sábado, abril 26

DEIXE AQUI O SEU COMENTÁRIO - PONHA SEU NOME NO CORPO DA MENSAGEM


DR. FÉLIX MORENO BRANDÃO

 

Por Etevaldo Amorim

 

Pão de Açúcar, 1869. Foto: Abílio Coutinho.

Para falar dessa importante personalidade, permitam-me que o faça na primeira pessoa, apenas para demonstrar como dela tomei conhecimento.


Entre os anos de 1976/78, estava eu trabalhando na cidade de Mata Grande, exercendo os misteres da minha profissão de técnico agrícola na área de extensão rural. Convidado pelo Dr. Paulo Félix de Souza, médico e diretor da escola cenecista local, passei a dar aulas naquele conceituado estabelecimento de ensino, denominado Colégio Normal Félix Moreno.


Interessei-me em saber quem era o patrono da escola. Procurei a Secretária Valdeci Mendonça, que me entregou uma folha de papel, datilografada em frente e verso, sem indicação de autoria, contendo uma pequena biografia do “DOUTOR FÉLIX MORENO BRANDÃO”.


“MORENO BRANDÃO” me lembrou o famoso historiador pão-de-açucarense, tão exaltado nos discursos proferidos nas cerimônias cívicas, em Pão de Açúcar. E qual não foi a minha suspresa ao constatar que se tratava do pai de Francisco Henrique Moreno Brandão...


Transcrevo aqui o inteiro teor:

 

Era o Doutor Félix Moreno Brandão filho legítimo do Capitão Anacleto de Jesus Maria Brandão e de Dona Maria Francisca da Conceição Brandão, tendo nascido na cidade de Mata Grande neste Estado a 26 de novembro de 1825 (?).


Iniciou seus estudos preparatórios em 1850, matriculando-se na Faculdade de Medicina da Bahia em fevereiro de 1853. A 29 de novembro de 1858, sustentou tese versando a mesma sobre ciências cirúrgicas, acessórias e médica, tendo recebido o grau a 18 de dezembro do mesmo ano[i].


Casou-se a 2 de março de 1863 com sua sobrinha Dona Maria de Aguiar Moreno Brandão.


As atividades que mais ilustraram a personalidade do Doutor Félix Moreno Brandão foram, entre outras, as seguintes:


Nomeado 2º Cirurgião do Corpo de Saúde do Exército (posto que já exercia em Pernambuco desde 21 de junho de 1860), a 2 de dezembro do mesmo ano foi promovido a 1º Cirurgião, cargo que já exercia em comissão, por decreto de 1º de junho de 1867. Seguiu para Pão de Açúcar a fim de se despedir da família e tomar parte na guerra do Paraguai, no dia 15 de outubro de 1865. Foi promovido Major-Cirurgião de Brigada do Exército, por merecimento, em campanha, por decreto de 20 de maio de 1869 e despacho do Delegado do Cirurgião-Mor do Estado de Pernambuco de 2 de julho de 1870.


Por ocasião da guerra do Paraguai montou, no Chaco, por ordem do Duque de Caxias, um hospital de sangue. Pela sua dedicação e valor, fora condecorado com as medalhas da Ordem de Cristo e de São Bento de Aviz.


Foi transferido, no mesmo cargo, para o Pará e daquela província para o Ceará. Foi transferido para o Amazonas e dali para Sergipe e finalmente, por despacho de 23 de julho de 1875. Em 1878, exercia o cargo de Delegado do Cirurgião-Mor da Brigada do Exército na cidade de Maceió[ii], quando adoeceu de béri-béri, tendo falecido no dia 24 de agosto do mesmo ano, às 8 horas e meia da manhã, na cidade de Pão de Açúcar.


Como médico, o seu raio de ação não se circunscreveu à sua terra natal, estendeu-se por longínquas partes do país, chegando até as terras paraguaias de onde trouxe o fatídico mal que o vitimou.


Há outros fatos não menos importantes na sua vida, que constam de notas particulares, como sejam:


- Durante a epidemia de cólera-morbus, o governo prometeu a gratificação de 10.000$000 para quem fosse tratar os doentes em Cruangi, Estado de Pernambuco. O Doutor Félix foi, cumpriu abnegadamente o seu dever e recusou a gratificação.


- Consta igualmente ter sido ele o comandante da praça de Assunção quando ali chegaram as tropas brasileiras, por ser o oficial de mais alta patente naquele momento presente à cidade paraguaia.


Sendo de notar uma das particularidades mais tocantes de sua vida foi quando, numa operação, em campanha, na amputação de um membro de um seu patrício, foi acometido de uma forte dor, da qual procurando posição, foi salvo de um projétil que lhe causaria a morte, se tivesse se mantido na posição em que  se achava operando. Ele próprio atribuiu esse feliz incidente a uma medalha milagrosa que sua esposa lhe tinha posto no pescoço na hora de sua partida para a guerra.


Do seu consórcio, deixou os seguintes filhos:


Manoel Caetano de Aguiar Brandão, nascido na cidade de Recife a 8 de novembro de 1872, orador de grandes recursos e polemista de valor, casado com dona Marieta Pinho Brandão, ambos falecidos em Penedo deixando 8 filhos maiores.


Carolina Brandão Lisboa, nascida em Pão de Açúcar a 28 de março de 1874, casada com o Senhor Pedro Vieira Lisboa a 19 de dezembro de 1891 e falecida a 28 de junho de 1947 na cidade de Maceió, deixando três filhos maiores.


Francisco Hemrique Moreno Brandão, nascido em Pão de Açúcar a 14 de setembro de 1875, casado em primeiras núpcias com dona Ascendina de Menezes Brandão, ambos falecidos, deixando dois filhos maiores.


E finalmente Maria da Nunciação Brandão Cavalcante, nascida em Maceió a 3 de outubro de 1877, casada em 17 de janeiro de 1893 na cidade de Pão de Açúcar com o Senhor José Venustiniano Cavalcante Filho, tendo ela falecido a 30 de dezembro de 1894 sem deixar descendentes.


Foram seus irmãos: Manoel Manoel Caetano de Aguiar Brandão, grande proprietário e chefe político em Pão de Açúcar; Francisco Henrique Brandão, proprietário em Entre Montes; Padre Matias José de Santana Brandão; Capitão Antônio Manoel de Castilho Brandão; Agostinho José de Nevile Brandão; Joaquim da Natividade Brandão; e Doutor Anacleto de Jesus Maria Brandão Filho, tendo todos com exceção do padre Matias José de Santana Brandão, deixado honrosa prole; destacando-se valiosos rebentos como D. Antônio Manoel de Castilho Brandão, 1º Bispo de Alagoas, professor e grande escritor Francisco Henrique Moreno Brandão e tantos outros nas letras e na política de Pão de Açúcar figuraram como astros de primeira grandeza.”


***   ***


Aldemar de Mendonça, em seu Monografia de Pão de Açúcar, menciona que, ao regressar do Paraguai, foi recebido em Pão de Açúcar com muita festa e banda de música.

 

Em 20 de maio de 1869, por Decreto desta data, e sob proposta do Marechal de Exército Conde d’Eu, Comandante em Chefe do Exército em operações no Paraguai, o Dr. Félix Moreno Brandão foi promovido a 1º Cirurgião do Corpo Médico do Exército, por merecimento em serviço de campanha. Na mesma ocasião, foi promovido a 2º Cirurgião o Médico João Severiano da Fonseca, irmão do Mal. Deodoro da Fonseca.

***   ***

O QUE SE DISSE SOBRE ELE...

 

POESIA Recitada na Igreja Matriz da Cidade de Pão de Açúcar ao dar-se à sepultura o cadável do Doutor FÉLIX MORENO BRANDÃO[iii]:

 

Cessou a voz do antiste e o dobre lutulento.

Ouvi agora um canto qu’entoa ao ilustre morto:

Prestai breve atenção, amigos dedicados

Dos que, neste momento, soluçam sem conforto.

 

Não foi um Rei da terra, que, de cetro, trono e c’orôa

Cedeu, reverente, a vermes - que tudo põem em pó;

Não foi fidalgo, nobre, nem príncipe de sangue

Que em luxos e vaidades a vida gasta só.

 

Nao foi - vulto gigante - que anseia entrar na História

Com o peito vulnerado de honrosas cicatrizes;

Não foi Pompeu nem Gracelso – romanos destemidos –

Que c’roas enfeixaram, de múltiplos matizes.

 

Foi mais que um Rei na terra – o morto qu’ali vedes.

Há Reis que são de argila – sem fé no coração;

Que com Leis férreas, duras, esmagam seus vassalos:

Aquele que ali vedes não foi Rei ... foi cristão.

 

A Igreja abriu-lhe os braços – A cruz deu-lhe a beijar

À hora derradeira seu sopro – foi... Jesus –

A esposa teve ao lado – Uniu ao peito os filhos.

E assim viram seus olhos brilharem à eterna luz!

 

Foi nobre – mas não esses que insuflam sangu azul,

Linhagens, pergaminhos, comendas e brasões,

Soldado da cruzada que Cristo ergueu na terra.

Pacifica, sem ferro, sem sangue e sem canhões!

 

Amou a Igreja e o Estado: serviu a dois Senhores:

Com lealdade ao trono – com fé viva ao altar.

Oremos, meus Senhores, por alma de um cristão

Que vai, contrito e humilde, no Paraiso entrar.

 

Oremos. É dever: que irmãos somos em Cristo.

A prece é como o pranto; são bálsamo p’ra as dores:

- Incensos mais que puros – de aroma inebriante

São suas ânforas cheias do mel de eleitas flores!

 

Oremos. É dever  - Joelhos em terra! Oremos.

Que o coração foi sempre bendita do Senhor.

Quem curva a fronte e reza, te Deus dentro de si,

A encher-lhe a alma do fogo de seu Divino Amor!

 

Pão de Açúcar, 25 de agosto de 1878. 

( A. I. G. F. M.)

 

Transcrito do Jornal do Penedo, 13 de setembro de 1878.

 

***   ***

 

PEQUENO TRIBUTO DE DOR E SAUDADE À MEMÓRIA DO DR. FÉLIX MORENO BRANDÃO.

 

Vítima de terrível Beribéri, que zombou de todos os recursos da medicina, finou-se no dia 24 do mês passado, nesta cidade, pelas 8 horas da manhã, a preciosa vida do distinto médico Dr. Félix Moreno Brandão, um dos membros proeminentes da família do último nome, neste município.


O Dr. Moreno, residente na Capital desta Província, onde com esmero e dedicação exercia o importante cargo de Delegado do Cirurgião-Mor do Exército, com sua dedicada esposa aqui havia chegado no dia dez do dito mês, porém já em estado de intumescência tal do corpo e dos membros, talvez produzida pela acumulação de serosidades no tecido celular subcutâneo, que, em vez de encontrar alívio em nosso clima,   como certamente esperava, o traiçoeiro mal tomou proporções assustadoras, aparecendo-lhe de quando em vez algumas síncopes e, afinal, a morte, essa terrível parca!


Foi assim que o distinto discípulo de Hipócrates, o homem probo, o bom parente e amigo dedicado, no dia 24 de agosto, dia em que esta cidade sentiu os efeitos do mais acerbo pesar, sucumbiu, entregando-se resignado, como verdadeiro cristão que era, nos braços do Crucificado.


O vácuo deixado pelo Dr. Moreno é difícil de ser preenchido!


Deixou ele a extremosa esposa inconsolável, alguns filhinhos menores na orfandade, que ainda bem não podem avaliar a imensa perda, alguns irmãos e grande número de parentes e amigos que se acham mergulhados na dor e sentimento.


A todos esses, nossas sinceras condolências!


Pão de Açúcar, 11 de setembro de 1878.

a)      Um amigo.”

 

Transcrito do Jornal do Penedo, 11 de outubro de 1878.

 

***   ***


“O DR FÉLIX MORENO BRANDÃO

 

Qual enregelado Zéfiro, veio um silêncio sepulcral embargar-lhe os gozos da vida.


Pereceu, é verdade, o Dr. Moreno! O vácuo que deixou entre a sociedade, amigos e parentes, será dificilmente preenchido.


Altos juízos de Deus!


Oh! Morte!... quando porás termo à tua peregrinação? ...


Sua ira, porem, será um dia suplantada nos umbrais das dissoluções e o gume aguçado do teu alfange, suspensas nas regiões aéreas do espaço imundo, permanecerá eternamente imutável.


À tua peregrinação supera a consumação dos Séculos!


O nome do Dr. Moreno ficará indelével e eternamente gravado na memória dos amigos; sua honra será pranteada  e retratar-se-á, por sem duvida, nos seus corações.


Ao passo que sua enfermidade se agravava, caminhava ele para a terra, que devia com seu pesado manto cobrir-lhe o corpo inerte.


Ali rodeado de parentes e amigos, com os braços abertos, como terno pai e carinhoso esposo, recebeu seus inconsoláveis filhos e consorte que tanto pranteiam a sua ausência.

...

Como militar, sempre soube o Dr. Moreno, com atividade e carinho de todos, desempenhar as diferentes comissões para as quais fora nomeado.


Seus atos foram sempre pautados sob uma norma de conduta, aplaudida dos honestos e sensatos.


As honrosas promoções à sua ilibada conduta foram devidas.


Entre os vivos, pertencia ele ao número dos bons; entre os mortos, é de se supor, fará parte dos justos. Talis vita, finis ita.[iv]


Dorme o Dr. Moreno, em mortuário leito, o tranquilo sono da morte! Aos gozos da vida, substituiu um silêncio sepulcral.


Uma fria lousa lhe serve de manto! Mas divisa-se, evidentemente, por entre os transparentes véus de vosso ideal, que, morrendo, encetou uma nova vida de delícias. “A morte não é um sono eterno, mas o começo da imortalidade.”


O Senhor, que sempre soube premiar os justos, fazemos votos para que o acolha em sua Divina Morada e aos da sua ilustre família damos nossos sinceros pêsames.


Porto Real do Colégio, 20 de setembro de 1878.

(a)   Manoel Martins Bizerra Brandão.”

 

Transcrito do Jornal do Penedo, 2 de novembro de 1878.

 

Hospital de sangue em Paso de Patria, Paraguai.


PEQUENA BIOGRAFIA

***   ***

 

NOTA:

Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.



[i] Formado pela Faculdade de Medicina da Bahia, defendeu a tese . APRECIAÇÃO DOS MEIOS OPERATORIOS EMPREGADOS NA CURA DOS POLYPOS DOS ORGÃOS SEXUAES DA MULHER. Fonte: Teses Doutorais de Titulados pela Faculdade de Medicina da Bahia, de 1840 a 1928.

[ii] Por esse tempo, mantinha consultório na Rua Augusta, 27 – Maceió-AL. Fonte: Almanak da Província de Alagoas – 1877.

[iii] Jornal do Penedo, 13 de setembro de 1878.

[iv] "Talis vita, finis ita" é uma locução latina que significa "Tal a vida, tal o fim" ou "Tal vida, tal morte". É usada para expressar a ideia de que a forma como alguém vive impacta diretamente a sua morte ou o seu final.


domingo, abril 20

OS PIRILAMPOS (Lendas sanfranciscanas)

Por Francisco Henrique Moreno Brandão[i]

 

Moreno Brandão. Foto: acervo Aldemar de Mendonça

A noite, muito negra e muito fria, veio de inverno. Por isso, no samba animado que havia em casa de Aninha Peixe, não se dava um intervalo entre uma dança e outra sem que a comparência, de parte as distinções de sexo ou de idade, não fosse ingerindo goles sucessivos de camboim, deliciosa bebida fabricada nos engenhos de Brejo Grande e Piaçabuçu e trazida para ali na sua canoa, alcunhada de “Flor da Bocarra”, pelo Manoel de Serva.


Depois as “cirandas” e outras espécies coreográficas do populário brasileiro continuavam, dando ensejo a que aqueles próximos descendentes dos urumarys, em meneios pecaminosos, em cortejos lúbricos a que nenhuma dama se furtava, revelassem a força incontestável de um atavismo sempre em vésperas de repontar estuoso.


A sala tibiamente alumiada por um “alcoviteiro” era um apartamento sórdido, sem reboco, nem ladrilho. A poeira que os pés dos dançarinos levantavam se juntava à fumaça dos cigarros amarelos ordinários e ao cheiro acre dos corpos suarentos. Tudo isto tornava a atmosfera irrespirável e parecia aumentar a excitação nervosa dos dançadores.


Lá na cozinha, duas velhas memoravam as virtudes do fundador daquela aldeia, Frei Dorotheu, um verdadeiro taumaturgo, que ali se entregara a uma catequese, cujos frutos estavam agora bem visíveis no mais repugnante dos contrastes.

Frei Dorotheo de Loreto. Foto: Pietro Vitorino Regni.

De casario alinhado e relativamente confortável, erguido no tempo do frade franciscano, subsistia apenas uma ruinaria extensa, bem diversa do que era visto nas eras de esplendor da Ilha de São Pedro.


O convento de taipa fora também se desmoronando aos poucos. Ora uma goteira renitente vinha apodrecer uma tábua do soalho, ora uma rajada frenética do vento sueste, atingindo violentamente uma janela, a quebrava. Mais tarde caia um trecho do frontispício e a brecha que ficava, ia-se alargando desmesuradamente.


Mão fatídica parecia ir derrubando as telhas da cobertura, hoje uma, amanhã outra, mais tarde outra, sucessivamente outras e outras, e assim por diante.


 O estrago se consumiu tão celeremente, que o andar térreo do convento se tornou uma pocilga de bácoros e no compartimento superior, nas celas despovoadas de frades, fizeram repugnantes morcegos o seu poso habitual e querido.


Não era menor a deterioração da igreja, cuja fachada um raio rachara de meio a meio. Das imagens que ali houvera poucas restavam, pois quase todas foram surrupiadas, não faltando um novo Judas que vendesse outra vez o desdenhado Cristo. As que ficavam nos seus nichos tinha o aspecto grotesco de bonzos e se mostravam de uma amarelidão ictérica, pois as frequentes intempéries as haviam cruelmente descolorido. O próprio ladrilho do templo fora torpemente roubado e andava servindo de múltiplos misteres nas casas que, na Ilha de São Pedro, não estavam ainda desertas.


Morto o pastor zeloso, esborcinadas as construções que ele fizera, pedindo esmolas em uma e outra margem do São Francisco, também os sampedrenses, esquecendo exemplos e conselhos, se desmandaram. Apareceu logo um mandão feroz, que passou a viver de rapinas, impondo terror a todo mundo, tomando criações aos donos, comprando fiado e pagando com desaforos e ameaças, raptando as mulheres e filhas alheias, até que montou um serralho povoado por umas cinco ou seis pellioas[ii] que os seus gostos mutáveis os forçavam a trocar por outras novas. O exemplo da lasciva despeiada medrou de tal forma que ninguém em breve se arriscava a casar com moça de São Pedro, receoso de um logro.


Por sua vez, as mulheres casadas não estavam longe de certas tendências pecaminosas e raríssimas eram aquelas que não se mostravam muito latitudinárias em matéria de concessões amatórias. Com isso começou também a predominar em longa escala a embriaguez, que empolgava desde a criança de 8 anos até o septuagenário de giba proeminente, encurvado para o chão, de olhos mortiços e passos trêmulos.


Como dois lances de redes deitada ao São Francisco bastavam para garantir abundante colheita de peixes, e dois mergulhos de covos davam, em camarões enormes, uma quantidade miraculosa, quase não se trabalhava na antiga aldeia, e todos viviam mais ou menos bem.


A serraria fechada, onde ninguém mourejava mais, fora dilapidada no melhor do seu acervo de ferramentas, e agora fazia prodígios de equilíbrio para não se nivelar com o solo, quando o vento canalizado entre as alas da cordilheira marginal ao mediterrâneo brasileiro rugia com ímpeto descomunal.


As roças eram meia dúzia de metros plantados por um sampedrense mais laborioso e rapinadas pela coletividade insulana em peso.


No quadro que outrora formava a aldeia havia cinco ou seis tavernas e outras tantas casas de jogo. Em umas e outras, as rixas eram frequentes, havendo facadas, tiros e punhaladas, que ninguém punia.

A igreja de São Pedro e as ruínas do Convento. Foto: Os Capuchinhos na Bahia, de Pietro Vitorino Regni.

Mas, enquanto esses lugares suspeitos andavam repletos de frequentadores, a olaria contava apenas com a assiduidade de duas ou três velhas de face repulsiva, as quais ali praticavam a mais rudimentar das indústrias.


Esse descalabro fez que as afugentassem de São Pedro as massas numerosas que, no mês de janeiro, iam ali assistir às festas proverbiais do Espírito Santo. Para ela convergia tudo quanto havia de mais seleto na região oparina e a pobre ilha habitada por caboclos semicivilizados, se transfigurava faustamente, dando a impressão de uma metrópole regularmente povoada, tamanho era o movimento da rua. Agora nada disso se via. Nem ao menos, cumprindo a última vontade de Frei Dorotheu, no dia do celeste claviculário, havia ateada em frente a cada residência uma fogueira. Como lhe esqueceram depressa as injunções, faziam justamente o que ele expressamente proibia.


Viviam em contínuos batuques de que um dos mais estridentes era aquele que estava sendo realizado na noite do pescador apostolar.


É verdade que as almas cândidas sempre lembradas do frade santo estavam a esperar a cada momento que o poderio deste se mostrasse num castigo exemplar.


O castigo não veio, porém veio uma advertência. Das bandas do nascente, miríades incontáveis de pirilampos apareceram, cobrindo o comprimento do diâmetro da ilha circular. Esses vagalumes, ora formavam um listrão enorme, ora davam a ideia perfeita de um círculo ou de uma elipse, ora se dispunham triangularmente, mais tarde surgiam em pelotões dispersos em falanges que acima da ilha procuravam direções inteiramente díspares. Por fim, pousando, num átomo, sobre uma tamarineira existente diante do convento, ali ficaram, dando a ideia de uma iluminação fantástica.


 A recomendação de Frei Dorotheu foi então lembrada e os foliões ébrios que dançavam lubricamente na casa de Aninha Peixe foram se dispersando, dispersando, medrosos e enfiados.

Ilha de São Pedro. Foto: portodafolha.com


___

Transcrito do jornal A ESQUERDA, Rio de Janeiro, 17 de julho de 1931. Disponível em: memoria.bn.br.

___

NOTA:

Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.

Tratamento de imagem: Vívia Amorim.


[i] Francisco Henrique Moreno Brandão. Filho do Dr. Félix Moreno Brandão e de Dona Maria Aguiar Moreno Brandão. Tinha como avós paternos o Anacleto de Jesus Maria Brandão e Maria Francisca da Conceição; e, maternos, Manoel Caetano de Aguiar Brandão (seu irmão) e Carolina de Aguiar Brandão. Nasceu em Pão de Açúcar no dia 14 de setembro de 1875 e faleceu em Maceió em 17de agosto de 1938.

 [ii] Pelliôa, mulher rixosa (briguenta) que desinquieta as outras. Fonte: Elucidário das palavras, termos e frases antiquadas da língua portuguesa – Frei Joaquim de Santa Rosa de Viterbo. 

terça-feira, abril 15

OS PAVOROSOS CRIMES DE LAMPEÃO - NA ZONA ALAGOANA FRONTEIRA À BAHIA –

Por Etevaldo Amorim


O assunto "cangaço" parece ser inesgotável. Há uma vasta bibliografia a respeito, o que nos dá a impressão de que tudo já foi dito e que nada mais existe de novo. Mas há sempre alguma novidade; um fato nunca relatado, mantido oculto por alguma razão, e que pode ser relevante, a depender do lugar onde ocorreu e das pessoas envolvidas.

Especialmente quando se trata de notícias que envolvam Pão de Açúcar, este Blog procura dar destaque, inserindo notas com informações adicionais, oferecendo ao leitor a possibilidade de conhecer mais sobre o tema.

É o caso de uma matéria publicada n’A GAZETA, de São Paulo, edição de 26 de junho de 1926, assinada pelo jornalista – MACEDO GUIMARÃES, redator do jornal Diário da Bahia.[i]

O Malho, Rio de Janeiro, 17 de julho de 1926.

“O 'Diário de Notícias', que se edita na capital baiana, no seu número de 16 de junho último, publica o seguinte e pavoroso depoimento sobre o célebre bandido Lampeão, cujo nome é Virgulino Ferreira da Silva:


- É verdadeiramente indescritível, inconcebível mesmo, a série de inomináveis crimes que acaba de praticar em vasta zona dos sertões de Alagoas, fronteira ao nosso Estado, o já tantas vezes célebre celerado, herói de mil façanhas truculentas e indignas, Virgulino Ferreira da Silva, alcunhado por Lampeão.


Vai por quase seis anos a sua vida de bandido e incontáveis os bárbaros crimes cometidos em temerosas e funestas incursões por diversos Estados no Norte, sem que até hoje, inexplicavelmente, se pusesse termo a tamanha calamidade e vergonha.


Após algum tempo de refúgio, numa trégua forçada, por falta, sem dúvida, de armas, munição e dinheiro com que reunir e preparar os seus asseclas, aproveitou-se Lampeão de propícia oportunidade e não vacilou em seguir para o Ceará, onde, é voz corrente, alistou a sua gente nos serviços pela legalidade, recebendo, talvez, das próprias mãos do famigerado acoitador de criminosos, canonizado em vida pelo fanatismo ignorante dos nossos sertanejos, o celebérrimo “Santo” Padre Cícero.


Provido de sobejo em armas e dinheiro, que o governo confiara para a organização da resistência aos revolucionários, traídos duplamente os seus fins, investidos nas funções de capitão, munido de uma quatro dúzias dos rosários que caracterizam os “soldados do Padre Cícero”, marchou Virgulino a constituir , no sertão de sua terra, o seu batalhão e movê-lo, não contra as hostes de Prestes, mas à cata de aventuras que lhe satisfizessem os criminosos desígnios de incendiário, ladrão, sátiro e assassino.


Lampão e seu bando com trajes do “Exército Patriótico”: Da esquerda para a direita: 1. Lampeão; 2. Antônio Ferreira (seu irmão); 3. “Jurity”, braço direito do bandoleiro; 4. Manoel Marcelino, vulgo “Bom di Vera”; 5. Nevoeiro (o pressentidor). Foto: O Malho, 17/04/1926.


O PERFIL SINISTRO DE UM BANDIDO METIDO A ELEGANTE


Imberbe ainda, sem profissão definida, hábil tocador de harmônica, fez-se bandido, após o assassinato de seus pais, ao lado de Antônio Mathildes, recebendo deste, por suas excepcionais “qualidades” a alcunha de Lampeão.

Antônio Mathilde (E) e Lampeão (D) em foto com família. Fonte NAS PEGADAS DA HISTÓRIA (YOUTUBE)


Conta aproximadamente 27 anos, de média estatura e compleição, de feição rude e um visível defeito em um dos olhos, aparenta esperado trato por sua pessoa, tem a preocupação das boas roupas e tecidos finos e apurado gosto pelas essências.


Traja, agora, farda káki de capitão, chapéu mexicano cinza, talabarte, etc.. perfil este repetido à minha vista por diversas pessoas.


ROSÁRIO DE INFÂMIAS


Ao chegar à Estação de Quixaba, Pernambuco, no dia 8 do corrente[ii], já aí se encontravam as primeiras tropelias de Lampeão.


Chefiando cerca de 50 bandidos, escolhidos entre criminosos foragidos e afeitos à prática de todos os crimes, divididos em três pelotões, trajando mescla azul, apargatas e chapéu de couro, otimamente montados e armados, fartamente municiados, partiu, no dia 5 de julho, Lampeão, da Serra dos Parafusos, município de Paulo Afonso, antiga Mata Grande, Alagoas, dirigindo-se para Piedade, onde, após inúmeras violências, depredações e incêndios, efetuou em Salgadinho a prisão do capitão Sinhô, sexagenário, irmão do Coronel Ulisses Luna, ricos proprietários e fazendeiros.


Preso, escorraçado, humilhado, foi o velho obrigado a assistir, em longo percurso, as cenas mais degradantes e desumanas, entre as quais a morte de um preto e valente cabo de polícia, de nome Jacintho, sangrado como um porco, estupros e vergonhosas violências carnais, à vista dos pais, irmãos e maridos das vítimas.


Ao Capitão Sinhô foi restituída a liberdade a troco de 5 contos de réis.


Colhi esses revoltantes pormenores na soberba Vila da Pedra, onde paira imortal o espírito fecundo e extraordinário de Delmiro Gouveia – vítima do crime mais nefando que já praticou no Norte do Brasil, até hoje impunes os seus miseráveis mandantes e ao qual talvez não escapasse, a influência sinistra de Lampeão.


Apesar de avisar a sua passagem por Pedra, cortou pelo interior, tocando, no dia 8, em Capiá, a repetir, com excessiva brutalidade, as mesmas cenas de canibalismo, destruindo, incendiando, chibateando velhos, esbordoando moços, sem poupar sequer as crianças.


Daí desceu pelo município de Santana do Ipanema, em sentido inverso de uma força policial que encontrei no dia 9 em Piranhas, pequena e estropiada com destino a Pedra.”

 

....

....

MAIS DEPREDAÇÕES E MISÉRIAS


À tardinha desse mesmo dia[iii], aportei na bela e próspera cidade do Pão de Açúcar, à margem do São Francisco, informando-me ali o próprio prefeito[iv] que o terrível capitão do Padre Cícero, depois de incendiar o automóvel e a bagagem de um viajante, na estrada do Serrote da Furna, de danificar Moita, nada poupando em sua passagem, dirigira-se a Olho D’Água das Flores, a sete léguas da cidade, onde entrou, às 2 horas da tarde, como um inesperado ciclone.

Automóvel de Antônio Meira, da STANDARD OIL_foto.


Já tendo cortado as linhas telegráficas ao alcance, culminou em excessos de toda natureza, em Olho D´Água, vendo-se a 2 léguas de distância, os rolos de fumo que subiam do florescente arraial alagoano.

Armazém de José Alves Feitosa incendiado pelo bando.


José Alves Feitosa[v], autoridade local e abastado comerciante, por felicidade ausente de sua casa no momento da invasão, assistiu do topo de uma árvore, o incêndio de sua casa comercial, morada e armazém de algodão, impossibilitado de socorrer a própria família que, por coincidência, acaba de chegar, descalça e faminta, viajando pelos matos noite e dia.


Canuto Vilar, velho, foi chicoteado, constando até que tiraram uma orelha, enquanto sua mulher, moça ainda, brutalmente violentada e sequestrada só obteve a liberdade por um conto de réis. Antônio Gonçalves da Silva na fuga precipitada com a família, teve extraviada uma filhinha de 2 anos, cujo paradeiro ignorava.


Não era possível nem preciso ouvir mais.


Horrorizam tais cenas, fazem rugir de cólera, trazem lágrimas aos olhos e ultrapassaram os limites da própria ferocidade.


À hora em que estive em Pão de Açúcar, ocupavam eles o Caboclo, visando as propriedades de Manoel Pastor da Veiga e especialmente a viúva de João Honorino, há pouco falecido, com fama de rica e bonita, bem se podendo avaliar a sua triste sorte.


Em Pão de Açúcar, as famílias em sua quase totalidade haviam se refugiado em pontos fronteiros do Estado de Sergipe. Estavam em armas aguardando o avisado ataque, o Tiro 656, recém-formado e constituído dos melhores elementos locais, um pequeno destacamento policial e pessoas do povo num total de 120 homens.


Com a vazante do rio e as terras alagadas, são três apenas as entradas na cidade, todas entrincheiradas. Estive na trincheira, correspondente à estrada real, onde, a alguns metros de uma barricada de grandes fardos de algodão, havia uma rede de arame farpado. De arma em punho, patrões e empregados, autoridades e homens do povo esperavam resolutos e calmos a horda sanguinária.


Até as 5 horas da manhã de 10, quando deixamos o posto, nada ocorreu de anormal.


Em Propriá, porém, no dia 12, chegou a notícia de que os salteadores haviam tomado Tapera, já a 4 léguas de Pão de Açúcar, onde incendiaram um grande depósito de algodão, de Peixoto & Cia., de Penedo.


A essa hora, sem dúvida, o governo de Alagoas terá tomado todas as providências possíveis contra os bandidos, esperando-se que, desta vez, sob tão duro golpe, levantado o doloroso clamor de vingança e maldição dessa indefesa gente sertaneja, sejam subjugadas as feras, mas poupada a vida de Lampeão, para que fiquem apontados à Justiça todos os seus sequazes e protetores. 

– MACEDO GUIMARÃES.”

 

Transcrito de A GAZETE, São Paulo, 16 de junho de 1926.


NOTA:

Caro leitor,

 

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.

 



[i] 

Álvaro Guimarães.
Jornalista Álvaro Macedo Guimarães, redator o Diário da Bahia. Foi também Redator-Chefe do jornal baiano ETC..

[ii] 8 de junho de 1926.

[iii] 9 de junho de 1926.

[iv] O prefeito era o Sr. MANOEL FRANCISCO PEREIRA FILHO, conhecido por “Manoelzinho Pereira”, que administrou o município de 7 de janeiro de 1925 a 7 de janeiro de 1928.

[v] Era 1º Suplente do Sub-Delegado de Polícia de Olho D’Água das Flores. Fonte: Diário de Pernambuco, 31 de agosto de 1924, que administrou o município de 7 de janeiro de 1925 a 7 de janeiro de 1928.

A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

PUBLICAÇÕES
Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia