Por Etevaldo
Amorim
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Zaluar Sant'Ana. Foto: acervo Lygia Mendonça. |
No rol das personalidades
pão-de-açucarenses, há aqueles que são natos e que desenvolvem suas vidas na
terra natal; há aqueles que são de fora e se integram àquela sociedade; e há
aqueles que ali nascem, mas logo deixam a terra demandando outras plagas.
Zaluar Sant’Ana é um
desses. Filho de Francisco Sant’Ana e Silvina Virgínia de Sant’Ana, ambos pão-de-açucarenses, MANOEL
ZALUAR DE SANT’ANA nasceu em Pão de Açúcar no dia 29 de novembro de 1904, na então chamada Rua da Frente, atual Av. Ferreira de Novaes.
Segundo o saudoso
professor Francisco Reynaldo Amorim de Barros, organizador do ABC DAS ALAGOAS, em
1905 Zaluar é levado a viver no Rio de Janeiro, “mas logo depois sua família
volta a viver em Maceió”.
Em 1909, com cinco anos de idade, ingressa na Escola de D. Mocinha Buarque, que funcionava na Praça Floriano Peixoto (Martírios). Em seguida – continua o professor
Reynaldo - passa a morar em Aracaju, lugar onde seu pai, um adepto dos Maltas,
escolheu para morar, enquanto esperava serenar os acontecimentos que levaram à
queda de Euclides Malta. De volta a Maceió, passa a estudar no Instituto
Benjamin Constant.
“Em 1914, muda-se para
Quebrangulo, onde seu pai resolvera ser agricultor. Porém, em 1918, já está
vivendo em Rio Largo, estuda no Instituto Nilo Peçanha e é um dos fundadores da
Sociedade Lítero-Musical Sete de Setembro.”
“Trabalhou no jornal
oficioso A TRIBUNA, do qual se tornou gerente do periódico, transformado
em Diário Oficial em 1912. Fez parte da orquestra de cinema ODEON.
Sua família volta a viver
em Paulo Jacinto, entre 1920 e 1922, quando seu pai resolve se estabelecer
novamente em Maceió.
Começa, então, sua fase
de aprendizagem de pintura. E, logo depois, vende o seu primeiro quadro, por
meio da Casa Mercúrio, especializada em molduras, vidros e estampas.
Em 1926, na quinta mostra
da qual participou, vende alguns quadros, o que possibilitou sua viagem ao Rio
de Janeiro, para melhor conhecer a obra e técnica de alguns pintores da capital
federal, como Marques Júnior e Antônio Parreiras, além de visitar diversas
exposições, entre as quais a retrospectiva de Batista da Costa. Em novembro
desse mesmo ano, já está de regresso a Maceió.”
Em 3 de maio de 1930,
expôs quarenta quadros no Cinema Capitólio, “reproduzindo trechos magníficos
e empolgantes dos deslumbradores cenários alagoanos”, diz a reportagem do
Diário de Pernambuco, do dia 10 daquele mês e ano.
Em novembro de 1930, participou
da grande exposição de pintores alagoanos chamada “Semana das Cores”, promovida
pela Academia Guimarães Passos.
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Zaluar Santana expondo seus quadros no Rio de Janeiro. Foto: revista Fon-Fon, RJ, 18.10.1930, p. 38. |
Foi nomeado, em 22 de
maio de 1933, após aprovado em concurso, para o serviço público, como
Estatístico Demógrafo-Sanitário, no qual se aposentou em 16 de abril de 1959.
Aldemar de Mendonça, ao se referir a ele, cita
matéria publicada na Gazeta de Alagoas de 7 de abril de 1974, pelo
jornalista Álvaro Antônio Melo Machado:
“Zaluar Santana é mais um
pão-de-açucarense que integra a galeria dos vultos ilustres da terra, posição
altamente merecida pelo invejável talento de saber pintar bem, de que é
possuidor.
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Ainda rapazinho trabalhou
como Guarda Fiscal, no Governo Costa Rego e em 1928 dedicava-se oficialmente á
sua verdadeira vocação, trabalhando como desenhista e cartógrafo do então
Serviço de Profilaxia Rural.
Zaluar não sabe e nem avalia quantos quadros
pintou até hoje, mas destaca alguns referentes a sua terra natal, que são de
uma perfeição magnífica, talvez, fruto do amor que o pintor devota a Pão de
Açúcar. São eles: “Casinha rústica”, “Tarde Sertaneja” e “Craibeiras
Engalanadas”, além de outros. Suas obras estão espalhadas por todo o Brasil,
fixadas em academias e nas mãos de famosos colecionadores.
Tem feito diversas exposições
individuais e coletivas, nas principais cidades brasileiras. Ainda este mês
Zaluar vai expor cerca de trinta quadros a óleo e guache em Brasília, vários
dos quais já se encontram na capital federal. Logo após, partirá para uma nova
exposição em Aracaju.
O que chama mais atenção
nos seus quadros é, sem dúvidas, a arte de projetar luz e sombras nas cenas por
ele retratadas.
Ele continua a integrar,
orgulhosamente, a galeria dos filhos ilustres de Pão de Açúcar. Breve se
tornará um imortal dela e será sempre lembrado pelas gerações futuras de sua
terra querida”.
Fonte: ABC das Alagoas.
BARROS, Francisco Reynaldo Amorim de.
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Zaluar Santana. Foto: Diário de Pernambuco, 28.06.1935. |
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Tela SERRA DA BARRIGA, de Zaluar Sant'Ana. |
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Zaluar diante de alguns dos seus quadros. |
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Zaluar casou-se em Maceió, a 14 de março de 1931, com
Marina Lobo Medeiros de Sant’Anna, com quem teve os filhos: Maidir, Milton, Moema, Mário, Marluce, Marcelo, Murilo e Moacyr. Este último, o conhecidíssimo professor Moacyr Medeiros de
Sant’Anna, pesquisador, escritor, e que foi por muitos anos Diretor do Arquivo Público
de Alagoas.
Já contava 93 anos de
idade, quando faleceu às 5:20h do dia 13 de janeiro de 1998, na Santa Casa de
Misericórdia de Maceió. Residia na Rua Prof. Lavenère Machado, 468, no baixo
Trapiche da Barra.
Zaluar Sant'Ana foi também músico. Aprendeu a tocar violino com o seu conterrâneo pão-de-açucarense Américo Castro Barbosa, irmão do Mestre Nozinho.
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A Orquestra de Cordas Paganini com Zaluar ao centro, em 1963. |
É patrono da Cadeira 26
da Academia Arapiraquense de Letras e Artes.
Fonte: SANT'ANA, Moacir Medeiros de. ZALUAR, UM HOMEM DE MUITAS ARTES. Sergasa, 1987.
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NOTA:
Caro leitor,
Deste Blog, que tem como
tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações
históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em
geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica.
Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em
qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas
fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências.
Isso é correto e justo. Tratamento de imagem: Vívia Amorim.