ter alcançado grande êxito no seu intento. E os acontecimentos foram se sucedendo, até o 15 de novembro, com o movimento de militares que derrubou o Gabinete do Visconde de Ouro Preto[vii], culminando com a implantação do regime republicano.


“Após o dia 15 de novembro de 1889 – diz ainda Aldemar de Mendonça - deviam todos os lugarejos, por pequenos que fossem, comemorar a magna data da implantação do novo regime, com festejos condizentes com a Proclamação da República. Os maiorais da terra, entretanto, abstinham-se de fazê-lo. O escrúpulo em “mudar de casa”, tão comum, hoje, entre os políticos... a compaixão, talvez, pela expatriação do velho monarca que era tão generoso... .


Fossem quais fossem as razões, foi necessário que surgisse aquela mocinha espicaçando o brio daqueles homens, prontificando-se a ser oradora das solenidades que se deviam promover, em homenagem à Proclamação da República. Essa mocinha era D. Laura Marques de Albuquerque[viii], falecida há poucos anos na cidade de Penedo.”

O Capitão Manoel Rego. Foto: acervo Juracy Rego de Oliveira.


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Agora vejam esse telegrama publicado no Jornal do Penedo, edição de 23 de novembro de 1889:


“ESTAÇÃO DO PENEDO, 21 DE NOVEMBRO DE 1889.


Do Rio. O Governo dos Estados Unidos da América do Norte pôs à disposição da República Brasileira todas suas tropas, todo seu erário e sua força, caso nações europeias não reconheçam oficialmente nova forma Governo, ainda mais: caso Inglaterra exija pagamento dívida Brasil, será esta paga em 23 horas pelos cofres dos Estados Unidos.

Peço publicação todas Gazetas.

Viva a República dos Estados Unidos da América do Norte!!!!

Bellarmino Augusto Athayde – Comandante Força[ix]. ”

 

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NOTA

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[i] Luís Filipe Maria Fernando Gastão, conde d'Eu (Louis Philippe Marie Ferdinand Gaston; Neuilly-sur-Seine, 28 de abril de 1842 — Oceano Atlântico, 28 de agosto de 1922), foi um nobre francês, tendo sido conde d'Eu. Gastão era neto do rei Luís Filipe I de França, tendo renunciado aos seus direitos à linha de sucessão ao trono francês em 1864, quando do seu casamento. Tornou-se príncipe imperial consorte do Brasil por seu casamento com a última princesa imperial de facto, D. Isabel Cristina Leopoldina de Bragança, filha do último imperador do Brasil, Dom Pedro II. Faleceu quando voltava ao Brasil para celebrar o centenário da independência brasileira do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, em 1922.

[ii] SANTOS, Magno Francisco de Jesus. UM PASSEIO EM DIAS DE TORMENTAS: A VIAGEM DO CONDE D’EU ÀS PROVÍNCIAS DO ANTIGO NORTE DO BRASIL. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 2016. Disponível em https://www.scielo.br/pdf/his/v36/0101-9074-his-36-e6.pdf. Acesso em: 20 de julho de 2020.

[iii] Antônio da Silva Jardim (Capivari, 18 de agosto de 1860 — Nápoles, 1 de julho de 1891) foi um advogado, jornalista e ativista político brasileiro, formado na Faculdade de Direito de São Paulo. Em 1º de julho de 1891, fez uma viagem de turismo à Itália, na companhia de Joaquim Carneiro de Mendonça. Em Nápoles, visitava o vulcão Vesúvio quando escorregou e caiu em uma de suas bocas, desaparecendo.

[iv] Fonte: Orbe, Maceió, 21 de agosto de 1889.

[v] Fonte: Jornal do Penedo, 24 de agosto de 1889.

[vi] Almirante João Mendes Salgado, era filho de João Mendes Salgado e de Dona Sabina Joaquina da Fonseca. Nasceu no Rio de Janeiro, em 3 de março de 1832 e ali faleceu no dia 30 de julho de 1894.

[vii] Gabinete Ouro Preto foi o ministério formado pelo Partido Liberal em 7 de junho de 1889 e dissolvido em 15 de novembro do mesmo ano. Foi chefiado por Afonso Celso de Assis Figueiredo, Visconde de Ouro Preto, sendo o 32º e último gabinete do Império do Brasil após o estabelecimento do Decreto n. º 523 de 1847, interrompido pela Proclamação da República. Foi antecedido pelo Gabinete João Alfredo e sucedido pelo Governo Deodoro da Fonseca.

[viii] Laura Marques de Albuquerque (solteira, Laura Soares de Albuquerque), casada com José Marques de Albuquerque e mãe do poeta Lauro Marques de Albuquerque.

[ix] Bellarmino Augusto Athayde. Natural da Paraíba, nascido em 15 de abril de 1850, era flho de José Francisco de Athayde e Mello e Anna Francisca Martins Botelho. Já como Major reformado do Exército, faleceu em Olinda-PE no dia 23 de outubro de 1914. Fonte: A Província, 24 de outubro de 1914.

sexta-feira, agosto 8

PERSONALIDADES PÃO-DE-AÇUCARENSES - ACHILLES BALBINO DE LELES MELLO

 

Por Etevaldo Amorim

O major Achilles Balbino de Leles Mello


Embora não seja pão-de-açucarense nato, o Major Achilles Mello pode ser considerado uma personalidade marcante na “Terra de Jaciobá”.


Com o nome de Achilles Balbino de Leles Mello, ele nasceu em Traipu, então Província das Alagoas, por volta de 1849. Era filho do Capitão Benedicto Soares de Freitas Mello e de Maria Angélica dos Prazeres.[i] Mas foi em Pão de Açúcar que ele, já um próspero fazendeiro, passou a residir após o casamento, em 1870, com a Srtª Maria Idalina de Souza Mello (filha de Antônio Bernardes de Souza e Izabel Bernardes de Souza). Com ela teve uma filha, Maria Oliva de Souza Mello. Ela faleceu ainda muito jovem, com 34 anos de idade, em 26 de abril de 1876.


O Jornal do Penedo, na edição de 5 de maio de 1876, registra o seu falecimento e acrescenta:


Modelo de virtudes, a morte arrebatou-a ainda na flor da idade, após cruéis sofrimentos. Era um anjo de bondade, que não cabia na terra e Deus chamou-a para si: ela era mesmo do céu.


Deixou um esposo inconsolável e uma filhinha em tenra idade, que não sabe ainda aquilatar a enorme perda que sofreu.


Nossos sentidos pêsames ao nosso amigo, a quem aconselhamos paciência e resignação em tão dolorosa provação.”


Em 7 de setembro de 1878, casou-se com a Srª Josephina Soares Pinto de Mello (filha de Serafim Soares Pinto e Josefina Carolina Soares Pinto), pertencente a uma das mais tradicionais famílias alagoanas.

 

Fundou os jornais O PAULO AFFONSO (em 27 de outubro de 1878), O TRABALHO (em 4 de junho de 1882 juntamente com Mileto Rego) e A PALAVRA (em 13 de junho de 1889).


Em 1888, ele fundou uma biblioteca em Pão de Açúcar, a “Biblioteca d’O Trabalho”, conforme notícia divulgada no Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro, em 16 de outubro daquele ano, registrando ainda que ele solicitava a coleção da Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.


Passando a residir em Penedo, transferiu para lá esses dois últimos periódicos, vindo depois a fundar também o hebdomadário católico “A Fé Cristã”, jornais esses que tiveram vida duradoura e gloriosa.


Ingressando na política, como membro do Partido Republicano, quando à frente do Governo alagoano o Barão de Traipu, foi Vereador na Câmara Municipal de Pão de Açúcar, Juiz Substituto e, depois, por quatro Legislaturas seguidas (1899-1900; 1903-1906; 1907-08 e 1909-10), Deputado à Assembleia Legislativa do Estado, onde atuou de modo exemplar, tendo sido autor de vários Projetos de Lei, muitos dos quais vieram a fazer parte da legislação Estadual.


Foi ainda Provedor do Hospital de Caridade do Penedo, cargo para o qual foi nomeado pelo Governador do Estado em 1906.[ii]


O major Achilles Mello faleceu no dia 9 de julho de 1930, aos 81 anos, na cidade de Paraíba do Sul, Estado do Rio de Janeiro, deixando uma ilustre prole, toda ela ocupando lugar de destaque na sociedade, como o Reverendíssimo Monsenhor Achilles Mello, vigário da Paraíba do Sul e de outras paróquias do Estado do Rio de Janeiro; Dr. Heitor Achilles, clínico no Rio de Janeiro; Dr. Seraphim Achilles de Mello, cirurgião-dentista radicado no Mato Grosso; Heráclito Mello e Olympio Achilles Mello, funcionários do Banco do Brasil; Dona Josephina de Mello Almeida, casada com o Coronel Silvino Otton Almeida, que era funcionário da administração do “Jornal do Brasil”;  Dona Margarida de Mello Freixeiro, esposa do Sr. Tasso Freixeiro, que foi agente do Branco do Brasil em Ponta Grossa; Srtª Helena Achilles Mello; Madre Benigna do Coração de Jesus; e Dona Maria Oliva de Mello Pinto, esposa do Capitão Seraphim Soares Pinto, residente em Pão de Açúcar (Alagoas).


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NOTA:

Caro leitor,

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[i] Jornal do Brasil, 28 de julho de 1930.

[ii] A Fé Christã, 13 de outubro de 1906.

sábado, agosto 2

O FOMENTO AGRÍCOLA EM PÃO DE AÇÚCAR

Por Etevaldo Amorim


Existiu, em Pão de Açúcar, uma repartição pública chamada "Secção de Fomento Agrícola", que funcionava na rua Prof. Antônio de Freitas Machado, 227, esquina com a Rua Cel. Manoel Antônio Machado. Era uma Unidade pertencente ao Ministério da Agricultura, responsável pela promoção e desenvolvimento de atividades agrícolas no Município.


Sede da Secção de Fomento Agrícola em Pão de Açúcar.

A sua inauguração se deu no início da década de 1950, exatamente quando o Setor experimentava franco desenvolvimento. Tanto que, em 1953, foi fundada a ASSOCIAÇÃO RURAL DE PÃO DE AÇÚCAR. A sua primeira diretoria foi assim constituída: Presidente: Dr. Olavo de Freitas Machado; Vice-Presidente: José Teófilo Filho; 1º Secretário: José Mendes Guimarães; 2º Secretário: Domingos Soares Pinto; 1º Tesoureiro: Antônio Machado Guimarães. Na Comissão Fiscal estavam Augusto de Freitas Machado, Joaquim Rezende e Elísio da Silva Maia.[i]


Inicialmente vinculada à Divisão de Fomento da Produção Vegetal, do Ministério da Agricultura, suas atividades passaram a ser executadas pela Comissão do Vale do São Francisco, criada pela Lei Nº 541, de 15 de dezembro de 1948. A CVSF foi um órgão de notável importância no planejamento e execução de projetos de desenvolvimento na região do Vale do São Francisco.


Inauguração da Sede do Fomento Agrícola. Discursando o Dr. Olavo de Freitas Machado, vendo-se ainda: à esquerda, o Sr. Ronalço dos Anjos; ao centro, o Dr. Átila Pinto Machado; e, à direita, o Sr. Antônio Barbosa (Tonho do Mestre), componente da orquestra presente; e o Prof. Antônio de Freitas Machado, 


Em Pão de Açúcar, constituiu-se em fator de desenvolvimento, sobretudo na oferta de serviços destinados a atender às necessidades básicas da população.


Como exemplo, temos um Convênio firmado no dia 20 de agosto de 1954, entre a Prefeitura Municipal de Pão de Açúcar e a Comissão do Vale do São Francisco, cujo objeto era a “realização de estudos, projetos e obras de captação, tratamento, adução e distribuição de água para a cidade de Pão de Açúcar”. Era prefeito o Sr. Elísio da Silva Maia, que se fez representar pelo Deputado Federal Mendonça Braga, enquanto o Dr. Paulo Peltier de Queiroz assinava pela CVSF.


Com efeito, a 14 de julho de 1958 teve início o serviço de abas tecimento d’água, sob a responsabilidade da Comissão do Vale do São Francisco. A partir de 6 de setembro de 1961, mas administrado pela Fundação SESP, mediante convênio, esse Serviço passou à responsabilidade do SAAE - Serviço Autônomo de Água e Esgoto, criado pela Lei nº 282, de 4 de maio de 1960, sancionada pelo Prefeito Elpídio Emídio dos Santos. Do mesmo modo, os recursos para a construção do hospital do SESP vieram do Orçamento da Comissão.


Mais tarde, em 28 de fevereiro de 1967, a Comissão foi transformada em SUVALE - Superintendência do Vale do São Francisco, por meio do Decreto-Lei Nº 292.


Para suceder a SUVALE, foi instituída a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba - Codevasf, pela Lei Nº 6.088 em 16 de julho de 1974.


Pão de Açúcar esteve presente em todas essas fases, cabendo registrar que, desde 6 de março de 1942, já era sede da 8ª Residência Agrícola do Ministério da Agricultura, mesmo ano em que foi fundada a Cooperativa Agrícola (27/08/1942).[ii]


Em 22 de abril de 1953, pela lei nº 207, o trecho compreendido do prédio do Fomento do Arroz do Baixo São Francisco até encontrar a rua Jason Souto, passa a ter o nome de Praça José Clovis de Andrade.[iii]

O
O Dr. José Clovis de Andrade_foto: O Campo, RJ, março_1947.


Engenheiro Agrônomo, formado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queirós, em Piracicaba-SP, em 1930, o Dr. José Clovis de Andrade nasceu em 28 de março de 1907. Em 1951, era Delegado Florestal em Alagoas e, em 1952, era Chefe da Seção do Fomento Agrícola em Alagoas.[iv] Ele foi o primeiro presidente da SEAGRA – Sociedade dos Engenheiros Agrônomos de Alagoas, fundada em 27 de abril de 1964.


Em 1969, quando ainda era Presidente da SEAGRA, liderou amplo movimento pela criação de uma Escola de Agronomia em Alagoas. A Escola seria mantida por uma Fundação de caráter privado e funcionaria numa área de 500 m², que compunha o acervo da antiga Usina Brasileiro, no município de Atalaia, já pertencente ao Banco do Brasil.[v]


O Dr. José Clovis de Andrade (sentado, de camisa branca), tendo a sua direita os agrônomos Hamilton Soutinho e Murilo Lins Marinho. De pé: Giovani Cavalcante de Albuquerque, Arthur Lopes e José Tupinambá do Monte, este último histórico e reconhecido Diretor do antigo Aprendizado Agrícola de Satuba, depois Colégio Agrícola Floriano Peixoto, em Satuba. Foto: SEAGRA.


FOMENTO DO ARROZ DA COMISSÃO DO VALE DO SÃO FRANCISCO


Em setembro de 1953 teve início a construção do prédio do Fomento do Arroz da CVSF, do Ministério da Agricultura, cujas atividades se iniciaram no dia 1º de janeiro de 1954.


Por essa época, o município de Pão de Açúcar, integrante da Bacia Leiteira de Alagoas, já apresentava o seguinte quadro:


Produção média de leite na Região da Bacia Leiteira de Alagoas em 1958

 

MUNICÍPIO


FÁB


 DIÁRIA (L)

 

MENSAL (L)

 

ANUAL (L)

Batalha

146

17.350

520.500

6.246.000

Major Isidoro

100

15.033

451.000

5.412.000

Pão de Açúcar/Jacaré dos Homens

102

16.993

509.800

6.117.600

 

REGIÃO

 

348

 

49.376

 

1.481.300

 

17.775.600

Fonte: revista O Observador Econômico e Financeiro, nº 168, junho/1958.

 

Em 27 de Fevereiro de 1963, por meio da Portaria nº 118, do Diretor Superintendente – Substituto, foi criada uma Residência Agrícola em Pão de Açúcar-AL, para a qual foi designado, pela Portaria nº 124, o Engenheiro Agrônomo Elisânio Mendonça Cardoso[vi].


Na mesma data, foi criado um Posto Veterinário em Batalha, para o qual foi designado o Médico Veterinário Ewerton Santana, que fora admitido em 1962 na Diretoria de Produção e Assistência da CVSF. O Dr. Ewerton seria transferido depois para Pão de Açúcar.

 

Instalações da SUVALE defronte à Praça Dr. José Clovis de Andrade (atual Praça da Independência)

A Praça Dr. José Clovis de Andrade (atual Pça. da Independência), vendo-se parte das instalações da Superintendência do Vale do São Francisco.


Detalhe das Instalações da Comissão do Vale do São Francisco em Pão de Açúcar.


***   ***

Relembramos aqui alguns dos seus zelosos funcionários:


Os irmãos Luiz Veiga Vieira e Abel Veiga Vieira, José Roque de Amorim, Manoel José de Santana (Pelado), Javan Pereira Souza, Manoel Feitosa (Maneca), Manoel Ferreira (Manezinho Delícia), Erikson Ávila Almeida (Lito), Joaquim do Vale... Badé esposo de Soledade do hospital, Avelar Medeiros, Luis Inácio, Manoel Rêgo de Oliveira, Menon Moraes, Clóvis, os veterinários Dr. Everton Santana e José de Anchieta Cantarelli; o Engenheiro Agrônomo Dr. José Almeida de Carvalho; os motoristas Alonso dos Santos e Damião Gomes de Morais; o Auxiliar de Tratorista Manoel Caetano da Silva; os escriturários Parcival Maracajá Henriques[vii] e Clodoaldo Martins de Melo[viii], que foi removido da Residência de Pão de Açúcar para a Representação de Recife em 11 de maio de 1966.


****

Em 1974, com a criação da CODEVASF, os servidores lotados em Pão de Açúcar foram removidos para a cidade de Batalha, onde existia a Central de Inseminação Artificial. Aliás, essa Central fora inaugurada em 13 de março de 1971 (sábado), com a presença do Ministro do Interior, Costa Cavalcante, e do Superintendente da SUVALE, Cel. Santa Cruz Caldas. Era a única Central desse tipo no Norte – Nordeste, segunda do Brasil (só havia uma em São Paulo) e a mais moderna da América Latina.


A atuação da Central abrangia 17 municípios[ix] e uma área de 4.836 km², com população superior a 150 mil habitantes. O objetivo era o melhoramento do padrão genético do rebanho regional com a utilização do sêmen dos melhores touros do mundo, fornecidos pelas firmas American Breeders Service, dos Estados Unidos[x]; e Carmateon, do Canadá.


Naquele mesmo ano de 1971, foi realizada a 1ª Exposição Agropecuária de Batalha, entre 4 e 7 de novembro[xi], ocasião em que foram apresentados os primeiros 15 bezerros nascidos de inseminação artificial.[xii]

A vasta programação da Exposição, elaborada pelos técnicos: veterinários Alfredo Dacal e Sebastião Loureiro; e os agrônomos Teógenes de Barros, Orlando Teixeira, Iêdo Mendonça; e Edval Tenório, contemplava a participação do governador do Estado, Afrânio Lages, que inaugurou, no dia 7, às 10:00h, a Fazenda Parque “Delmiro Gouveia”.


Os prédios onde funcionava a antiga CVSF/SUVALE foram inicialmente cedidas em comodato para o Município de Pão de Açúcar, tendo abrigado a Biblioteca Pública Rachel de Queiróz, o Forum Dr. Ariston de Holanda Padilha, o Departamento de Saúde, a EMATER e o Mercado Público Municipal. Por volta de 1997, foram doados ao município de Pão de Açúcar.

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NOTA:

Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo. Tratamento de imagem: Vívia Amorim.



[i] Diário de Pernambuco, 5 de abril de 1953.

[ii] MENDONÇA, Aldemar de. PÃO DE AÇÚCAR, HISTÓRIA E EFEMÉRIDES.

[iii] MENDONÇA, Aldemar de. PÃO DE AÇÚCAR, HISTÓRIA E EFEMÉRIDES.

[iv] Diário Oficial da União, 5 de julho de 1951.

[v] Diário de Pernambuco, 23 de fevereiro de 1969.

[vi] Faleceu em Aracaju-SE, no dia 20 de fevereiro de 2025.

[vii] Filho de José Henriques da Silva e Nícia Maracajá.

[viii] Faleceu no Recife no dia 20 de agosto de 2000. Era natural de São José da Laje, Estado de Alagoas, filho de Francisco Martins de Melo e Virgília Martins de Andrade. Residiu em Pão de Açúcar por 14 anos.

[ix] Batalha, Jacaré dos Homens, Major Isidoro, Belo Monte, Carneiros, Dois Riachos, Jaramataia, Maravilha, Monteirópolis, Olivença, Olho d’Água das Flores, Ouro Branco, Palestina, Pão de Açúcar, Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema e São José da Tapera. O Jornal, RJ, 9 de março de 1971.

[x] American Breeders Service, atualmente ABS Global, é uma empresa de inseminação artificial que vende sêmen bovino congelado. Sua sede fica em DeForest, Wisconsin. O American Breeders Service foi fundado em 1941 por John Rockefeller Prentice. Foi originalmente chamado de American Dairy Guernsey Associates of Northern Illinois e mudou seu nome para American Breeders Service em 1950.

[xi] Diário de Pernambuco, 20 de outubro de 1971.

[xii] Diário de Pernambuco, 16 de janeiro de 1972.

  

A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia