quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

PERSONALIDADES PÃO-DE-AÇUCARENSES - JOSÉ GONÇALVES FILHO (ZEQUINHA DE MESTRE SALO) – MÚSICO

 Por Etevaldo Amorim



Zequinha de Mestre Salo. Foto: acervo de
Aldemar de Mendonça

Segundo Aldemar de Mendonça, Zequinha de Mestre Salo, como era mais conhecido, nasceu em Pão de Açúcar no dia 13 de janeiro de 1917. Tocava diversos instrumentos com perfeição, destacando-se como violonista, no qual executava, principalmente, músicas clássicas. 

José Gonçalves Filho era filho de José Gonçalves e Maria Francisca Gonçalves. Casou-se com a Srª Tereza Gonçalves, com quem teve os filhos: Bellini e Paganini, ambos músicos.

Do excelente livro "TOCANDO AMOR E TRADIÇÃO - A BANDA DE MÚSICA EM ALAGOAS", do saudoso amigo Wilson José Lisboa Lucena, por muitos anos funcionário do Banco do Brasil em Pão de Açúcar, transcrevemos as seguintes informações a seu respeito:

 Formação educacional básica no Grupo Escolar Bráulio Cavalcante, em sua terra natal. Teve iniciação musical com o famoso Mestre Nozinho, como clarinetista da Banda Musical Guarani, em Pão de Açúcar. Tocava vários instrumentos, com destaque para o violino. Prestou serviços à Prefeitura de Mata Grande, atuando como maestro e regente da banda de música. No período de 1967 a 1969, assumiu o comando da Filarmônica Santa Cecília, em Palmeira dos Índios."

Em 1963, residindo em Palmeira dos Índios, ele tem uma participação no filme Vidas Secas, do cineassta Nelson Pereira dos Santos, baseado na obra de Graciliano Ramos. Ele é o professor de violino da filha do fazendeiro (interpretado pelo ator alagoano Jofre Soares), patrão do personagem Fabiano, protagonizado por Átila Iório.  Veja:




Em conversa com Billy Magno, outro extraordinário músico pão-de-açucarense, em busca saber mais sobre Zequinha, obtive dele a informação de que, em 1967, foi feita uma gravação de uma performance dele, pelo Dr. Raimundo Campos, provavelmente na casa deste, que era um aficionado em memorizar a obra de artistas alagoanos e dos que aqui se apresentavam. Fez mais: forneceu-me esse arquivo, em que se ouve o nosso músico executando, ao violão, a conhecidíssima "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso. Ouça:


O acervo do médico e pesquisador Raimundo Alves Campos foi doado ao Museu da Imagem e do Som de Alagoas em 2021, doze anos após o seu falecimento. Formado por mais de 3 mil itens de conteúdos raros e inéditos, a sua coleção contém material nas vozes de Cauby Peixoto, Cartola, Dóris Monteiro, Ivon Cury, Lúcio Alves, Sivuca, Djavan, Roberto Becker, Edécio Lopes, Jararaca e Ratinho, Abel Ferreira e outros, entre eles, provavelmente, esse registro do nosso "Zequinha de Mestre Salo". 

Carente, ainda, de informações mais consistentes a respeito desse respeitável músico pão-de-açucarense, lembrei-me do meu prezado amigo Antônio Manoel Goes, jornalista, radialista e bancário  penedense, que trabalhara, no início da sua carreira funcional, justamente em Palmeira dos Índios. 

Atendendo-me prontamente, Antônio Manoel forneceu o seguinte depoimento:

Claro que conheci o maestro José Gonçalves.  Inclusive ele participava, ao violino, de um programa de seresta que apresentei na Rádio Sampaio, ao vivo, nas noites de  sábado, na Praça São Pedro. Algumas vezes gravamos o programa na casa do Dirceu Souza, dono de um escritório de contabilidade em Palmeira, que participava ao piano..

 O programa de seresta da Rádio Sampaio tinha, além do violino do maestro, o violão de Ivan Bulhões (seu aluno) e o acordeon de Luís Neves (ambos do BB), o cavaquinho de Zé Moreno (taxista de Palmeira) e a voz de outro colega do BB, Paulo 'Gato'.  Foi um sucesso, mas com apenas um ano de duração.

Ele vivia em Palmeira em meio a dificuldades financeiras, subsidiado vez por outra por um grupo de admiradores, a maioria do Banco do Brasil, eu entre eles. Uma pessoa simples, com relevante trabalho, mas pouco valorizada. Ele era introspectivo; talvez em função da penúria em que vivia. 

Depois que saí de Palmeira, em março de 1971,  não tive mais notícia do maestro José Gonçalves, até saber de sua morte”.

Faleceu em Palmeira dos Índios, em 16 de outubro de 1972.

Rádio Sampaio de Palmeira dos Índios, 1965. Ivan Barros ao microfone, Libório ao violão, José Moreno ao cavaquinho, e o Maestro José Gonçalves Filho. Foto: Site História de Alagoas.



É de sua autoria a música do Hino de Palmeira dos Índios, com letra de Luis B. Torres e José Rebelo.

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Agradecimentos a Billy Magno, Antônio Manoel Goes e Lygia Maciel Mendonça.

NOTA:

Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.

Tratamento de imagens: Vívia Rodrigues Amorim.



Banda de Música que acompanhava os desfiles do Tiro 656. Foto 10/02/1927. 1ª fila, sentados, da esquerda para a direita: Francisco Ferreira – “Mestre Chico” (requinta); Alípio Carvalho Gomes; Brayner de Carvalho; Josias de Mestre Pedro; José Gonçalves Filho; Zequinha de Mestre Salo (clarinetes) Perdiliano Souza – “Perdiliano de Seu Né”; José Alexandre Filho (Nenê); e Oliveira (trompetes). Ao centro, Manoel Vitorino Filho – “Mestre Nozinho” (bombo). 2ª fila: José Souza – Zeca de “seu” Né (trombone); Anízio Borges (trompa); Luiz Ignácio e João Marcolino da Silva (trombones); Darcy Gomes (barítono); Virgulino Vieira e Yoyô Vieira (trompas). 3ª fila: Lourival Simas (hélicon); José Costa – Zé de Maria Bela; José Góes (pratos); José Profeta Sobrinho – “Carvão” (tambor); Júlio Alves de Carvalho (caixa); Francisco Antônio dos Santos – “Mestre Chiquinho” (bombardino); Afonso Lisboa (oficleide); e João Damasceno Lisboa – “Joãozinho Retratista” (hélicon). Acervo: Tonho do Mestre. Identificação: Williams Magno – Billy.

sábado, 14 de dezembro de 2024

PERSONALIDADES PÃO-DE-AÇUCARENSES - PASTOR JOSÉ TAVARES DE SOUZA

 Por Etevaldo Amorim

 

O Pe. José Tavares. Foto: Vida Doméstica,1931

A personalidade que agora destacamos foi pastor evangélico, professor e funcionário público, tendo exercido, em 1946, o cargo de Auxiliar da Secretaria; e, em 1970, o de Diretor-Geral de Administração da Prefeitura Municipal de Maceió. Foi ainda vereador na Capital do Estado.


Segundo o ABC DAS ALAGOAS, organizado pelo saudoso professor Francisco Reynaldo Amorim de Barros, ele foi pastor da Primeira Igreja Batista de Maceió durante mais de cinquenta anos, realizando ainda um expressivo trabalho social no Lar do Bom Samaritano.  Amante das letras, foi também Patrono da cadeira nº 20 da AMLA.


Curioso é que, antes de ser líder evangélico, ele foi padre. Sim, padre!


Ele não foi o primeiro, nem seria o último a se converter ao protestantismo mesmo já estando engajado na atividade sacerdotal e subordinado aos dogmas da Igreja Católica. Mas, vamos à nossa personalidade:


JOSÉ TAVARES DE SOUZA nasceu no povoado Jacarezinho, município de Pão de Açúcar, Estado de Alagoas, no dia 10 de março de 1904. Filho de Gustavo Tavares de Souza e de Etelvina Maria de Lisboa. Eram seus avós paternos: Antônio Tavares de Souza e Philomena Maria de Jesus; e, maternos: Manoel Antônio Lisboa e Maria Rosa da Rocha Lyra, de tradicionais famílias do povoado Lagoa de Pedra.


Em 1918, ingressou no seminário católico de Santa Teresa, na Bahia. Em 1920, foi transferido para o de São José, em Aracaju, onde permaneceu até 1927. A convite do então bispo de Penedo, ocupou a vice-diretoria do Colégio Anchieta daquela cidade, em 1928.(1)


Aos 4 de agosto de 1929, foi ordenado sacerdote em Penedo, e no dia 6 do mesmo mês celebrou sua primeira missa.


Em 1930, já estando como vigário de Limoeiro de Anadia, e tendo irrompido a chamada “Revolução de 30”, foi empossado no cargo de Prefeito, permanecendo até maio de 1932. Naquela ocasião, juntamente com o Tenente Manoel Rijo Silva, é designado pelo Interventor Tasso Tinoco para proceder sindicância em torno de irregularidades atribuídas ao ex-prefeito de Limoeiro de Anadia, que fora afastado do cargo. (Diário Carioca, RJ, 27 de novembro de 1931). (2)


Prefeitura de Limoeiro de Anadia. Foto: Site História de Alagoas.


O ano de 1932, no entanto, marcaria uma drástica mudança em sua vida. O jovem  sacerdote enamorara-se de Benita, a linda filha do Capitão Joaquim Cavalcante de Lacerda e de dona Júlia Julieta Barbosa. Tanto que, em 1922, Benita Lacerda concorria, por Limoeiro de Anadia, ao Concurso de Beleza promovido pelos periódicos fluminenses A Noite e Revista da Semana, com o apoio do pelo Jornal de Alagoas. (Diário de Pernambuco, 22 de abril de 1922)


O jornal “A Notícia”, de Alagoas, registra: “Padre José Tavares, vigário desse município, ontem às 21 horas, raptou a menor Benita Lacerda, fugindo automóvel lugar incerto”. (3)


Já o Jornal do Recife, de 5 de junho de 1932, diz que o casal tomou um trem para o Recife e, de lá, embarcou no vapor Araraquara, com destino ao Sul.


No porto de Maceió, o delegado auxiliar Dr. Manoel Cândido deu voz de prisão ao padre e comunicou o fato ao arcebispo de Maceió, Dom Santino Coutinho, que providenciou o casamento dos dois, no dia 4 de maio de 1932. Desse casamento nasceram duas filhas.


O jornal ainda comenta: “O Padre Tavares é moço, sendo o caso muito escandaloso, uma vez que poderia ter deixado a batina para se casar, em lugar de raptar a senhorinha Lacerda, com quem viajava no mesmo camarote.”


Dada a incompatibilidade entre a atividade sacerdotal e a sua condição de casado,  e após acurado exame das Escrituras Sagradas, aceitou as doutrinas evangélicas, sendo batizado na Primeira Igreja Batista de Maceió, pelo missionário L. L. Johnson. Isso ocorreu na noite do dia 4 de setembro de 1932.

Diz o correspondente do Diário de Pernambuco em Maceió, em 13 de setembro de 1932:(4)


O vasto templo da Rua 16 de setembro não comportou a multidão que ali acorreu para assistir a um espetáculo inédito para a vida religiosa de Alagoas”.


Aos 13 de setembro de 1936, foi consagrado ao ministério da mesma Igreja em que se converteu e em cujo pastorado tem permanecido durante vinte e nove anos e meses.


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Em Maceió, no bairro Tabuieiro do Martins uma via perpendicular à Av. Durval de Goes Monteiro leva o seu nome. Há também uma Escola Estadual com seu nome na Av. Garça Torta, 1286 - Benedito Bentes.



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(1) Fonte: Informações sobre a conversão de 20 padres. MINISÉRIO APOLOGÉTIO.

(2) O 2º Tenente Reformado Manoel Rijo da Silva sucedeu o Padre José Tavres na prefeitura de Limoeiro de Anadia. Fonte: Revista de Polícia, 1932.

(3) Fonte: AMAURI MORAIS DE ALBUQUERQUE JÚNIOR A LETRA E O ESPÍRITO: REPRESENTAÇÕES DA IDENTIDADE E ALTERIDADE RELIGIOSA NO PERIÓDICO “O JORNAL BAPTISTA” (1929-1934).

(4) O Imparcial, São Luis - MA, 16 de outubro de 1932.

sábado, 7 de dezembro de 2024

OS "PRACINHAS" DE PÃO DE AÇÚCAR

 

Por Etevaldo Amorim

 

Pão-de-açucarenses convocados para a FEB. Da esquerda para a direita. De pé: "Paulista" (Não era de Pão de Açúcar); Jessé de Goes Cavalcante; Heitor Ávila Almeida; Eraldo *de Maceió); Amadeu Rodrigues; Soldado de Maceió; Tunga (Belarmino); Salvador Mendes Guimarães (único a combater nos campos da Itália).  Sentados/agachados: João Antônio dos Santos (João da Farmácia); Virgílio Fonseca Filho (Bibi); Eraldo dos Anjos (Eraldo de Vigário); Manoel Santana (Pelado) e Francisco Barbosa (Chiquinho da Padaria ou Chiquinho de Medeiros). Informações de  Antônio de Melo Barbosa (Tonho do Mestre).

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A primeira vez que eu vi essa foto, lá pelo início da década de 1970, foi na casa do meu colega Meuze, situada no lado sul da Praça São Pedro. Na parede da sala onde estudávamos, lá estava ela encerrada numa pequena moldura. Aquele grupo de soldados me chamou a atenção e não tardei em perguntar do que se tratava.

Meuze me explicou que aqueles pão-de-açucarenseses foram convocado para a guerra. Seu pai era um deles: o Sr. Manoel Santana, conhecido por “Pelado”, formidável figura humana, vascaíno fanático, funcionário da Comissão do Vale do São Francisco.

Tempos depois, interessei-me em saber mais sobre aqueles nossos conterrâneos que, de uma hora para outra, naquela quadra turbulenta porque passava a humanidade, foram transformados em soldados. É verdade que nem todos chegaram a combater, efetivamente. Mas foram mobilizados; tendo que seguir para o Recife receber treinamento.

Procurei, então, o Sr. Antônio de Melo Barbosa - "Tonho do Mestre", ou "Tonho do Mestre Nozinho", um colecionador das memórias de Pão de Açúcar, que os identificou para mim.

Faço aqui um pequeno esboço biográfico de cada um, deixando de fazê-lo no caso de "Tunga (Belarmino) e "Chiquinho de Medeiros ou Chiquinho da Padaria), por não ter conseguido saber os seus verdadeiros nomes.




JESSÉ DE GOES CAVALCANTE
. Filho de João de Goes Cavalcante e Berenice Santos Melo, nasceu em Pão de Açúcar, Estado de Alagoas, no dia 10 de março de 1923. Eram seus avós paternos: João de Barros Cavalcante e Maria Magdalena de Goes. Os avós maternos eram: João Antônio dos Santos e Maria Exalta de Melo. Em 3 de novembro de 1955, casa-se com Luzia dos Santos Cavalcante, com quem teve os filhos Abraão, Manoel Messias e Sandra. Morava num sítio, localizado à esquerda da estrada de acesso ao Morro do Cavalete, na margem do rio São Francisco. Faleceu em Aracaju - SE, no dia 19 de abril de 1996.






JOSÉ DE GOES CAVALCANTE
. Irmão de Jessé. Conhecido por “Miguelão”. Sua casa era na Av. Bráulio Cavalcante, no trecho entre a Igreja Matriz e a Cadeia Pública, do lado Norte. Nas paredes de sua casa, pintada com cores vivas, tinha o hábito de escrever mensagens e desenhos com inspiração bíblica: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao pai senão por mim." João, 14:16. Faleceu em Pão de Açúcar-Al, no dia 20 de outubro de 2007.





HEITOR ÁVILA ALMEIDA
. Filho de José de Faria Almeida e Jesuína Álvila dos Santos, nasceu em Pão de Açúcar, Estado de Alagoas, no dia 12 de setembro de 1922. Eram seus avós paternos: Cincinato de Almeida Souza e Clara Bela de Faria. Os avós maternos eram: Jesuino Antônio dos Santos e Maria da Glória Ávila. Seus irmãos permaneceram em Pão de Açúcar: Erikson (seu Lito) e Heráclito (seu Laque). Em 1º de setembro de 1948, casa-se com Helena Tavares de Oliveira. Faleceu em Aracaju - SE, no dia 24 de dezembro de 1984.





AMADEU RODRIGUES DOS SANTOS
. Filho de João Rodrigues dos Santos (conhecido por Joãozinho Vaqueiro) e Teresa Vieira dos Santos, nasceu em Pão de Açúcar, Estado de Alagoas, em 1923. Depois do Serviço Militar, tornou-se comerciante. Era proprietário da canoa de tolda “Aviadora”. Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 31 de outubro de 1992.







JOÃO ANTÔNIO DOS SANTOS
. Filho de Antônio Ferreira dos Santos  e Alcides Izercina dos Santos, nasceu em Brejo Grande, Estado de Sergipe no dia 20 de outubro de 1923. Conhecido por "João da Farmácia", era proprietário da Farmácia Santo Antônio. Casou-se com a professora Eliete Correia dos Santos, com quem teve os filhos Antônio e Maria das Graças. Faleceu em desastre automobiístico no vizinho Estado de Sergipe, no dia 29 de junho de 1981.





VIRGÍLIO NERY DAFONSECA FILHO
. Conhecido por “Bibi”. Filho de Virgílio Nery da Fonseca e Sudomélia Rego, nasceu em Pão de Açúcar, Estado de Alagoas, em 1926. Eram seus avós paternos: Elpídio Nery da Fonseca e Ernestina Ferreira de Meneses. Os avós maternos eram: Manoel de Souza Rego e Etelvina Adelaide de Almeida. Casou-se com a Srtª Diva Lira Fonseca.





ERALDO OLIVEIRA DOS ANJOS (ERALDO DE VIGÁRIO)
. Filho de Antônio Oliveira dos Anjos (conhecido por Vigário) e de dona Maria da Glória dos Anjos. Seus avós paternos eram Agostinho Vieira dos Anjos e Francisca Rosa dos Anjos. E os maternos eram Antônio Ferreira Machado e Ritta Duarte de Albuquerque. Casou-se com a Srtª Daniva Lira dos Anjos. A partir de 1953, foi Coletor Federal, tendo trabalhado em  Piranhas-AL, Palmeira dos Índios, Viçosa, Batalha e Maceió, no Estado de Alagoas; e em Soure, na Ilha do Marajó, Estado do Pará.





Manoel Santana (Pelado)
MANOEL JOSÉ DE SANTANA
(Pelado). Filho de Antônio José de Santana e Helena de Souza Pinto, nasceu em Pão de Açúcar no dia 22 de maio de 1922. Seus avós paternos eram: Manoel José de Santana e Rosa Santana. Os maternos eram: Manuel de Souza Pinto e Maria Cezária de Souza Pinto. Casou-se com Marinete Cordeiro de Santana, com que teve os filhos Maxwell, Meuse, Maria Helena e Manoel (Ninho). Faleceu em Maceió no dia 21 de junho de 2016.




ARMANDO DE FREITAS MACHADO
. Nasceu em Pão de Açúcar no dia 29 de abril de 1922. Filho de Álvaro Machado e Cristina de Freitas Machado. Casou-se, em 25 de fevereiro de 1950 com a Srª Ozélia Tavares Vieira (filha de Octávio Soares Vieira e Maria Rosa Tavares Vieira, conhecida por “Sinharinha Tavares”). Já era sargento. Convocado junto com seu irmão Temístocles, e tendo o Exército como regra não convocar dois homens de uma mesma família, ele seguiu para treinamento, permanecendo na atividade costeira. Faleceu em Maceió no dia 13 de novembro de 2008.




LUIZ FERNANDES DE MELO. Nascido a 13/05/1922, filho de José Carlos de Melo e Júlia Fernandes de Melo. É nome de rua em Pão de Açúcar (Rua Expedicionário Luiz Fernandes de Melo,que inicia na Av. Manoelito Bezerra Lima, sentido Norte). Casado com a Srª Maria Rosa Tavares, com quem teve os filhos: Maria da Conceição, Maria de Fátima, Maria José, José Francisco (Nanico) ...

RUI DE FREITAS MACHADONatural de Pão de Açúcar, nascido em 11 de novembro de 1922, filho de Júlio de Freitas Machado e Tercilia de Freitas Machado. Casado com Andrelina Santos Machado natural de Nossa Senhora de Lourdes SE. Faleceu em Traipu-AL no dia 26 de setembro de 1996. Ele não embarcou ficando em atividades costeira em Pernambuco. (informação prestada após a edição do artigo por sua filha Jacira Machado Lima.


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A GUERRA CHEGA PARA O BRASIL

No dia 11 de dezembro de 1941, quatro dias depois de ter sofrido o ataque japonês à sua base em Pearl Harbor, no Havaí, ocorrida em 7 de dezembro de 1941, o Governo dos Estados Unidos declarou guerra aos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Em seguida, num esforço de angariar apoio no Continente Americano, propôs a realização da III Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores das Repúblicas Americanas.

Esse Encontro, que se realizou no Rio de Janeiro, de 15 a 28 de janeiro de 1942,  buscou o compromisso dos países latino-americanos em fornecer matérias-primas estratégicas para a indústria bélica norte-americana, entre estas: borracha, quartzo, tantalita, minério de cromo, mica e minério de ferro, além de manganês e tungstênio.

A partir daí, e com a coordenação do chanceler brasileiro Oswaldo Aranha, foram firmados diversos Acordos entre o Brasil e os Estados Unidos da América; na Área da Saúde, com a criação do SESP - Serviço Especial de Saúde Pública; mas também a construção da Usina Siderúrgica de Volta Redonda, além de outros.

Com essa posição, o Brasil começou a ser alvo de ataques de submarinos alemães e italianos, que bombardearam diversos navios da marinha mercante. Apenas no afundamento do navio Baipendi, nas costas de Sergipe, no dia 15 de agosto de 1942, morreram 270 pessoas. Como consequência, em 22 de agosto de 1942, o Governo de Getúlio Vargas, pressionado por setores influentes da sociedade, entre eles os estudantes, declara guerra aos países do Eixo.

Dos 20.574 soldados brasileiros enviados para o front, 467 morreram.

Dentre os pão-de-açucarenses que foram convocados para servir ao Exército Brasileiro nos esforços de guerra, apenas um efetivamente combateu nos campos da Itália: Salvador Mendes Guimarães.

 


SALVADOR MENDES GUIMARÃES
. Nasceu em 1922. Filho de João Mendes Guimarães e Maria dos Prazeres de Jesus. Seus avós paternos eram José Mendes Guimarães e Joana Maria de Jesus; e, maternos, Pedro Corrêa dos Santos e Maria Thereza de Jesus.






Pertencente ao 1º R.I. (Regimento de Infantaria) da Companhia de Obuses, o Cabo SALVADOR MENDES GUIMARÃES (nome de guerra: GUIMARÃES, Identificação: 1G-298000), compunha o 2º Escalão de tropas brasileiras enviadas enviadas para a Europa, com um efetivo de 5.075 homens, incluindo 368 Oficiais, sob o comando do General Oswaldo Cordeiro de Faria.


O navio americano "General Mann" que transportou as tropas brasileiras para a Itália.


Embarcou para a Itália no dia 22 de setembro de 1944, a bordo do navio U.S.S General W. A. Mann[iv], chegando a Nápoles no dia 6 de outubro daquele ano. Acompanhava o efetivo, como correspondente de guerra, o jornalista Ruben Braga, do Diário Carioca).

Combatendo nos campos da Itália, onde tomou parte nas batalhas de Montese e Monte Castelo, Salvador foi condecorado com a Medalha de Bronze[i] concedida pelo Exército dos Estados Unidos, sob o comando do Gal. Mark Clark[ii]. Este general, que comandou o 5º Exército americano, justamente ao qual se incorporou a FEB, esteve várias vezes no Brasil, sendo a primeira em 1945, acompanhando o retorno do 1º Escalão da FEB, em junho de 1945, tendo sido homenageado, nessas ocasiões, por autoridades brasileiras.[iii] 

O Gal. Mark W. Clark
Durante esse tempo, manteve correspondência com a família, relatando ao seu irmão José Mendes Guimarães (poeta Zequinha Guimarães ou Ben Gum) o seu cotidiano naqueles tempos difíceis, conforme podemos ler nessas duas cartas a que tivemos acesso:

 

Rio de Janeiro, 19 de julho de 1944.

 

Caro mano Zequinha, abraço-te.

 

Faço votos que esta vá encontrar-lhe gozando saúde junto a todos de casa. Quanto a mim, vou passando regularmente, como Deus quer, sofrendo um pouco para poder vencer, porque não há de ser nada, temos que enfrentar a sorte, enganando o sofrimento, para ver se um dia nos deixa desfrutar a calma.

Zequinha, antes de tudo vou contar-lhe o motivo de minha vinda para aqui. Foi o seginte:

 Em minha Companhia, perguntaram quem queria vir de vez - ilegível-. Eu, no entanto, pensando que vinha de qualquer jeito, dei logo o meu nome. Porém, depois, disseram que eu não ia mais. Aí, então, achei melhor. Foi quando, já próximo do dia do embarque, faltava um Cabo. Aí me chamaram. Consultaram-me se eu achava de acordo que botasse o meu nome porque eu fui o único que me apresentei da primeira vez de boa vontade ai então não quis reclamar para eles não pensarem que dei a primeira vez para fazer farol, aliás foi o que muita gente pensou, porém aguentei firme e, graças a Deus, fiz boa viagem e vou muito satisfeito com minha vida. A não poder estar junto aos meus, qualquer lugar me serve. Se tiver que embarcar, embarcarei do mesmo jeito. Porém, meu Deus há de me ajudar que um dia hei de voltar e em paz.

 

Zequinha, mudando o assunto: todo expedicionário tem que fazer uma declaração de herdeiros, cuja declaração já fiz dizendo que tenho pai, mãe e irmãos e que não exerço empregos públicos.

Como esta declaração, eu embarcando, o meu ordenado é 2:500,00. Este ordenado é dividido em 3 partes: (uma parte) numa razão de 340,00, 360,00 e 1:800,00. 340,00 mais ou menos é o que tenho a receber na guerra.

360,00 vai para minha família, mensalmente; e 1:800,00 fica como fundo de previdência para quando o soldado voltar, receber. Isto é, se voltar. Porém, se o soldado tem pai, mãe e irmãs solteiras, pode fazer a declaração dizendo que este fundo de previdência pode ser movimentado, retirando assim todos os meses pela referida família. E foi - ilegível - como eu fiz, e para isto dei todo endereço dos meus pais porque posso ficar morando lá mesmo e assim deixei para minha família movimentar. Zequinha, mudando agora o assunto. Chegando aqui fui incorporado no 1ª R. I. Em uma Companhia motorizada que parece ser boa.

Quando no Rio - ilegível - finalmente tenho passeado muito primeiramente nos locais que mais desejava de maneiras que estou satisfeito com minha sorte. Quero saber onde o destino vai me levar até aqui não sei.

Sem mais, vou terminar. Junto acompanha umas fotografias como lembrança do morro do Pão de Açúcar, do Corcovado e assim peço que me escreva dando notícias do  nosso sertão do nosso povo de tudo afinal.

 

Recomendações a D. Rosinha e aos meninos do mano amigo admirador

 

SALVADOR MENDES GUIMARÃES

Endereço: Cabo 4454 do 1º R. I. da Cia. de obuses. Vila Militar – Rio de Janeiro.

 

***   ***

 

Uma segunda carta, já em 1945, próximo do seu retorno:

 

“Itália, 25 de março de 1945.

Caro mano Zequinha,

Abraço-te.

Mais uma vez volto a te escrever dando minhas pobres notícias, e com grande prazer te digo que o bom Deus sempre tem me amparado com seus poderes.

Sinto-me feliz, nada me atormenta. A vida para mim tem sido uma série de acontecimentos. Porém, graças ao bom Deus, sempre são agradáveis.

Sou bastante conformado, pois me dispus a uma vida de dissabores, porém me contento porque sem sacrifício ninguém pode alcançar vitórias.

Um dia virá a bonança para fazer desaparecer esta tormenta, este remorso que pesa sobre mim. Nesta vida de um futuro indeciso, tudo isso são coisas que maltratam o homem que, longe dos seus, está  (legível).

Porém, na hora de maiores aflições, temos o bom Deus, e é para este que devemos ter o pensamento voltado, e pedir para reine uma paz e que desapareça este mau de ressentimento que abrange o mundo inteiro.

Caro mano, sempre tenho recebido suas notícias que vêm satisfazer o meu desejo e cientificar-me dos acontecimentos.

E sempre estou a esperar por notícias. Cada uma que recebo, é uma vida de alegria para mim. E assim os dias vão passando, e a vida continua sorridente e bela.

As saudades são demais, porém vivo enganando o sofrimento porque somente assim deixa-me desfrutar a calma.

Caro mano, na próxima vez que te escrever, manter-te-ei minha fotografia (ilegível)

As novidades daqui são as mesmas: nada de bom.

Estou aguardando (ilegível)...

Meu caro mano, vou terminar porque já é o bastante para cientificar-lhe  de tudo quanto se passa sobre mim.

Recomendações a Rosinha e um abraço para os meninos.

Seu mano, amigo e admirador que está às suas ordens.

 

Salvador Mendes Guimarães.”

 

 ***   ***

Com a rendição da Alemanha, o conflito terminava em 8 de maio de 1945. As tropas brasileiras se preparavam para retornar so solo pátrio.

Foi no dia 12 de agosto de 1945 que os 6.187 expedicionários partiram de Nápoles, a bordo do navio americano “Mariposa”[v], chegando ao Rio de Janeiro no dia 22. (Fonte: DRUMOND, Pedro Silva. REGRESSO DA FEB AO BRASIL. História Militar em Debate, 2 de outubro de 2022. 

O navio americano S. S Mariposa, que trouxe de volta os expedicionários brasileiros.


Ante a resistência do Japão, a guerra se estendeu até 2 de setembro de 1945, após as bombas atômicas despejadas pelos Estados Unidos em Hiroshima e Nagasaki.

Retornando, Salvador pediu baixa do Exército e foi para São Paulo, onde se demorou por algum tempo até voltar para o seu Sertão. Seu nome consta de uma lista de passageiros do vapor Comandante Capela, do Lloyd Brasileiro, de 25 de novembro de 1946, com destino ao Rio de Janeiro: Salvador Mendes Guimarães, solteiro, 24 anos, profissão: Convocado.

Com apoio do irmão Zequinha, montou uma Loja de venda de tecidos no Povoado de Candunda (pertencente ao município de Santanana do Ipanema, atualmente a Senador Rui Palmeira, Estado de Alagoas), onde fixou domicílio residencial e comercial. Ali conheceu uma jovem de nome Valdice Ricardo, com quem veio a contrair matrimônio. 

Veio-lhe, no entanto, outro infortúnio: contraiu tuberculose, relata o seu sobrinho Manoel Vieira Guimarães (filho de Augusto Mendes Guimarães, irmão de Salvador). E prossegue, descrevendo as circunstâncias da sua morte:

"Em uma das feiras realizadas no Povoado de Candunda, aconteceu uma briga em frente ao seu estabelecimento comercial, envolvendo três cidadãos em círculo, cada um portando uma faca em punho para matar o seu cunhado Léo Ricardo, irmão de sua esposa Valdice Ricardo Guimarães."

"Aconteceu que ela se vestiu de um capote e entrou no meio dos três. Abraçou o irmão, acomodou debaixo do capote e o retirou das garras dos inimigos. Nisso, o tio Salvador ficou muito nervoso e foi acometido por uma parada cardíaca fulminante levando ao estado de óbito."

Assim findou-se esse valoroso pão-de-açucarense, de temperamento "calmo, tranquilo...", no dizer de seu sobrinho Paulo Pires Guimarães, mas que, segundo Aldemar de Mendonça, ao regressar,  apresentou uma acentuada neurose de guerra, tão comum àqueles que se expõem a essas situações.

Consideramos ser digna de registro a participação desses filhos de Pão de Açúcar nesse conflito tão marcante para a humanidade, especialmente a Salvador Mendes Guimarães.

A atuação da Força Expedicionária Brasileira, em que pesem as opiniões desmerecedoras, foi e tem sido bastante elogiada.

De um depoimento do jornalista sergipano Joel Silveira, correspondente durante a guerra:

"
o coronel Rudolf Bohmier, da Wehrmacht, veterano de várias batalhas, inclusive a de Stalingrado, em seu livro Monte Cassino, publicado após o fim do conflito:

'Sabe-se que não é fácil, para uma tropa não acostumada ao combate, ter de lutar contra veteranos experientes, com os das Divisões e Regimentos alemães na Itália. O soldado brasileiro, no entanto, mostrou boa vontade e satisfação, demonstrando, juntamente com os seus oficiais, um grande desejo de lutar. Este fato é confirmado pelo general americano Mark Clark. (...)'

'Durante o inverno rigoroso dos Apeninos etruscos, os soldados brasileiros, oriundos de um clima tropical, não tiveram condições fáceis a enfrentar. Neve e gelo, chuva e tempestades forçavam-nos a duras missões. Assim mesmo, resistiram. Notável, nesse espaço de tempo, foi o ataque da 1ª Divisão da Infantaria Expedicionária, em fevereiro de 1945. Na região de Vergato, a Divisão brasileira avançou lado a lado com a famosa 10ª Divisão de Montanha americana contra posições da 32ª Divisão Alemã de Granadeiros, arrebatando-lhes o tenazmente defendido Monte Castelo". (Monte Cassino, pgs. 308/309 da edição brasileira - Editora Flamboyant).'

O próprio General Clark, falando aos jornalistas brasileiros e estrangeiros, no dia 16 de julho de 1945, no Rio de Janeiro, disse:

"Preliminarmente, devo dizer que o nosso principal objetivo era manter as Divisões alemãs na Itália, a fim de não poderem intervir nem na frente oriental nem na ocidental.

Não há dúvida de que, na estratégia geral, a Itália não constituía propriamente o principal teatro das operações; pelo contrário, era até uma frente secundária. Por isso, o Alto Comando aliado conservou naquela zona de guerra uma quantidade relativamente pequena de tropas."

Depois da batalha de Roma, quando libertamos aquela cidade, retirei do meu exército sete Divisões: quatro francesas e três americanas para fazer a invasão do sul da França.

Os senhores devem recordar-se de que foi no dia 4 de junho que libertamos Roma. Foi neste momento, precisamente, que a FEB começou a combater na Itália. Não podia ter chegado em momento mais propício. A FEB nos deu uma Divisão adicional e com ela continuamos nossos avanços para o Norte.

Posso informa que, daí em diante, só recebi mais uma Divisão, e foi a 10ª Divisão de Montanha dos Estados Unidos. De maneira que a FEB chegou mesmo na hora "H" e constituiu um reforço excelente, que fez imediatamente sentir o seu peso."

... ...

Do brasilianista Frank D. MacCann, do Departamento de História da Universidade de New Hampshire, o autor do talvez mais completo trabalho sobre a FEB escrito no exterior:

"A FEB completou as missões que lhe foram confiadas e pode ser comparada favoravelmente com as Divisões americanas do IV Corpo."

"É lamentável que o forte simbolismo do Monte Castelo tenha distorcido a análise da vitória em Montese, a 16 de abril de 45, na qual a FEB tomou a cidade, sofrendo 426 baixas após uma batalha extenuante de quatro dias de duração. Nos dias seguintes, combateu a 149ª Divisão (alemã) e as Divisões Monte Rosa, San Marco e Itália (da Itália fascista), as quais acabaram por se render ao general Mascarenhas nos idos de 29 e 30 de abril."

"Em uma questão de dias, os brasileiros, graças a uma armadilha bem-sucedida, conseguiram a rendição de dois generais, 800 oficiais e 14.700 soldados (...)"

"O sucesso da FEB foi de tal ordem, que os líderes americanos pretenderam que ela permanecesse na Europa como parte das forças de ocupação, papel que os militares brasileiros e seus líderes civis rejeitaram. Infelizmente, contrariando as objeções americanas, o governo brasileiro decidiu dispersar a FEB por ocasião do seu retorno ao Brasil. Os militares americanos tinha esperado que a Divisão fosse conservada junta para formar um núcleo de uma reformulação completa do Exército brasileiro."

Sobre esse depoimento do militar alemão, o Marechal Floriano Lima Brayner, que foi Chefe do Estado Maior da FEB, louvando a fidelidade do oficial teuto, salientou: "Citou (Brohmler) a nossa FEB com precisão e justiça surpreendentes, dizendo aquilo que os americanos, que nos comandaram, não tiveram coragem de proclamar".

(Só um parêntese para dizer que Floriano Lima Brayner é filho do Tenente Brayner (João das Neves Lima Brayner), que confrontou Bráulio Cavalcante na praça dos Martírios, em Maceió, em meeting contra o Governo Euclydes Malta, no dia 10 de março de 1912. Bráulio foi morto, e o tenente, igualmente atingido, veio a falecer dias depois). Fonte: Diário de Notícias, 27 de maio de 1968. Para saber mais sobre esse episódio, acesse BRÁULIO CAVALCANTE X TENENTE BRAYNER: A PENA E A ESPADA.

***   ***   ***

Nossos agradecimentos aos familiares desses bravos pão-de-açucarenses pela oferta de informações e documentos, que nos possibilitaram elaborar este artigo. 

Rogamos àqueles que, porventura, tenham informações, especialmente sobre Tunda (Belarmino) e Francisco Barbosa (Chiquinho da padaria), nos forneçam e nós, prontamente, acrescentaremos.

 ///   ///   ///

NOTA:

Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.



[i] A medalha de bronze, ou Bronze Star, é uma condecoração militar das Forças Armadas dos Estados Unidos que é concedida por bravura, atos d emérito ou serviço meritório. Quando concedida por bravura, é a quarta maior condecoração das Forças Americanas.

 [ii] Mark Wayne Clark (Sackets Harbor, 1 de maio de 1896 – Charleston, 17 de abril de 1984). Comandante do 5º Exército dos Estados Unidos, que invadiu a Itália e ocupou Roma.

 [iii] Jornal do Commércio, RJ, 10 de março de 1999.

[iv] USS Generam Mann ainda foi empregado no transporte de tropas americanas para o Vietnã.

 [v] Navio “Mariposa”. Trata-se do navio alemão “Windhuk” (Canto do Vento),  construído em 1938. Deslocava 18.662 toneladas brutas. Chegou ao porto de Santos arvorando a bandeira japonesa. No início da guerra fora aprisionado pelo governo brasileiro e depois negociado com os Estados Unidos. Nos estaleiros americanos, recebeu reparos nas máquinas, que haviam sido danificadas pelos tripulantes alemães que utilizaram cimento para tal fim. Fonte: Jornal do Comércio, RJ, 16 de agosto de 1942.


A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia